domingo, 29 de setembro de 2013

Whitney Houston - Run To You



De vez em quando, saudosismo faz bem (nem sei quantas vezes já assisti ao filme O Guarda-costas, de 1992, dirigido pelo inglês Mick Jackson, tendo como protagonistas dois norte-americanos, do bem, é claro, ou seja, a artista e o estonteante ator Kevin Costner, q tb foi belíssimo intérprete, mas, sobretudo, antes de tudo, amo a canção, q se chama I Will Always Love You... - sinceramente, não entendo pq, quando transferi o link saiu Run To You...). Enfim! Na turnê da jovem ao Brasil, em 1994, eu estava fora do país, estudando. De qualquer modo, teria dado tudo para estar presente a um show daquela que é considerada A VOZ... ( de todos os tempos!). Na semana passada é que - muito lerda - fiquei sabendo q ela tinha falecido ano passado... Pense! Curiosidade, tirada de um site de pesquisa: à época, um americano foi processado por seu vizinho por ouvir, durante 24 horas consecutivas – parece eu – a canção cantada por Whitney em volume máximo, que, em análise psiquiátrica, foi considerada como "tortura psicológica", devido a seus 4 acordes repetitivos (vai saber quais foram os acordes...). Nathalie.

sábado, 28 de setembro de 2013

OFICINA VAZIA




Por Marina Silva
Ambientalista brasileira, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente – artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, dia 27 de setembro de 2013.


Na varanda do quintal, tenho a pequena oficina em que faço minhas joias, com sementes que os amigos trazem da floresta. Em silencioso trabalho, vou polindo também pensamentos, palavras, sentimentos e decisões. Nas vésperas de grandes momentos da política de que participo, encontro nesse trabalho inspiração e calma. Comparo-o à gravidez, quando precisamos de tranquilidade em meio a grandes esforços.

Às vezes, não há tempo para o artesanato, apenas o breve olhar saudoso para a oficina ao sair na pressa de viagens e reuniões. Resta o consolo do caderno onde desenho, num avião ou numa sala de espera, colares que um dia fabricarei.

Em dias mais agitados, nem mesmo o caderno. O tempo é semente preciosa e rara.

Mas consegui - em madrugadas de oração - ver que há, instalado na alma, um dispositivo da fé que nos dá "calma no olho do furacão" e a esperança de que tudo sairá conforme uma vontade superior à nossa.

Essa conformidade exige condições. A primeira é a consciência tranquila de ter feito tudo o que estava em nossa capacidade de acreditar criando, não só cumprindo as regras, mas dedicando alma e coração.

Numa régua nos medimos. O chefe do governo sabe se faz tudo pelo direito republicano dos cidadãos ou só propaganda para manter o poder. O líder da oposição sabe se defende o bem do país ou torce por erros do governo para tirar votos. O empresário sabe se produz responsabilidade socioambiental ou só transforma prejuízo público em lucro privado. O magistrado sabe se busca justiça ou formalidades que condenam inocentes e absolvem culpados.

Por isso, a ética é base da sustentabilidade, espaço público e íntimo em que cada um encontra sua verdade e a segue ou a trai, ocultando-a sob uma consciência opaca.

Agora, revendo anotações para um artigo, acho desenhos e poemas em velhas páginas. Ergo os olhos para a oficina vazia. Nada lamento. Versos feitos noutro tempo de difícil transição política voltam hoje, quando espero justiça de mãos dadas com milhares de idealistas que superam boicotes e empecilhos para dar ao Brasil chance de uma nova escolha. Possa a poesia, que o tempo há de polir, encher o espaço entre esperança e realidade:

Sei não ser a firme voz que clama no deserto/ Mas estou perto para expandir seu eco/ Sei não ter coragem de morrer pelos amigos,/ Mas guardo-os em recôndito abrigo/ Sei não ter a doce força de amar inimigos,/ Mas não me vingo ou imponho castigo/ Sei não ser sempre aceito o fruto de minha ação/ Mas o exponho ao crivo d'outra razão.

Voz, coragem, força, aceitação/ Tem fonte no mesmo espírito/ Origem no mesmo verbo/ Lugar onde me inspiro/ E a semelhança preservo/ Na comunhão com meu próximo/ No Logos que em mim carrego.

MIMETISMOS


Por Marina Silva
Ambientalista brasileira, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente – artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, dia 20 de setembro de 2013.


Os ruralistas, que representam um setor atrasado do agronegócio, tomam o controle de mais um espaço legislativo: a Comissão Especial da PEC 215, que transfere ao Congresso a demarcação de terras indígenas. Mais poder para quem já dirige as comissões de Agricultura, Desenvolvimento Urbano, Fiscalização Financeira, Integração Regional e Amazônia, além de ter presença e força nas outras. Vai, assim, o grupo mais ativo do Congresso fincando estacas em cada espaço e moldando a legislação aos seus interesses.

