segunda-feira, 31 de março de 2014

A GRANDE DAMA DE PARIS

 “É, pois, à clarividência do povo da Cidade Luz que o mundo deve a locomoção aérea...”.

Alberto Santos Dumont (20 de julho de 1873 - 23 de julho de 1932)
Inventor e aviador brasileiro, pioneiro da aviação, nas notas O Que eu vi, o que nós veremos (1918).


Obra do arquiteto Stephen Sauvestre (1847 - 1919) e do engenheiro Gustave Eiffel (1832 - 1923), ambos franceses, destinada a ser a porta de entrada da Exposição Universal, no Champ de Mars, em Paris, no anos de 1889, quando das comemorações do centenário da Revolução Francesa, e mesmo sendo uma atração temporária do evento, a Torre Eiffel, foi alvo de inúmeras polêmicas, por parte de intelectuais da época, que, durante os dois anos, dois meses e cinco dias que levou para a sua conclusão, questionavam a utilidade e a proposta estética da intervenção, considerada uma “desonra” para Paris – a edificação era deveras ousada para o período em que foi idealizado e construído: pesava mais de dez mil toneladas, com uma escada de 1.710 degraus, mais de dezoito mil barras de metal e 2,5 milhões de rebites. De qualquer modo, independentemente da resistência, a estrutura metálica, chamada de a “dama de ferro” de Paris, tinha prazo de validade: o seu desmonte 20 anos depois – ação essa evitada, aliás, porque, inicialmente, uma antena de rádio foi instalada pelas forças armadas francesas em seu ponto mais elevado. Enfim! Quando da sua inauguração, às 13h30 do dia 31 de março, um domingo, do ano em questão, ou seja, 1889, Eiffel alcançou o degrau de número 1.710 da torre de 300 metros de altura, que separava o nível térreo do terceiro andar, içando a bandeira da França em seu cume, acrescentando 24 metros à edificação, sendo, no momento do seu gesto, saudado por 21 disparos de canhão – natural o monumento ter caído não no chão, mas no agrado dos parisienses, transformando-se não somente num ícone da arquitetura moderna, mas, sobretudo, num símbolo da Cidade Luz, recebendo, ainda, a cada sete anos, uma repaginada no seu visual. À ocasião, portanto, da sua construção, a Torre Eiffel foi considerado o edifício mais alto do mundo. Porém, em 1930, o monumento perde o status para o Chrysler Building, em Nova York, com trezentos e dezenove metros de altura. Em 2004, com a conclusão do Viaduto de Millau, no sudoeste da França, com 343 metros de altura, a “dama de ferro” de Paris, passou a ser a segunda maior edificação francesa. Nesse ínterim, contudo, em 1964, a Torre Eiffel entrou para a lista de monumentos históricos de Paris e, hoje, no dia 31 de março de 2014, sendo considerada uma obra-prima da engenharia civil e do design arquitetônico, completa 125 anos de idade. 

Nathalie Bernardo da Câmara




Pico de poluição "apaga" torre Eiffel da paisagem de Paris

Paris vive pico de poluição desde segunda-feira, 10 de março.
videos.tf1.fr


RFI – 12 de Março de 2014

O calor incomum para o mês de março no centro e no norte da França, inclusive na capital, provoca um pico de poluição por partículas finas que alterou a paisagem de Paris nesta quarta-feira (12). A torre Eiffel, um dos principais pontos turísticos da cidade, chega a parecer apagada do horizonte parisiense.

Os centros regionais de monitoramento da qualidade do ar despertaram o alerta máximo para a poluição por partículas com diâmetro inferior a 10 mícrons. O fenômeno é potencializado por uma inversão de temperaturas que ocorre nos últimos dias nessas regiões, com noites frias seguidas por dias com temperaturas acima da média. O país está a duas semanas da primavera.

Em um clima normal, a temperatura do ar diminui com a altitude, permitindo uma dispersão vertical dos poluentes. Porém, com a variação alta de temperaturas, o solo se esfria intensamente durante a noite, no inverno, enquanto que de dia podem se formar camadas de ar quentes em altitude, deixando os poluentes “presos” sobre as cidades.

A expectativa é de que a situação comece a melhorar somente na sexta-feira, quando as temperaturas devem cair a índices mais próximos do normal para a estação. Na região de Ile-de-France, onde se encontra a capital, o pico se iniciou ontem e deve se prolongar até amanhã.

Riscos para a saúde
O nível de alerta máximo pressupõe uma concentração de partículas superior a 80 microgramas de partícula por metro cúbico de ar. Nestas condições, as autoridades incitam à diminuição da velocidade dos veículos em trânsito e à proibição do uso de lareiras. Também recomendam à população que evite fazer atividades físicas ou esportivas intensas ao ar livre e limite a circulação de crianças menores de 6 anos nas ruas.

