segunda-feira, 30 de abril de 2012

CADA UM COM O SEU TELHADO DE VIDRO*

“Prefiro o Rio de Janeiro com dengue a São Paulo com Paulo Maluf...”.

Rita Lee
Roqueira brasileira

“Fantasia é fazer de conta que não há limites”

Por Herton Escobar e Giovana Girardi


Para o coordenador de processos internacionais do Instituto Vitae Civilis, Aron Belinky, priorizar a sustentabilidade "não é uma questão de fantasia, mas de ousadia". Segundo ele, o modelo de desenvolvimento do governo Dilma Rousseff carece de visão de longo prazo. "É um modelo que simplesmente reproduz o que já foi feito no passado, fazendo de conta que não há limites para o planeta. Isso sim é fantasia", disse Belinky ao Estado. A Vitae Civilis é uma das várias organizações da sociedade civil que fazem parte do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

"O Brasil tem uma oportunidade estratégica de se desenvolver num padrão novo de sustentabilidade, integrando o desenvolvimento econômico, social e ambiental num só modelo", disse.

Com relação às hidrelétricas, Belinky disse que é preciso priorizar, também, medidas de eficiência energética, que permitam usar de maneira mais eficiente a eletricidade que já é produzida - diminuindo, assim, a necessidade de grandes obras na Amazônia, que, apesar de produzirem uma energia de baixo carbono, têm grandes impactos sobre a biodiversidade e as comunidades tradicionais da floresta.

"Há várias inovações que podem ser incorporadas ao sistema de produção de energia sem a necessidade de grandes obras."

O físico José Goldemberg, da Universidade de São Paulo, disse que o discurso de Dilma é um "mau presságio" para a Rio+20. "Esperava-se que o Brasil assumiria um papel de liderança, mas essa esperança não está se materializando. O Brasil vai acabar ficando como vidraça", avaliou Goldemberg.

Ele lembra que, hoje, as energias renováveis representam 13% do total de energia do mundo e há previsões de que alcancem de 25% a 50% até 2050. "Há hidrelétricas excelentes, não é uma questão de se opor a elas. Mas também é tecnicamente incorreto não considerar outras energias. É um falso dilema."


*Publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo no dia 5 de abril de 2012, salientando que o título, a charge e a ilustração desta postagem foram escolhas minhas.


domingo, 29 de abril de 2012

DO MARASMO AO ESQUECIMENTO...



Em uma das minhas andanças pela internet, à procura de um verso que, de alguma forma, traduzisse certo lirismo à ilustração de uma postagem que pretendo publicar no meu blog, me deparei, meramente por acaso, com duas pérolas literárias: um texto em prosa e um poema – transcrito acima – que tratam de dois temas inerentes ao ser. O primeiro nos traz uma reflexão sobre um dos dilemas que nos legam essa coisa que chamam de amor, enquanto o segundo atinge de frente a inexorabilidade da nossa existência. Quanto ao verso que eu procurava, findei por encontrá-lo, mas, como já disse, ele tem outra serventia. E está bem guardado...

Nathalie Bernardo da Câmara





Como é que se esquece alguém que se ama?


Por Miguel Esteves Cardoso*

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?


As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.


É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si, isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.


Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.


Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.


O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

*Escritor português, in Último volume (mantida a grafia original).


sábado, 28 de abril de 2012

NOTA DO COMITÊ BRASIL SOBRE O CÓDIGO FLORESTAL



O Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável manifesta sua profunda indignação com a aprovação do projeto de Código Florestal pela Câmara dos Deputados em 25 de abril. A aprovação do relatório do deputado Paulo Piau representa o maior retrocesso na legislação ambiental na história do País.

Se o texto aprovado pelo Senado já significava anistia aos desmatamentos ilegais e incentivos a novos desmatamentos, os deputados conseguiram o que parecia impossível: torná-lo ainda pior. O texto revisado pela Câmara dos Deputados, além de ferir os princípios constitucionais da isonomia, da função social da propriedade e da proibição de retrocessos em matéria de direitos fundamentais, fere frontalmente o interesse nacional.