Na luta contra a ditadura, o Brasil projetou um futuro com justiça social que superasse a era Casa-Grande e Senzala. A Constituição de 1988 firmou princípios avançados: direito ao ambiente saudável, função social da propriedade, diversidade étnica e cultural. Estas seriam bases de novas políticas públicas numa nova relação entre povo e Estado.

Acuadas com a democracia nascente e a mudança da sociedade, as oligarquias encastelaram-se na política num movimento de obstrução: impediam ou atrasavam a regulamentação que levaria à legislação infraconstitucional as conquistas da lei maior.

Superando essa resistência, nasceram novas leis ambientais, unidades de conservação, quilombos, terras indígenas, assentamentos agrícolas e diversos modos de reforma agrária. Esse avanço lento, porém contínuo, foi possível pela mobilização popular e a contribuição de um partido político moldado na luta social, o PT.

Um velho ditado manda unir-se ao inimigo que não se pode vencer. A estratégia das oligarquias mudou, para eleger uma bancada cada vez maior e assumir o controle das comissões de temas sensíveis aos seus negócios, planejando não só deter o avanço socioambiental em novas leis, mas um retrocesso no que havia sido criado. Cresceram sem evoluir: combatem direitos que também os protegem. Sem biodiversidade não há produtividade, sem paz no campo e na floresta não há segurança para os investimentos.

Esse é um desejo de regressão de quem não aceita limites, num mundo em crise que requer formas sustentáveis de desenvolvimento. Seria derrotado, mesmo com sua força econômica, mas achou apoio na fraqueza política que nasceu onde menos se esperava.

Sim, o PT mudou. Antes reivindicava poder para o povo e suas causas, agora vê nelas obstáculo para seu próprio poder. Dependente do combustível do poder, adaptou-se ao que antes combatia. Nesse obscuro tempo de pragmatismo, a Constituição é derrubada com uma "forcinha" de alguns dos que ajudaram a edificá-la.

O camaleão mimetiza-se no ambiente, para sobreviver. Acordos furta-cores também dão sobrevida a incertas pretensões políticas. Mas, com o uso, o disfarce vira pele, e é visto por 400 milhões de olhos.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

LEMBRANÇAS INESQUECÍVEIS



HÁ apenas três dias nos visitou um alto dirigente do Partido Comunista do Vietnã. Antes de partir me transmitiu a vontade de que eu elaborasse algumas lembranças de minha visita ao território libertado do Vietnã em sua heróica luta contra as tropas ianques no sul desse país.


Na verdade não é muito o tempo de que disponho quando grande parte do mundo se empenha em procurar uma resposta às notícias de que uma guerra, com o emprego de mortíferas armas, está a ponto de estourar em um canto crítico do nosso globalizado planeta.

Contudo, lembrar os antecedentes e os monstruosos crimes cometidos contra os países com menos desenvolvimento econômico e científico, ajudará a todos os povos a lutar por sua própria sobrevivência.

No dia 12 de setembro se completam 40 anos da visita de uma delegação oficial de Cuba ao Vietnã.

Numa Reflexão que escrevi em 14 de fevereiro de 2008, publiquei dados sobre o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos da América, John McCain, humilhantemente derrotado em sua candidatura por Barack Obama. Este último, pelo menos, podia falar em termos parecidos aos de Martin Luther King, assassinado vilmente pelos racistas brancos.

Obama, inclusive, se propôs imitar a viagem de trem do austero Abraham Lincoln, embora não tivesse sido nunca capaz de pronunciar o discurso de Gettysburg. Michael Moore lhe espetou: “Parabéns, presidente Obama, pelo Prêmio Nobel da Paz; agora, por favor, ganhe-o.”

McCain perdeu a Presidência dos Estados Unidos, mas diligenciou para voltar ao Senado, de onde exerce enormes pressões sobre o governo desse país.

Agora é feliz, movimentando suas forças para que Obama descarregue o maior número de certeiros mísseis com capacidade de bater com precisão as forças vivas das tropas sírias.

Tão mortal é o gás Sarin como as radiações atômicas. Nove países já dispõem de armas nucleares que são muito mais mortíferas do que o gás Sarin. Dados publicados desde 2012 informam que Rússia possui aproximadamente 16 000 ogivas nucleares ativas e os Estados Unidos por volta de 8 000.

A necessidade de fazê-las explodir em questão de minutos sobre os alvos adversários, impõe os procedimentos para o uso das mesmas.

Uma terceira potência, China, a mais sólida economicamente, já dispõe da capacidade para a Destruição Mútua Assegurada com os Estados Unidos.