A poluição por partículas finas é comum no inverno, devido ao aumento das emissões pelo aquecimento das casas. Muitas residências ainda utilizam lareiras e milhares de aparelhos são abastecidos com óleo combustível, uma poluição que se soma à emitida pela indústria e os transportes. As partículas podem provocar asma, alergias e outras doenças cardiorespiratórias. As mais finas entre elas, com menos de 2,5 mícrons de diâmetro, penetram nas ramificações mais profundas e delicadas das vias respiratórias e sanguíneas, e foram classificadas como cancerígenas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 




Sugestão de leitura:


No dia 22 de julho de 2012, publiquei a postagem A QUANTAS ANDA O CORAÇÃO DE DUMONT? Instigante leitura sobre Santos Dumont...



NBC 


RIO GRANDE DO NORTE: ONDE DINHEIRO VOA...

Capa do Novo Jornal, em sua edição do dia 25 de março de 2014.


Em tempo: a construção – com dígitos a perder de vista – do novo aeroporto internacional do Rio Grande do Norte, no município de São Gonçalo do Amarante – inclusas a das suas vias de acesso – traduz apenas a megalomania de empresários e políticos gananciosos – repugnantes –, justificando a sua edificação em função de uma Copa para lá de dispendiosa e desnecessária (não se esquecendo q 2014 também é ano de eleições), e, de carona, o incremento do turismo neste e em anos vindouros, não representando, portanto, no frigir dos ovos – sejamos sensatos –, nenhum legado para a população do Estado: legado seria investir em hospitais, escolas e demais benefícios diretos e emergenciais para essa mesma população – não sejamos tolos. Na verdade, o único legado do novo aeroporto, bem como do estádio Arena das Dunas – e haja derramamento de dinheiro  e de demais obras onerosas, a maioria de fachada  mais sangria , não se resume que a um dote para empresários, de não importa qual nacionalidade, e políticos de todos os matizes. Isso sem falar que, por causa do novo aeroporto, cuja abertura está marcada para o dia 10 de maio, o tradicional, localizado em Parnamirim, que também possui status de internacional, será – tudo indica – desativado em agosto. E sem precisão, sobretudo se considerarmos os recursos que, ao longo de mais de meio século, foram investidos em um sem fim de reformas, acrescentando melhorias para, de repente, por mera ganância e capricho de empresários e políticos sem consciência, perder a serventia, escoando tudo pelo ralo. Sinceramente, se há um sistema econômico nojento, ele se chama capitalismo.

Nathalie Bernardo da Câmara



DEMANDA REPRIMIDA

30 de março de 2014

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo


Nessa batida a coisa vira rotina: de agosto de 2013 para cá foram seis os deputados federais com prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal. Na média, quase um por mês. Estatística impressionante se comparada à inexistência de punições do tipo a contar de 1988, quando a Constituição determinou que o foro de julgamento (dito privilegiado) de autoridades seria o STF.

O que ocorre? Nada de excepcional, apenas a fila andou. E lentamente, se considerarmos que levou pouco menos de 12 anos entre a mudança da lei que confundia imunidade com impunidade e as primeiras punições efetivas no que diz respeito a integrantes do Congresso Nacional.

Mas, diante do que ocorria até novembro de 2001, antes tarde do que nunca. O constituinte de 88 assegurou a inviolabilidade dos votos e da palavra dos parlamentares, mas a estendeu aos crimes comuns, pois os processos eram automaticamente suspensos mediante a diplomação do eleito. Se o crime fosse cometido no exercício do mandato, o STF precisaria de autorização do Legislativo para abrir uma ação.

Os tempos eram outros, a sociedade menos vigilante, o espírito de corpo mais atuante e, com isso, a autorização nunca era concedida. Já houve casos de senadores suspeitos de tráfico de drogas, homicídios, desvios de verbas públicas e uma série de crimes, cujos pedidos do Supremo foram simplesmente arquivados sem maiores explicações.

O aumento dos escândalos, no entanto, fez crescer a pressão sobre o Legislativo e finalmente, no fim de 2001, foi promulgada a emenda 35 ao artigo 53 da Carta, que inverte a situação anterior. Hoje, o STF inicia o processo e, se o Congresso quiser impedir, precisa aprovar por maioria a suspensão da ação. Um desconforto, no mínimo.

Os seis parlamentares condenados podem representar um número significativo se comparados à situação de impunidade total. Mas representam quase nada diante das 834 ações ou inquéritos que, segundo levantamento feito pelo Estado em novembro do ano passado, tramitam no Supremo Tribunal Federal contra políticos.

Em 36% delas existem indícios de crimes como lavagem de dinheiro, desvio de recursos, falsidade ideológica e homicídio.

