quinta-feira, 27 de abril de 2017

PRÉ-CONCEITO VERSUS PRECONCEITO

“Aves de rapina escolhem sempre o melhor...”.
Provérbio português


Certa vez, caminhando numa calçada de uma rua de um dado lugar – nem me peçam que eu diga qual –, esbarrei num cidadão que eu conhecia desde a nossa tenra idade. De repente, quando do “encontrão” entre nós, papeamos um instante e, depois, continuei a caminhar... Não deu dois minutos, uma pessoa, que, diga-se de passagem, eu nem conhecia, abordou-me e perguntou-me: — Você conhece o novo juiz da comarca?

Respondi que não.

E a pessoa prosseguiu: — Conhece, sim, pois acabou de falar com ele.

Olhei para trás e vi o homem com quem eu acabara de papear, igualmente seguindo o seu caminho: — Quer dizer, então – falei –, que eu estava conversando com o novo juiz da comarca?

E, aí, para o meu espanto e assombração, veio-me a infeliz confirmação.

Ora, eu tinha brincado com o dito cujo quando éramos, ainda, apenas duas crianças, exercendo a prática lúdica da infância. Como o tal homem, então, digamos que ainda imberbe – percebi esse detalhe, ou seja, sem pelos e mal saído das fraldas –, poderia, com apenas vinte e poucos anos, já ser um juiz? Sim, porque a função em si demanda experiência de vida, de vida vivida, não apenas porque carrega um diploma de advogado, mas porque é sábio, porque aprendeu com a experiência, com a vida, não por ser um suposto “iluminado”, coisa que, definitivamente, não existe – não digo que a função seja, literalmente, para final de carreira, mas...

Então... Não, não me considero uma pessoa com preconceitos, mas com pré-conceitos, como um dia – há quase três décadas –, lá em Brasília, explicou-me a diferença, muito sabiamente, um amigo da família, médico-pediatra homeopata, de nome Evaldo de Oliveira, que saiu dos rincões de Macau, no Rio Grande do Norte, para ganhar o mundo com o seu conceito holístico de viver. Só bastaram alguns minutos para Evaldo explicar-me a diferença – até quem tem dois neurônios entenderia –, lembrando que nem Aurélio explica isso.

Então... O preconceito está vergonhosa e deploravelmente associado à discriminação – todas! –, enquanto o pré-conceito é um direito que todos têm assegurado até que se entenda o real conceito de algo – o resto dá história do papo com o meu querido Evaldo, para quem nos conhece, é possível presumir, sem preconceitos, tal qual a origem latina do vocábulo.

Pois. Todo esse prelúdio apenas para dizer que o cargo, ou função, de juiz, que, segundo Aurélio, é aquele “que julga segundo a sua consciência, sem fundamentar a sua decisão”, só deveria ser concedido a alguém que tivesse certa maturidade: tipo a criatura que já viu de tudo e que, por isso, por tão abismada que ficou ao testemunhar a degeneração da raça dita humana, resolveu meter o bedelho, sendo, portanto, de acordo com as leis, supostamente capaz de emitir opiniões sobre não importa qual tema.

O problema é que se, normalmente, já se dá muitas asas a um juiz, que, num dado imaginário, é representado pela imagem de um senhorzinho beirando os 80 anos de idade, que, por lei, nem precisa “fundamentar a sua decisão”, batendo quando bem quer o danado de um martelo, imagina, então, um jovem, de 20 e poucos anos alçado à condição de juiz, sem a dita experiência que se faz necessária, fazendo o mesmo! E piora quando o cara tem uma origem burguesa, com tudo transformando-se num pandemônio...

É por isso que – reservo-me ao direito, amparada por lei, de não entrar em maiores detalhes – não confio num tal juiz que, nascido em 1972, tem, hoje, meros 45 anos de idade, ou seja, um infante juvenil imberbe, igual o juiz da tal comarca que encontrei tempos atrás, que, de uns tempos para cá, se acha o máximo! Quanta arrogância e irresponsabilidade!

Sim, estou falando de Sérgio Moro, que, com apenas 24 anos de idade, se tornou juiz federal... Gente, isso é muito grave! Nunca que esse inexperiente rapaz poderia ter sido eleito juiz, mesmo sendo através de um concurso público – nesse caso, os concursos públicos deveriam ser revistos, sobretudo os seus critérios e não importa a área de conhecimento, para que alguém, não importa quem, se submeta aos mesmos.

É nisso o que eu pensava ao sentar para escrever essas poucas palavras, já que, em hipótese alguma, não me sinto confortável ao observar um psicopata pavoneado – haja redundância! – arvorando-se querer passar-se por um dito justiceiro da lei, uma espécie mal elaborada de Zorro, personagem de histórias em quadrinhos que li em minha doce e maravilhosa infância, quando ele mesmo é quem deveria ser o investigado. E por suas sandices.

Resumindo: não se pode conceder a autoridade de um juiz a um Zé Ninguém, que, por motivos óbvios, é o próprio fora-da-lei... O mais grave, ainda, é que tipos como esse estão rondando-nos a 3x4, igual praga de pardal.

Estou só constatando fatos, que é a minha função como jornalista.

Nathalie Bernardo da Câmara


quinta-feira, 20 de abril de 2017

ERA UMA VEZ NOSSA SENHORA...

Passando há pouco numa sala de casa, onde era exibido um telejornal (19/4), quase não me aguentei de regozijo ao ver uma reportagem onde o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), praticamente humilhou-se diante do papa Francisco, “exigindo” que ele comparecesse as comemorações dos 300 anos da suposta aparição de Nossa Senhora nas águas do Rio Paraíba do Sul, no interior paulista. Não, não defendo a Igreja católica – longe de mim essa heresia! Só divertindo-me, vendo João Dória e Temer em pânico – este último, ao roubar o poder, em 2016, recebeu as bênçãos de um mafioso em pessoa, que é o dito evangélico e miserável Silas Malafaia, o malfadado e embusteiro "pastor da moral", para, celeradamente, desgovernar e leiloar o Brasil, juntamente com uma horda de larápios, mas que, agora, desesperado, implora ao religioso católico argentino. Só que, não querendo acreditar que o papa Francisco recusou-se, por escrito, vir ao Brasil numa data considerada tão importante para a Igreja católica, ainda mais sendo o Brasil o maior país católico do mundo, João Dória e Temer andam enlouquecidos. Sim, porque Francisco não virá, em sinal de protesto, pois não quer colocar os seus pés no Brasil, país que, atualmente, se encontra sob os malefícios de um golpe de Estado – o nome já o diz – que cometeu injustiças não apenas contra Dilma Rousseff, presidenta eleita democraticamente pelo voto popular, mas, sobretudo, contra o povo brasileiro. Isso é fato. Tanto que, pela cara de Francisco na televisão, fazendo ouvidos de mercador, e pelo que disse, parece que ele não vem, mesmo! É como diz um velho e gasto ditado, embora sempre atual: “Aqui se faz, aqui se paga”. Acho é pouco, querendo a detenção desse pessoal golpista!

Nathalie Bernardo da Câmara