Israel, por sua vez, supera França e Grã-Bretanha em tecnologia nuclear, mas não admite que seja pronunciada uma palavra sobre os fabulosos fundos que recebe dos Estados Unidos e sua colaboração com este país nesse âmbito. Há poucos dias enviou dois mísseis para testar a capacidade de resposta dos destrôieres norte-americanos no Mediterrâneo que apontam contra Síria.

Qual é então o poder de tão pequeno, mas avançado, grupo de países?

Para tirar a enorme energia derivada de um núcleo de hidrogênio é preciso criar um plasma de gás de mais de 200 milhões de graus centígrados, o calor necessário para forçar os átomos de deutério e trítio a se fusionarem e liberar energia, segundo explica uma notícia da BBC, que soe estar bem informada na matéria. Isso já é uma descoberta da ciência, mas quanto será preciso investir para tornar realidade tais objetivos.

Nossa sofrida humanidade espera. Não somos “quatro gatos-pingados”; somamos já mais de sete bilhões de seres humanos, a maioria esmagadora crianças, adolescentes e jovens.

Voltando às lembranças de minha visita ao Vietnã, que motivaram estas linhas, não tive o privilégio de conhecer Ho Chi Minh, o lendário criador da República Socialista do Vietnã, o país dos anamitas, o povo do qual tão elogiosamente falou nosso Herói Nacional José Martí no ano 1889 em sua revista infantil “A Idade de Ouro”.

No primeiro dia fiquei alojado na antiga residência do Governador francês no território da Indochina quando visitei esse país irmão em 1973, ao qual cheguei no dia 12 de setembro após o acordo entre os Estados Unidos e o Vietnã. Lá fui alojado por Pham Van Dong, na altura Primeiro Ministro. Aquele poderoso combatente, ao ficar sozinho comigo no velho casarão construído pela metrópole francesa, começou a chorar. Desculpe, me disse, mas penso nos milhões de jovens que morreram nesta luta. Nesse instante percebi em sua plena dimensão quão dura tinha sido aquela contenda. Também se queixava dos enganos que os Estados Unidos da América tinham utilizado contra eles.

Em uma síntese apertada utilizarei as palavras exatas do que escrevi na referida Reflexão de 14 de fevereiro de 2008, logo que tive a possibilidade de fazê-lo:

“As pontes, sem exceção, ao longo do trajeto, visíveis desde o ar entre Hanói e o Sul, estavam, com efeito, destruídas; as aldeias, arrasadas, e todos os dias as granadas das bombas de racemo lançadas com esse fim, explodiam nos campos de arroz onde crianças, mulheres e inclusive idosos, trabalhavam na produção de alimentos.

“Um grande número de crateras se observavam em cada uma das entradas das pontes. Não existiam então as bombas guiadas por laser, muito mais precisas. Tive que insistir para fazer aquele percurso. Os vietnamitas temiam que eu fosse vítima de alguma aventura ianque se conhecessem de minha presença naquela zona. Pham Van Dong me acompanhou o tempo todo.

“Sobrevoamos a província de Nghe-An, onde nasceu Ho Chi Minh. Nessa província e na de Ha Tinh morreram de fome em 1945, o último ano da Segunda Guerra Mundial, dois milhões de vietnamitas. Aterramos em Dong Hoi. Sobre a província onde radica essa cidade destruída lançaram um milhão de bombas. Cruzamos de balsa o Nhat Le. Visitamos um posto de assistência aos feridos de Quang Tri. Vimos numerosos tanques M-48 capturados. Percorremos caminhos de madeira na que um dia foi a Rota Nacional destroçada pelas bombas. Reunimo-nos com jovens soldados vietnamitas que se encheram de glória na batalha de Quang Tri. Serenos, resolutos, curtidos pelo sol e pela guerra, um ligeiro tique reflexo na pálpebra do capitão do batalhão. Não se sabe como conseguiram resistir tantas bombas. Eram dignos de admiração. Nessa mesma tarde de 15 de setembro, regressando por uma rota diferente, pegamos três crianças feridas, duas delas muito graves; uma menina de 14 anos estava em estado de choque com um fragmento de metal no abdómen. As crianças trabalhavam a terra quando uma enxada fez contato casual com a granada. Os médicos cubanos que acompanhavam a delegação deram-lhes uma atenção direta durante horas e salvaram suas vidas. Fui testemunha, senhor McCain, das proezas dos bombardeamentos ao Vietnã do Norte, dos quais você se orgulha.

“Por aqueles dias de setembro, Allende tinha sido derrocado; o Palácio de Governo foi atacado e muitos chilenos torturados e assassinados. O golpe foi promovido e organizado desde Washington.”

Lino Luben Pérez, jornalista da AIN, consignou em um artigo que publicou a 1 de dezembro de 2010, uma frase que pronunciei no dia dois de janeiro de 1966 no comício pelo sétimo aniversário da Revolução: ao Vietnã “estamos dispostos a dar-lhe não só o nosso açúcar, mas nosso sangue, que vale mais do que o açúcar!”.