Leite derramado. O que a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a devolução do processo do tucano Eduardo Azeredo à primeira instância, devido à renúncia ao mandato de deputado federal, ensina aos condenados do mensalão é que excesso de confiança nem sempre é bom conselheiro.

Mesmo levando em conta que a composição da Corte na época era outra, o placar de 8 a 1 em relação a Azeredo autoriza a suposição de que, se os deputados mensaleiros tivessem renunciado aos mandatos antes do início do julgamento, a ação penal 470 não seria examinada pelo STF, que remeteria os autos ao foro de origem.

Mas, os réus preferiram confiar em dois fatores. No campo político, na influência de Luiz Inácio da Silva. No âmbito jurídico, seguiram a tese defendida por Márcio Thomaz Bastos quando ainda ministro da Justiça, segundo a qual o que houve foi crime eleitoral.

O foro privilegiado dos deputados e o não desmembramento do processo foram o que manteve o caso no Supremo. Sem possibilidade de recurso.

Oferta e procura. Isolado, o índice de 36% de avaliação positiva do governo não é motivo para a oposição se entusiasmar desde já. O então presidente Lula tinha pouco mais que isso no início de 2006 e ganhou a eleição.

Mas, aqui, entram outros fatores que fazem a diferença. O primeiro, as "curvas". Desde novembro do ano anterior Lula vinha em rota ascendente nas pesquisas; a trajetória de Dilma é descendente.

O segundo, o anseio do eleitor. Em 2002, havia o desejo de mudança; deu oposição. Em 2006 e 2010, a demanda do eleitorado era por continuidade; deu governo. Em 2014, diante da procura por mudança, o marketing tentará "ofertar" a presidente na moldura da transformação.


TIROTEIO NOS PÉS

28 de março de 2014

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo


Notícia ruim não anda só. Caminha em bando, como bem pode atestar a presidente Dilma Rousseff de seu gabinete no Palácio do Planalto com vista para a Praça dos Três Poderes, onde bem ao centro localiza-se o Congresso Nacional.

Ali é que terá, nessa altura, maior repercussão a pesquisa CNI/Ibope que registrou a queda de sete pontos porcentuais no índice de avaliação positiva, agora em 36%. A população ainda não está eleitoralmente mobilizada, mas para os partidos e os políticos a hora de armar o jogo é agora. Muitos à espreita de Dilma na esquina. E aqui falamos dos ditos governistas.

De acordo com os pesos e medidas usados por especialistas no tema, um governante candidato à reeleição é considerado competitivo quando tem pelo menos 40% das indicações nos quesitos ótimo e bom.

Por essa régua, no momento a presidente Dilma estaria fora da zona de razoável conforto. Longe da faixa entre 45% a 50% em que o candidato é tido como franco favorito e mais distante ainda dos 50%, patamar acima do qual dificilmente alguém é derrotado.

Na semana passada se ouviu cantar esse galo, mas como ninguém sabia direito onde, correu a boataria de que uma pesquisa do Ibope registraria a queda das intenções de voto da presidente. Divulgados, os números desmentiram os boatos: ela continuava com os mesmos 43% da consulta anterior, feita em novembro.

Ontem apareceu o fundamento do falatório. A queda referia-se à avaliação do governo, comumente traduzida como popularidade da presidente. Esse era um ativo que Dilma ainda mantinha para lidar com uma base parlamentar tão ampla quanto insatisfeita, embora sem ter para onde correr, com resquícios de reverência decorrentes do favoritismo numérico diante de pretendentes da oposição.

Esse capital dá sinais concretos de erosão que os políticos captam no ar e transformam rapidamente em ação. Para começo de conversa, se reduz o receio do confronto com o governo. Quando eclodiu a última crise com o Parlamento liderada pelo PMDB, a versão do departamento de propaganda do Planalto é que a briga seria excelente para a presidente, pois ela ficaria com os dividendos da intransigência e os políticos, com os prejuízos da má imagem junto à opinião pública.

Como se viu pelo resultado da pesquisa, não se observou ganho algum junto à população. A ideia de se aproveitar do desgaste dos políticos evidentemente não cai bem entre eles, o que resulta em má vontade, principalmente entre deputados, no empenho pela reeleição da presidente. Ora, quando a isso se soma uma queda acentuada na popularidade, a insatisfação se manifesta mais abertamente e cada vez com menos cerimônia.

Tal ambiente não foi criado por obra da oposição. Tanto não foi que os dois candidatos, Aécio Neves e Eduardo Campos, ainda não têm o grau de conhecimento da presidente e continuam com índices baixos de intenção de votos. Todos os problemas que o governo enfrenta foram confeccionados internamente e são do conhecimento geral.