Usando hipocritamente o discurso de defesa dos pequenos proprietários, os deputados derrubaram as poucas melhorias que o Senado efetuou e aprovaram um texto que apresenta incentivos reais a novos desmatamentos, inclusive em nascentes e outras áreas de produção de água, ocupações em manguezais (apicuns), e permite benefícios econômicos mesmo para quem continuar a desmatar ilegalmente.

Considerando a inconstitucionalidade do projeto e a contrariedade ao interesse nacional, que trazem perversos impactos na vida de todos brasileiros, confiamos e apoiamos o compromisso da presidenta Dilma de não aceitar anistia a crimes ambientais, redução de área de preservação permanente e incentivos aos desmatamentos, o que só ocorrerá com o Veto Total ao projeto aprovado na Câmara.


Brasília, 26 de abril de 2012

Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável


BRASIL: — S.O.S. UNESCO!



Paulo Freire (1921 - 1997), educador brasileiro: — Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo e torná-lo sério com adolescentes brincando de matar gente, ofedendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda...


A INDIVIDUALIDADE DO SABER

“Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é vida no sentido mais autêntico da palavra...”.

Anísio Teixeira (1900 - 1971)
Jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro.


É possível resolver**

Por José Francisco Soares e Paolo Fontani


Os responsáveis pelos sistemas de educação básica no Brasil - secretários, professores, diretores e pais - têm, aos poucos, estabelecido o consenso de que o sucesso de escolhas pedagógicas, práticas de gestão e opções políticas deve ser verificado pelo impacto observado nos estudantes. Hoje, a sociedade brasileira espera mais da escola, além do acesso e da permanência dos alunos. Quer que eles adquiram as competências cognitivas necessárias para uma vida pessoal produtiva e uma inserção social crítica, assim como competências não cognitivas que contribuam para a construção de uma sociedade melhor para todos. Em relação às competências cognitivas, temos um grande problema.

Um estudo recente, encomendado pela UNESCO ao Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (GAME-UFMG), aponta que, em 2009, 22% dos alunos das escolas públicas concluíram o ensino fundamental sem adquirir capacidades cognitivas elementares em leitura e 39%, sem capacidades básicas em matemática. Os estudantes com menor nível de aprendizado são expostos a professores mais sobrecarregados e com menos escolaridade, além de estarem concentrados em escolas com piores indicadores de qualidade: piores bibliotecas, instalações e condições de funcionamento, equipes de gestores e professores menos coesas e mais violência escolar.

O estudo mostra que houve melhora nos indicadores de exclusão por aprendizado entre 2005 e 2009. Neste período, a proporção de estudantes com desempenho abaixo do básico permaneceu estável para os alunos do 9º ano do ensino fundamental em matemática, mas diminuiu entre os alunos do 5º ano em leitura e matemática, e entre os alunos do 9º ano, em leitura. Os dados indicam que, se por um lado não estamos bem, por outro há soluções sendo tentadas, muitas com sucesso.

Entretanto, há uma prioridade crucial para os sistemas de educação que deve receber mais atenção: eles precisam produzir resultados mais equitativos, mais justos. Existe equidade escolar quando não se observam diferenças de desempenho entre grupos sociais. No entanto, o estudo mostra que entre os alunos que frequentam a escola sem aprender, há mais pretos e mais indígenas do que entre os estudantes proficientes, e a maioria vem de famílias com nível socioeconômico mais baixo.

Não se pretende que todos os alunos tenham a mesma competência leitora ou matemática, mas que em qualquer grupo sociodemográfico, seja garantido o aprendizado básico e existam os que sabem mais. Isto não está acontecendo. Em muitos grupos sociais não se observam valores altos de desempenho. Assim, as diferenças no desempenho cognitivo dos alunos do ensino básico são maiores que as diferenças econômicas.