Noutra parte do referido artigo, o jornalista da AIN escreveu:

“Durante anos, milhares de jovens vietnamitas estudaram em Cuba várias especialidades, incluídos os idiomas espanhol e inglês, ao passo que outro número considerável de cubanos aprendeu lá sua língua.

“Ao porto de Haiphong, no norte bombardeado pelos ianques, aportaram navios cubanos carregados de açúcar, e centenas de técnicos trabalharam durante a guerra nesse território como construtores.

“Outros compatriotas fomentaram aviários para a produção de carne e ovos.”

“Constituiu um acontecimento transcendental o primeiro navio mercante dessa nação que entrou em porto cubano. Hoje, a colaboração econômica estatal ou empresarial e o entendimento político entre os dois partidos e suas relações de amizade se mantêm e multiplicam.”

Peço me desculpem o modesto esforço de escrever estes parágrafos em nome de nossa tradicional amizade com o Vietnã.

Na manhã de hoje, o risco de que o conflito estoure com suas funestas consequências parece ter diminuído graças à inteligente iniciativa russa, que se manteve firme diante da insólita pretensão do governo dos Estados Unidos, ameaçando com lançar um ataque demolidor contra as defesas sírias que podia custar milhares de vidas ao povo desse país e desatar um conflito de consequências imprevisíveis.

O chanceler russo, Serguéi Lavrov, falou em nome do governo desse valente país e talvez contribua a evitar, no imediato, uma catástrofe mundial.

O povo norte-americano, por sua vez, se opõe fortemente a uma aventura política que afetaria não só seu próprio país, mas toda a humanidade.

   

        Fidel Castro Ruz

10 de setembro de 2013

15h20

(Reproduzido do site www.cuba.cu)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

AINDA DIZEM QUE EU É QUEM SOU A ARTISTA DA FAMÍLIA...

“A vida é mais simples do que a gente pensa. Basta aceitar o impossível, dispensar o indispensável e suportar o intolerável...”.

Kathleen Norris (1880 - 1966)
Novelista norte-americana

Como dizem os goianos, eu pensava que já tinha visto de um tudo nesta vida, embora ache que não entendo de mais nada e estou aprendendo. Ou reaprendendo. Afinal, hoje, por acaso, caindo de pára-quedas, chega uma prima, fazendo visita, e, como se estivesse falando a coisa mais normal do mundo, diz que comprou um caixão... Para ela. E tudo já pago! Ocorre que a minha prima tem apenas 44 anos de idade e é super saudável. Achando pouco o absurdo da informação que me passou, disse, ainda, com uma espontaneidade única, que, tão logo pudesse, começaria a pagar uma prestação peculiar: a da sua própria cremação – tipo se paga um plano de saúde... Eu queria entender! Sim, porque, ao ouvir o tal disparate, fiquei pasma, impactada, mas, fui até humilde em perguntar qual seria, então, o destino do caixão, visto que o mesmo já foi pago e a cremação independe dele – o corpo do pacifista indiano Gandhi (1869 - 1948), por exemplo,  foi posto em uma fogueira, sem caixão, queimado com incensos maravilhosos e perfumados, sendo as suas cinzas, depois, jogadas ao mar. Enfim! Perguntei a minha prima, embora com medo da resposta: — Então, vai vender o caixão, já que ele perdeu a serventia?

Ela, dando gargalhadas, respondeu: — Vou guardá-lo.

Ora! Isso é ser artista...