Condução errática da economia, insuficiência de desempenho na saúde, educação, segurança, ausência de diálogo com setores importantes da sociedade, menosprezo às críticas, manipulação da realidade, submissão dos interesses de Estado a conveniências partidárias, predominância eleitoral sobre todas as coisas, a presunção de que ao PT tudo é permitido e quem discordar é ingrato ou golpista.

A presidente não mede consequências. Não mediu no confronto com sua base aliada, não mediu quando acreditou que sua palavra bastava para encerrar um assunto relativo à Petrobrás e prosseguiu sem medir ao entrar na base da força bruta para impedir a CPI para investigar negócios da estatal. Foi ela quem colocou a empresa na berlinda.

A oposição não tinha número, mas tanto o governo ameaçou fazer e acontecer que as assinaturas apareceram em reação. O esforço para a retirada proporcionará cenas do arco da velha. Para quem pedir e para quem aceitar voltar atrás. Um prato para a oposição.


quarta-feira, 26 de março de 2014

PRESUNÇÃO DE CULPA

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
26 de março de 2014


Na tentativa de afrouxar o nó em que se enroscou ao dizer que, quando ministra da Casa Civil, aprovara um negócio milionário na Petrobrás com base em relatório incompleto, a presidente Dilma Rousseff complica a cada dia a narrativa do Palácio do Planalto.

É a tal história dos equívocos em série cometidos para tentar corrigir o erro de origem. A explicação dada por Dilma na semana passada se contrapôs à versão oferecida anteriormente pela presidente e pelo ex-presidente da Petrobrás para a compra da refinaria de Pasadena. Os dois disseram que o negócio foi feito porque na época pareceu bom.

Depois, a presidente resolveu pedir o afastamento de Nestor Cerveró da diretoria da BR Distribuidora. Não ficou claro o motivo. Ele foi o responsável pelo aludido relatório, cujas falhas a presidente disse ter tomado conhecimento em 2008. Levou seis anos para ser punido antes de ter sido promovido.

Ainda assim, fica a dúvida: foi demitido por que, se o negócio era bom segundo Graça Foster, Sérgio Gabrielli e vários integrantes do Conselho de Administração que aprovaram a compra e já se pronunciaram? Ficou parecendo que o Palácio do Planalto precisava arrumar um culpado e uma demissão para dar verossimilhança à sua versão.

Agora, a fim de evitar a criação de uma CPI para investigar a Petrobrás e desestimular a convocação de Graça, Gabrielli, Cerveró e mais o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, acusado e preso por suspeita de corrupção, o governo tenta criar uma atmosfera de intimidação geral disseminando versões segundo as quais congressistas teriam muito a perder se insistirem em mexer nesse vespeiro.

A manobra obedece à dinâmica de sempre: circulam histórias de que alguém ouviu dos ex-diretores que estão prestes a explodir ao molde de homens-bomba, dispostos a contar o que sabem e, com isso, envolver e constranger boa parte da República. Será verdade?

Em relação a Paulo Roberto Costa não há como conferir, pois ele está em poder da Polícia Federal. Corre na capital que seu poder e trânsito eram "gigantes" entre parlamentares de partidos governistas. Um tanto vago, mas o suficiente para amedrontar quem tem a temer.

Quanto a Nestor Cerveró, sua volta ao Brasil (está em férias na Europa) é aguardada para a semana que vem. Segundo um amigo parlamentar que conversou com ele, está absolutamente tranquilo, não dá o menor sinal de que pretenda explodir. Afastado da diretoria da BR, continua funcionário de carreira da Petrobrás e nessa condição voltará, conversará na empresa para tomar pé da situação e, se convocado pelo Congresso, irá prestar esclarecimentos.

Para repetir o que já disseram Sérgio Gabrielli e Graça Foster: que a compra da refinaria foi baseada em estudos técnicos bem fundamentados. Ou seja, vai desmentir a presidente da República, já devidamente desmentida pelo silêncio da atual e pelo pronunciamento do ex-presidente da Petrobrás.

A tentativa de impedir a criação da CPI pela via da intimidação não parece ser a estratégia mais inteligente para ninguém. Joga tanto o Legislativo quanto o Executivo na vala comum da suspeição geral. Parte do pressuposto de que todos são culpados até prova em contrário.

O governo, porque usa desse instrumento de chantagem para impedir a abertura de uma investigação no Parlamento. E o Congresso, pela ideia de que esse tipo de ameaça seja eficaz mesmo quando dirigida a deputados e senadores da oposição.

Pode dar certo, mas pode dar muito errado. Vai depender da disposição do Legislativo de aceitar ou não a regra do jogo em que é posto, a princípio, na condição de devedor com a faca no pescoço e convidado a compartilhar da lei da Omertá.