O sistema educacional brasileiro só consegue promover mais equidade quando produz baixos resultados. Nas escolas onde o desempenho está em patamares mais aceitáveis, a diferença entre grupos de alunos de distintas categorias é muito grande. Ou seja, nossos desafios educacionais têm duas dimensões: a primeira relativa ao nível do aprendizado e a segunda relativa à sua distribuição social. Superar esses desafios é fundamental para que o Brasil tenha um sistema educacional justo e eficaz.


*O título da postagem, a ilustração e a epígrafe foram escolhas minhas.

**José Francisco Soares é professor titular aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Paolo Fontani é Coordenador de Educação da UNESCO no Brasil – artigo publicado no jornal O Globo no dia 14 de abril de 2012.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

A TEORIA DA RELATIVIDADE NA PRÁTICA



Enquanto isso...



E a ciência evolui...

— Quem mandou apostar?


A revolução dos bichos 

— Mané! Avestruz que se preza já nasce sabendo.




Nada como um "bom" exemplo para levantar a nossa autoestima...



Já no alto clero da Igreja católica...



Quem avisa amigo é!



Da sabedoria nasce o bom senso.



E, nas alturas, um momento de inflexão...

“A fraternidade é uma das mais belas invenções da hipocrisia social...”.

Gustave Flaubert (1821 - 1880)
Escritor francês


No andar de baixo, haja reflexão!



E em tempos remotos, uma grande invenção...

“Quem com ferro fere com ferro será ferido...”.

Dito popular


Chamas para que te quero!


Na última quarta-feira, 25, um homem não identificado ateou fogo numa mulher quando ela estava chegando à escola. Segundo o G1, o fato ocorreu no município de Chapadão do Sul, no Mato Grosso do Sul, e a vítima, de apenas 19 anos de idade, foi encaminhada pelo Corpo de Bombeiros ao hospital da cidade. Porém, devido à gravidade do seu caso – 50% do seu corpo foram queimados por um líquido inflamável –, ela foi transferida para a Santa Casa de Campo Grande, onde permanece internada em estado grave. Em depoimento à polícia, a vítima disse que não conhecia o seu agressor. No entanto, um dia antes, por ironia do destino ou não, ela esteve justamente numa delegacia para registrar um boletim de ocorrência por ter recebido uma carta anônima contendo ameaças. Para o delegado Cleverson Alves dos Santos, que investiga o caso, o teor da carta não deixa dúvidas de que a natureza do crime foi passional, já que o autor da missiva deixou bastante claro que se a jovem continuasse a se encontrar com certo homem, ela seria queimada. De acordo com a assessoria de comunicação da Santa Casa de Campo Grande, a jovem está internada na área de emergência do hospital, pois teve queimaduras de segundo e terceiro grau, sendo as costas, os seios, os braços e o rosto as áreas mais atingidas. Sem maiores comentários...


... E o desfecho de um caso que chocou o mundo!

“Violência é covardia...”.

Extrato do slogan da Campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria para 2012.


Não é de hoje que eu queria registrar o desfecho de um caso para lá de dramático que, inclusive, no dia 16 de março, eu já havia divulgado neste blog através de uma postagem intitulada Um coração transtornado... Curiosamente, a referida postagem tem sido a quinta mais acessada pelos internautas desde que criei este blog no dia 06 de janeiro de 2009, salientando, inclusive, que, ao todo – sem contar com este – publicado 576 textos. Daí eu disponibilizar o link para quem quiser acessar diretamente a postagem mencionada:


Enfim! No dia 1º de dezembro de 2009, a belga Patricia Lefranc, de 48 anos de idade, foi atingida por certa quantidade de óleo de vitríolo (ácido sulfúrico) no rosto e no busto. O acusado, o também belga Richard Remes, de 57 anos de idade, casado e com filhos, havia tido um affaire com Lefranc, mas, não conformado com o fim do relacionamento, resolveu atacar barbaramente a ex-amante. O julgamento de Remes, contudo, só teve início no dia 12 de março do corrente. Nesse ínterim, em decorrência da agressão, a vítima já passou por 86 cirurgias e perdeu parte da visão e audição. No entanto, no dia 22 do mesmo mês, Remes foi julgado culpado e condenado por um tribunal de Bruxelas a trinta anos de prisão por tentativa de assassinato. À Patricia Lefranc, portanto, ao ouvir a sentença do juiz, não restou que chorar. Afinal, em declaração ao jornal inglês Daily Mail, ela já havia dito que Remes tinha acabado com a sua vida: — Ele fez de mim um monstro...


Fim da violência contra a mulher?



E a violência contra o mundo?



— A violência leva à violência... – Théophile Gautier (1811 - 1872) – Escritor, jornalista e crítico literário francês.
Só que nada a justifica, digo eu.




Então, salve-se quem puder!



Afinal, não dizem que o mundo pertence aos espertos?

Baiana: — Já vi que não volta...


Não volta nem o charuto nem o tempo!



Vã ilusão, a minha, pensando que esse tal “pessoal” já tinha surtado...


Nathalie Bernardo da Câmara



quinta-feira, 26 de abril de 2012

ERA UMA VEZ UM CARRO-DE-BOI...

“Apesar do fracasso, o lançamento [12 abril] do suposto satélite pela Coreia do Norte é deplorável! (...) Esse lançamento é uma violação direta de uma resolução da ONU, adotada em 2009 e que exige que a Coreia do Norte não execute novos testes nucleares ou disparos com o recurso da tecnologia dos mísseis balísticos...”.

Ban Ki-moon
Secretário-geral da Organização das Nações Unidas - ONU

* * *

“O artefato disparado pela Coreia do Norte é um Taepodong-2, um míssil balístico intercontinental [não foguete] de alcance entre 6 mil e 9 mil km. (...) Indicações iniciais afirmam que o primeiro estágio do míssil caiu no oceano a 165 km a oeste de Seul, Coreia do Sul. Os demais estágios falharam e nenhum destroço caiu em terra. (...) Em nenhum momento o míssil ou os destroços representaram uma ameaça....”.

Comando da Defesa Aérea Americana - Norad


Quem diria: o sujo falando do mal lavado!


“Usaremos o urânio apenas para fins pacíficos...”.

Mahmoud Ahmadinejad
Presidente do Irã, em uma das suas inúmeras e preocupantes declarações sobre a elevação do nível de eriquecimento do urânio em seu país.


Na verdade, quando criada, a bomba atômica tinha fins meramente recreativos, consequentemente, pacíficos. Nunca bélicos! O erro, contudo, foi terem apertado o botão... Desse modo, tudo não passou de um simples mal entendido.

Falando no Irã, que não vive no tempo das cavernas, mas sabe manusear um tacape com hábil precisão...


Cena nº 1: Quando até o recato era sinônimo de culpas.

.
Cena nº 2: Quando se fazia justiça com as próprias mãos.


Cena nº 3: Quando o mundo revidou uma das últimas pedras e o Irã baniu a sentença de morte por apedrejamento (fevereiro de 2012).


Cena nº 4: Quando as pedras foram substituídas pelo peso das palavras.