Nathalie Bernardo da Câmara


Originalmente postado no dia 04 de junho de 2011

ADENDO (12 de setembro de 2013): Esta semana, a minha prima comunicou-me que está providenciando o seu plano de cremação, visto que o crematório do novo cemitério de Natal já foi inaugurado – parece até que já “botaram fogo” em três corpos: o primeiro, pelo que eu entendi, teria sido uma experiência, tipo cobaia, mas os outros dois foram para valer! Daqui a pouco vai ter fila... Enfim! Ela informou, ainda, que os custos nem são tão onerosos assim. Por exemplo, o plano pelo qual ela optou custa R$ 3.600,00 – uma entrada de R$ 360,00 e mais 19 parcelas, iguais e fixas, de R$ 170,00. Não obstante, a minha prima só espera que a sua morte não seja violenta, pois, nesses casos, a Justiça burocratiza o protocolo – até nisso ela pensou... E eu ouvindo as suas intenções e peripécias verbais, alegando que, no que me diz respeito, nem no meu maior pesadelo eu também não me vejo sete palmos abaixo da terra, com aqueles bichinhos comendo o meu corpo. Nunca! Depois de décadas cuidando da minha pele com tanto esmero – uso o mesmo perfume desde a adolescência e hidratantes maravilhosos –, também exijo, decididamente, ser cremada (coisa na qual penso desde criança e ninguém nunca entendeu). Detalhe: com incensos de cedro – não toras. Sim, para queimar devagar. Aí, a minha prima debochou, dizendo, tipo: "Ainda escolhe a fragrância?". Claro! E que as minhas cinzas sejam jogadas nas águas poluídas de Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, Brasil. Desse modo, darei duas grandes contribuições à natureza: ajudarei a despoluir a baía e ainda servirei de alimento aos frutos do mar. Porém, o mais curioso que acho é a naturalidade da minha prima ao falar desse assunto – um tabu, eu admito, para mim. Para ela, contudo, muito prática, uma realidade, inexorável. E que, por isso, deve ser encarada como tal. Ocorre que, para quem, depois da sua morte, não quer dá trabalho a ninguém, um pedido ainda mais inusitado me foi feito: caso ela “vá”, antes de mim, que eu faça um tumulto daqueles – só faltou dizer barraco – para que façam jus ao que, ainda em vida, ela pagou. É, né, está pagando antecipado. E que as suas cinzas sejam levadas até a estrada de Nice a Mônaco – não quer nada! –, já que deseja ficar flanando no Mediterrâneo, na expectativa de que, noutra vida – ela é espírita e, portanto, acredita em reencarnação –, tenha a sorte de nascer na Europa. Não deu outra! Eu disse que, já que ela está investindo tanto na sua morte, que, então, deixe reservado o dinheiro para o passaporte, se for o caso, e o da passagem de quem for ficar encarregado (a) de levar as suas cinzas para o lugar desejado... Pense um papo doido! Sei não, mas, de repente, um testamento até que cairia bem. O fato é que, horas depois, ainda não aguentando o absurdo da conversa – nada convencional, convenhamos –, comentei a respeito com um amigo, que mora lá pelas bandas de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Igualmente muito espirituoso, ele, que é poeta, disse que já escreveu até um epitáfio para si próprio. Eu? Não pude nem duvidar, visto que me enviou o mesmo. Ocorre que, também muito espirituosa, aproveito para transcrevê-lo (reparem no detalhe de como ele começa o poema – “Se eu morrer” [como se isso fosse opcional...]):

Se eu morrer
Que o resto seja aproveitado
Quanto à alma, de nada sei
Mas, do corpo
O que estiver em bom estado
Ou quase, fica doado
Córneas boas
Sempre lubrificadas pela emoção
De tantas coisas belas
E muitas feias, que viram
Coração que aguentou
Tanto susto e paixão
Aguenta outro tanto
Fígado que fez por merecer
A Ode de Neruda
Rim que parece feito na Suíça
Pulmão
Bem, este serve, pelo menos
Para ilustrar os malefícios do tabagismo
Tudo o mais, dou-o
Para o progresso da Ciência
As vísceras que sobrarem
Deitem-nas à terra
Num pomar ou baldio
E vejam que belos frutos

Mané do Café

POR QUE A RÚSSIA E A CHINA APOIAM A SÍRIA?



Por Luciana Alvarez - especial para o iG


(12 de setembro de 2013)

Interesses militares, econômicos e busca por estabilidade levam países a defender Assad em cenário internacional


Há dois anos e meio mergulhado em uma guerra civil e enfrentando acusações de uso de armas químicas contra sua população, o governo da Síria encontra-se sob forte pressão no cenário internacional, sobretudo por parte dos EUA, que chegaram a ameaçar com uma intervenção militar . O regime de Bashar al-Assad , no entanto, também conta com dois aliados externos de peso: Rússia e China.

É da Rússia a proposta de entrega de armas químicas , no que pode ser uma saída diplomática para evitar a possível ação militar defendida pelo presidente Barack Obama. A razão principal de os governos de Moscou e Pequim defenderem o governo sírio é o temor de uma instabilidade na região.

A Síria é um aliado histórico da Rússia, desde os tempos da antiga União Soviética (1922-1991). “Essas boas relações duram há décadas. Bashar al-Assad e, antes dele o seu pai (Hafez al-Assad, que governou de 1971 a 2000), se mostraram aliados constantes. Até agora, a Síria era um dos países mais estáveis da região”, afirmou Tullo Vigevani, professor de Relações Internacionais da Unesp.

Embora a influência russa venha diminuindo no mundo, o país ainda é uma grande potência do ponto de vista militar e energético. “Portanto, seu governo e as Forças Armadas têm interesse em manter aliados em algumas regiões estratégicas, como o Oriente Médio”, explicou Vigevani.



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

AMOR INCONDICIONAL


Por Everton Dantas
Jornalista Brasileiro
Reflexões publicadas no Novo Jornal, dia 10 de setembro de 2013.