O governo tem maioria para impedir a CPI, com suavidade. Mas, pode acabar em minoria se insistir em atuar com brutalidade.


terça-feira, 25 de março de 2014

BRASIL: EM BUSCA DE UMA IDENTIDADE

 Anastácia revisitada
(postagem publicada numa dada rede social).

“O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo...”.
Jean-Paul Sartre (1905 - 1980)
Filósofo e escritor francês


Indignação ainda revirando as tripas, como diria um amigo francês, aliada à revolta diante da barbárie que, outro dia, frutos podres da sociedade, abjetos e bestiais, a escória, cometeram contra um ser humano, genuinamente indefeso, mas que, devido à inoperância de um sistema caduco, excludente por excelência, findaram sendo amparados pela impunidade reinante no Brasil. E em todos os níveis – ainda sem estômago, portanto, para discorrer sobre o episódio, deixo a incumbência para a jornalista brasileira Ruth de Aquino, que, nos dias 18 e 21 do corrente, publicou os artigos abaixo na revista ÉPOCA.


Será o começo do fim da PM?

 O corpo é de uma mãe de quatro filhos, executada por PMs a tiros quando ia à padaria numa favela do Rio (Foto: Imagem de vídeo amador divulgada pelo jornal EXTRA).


Cláudia Ferreira da Silva, 38 anos, era auxiliar de serviços gerais e cuidava de quatro sobrinhos, além de criar os quatro filhos. Morava no Morro da Congonha, em Madureira, no Rio de Janeiro, com a criançada e o marido. Saiu para comprar pão e mortadela no domingo (16) com R$ 6 e levou três tiros de curta distância. Tinha na mão um copo de café.

Foi jogada sem cerimônia nem pudor na caçamba de uma patrulha, e o porta-malas abriu no caminho do hospital. Seu corpo foi arrastado por 250 metros. Não se sabe se já havia morrido antes da queda. Mas estava morta ao chegar ao hospital. Para a família, foi dito que ela estava na sala de cirurgia, segundo depoimentos de parentes.

Os dois subtenentes responsáveis pela patrulha, Rodney Miguel Arcanjo e Adir Serrano Machado, já haviam sido indiciados antes por homicídio. Os dois e o sargento Alex Sandro da Silva, que também estava no carro, foram presos “disciplinarmente” na segunda-feira (17). O que pode não dar em nada.

Tudo errado. Tudo errado mesmo. Do início ao fim. Da ação ao “socorro”. Se fosse para salvar Claudia, ela teria sido colocada no banco traseiro do camburão. Não adianta treinamento para esses PMs. É subtenente, é sargento, e não sabe o que fazer numa hora dessas? 

— Trataram minha mulher que nem bicho – disse o vigia Alexandre Fernandes da Silva, 41 anos, marido de Claudia. “Nem o pior traficante do mundo merece esse tratamento que ela teve”. Ele disse ter visto o corpo dela no hospital, em carne viva. Claudia e Alexandre completariam 20 anos de casamento em setembro. Estavam juntos desde que ela tinha 18 anos.

Sempre fui a favor das UPPs. Perdi a conta de tudo que escrevi a favor da política de pacificação. E escrevi indo a campo, não de gabinete. Tanto na Colômbia quanto em favela carioca.

Foi a primeira vez, de verdade, que o Rio tentou um programa amplo de reconquista de territórios e fortalezas de traficantes, com o menor número possível de mortes. Ideal nunca foi, mas é um projeto de longo prazo, que precisa ser adaptado aos poucos, porque a todo momento surgem falhas de processo ou humanas. Até agora, não apareceu ninguém com proposta melhor, mais estudada e mais sensata. Milagres não existem, depois de tantas décadas de omissão e desmandos na área de Segurança. 

Só é contra o projeto quem não tem memória. Também tentam torpedear as UPPs os candidatos à eleição que querem ver o circo pegar fogo para se dar bem. São contra as UPPs os políticos que nunca fizeram nada para melhorar a segurança no Rio e se aliaram a bandidos quando estavam no Poder. Os traficantes também são contra as UPPs, claro. E também são contra as UPPs os PMs que achavam tudo ótimo antes... levando grana de tudo que é lado. Corrupção, brigas de gangue, armas contrabandeadas, jornalistas executados por traficantes, pedágio cobrado a moradores, jovens armados de fuzis nos supermercados, favelas invadindo áreas de risco ambiental... uma beleza... tudo sob o olhar complacente ou até cúmplice de alguns governantes.

Pelo menos uma vez na história, o Rio teve um secretário de Segurança sério, José Mariano Beltrame, ao mesmo tempo duro, atento aos problemas sociais das favelas e aberto a mudanças de procedimento. Disposto a saber que não podia prometer que acabaria com o tráfico. Seu esforço para tornar a PM uma instituição respeitável foi imenso. Milhares de policiais foram expulsos da corporação. Cursos de filosofia, gente enviada para o exterior para conhecer como procede a polícia sem fuzil. E mais policiais não estão presos porque a Justiça não contribui e acaba soltando. 