Afinal, pelo que vem sendo divulgado, o Irã baniu, pelo menos na prática, a sentença de morte por apedrejamento da sua legislação penal, embora, nem que quisesse, o país poderia igualmente banir da sua memória as inúmeras vítimas que foram condenadas e mortas a pedras nos últimos trinta anos, sendo o adultério, no caso, um dos crimes em que a lapidação era aplicada. Pudera! Afinal, num país onde impera uma repulsiva hipocrisia social, guiadas – diga-se de passagem – por uma dita moral cujos princípios antecedem à pré-história. Fui longe demais? Não seja por isso! Posso dizer que, apesar de vivermos no séc. XXI, as autoridades do Irã ainda pensam e agem à la neandertal. A outra novidade, contudo, é que essas mesmas autoridades igualmente baniram a pena de morte para menores de 18 anos de idade – calcula-se, segundo a Human Rights Watch, organização internacional que atua na defesa dos direitos humanos, que, apesar das mudanças tão almejadas, mas que, de acordo com o jornal Financial Times, apenas “em breve” entrarão em vigor, ainda haja no Irã cerca de cem jovens no corredor da morte. E viva quem não nasceu e nem vive numa terra de cegos que nem quem tem olhos é rei! Falando nisso...


O Brasil não é o Irã

 “Eu consideraria pessoalmente inaceitável se algum diplomata brasileiro se comportasse dessa maneira em algum país onde ele estivesse acreditado...”.

Antonio Patriota
Ministro das Relações Exteriores brasileiro em declaração à imprensa na noite do dia 19 do corrente, se referindo as acusações contra um diplomata iraniano de abusar sexualmente de quatro menores de idade no sábado, 14, num clube de Brasília.

Não demorou muito, a embaixada iraniana divulgou um comunicado dizendo que o caso não passou de um “mal entendido” e que só foi gerado por causa das “diferenças nos comportamentos culturais” que existem entre o Brasil e o Irã. Felizmente! O pior, contudo, é que, achando pouco a surreal comparação dada ao governo brasileiro para justificar o episódio, provavelmente ainda na vã tentativa de eximir um dos seus diplomatas das suas responsabilidades, a própria embaixada iraniana não hesitou em criticar a cobertura da imprensa brasileira sobre o ocorrido, que, aliás, representantes iranianos classificaram de “incidente”, acusando os nossos jornalistas de terem sido tendenciosos e discriminatórios por cultivarem uma antipatia gratuita pelo Irã – o que não foi nem vem ao caso, já que eles simplesmente noticiaram um fato. Ou seja, eles apenas cumpriram com as obrigações que a função exige. Nada mais. Agora, independentemente disso, quem, em suas plenas faculdades mentais, nutre, por exemplo, alguma simpatia pelas políticas – não importam quais – adotadas pelas autoridades iranianas? De qualquer modo, de nada adiantou a embaixada do Irã omitir do comunicado ao governo brasileiro a identidade do gentilhomme que, na condição de diplomata, abusou sexualmente de quatro meninas menores de idade num clube de Brasília, aproveitando, ainda, para negar o fato. Afinal, segundo fontes ouvidas pela BBC Brasil, o dito cujo atende pelo nome de Hekmatollah Ghorbani, 51, conselheiro da embaixada iraniana do Brasil, cujo cargo é considerado o mais importante na hierarquia de uma representação diplomática. E foi exatamente por possuir imunidade diplomática – estabelecida pela Convenção de Viena, da qual ambos os países são signatários –, que o acusado saiu livre, leve e solto de uma delegacia de polícia de Brasília. Resultado: considerado persona non grata pelo governo brasileiro, Ghorbani deixou o país com uma passagem aérea apenas de ida, podendo ou não vir a ser julgado no Irã segundo as leis do país. Enfim! A pergunta que não quer calar: será que vão rolar nem que sejam algumas bolinhas de gude?


O desnaturar de uma mãe...

“Abuso sexual: sem palavras para descrever, sem tempo para esquecer...”.

Frase ganhadora de um concurso sobre o tema em questão, sendo a vencedora uma aluna do ensino fundamental de uma dada escola que, à época do evento, estava com a mesma idade da vítima de estupro cujo caso será abordado nesta postagem.