A guerra precisa de amor. Precisa ser amada por todos: do presidente ao dissidente; do traidor ao jornalista; do soldado ao refugiado que faz barba cabelo e bigode para sobreviver no campo que cresce barraca a barraca, no meio do nada, graças à ação da Organização das Nações Unidas. Bashar Hafez al-Assad e Barack Hussein Obama II precisam de amor, muito, imenso, imerso, cutâneo. A Síria precisa ser urgentemente bombardeada com mil bombas, foguetes e balas de amor; e amanhecer inundada por milhões de milhares de vítimas, de lá e dos países vizinhos, sem que sejam poupadas famílias inocentes, hospitais cheios de crianças e velhinhos ou fábricas de bichinhos de pelúcia.

Os protestos precisam de amor. As ruas, os carros incendiados, os garotos que cobrem a cara para poderem se libertar e promover atos pelos quais – de cara limpa – poderiam ser facilmente identificados e presos. Ninguém quer ir preso. Mas o amor precisa ir à prisão. Lá também. A prisão também precisa de amor, para os bandidos e os policiais... Ah, os policiais precisam de muito amor. Um amor sudorético, que se infiltre por baixo de suas fardas e amoleça seus cassetetes e canos de armas de balas de borracha ou de verdade. Gente, o gás de pimenta precisa de amor. Precisa tornar-se amor e corroer as juntas do nariz, arder nos olhos e fazer esse povo passar mal, envenenado de amor.

Os políticos carecem imensamente de irrestrito e regulamentado amor. Precisam receber jetons e jetons de amor e serem cooptados pela corrupção desse sentimento, depois flagrados recebendo milhares de milhões de cédulas de amor. Para então serem aprisionados em masmorras eternas, de amor. Os assessores dos políticos, os bajuladores, os covardes, os corruptos passivos e ativos só serão salvos pelo amor, daí sua necessidade urgente. Os aviões da FAB e seus passageiros silenciosos precisam de amor.

Micheline Borges e todo mundo que comentou sobre “essa moça do Nordeste, jornalista” precisam de amor, assim como precisam (muito) as médicas que saudaram com vaias os lindos dos cubanos que chegaram para salvar pessoas que elas não estão interessadas em atender. Os pacientes, então, precisam de muito amor: um amor que espante as macas dos corredores dos hospitais e faça-as voar como corvos sendo espantados da plantação. Que voem, amedrontadas de amor, para nunca mais voltar.

Muito acima dos pacientes, os médicos precisam adoecer de amor. Morrer de amor. Serem enterrados no cemitério do amor. E renascer para a vida eterna do amor.

Precisam de amor ainda os gêneros em guerra e o banheiro ocupado por mulheres que querem cada vez mais homens porque não lhes interessa mais esse gênero tão opressor. Machos e fêmeas, independente do que desejam, precisam de amor. E precisa de amor também a liberdade de cada um escolher o que quer fazer com suas partes íntimas, com seus orifícios, sem opressões, contracoerções nem contrações.

Joaquim Barbosa e Lewandowski carecem de amor assim como Alex de Souza, Alexandre Honório e todos os demais trolls que assombram o twitter. Marcelo “Cabeça” precisa de muito amor para me desculpar por não ter ido ao seu aniversário: “Cabeça, você é demais! Desculpe não poder ter ido, mas tinha que trabalhar o final de semana inteiro”. Renato Sumatra e Marcos Bezerra (que me mandou tomar cuidado com o que eu ia dizer aqui!) precisam se unir e fundar um partido de amor que suplante o PSDB e o PT; e forneça amor a todos as viúvas e jabutis desses partidos mal-amados.

Dilma, Lula, Aécio, Serra (esse então!), Alckmin, Haddad, Kassab, Eduardo Campos, Marina, Dirceu (e todos os mensaleiros)... Amor, simples assim. Garibaldi Alves Filho, Wilma de Faria e José Agripino Maia precisam de amor. Henrique Eduardo Alves necessita de muito amor e carinho. Rosalba Ciarlini precisa urgentemente ser vítima de algum protesto de amor, com caixões e velas rosas, de amor; para um grande sepultamento de uma época de ódio e após a qual só existirá amor. Robinson Faria... É um caso de amor imprescindível.

O Tribunal de Justiça e todos os juízes que estão ajuizando processos para parar a propaganda institucional do estado e as empresas de comunicação e os trabalhadores que estão sofrendo com isso, precisam de amor. O Ministério Público e demais poderes que estão em guerra com o Governo do Estado; e o próprio Governo do Estado, seus secretários e servidores... Todos precisam – cada um – receber doses cavalares de amor.