Mas essa cena aí de cima, com a Cláudia sendo arrastada, é MORTAL. Mortal para qualquer um que comande a PM carioca. Mortal para o futuro da corporação. Esse pessoal está fora de controle.

As autoridades policiais – incluindo Beltrame – reclamam que a sociedade não protesta com a mesma indignação quando um bandido mata um PM. Acho terrível o policial morrer em combate (sim, porque vivemos uma guerra) e deixar órfãos os filhos, a cargo de uma viúva descrente e infeliz.

Mas é preciso ter algo em mente: um bandido, por definição, mata. Por isso é bandido. Um traficante mata. Um assaltante mata. E, se mata inocentes desarmados como nós, por um celular, uma bicicleta, um relógio ou um carro, é claro que matará policiais. Não é desvio de conduta, está previsto, está escrito na carteirinha de “homicida delinquente e marginal”.

Os PMs – está escrito na função deles – existem para proteger a sociedade contra criminosos. Da mesma forma que não se aconselha a população a linchar e matar bandidos, porque isso é barbárie, a PM não pode ter em suas fileiras “elementos” como esses, homicidas de farda. Nem como exceções. E tem havido exceção demais. Vão “pacificar” assim na China!

Tudo errado.

Errada também a demora oficial em se pronunciar contra os PMs covardes e incompetentes. Errada ainda a ausência de autoridades no velório e enterro de Cláudia.

Isso nos leva a outra pergunta: vamos começar enfim a debater seriamente o fim da PM, já que homens fardados e armados, a serviço do Estado, ainda se sentem livres para achacar traficantes, matar inocentes e voltar às ruas depois de um período “disciplinar” como se nada tivesse acontecido? 


Enquanto isso...

 “Ninguém pode esquecer essa merda – acabei de pintar...”.

Rafaella Nepomuceno
Artista visual brasileira, numa postagem publicada numa dada rede social.


Você confia em alguém?

 

Na versão de Dilma? De Alckmin? No governo? Na oposição? Na polícia? Em quem acreditar?


A confiança é a base das relações. Em casa ou no trabalho, na família, no amor, na amizade. Quando se perde totalmente a confiança, por uma sucessão de mentiras, incompetências ou traições, fica difícil até acreditar na verdade. O Brasil vive hoje uma crise profunda de credibilidade das instituições, das empresas e dos governantes. É ruim para o país, é péssimo para nossa autoestima como brasileiros e, em ano eleitoral, provoca uma baita insegurança.


Você acredita na versão da presidente Dilma Rousseff sobre o monumental escândalo da compra bilionária da refinaria de Pasadena pela Petrobras? Você acredita que Dilma, então ministra da Casa Civil, foi traída pelo Conselho que ela mesma dirigia? Você acredita que Dilma, com todo o seu rigor de gerentona, assinou um negócio de mais de US$ 1 bilhão sem conhecer as cláusulas, apenas com base num parecer “técnico e juridicamente falho”, segundo a nota do Planalto?

Você acredita nas boas intenções da Petrobras? Você acredita que ninguém da estatal levou dinheiro ao recomendar a compra, por US$ 1,19 bilhão, de uma refinaria vendida um ano antes por US$ 42,5 milhões? Você acredita que o escândalo da refinaria de Pasadena não passa, segundo o presidente do PT, Rui Falcão, de um ataque à maior empresa do Brasil e “patrimônio de nosso povo”? Você confia em Rui Falcão?

Você confia na inocência do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa? Ele foi preso pela Polícia Federal com mais de R$ 1 milhão em casa, sob acusação de envolvimento com quadrilha de lavagem de dinheiro. Você acredita que o Land Rover que ele ganhou de presente do doleiro Alberto Youssef tenha sido apenas um mimo como pagamento por uma consultoria?

Você acredita no governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quando ele diz que pegar água da Bacia do Rio Paraíba do Sul – que abastece o Rio de Janeiro – seria uma boa política para os dois Estados? Alckmin acha que seu plano não prejudicará em nada o abastecimento de água do Estado do Rio e que é “uma via de mão dupla”. Você confia em Alckmin?

Você acredita que nossa inflação anual em 2013 ficou abaixo dos 6%, como afirma o governo? Você, que compra comida e paga por serviços, acha mesmo que a inflação foi de 5,91%? Você confia nos índices oficiais? Você acredita que, caminhando nesse ritmo, a inflação, no próximo ano, subirá ou será “trazida para o centro da meta” – como se fala no economês ininteligível dos ministros?