O América e o ABC precisam ser iluminados pela lanterna do amor. O Flamengo (de Rafael Duarte e Viktor Vidal) precisa de amor. O Vasco (de Rubens Lemos, de Adriano de Souza e meu também) precisa igualmente, só que um pouco menos porque está melhor na tabela.

Sidarta e Nicolélis precisam – no sonho e no mundo virtual, com braços biônicos macacos e meninos chutando bolas – serem descobertos pelo amor.

Os empresários precisam ser devastados de amor. Os ambientalistas precisam ser enraizados pelo mesmo sentimento.

O Ibama precisa de amor. O NOVO JORNAL também. O colunista que vos escreve igualmente. Depois desse texto, ainda mais. Amor e compreensão. Há muita carência no mundo. Vivemos atualmente o reino da carência. Todo mundo só quer ser aceito como é. Todo mundo é especial. Mas ninguém sabe bem. Para isso, não precisa gritar nem brigar. A sua carência só precisa de amor. Ame, meu bem, amar não faz mal a ninguém. Amém.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O GOLPISMO DO “FORA SARNEY” E OUTROS FORAS


Por Cláudio de Oliveira
Jornalista e cartunista brasileiro
Artigo publicado no portal Gramsci e o Brasil, em agosto de 2013.


Em fins dos anos 1980, o PT puxou a palavra de ordem “Fora Sarney”. Lembro-me das discussões no velho Partidão que a considerava golpista e, portanto, contra os interesses dos trabalhadores.

Argumentava-se que, ao longo de nossa história, a consequencia das vezes em que a legalidade democrática fora quebrada foi a implantação de ditaduras. E, com elas, os primeiros a serem perseguidos foram sempre os sindicalistas e os líderes dos partidos que buscavam a representação do mundo do trabalho: comunistas, socialistas e trabalhistas. Eram os primeiros, mas não os únicos. Em seguida, os demais democratas sofreram a mão forte das ditaduras.

O “Fora Sarney”

E por que a palavra de ordem “Fora Sarney” era considerada golpista? O governo de José Sarney era legítimo? Seu mandato era democrático?

Lembremo-nos de que o presidente Tancredo Neves e o seu vice-presidente José Sarney foram eleitos em 1985, conforme a Constituição de 1967, uma Carta autoritária e ilegítima, imposta pela ditadura de 1964.

Sabemos que aquela era a institucionalidade vigente, reformada com a abertura política de 1979 que, aliás, havia propiciado o surgimento de novos partidos, como o PT um ano depois. Tal institucionalidade previa a eleição presidencial por um Colégio Eleitoral composto pelo Congresso Nacional e por representantes das Assembleias Legislativas.

As oposições tentaram mudar a chamada eleição indireta com a emenda constitucional apresentada pelo deputado Dante de Oliveira. A proposta buscava restabelecer as eleições diretas, isto é, o direito de os cidadãos escolherem livremente o presidente da República.

Em que pesem as vigorosas manifestações das Diretas-Já, que reuniram milhões de brasileiros nas ruas pelo país, a emenda foi derrubada pelo Congresso. As oposições, à exceção do PT, resolveram então lançar um candidato único para enfrentar no Colégio Eleitoral o candidato da ditadura, o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf. O escolhido foi Tancredo Neves, que enfim elegeu-se presidente. Mas, com sua morte em abril, José Sarney assumiu o comando do país.

Ainda que as candidaturas de Tancredo Neves e José Sarney fossem vistas por setores de esquerda como um “pacto de elites”, elas ganharam legitimidade não só por reunir um amplo consenso das forças políticas de oposição à ditadura, como também pelas medidas subsequentes, como a convocação de eleições constituintes para 1986, com vistas a escrever uma nova Constituição e a restabelecer o Estado de Direito.

Realizou-se a eleição mais livre e democrática desde a redemocratização de 1946, com a participação de todos os partidos, inclusive do PCB, que só tivera alguns meses de legalidade em 1925 e de 1945 a 1947, quando então teve o registro cassado.

Mesmo que as críticas à política econômica e aos casos de corrupção denunciados no governo Sarney justificassem uma dura oposição, a palavra de ordem “Fora Sarney” era de fato golpista, uma vez que seu mandato fora confirmado pela Constituinte. Além desse dado fundamental, a derrubada de Sarney poria em risco o mais importante da chamada transição democrática: a promulgação da Constituição em outubro de 1988 e a manutenção das eleições presidenciais marcadas para outubro de 1989.

O “Fora Collor”

Mas, se a palavra de ordem “Fora Sarney” era golpista, por que o “Fora Collor” também não foi assim considerado?

Lembremo-nos de que a campanha do impeachment (impedimento) de Collor, encabeçada pela UNE, que levou milhares de jovens às ruas, desenvolveu-se em apoio e concomitantemente a uma ação por dentro da institucionalidade.

Havia sido instalada uma CPI no Congresso Nacional para investigar as denúncias de corrupção envolvendo o presidente da República, Fernando Collor de Mello. Posteriormente, a OAB e a ABI entregaram um pedido de impeachment do presidente à Câmara dos Deputados, aprovado por 441 votos a favor e 33 contra, resultado referendado em seguida pelo Senado Federal. Para evitar a perda de seus direitos políticos, Collor de Mello renunciou ao mandato. Mais tarde, porém, o Supremo Tribunal Federal confirmou o impeachment determinado pelo Congresso e Collor ficou inelegível por 8 anos.

Assim, o processo de impeachment e a posse do vice-presidente Itamar Franco realizaram-se dentro das regras do jogo. Isto é, conforme a Constituição de 1988, legitimamente eleita e reconhecida por todos.

O “Fora FHC”

E a palavra de ordem “Fora FHC” ensaiada por setores do PT no início dos anos 2000? Era considerada golpista e por isso mesmo foi abandonada pela maioria dos dirigentes petistas?

Independentemente de simpatias ou antipatias, o presidente Fernando Henrique Cardoso fora eleito e reeleito em primeiro turno com o apoio da maioria absoluta dos eleitores, o que lhe conferiu grande grau de legitimidade, além de plena legalidade.

Podemos argumentar que a emenda constitucional que aprovou o instituto da reeleição foi maculada por denúncias de compra de apoios no Congresso. Podemos criticar o fato de que uma CPI para investigar as denúncias não foi criada, bem como uma suposta omissão da Procuradoria Geral da República no caso. Todavia, todas as forças políticas do país aceitaram participar do pleito de 1998, bem como reconheceram os seus resultados como legais, democráticos e legítimos.

O “Fora Lula” e o “Fora Dilma”

E por que as oposições não lançaram a palavra de ordem “Fora Lula” no auge da CPI que investigava o mensalão em 2005, quando a OAB discutiu a possibilidade de pedir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Acertada ou equivocadamente, o Congresso Nacional não colocou o presidente Lula como alvo de suas investigacões, bem como não houve quem encaminhasse um pedido de impeachment. Assim, uma mobilização de rua com a palavra de ordem “Fora Lula”, ao arrepio das instituições, representaria uma tentativa de golpe de Estado.

Igualmente, por mais justos que tenham sido os protestos de junho de 2013 com críticas ao governo federal, uma palavra de ordem “Fora Dilma” seria também golpista, uma vez que não há quem questione a legalidade e a legitimidade do mandato conquistado pela presidente Dilma Rousseff nas urnas de 2010.

Mudança de governo

No sistema presidencialista brasileiro só há duas formas democráticas de mudar o governo antes do término do mandato de 4 anos, conforme estabelecido pela Constituição: pela renúncia do seu titular ou por um processo de impeachment via Congresso Nacional.

De acordo com a Constituição, se os cidadãos quiseram derrubar um governo em que não mais depositam confiança, eles devem pressionar o Congresso pela abertura de um processo de impeachment, baseado no requisitos legais para fazê-lo, ou aguardar as próximas eleições presidenciais.

Uma outra possibilidade seria uma grande mudança do sistema político: o estabelecimento do regime parlamentarista, em que um governo que não tenha mais a confiança da maioria dos partidos possa ser substituído antes do término do mandato de 4 anos. Talvez, numa democracia parlamentarista ampliada, devesse estar prevista a possibilidade de uma moção de desconfiança por iniciativa popular, a ser examinada pelos parlamentares. Mas o parlamentarismo foi derrotado na Constituinte de 1988 e no plebiscito de 1993. E uma mudança dessa ordem só deveria valer a partir de 2018, já que muitos dos atuais chefes de Executivo têm direito a disputar uma reeleição.

Outros institutos de democracia direta, como referendos e plebiscitos, também devem ser utilizados. Todavia, é preciso aqui ter cuidado, pois fechar o foco exclusivamente na democracia direta e não agir para reformar a democracia representativa pode contribuir para conservar as mazelas do nosso sistema político.

Certas correntes de esquerda falam em revolta, levante, insurreição e revolução populares. São propostas controversas, dividindo cientistas sociais quanto à sua diferenciação em relação a um mero golpe de Estado. De todo modo, no século XX, os processos de reformas por dentro das instituições se mostraram não só mais desejáveis como mais duradouros e estáveis.

E aos setores que insistem em palavras de ordem do tipo “Fora Sarney”, a história mostra que tal conclamação pode ter sido útil para derrotar o governo eleitoralmente, mas o resultado foi a vitória do candidato de centro-direita Fernando Collor de Mello. O “Fora Sarney” não contribuiu para politizar os eleitores nem fortalecer as instituicões democráticas; afinal, o tal caçador de marajás foi eleito por um minúsculo partido com consequências desastrosas para o país.

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