Você acredita na versão dos PMs que levaram para o hospital Claudia Ferreira, moradora do Morro da Congonha, no Rio de Janeiro? Você acredita que o subtenente Rodney Miguel Arcanjo só colocou Claudia no porta-malas da patrulha porque a rua era estreita, e ele ficou receoso devido ao assédio dos parentes e vizinhos de Claudia? Você acha mesmo que os PMs só queriam salvar Claudia? Você confia nos flagrantes da PM carioca e nos resultados de inquéritos? Mesmo após a história mentirosa e fantasiosa sobre o desaparecimento de Amarildo da favela da Rocinha, você confia nas versões oficiais sobre os “autos de resistência”? Você acredita que os PMs apoiam as UPPs?

Você acredita que o Brasil tem condições de sediar uma Copa do Mundo com um mínimo de respeito a prazos, horários, transporte, voos e acomodações? E sem desperdício de dinheiro? O estádio que abrirá a Copa em 12 de junho, com o jogo entre Brasil e Croácia, será entregue incompleto no dia 15 de abril à Fifa. Sem carpete, com piso de cimento. Sem iluminação, holofotes terão de ser alugados. Lanchonetes ainda por acabar. Ah, o problema é do BNDES, que atrasou a liberação do financiamento de R$ 400 milhões. A Fifa tinha exigido que o estádio fosse entregue com dois telões, cada um com 90 metros quadrados. Adivinhe! Os telões terão de ser alugados. Você acredita que os estádios de Curitiba e Cuiabá estarão prontos logo? Aliás, você confia na Fifa?

Você confia na oposição? Deve haver alguma coisa errada, porque, se 64% dos brasileiros estão insatisfeitos com o atual rumo do Brasil e querem que o próximo presidente mude muito ou totalmente o país, por que Dilma, segundo as previsões, venceria logo no primeiro turno? Você confia em Aécio Neves ou Eduardo Campos na Presidência da República? Você sabia que 35% dos brasileiros não conhecem Eduardo Campos e 27% não conhecem Aécio Neves? Você acredita que Campos e Aécio possam restituir a confiança na ética política e acabar com o vexame internacional do Brasil em saneamento, educação, saúde e segurança?

Todos podem ser inocentes ou competentes, não é mesmo? Em alguém daí de cima – de políticos a empresários e policiais –, a gente deveria acreditar, pelo bem do Brasil. Você confia?


Em tempo:

Não, não confio. No caso da auxiliar de serviços gerais Cláudia Ferreira da Silva, 38, por exemplo, que cuidava de quatro sobrinhos, além de criar os quatro filhos, que morava no Morro da Congonha, em Madureira, no Rio de Janeiro, e que, no domingo, 16, saiu de casa com R$ 6 para comprar pão e mortadela e, ao segurar um copo de café em uma das mãos, levou três tiros de curta distância, sendo, em seguida, praticamente mutilada por três ensandecidos PMs a caminho do hospital, é pertinente salientar que, segundo o fotógrafo Marcelo Valle, em texto postado nesta segunda-feira, 24, numa dada rede social, o trio homicida está livre e já havia “cometido DIVERSOS CRIMES, que a corporação não considera crimes, mas ‘auto de resistência’ e não os expulsou!’”.



Nathalie Bernardo da Câmara


segunda-feira, 24 de março de 2014

ERA UMA VEZ, PETROBRAS... (atualizado)



Petrobrás cai de 12ª para 120ª em ranking de maiores empresas

Lista considera o valor de mercado das companhias e, entre as 100 primeiras, não traz nenhuma brasileira

21 de março de 2014

Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado


LONDRES - A página do jornal Financial Times na internet publicou reportagem na manhã desta sexta-feira, 21, sobre a perda de valor de mercado das empresas de países emergentes. O texto destaca o tombo da Petrobrás. Segundo a publicação, o valor de mercado da estatal brasileira despencou e a empresa que já foi a 12ª maior do planeta há cinco anos caiu para o 120º lugar atualmente.

"Uma das maiores quedas foi da Petrobrás, a empresa petrolífera estatal brasileira. Cinco anos atrás, era a 12ª maior empresa do mundo pelo valor de mercado. Um ano atrás, era a 48ª e hoje é a 120ª maior, com um valor de mercado de US$ 76,6 bilhões", diz o texto. O levantamento feito pelo jornal diz que entre as 100 maiores empresas do mundo há apenas 11 emergentes e nenhuma é brasileira.

"Hoje, não há nenhuma empresa emergente no Top 10 (de valor de mercado do mundo) e apenas a Petrochina permanece no Top 20", diz a reportagem. A estatal chinesa do petróleo é a 16ª maior companhia com valor de mercado do mundo. Entre as demais emergentes, praticamente todas são da China: ICBC (22º), China Mobile (31º); China Construction Bank (36º); Tencent (43º); Agricultural Bank of China (51º); Bank of China (62º); China Petroleum (80º) e Sabic (87º).

Além da Petrobrás que deixou de figurar entre as 100 maiores, o banco Itaú Unibanco, a colombiana Ecopetrol e a mexicana América Móvil também caíram e não estão mais entre os 100 primeiros do ranking citado pelo FT.




Petrobrás abriu mão de cobrar 'calote' da Venezuela em obras de refinaria

 

Parceria internacional. Como a PDVSA, estatal venezuelana de petróleo, nunca formalizou associação para construir planta de refino em Pernambuco, empresa brasileira está impedida de cobrar investimentos prometidos pelo então presidente Hugo Chávez


24 de março de 2014

Lisandra Paraguassu, Andreza Matais e Fábio Fabrini / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo


Documentos inéditos da Petrobrás aos quais o Estado teve acesso mostram que a empresa brasileira abriu mão de penalidades que exigiriam da Venezuela o pagamento de uma dívida feita pelo Brasil para o projeto e o começo das obras na refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. O acordo "de camaradas", segundo fontes da estatal, feito entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez deixou o Brasil com a missão de garantir, sozinho, investimentos de quase US$ 20 bilhões.

O acordo previa que a Petrobrás teria 60% da Abreu e Lima e a Petróleos de Venezuela SA (PDVSA), 40%. Os aportes de recursos seriam feitos aos poucos e, caso a Venezuela não pagasse a sua parte, a Petrobrás poderia fazer o investimento e cobrar a dívida com juros, ou receber em ações da empresa venezuelana, a preços de mercado. Essas penalidades, no entanto, só valeriam depois de assinado o contrato definitivo, de acionistas. Elas não chegaram a entrar em vigor, já que o contrato não foi assinado.

Os documentos obtidos pelo Estado mostram que a sociedade entre a Petrobrás e PDVSA para construção da refinaria nunca foi assinada. Existe hoje apenas um "contrato de associação", um documento provisório, que apenas prevê, no caso de formalização futura da sociedade, sanções pelo "calote" venezuelano.

Desde 2005, quando esse termo de compromisso foi assinado pelos dois governos, até o ano passado, a Petrobrás tentou receber o dinheiro devido pela PDVSA - sem sucesso. Em outubro do ano passado, quando o investimento na refinaria já chegava aos U$ 18 bilhões, a estatal brasileira desistiu.

Os venezuelanos não negam a dívida. No item 7 do "contrato de associação" a PDVSA admite sua condição de devedora (ver ao lado). Antes desse documento, ao tratar do fechamento da operação, uma das condições era o depósito, pelas duas empresas, dos recursos equivalentes à sua participação acionária em uma conta no Banco do Brasil - o que a o governo da Venezuela nunca fez.

Em outro documento obtido pelo Estado, a Petrobrás afirma que estariam previstas penalidades para o "descumprimento de dispositivos contratuais". Como nos outros casos, essa previsão não levou a nada, porque as penalidades só seriam válidas quando a estatal venezuelana se tornasse sócia da Abreu e Lima - e isso não ocorreu.

Chávez e Lula. A ideia de construir a refinaria partiu de Hugo Chávez, em 2005. A Venezuela precisava de infraestrutura para refinar seu petróleo e distribuí-lo na América do Sul, mas não tinha recursos para bancar tudo sozinha. Lula decidiu bancar a ideia. Mas Caracas nunca apresentou nem os recursos nem as garantias para obter um empréstimo e quitar a dívida com a Petrobrás.

Em dezembro de 2011, em sua primeira visita oficial a Caracas, a presidente Dilma Rousseff tratou o assunto diretamente com Chávez, que prometeu, mais uma vez, uma solução. Nessa visita, o presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, chegou a anunciar que "havia cumprido seus compromissos" com a empresa e entregue uma "mala de dinheiro em espécie" e negociado uma linha de crédito do Banco de Desenvolvimento da China. Esses recursos nunca se materializaram.

O projeto inicial, que era de US$ 2,5 bilhões, já chegava, em outubro do ano passado, aos US$ 18 bilhões, quando a Petrobrás apresentou ao seu Conselho de Administração a proposta de assumir integralmente a refinaria. A estimativa é que o custo total fique em torno de US$ 20 bilhões.

Para justificar os novos valores, a empresa cita ajustes cambiais e de contratos, gastos com adequação ambiental e o fato de ter ampliado a capacidade de produção de 200 mil para 230 mil barris por dia. Os novos itens e a ampliação da produção explicariam o custo oito vezes maior que o inicial.

Procurada pelo Estado, para falar sobre o "calote" da Venezuela, a Petrobrás informou que nada comentará.