Infelizmente, mesmo que o Brasil não seja o Irã, casos de abusos sexuais acontecem a 3x4 no País das Maravilhas de Alice, mas que, por suas dimensões continentais, associadas ao medo que a vítima passa a sentir do agressor, e à vergonha de ter sido violada no desabrochar da sua individualidade, a maioria dos casos não chegam sequer na esquina da rua onde mora o sujeito passivo do ilícito penal – termo jurídico. O que dirá ao conhecimento público do fato, embora, de uns tempos para cá, casos de pedofilia e de estupro contra menores tenham ganhado maior visibilidade na mídia. Enfim! Dias atrás, a polícia prendeu um casal, sob o efeito de bebidas alcóolicas, acusado de abusar sexualmente de uma adolescente de apenas 13 anos de idade no município de Pereiro, no interior do Ceará. O mais grave, contudo, é que a mulher, mãe da vítima, foi considerada suspeita de segurar e amordaçar a própria filha para que o companheiro estuprasse-a. Felizmente, conseguindo desvencilhar-se dos seus algozes e superando a sua própria humilhação, a vítima tomou coragem e, na delegacia mais próxima, denunciou o casal, que, em depoimento, declarou que o ocorrido limitou-se a um castigo por mau comportamento – se toda lição fosse assim... Bom! O fato é que a mãe da vítima e o padrasto deverão responder por crime de ato libidinoso com crianças com menos de 14 anos, previsto no Código Penal Brasileiro. É, apesar dos pesares, pois lugar nenhum é perfeito, muito menos a sua legislação, bem que o Irã poderia aproveitar o ensejo e enviar uma comitiva nem que fosse de alguns gatos depenados para um estágio de civilidade no Brasil. Será? Não, é melhor não arriscar...

Nathalie Bernardo da Câmara

quarta-feira, 25 de abril de 2012

APROVADO NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO

“O texto todo [do Código Florestal Brasileiro] se constitui no maior retrocesso da história da legislação ambiental brasileira...”.

Marina Silva
Ambientalista brasileira


La presidenta Dilma Rousseff ignorou os apelos do povo brasileiro, inclusive os meus –  apelos esses, aliás, de toda natureza, para lá de sensatos e lúcidos, providos de discernimento , para que ela vetasse a proposta do novo Código Florestal Brasileiro, infelizmente aprovado nesta quarta-feira, 25, e, agora, segundo o jornal Estadão, diz que lamenta não ter conversado mais com os parlamentares da Câmara dos Deputados antes da votação, mas que, mesmo assim, reitera a sua posição de que “não vai anistiar desmatador em hipótese alguma”... Para sua informação, excelentíssima, a sua ficha caiu tarde demais, levando em consideração que o mal já foi feito. Felizmente, tenho a consciência tranquila, visto que, por não ter votado na senhora nem nos parlamentares que aprovaram o documento, não fui conivente com tamanha sandice. Afinal, ao invés de guiar com sobriedade os rumos das nossas florestas, a nova legislação ambiental brasileira traduz-se numa das maiores violações quiçá um estupro coletivo! já cometidas contra o meio ambiente não somente do nosso país, mas nos do mundo inteiro. Desse modo, não tenho mais nada a declarar...

Nathalie Bernardo da Câmara


VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UM UNIVERSO APARENTEMENTE SEM FRONTEIRAS

 “Em breve futuro a palavra longe se tornará arcaísmo...”.

Monteiro Lobato (1882 - 1948)
Advogado, escritor e tradutor brasileiro, em carta ao também escritor, tradutor e amigo Godofredo Rangel (1884 - 1951), no dia 17 de agosto de 1928.



O que dizem, portanto, a respeito das novas tecnologias?







Vejamos, então, como tudo teve início...
 

— Parece que você está escrevendo uma carta. Precisa de ajuda?

Criada junto com o Office 97, Clippy foi considerada a mais infame das personagens animadas da Microsoft.



E o grande mestre pede passagem…

 


 “Parte da ausência de humanidade do computador deve-se a que, competentemente programado e trabalhando bem, é completamente honesto...”.

Isaac Asimov (1920 - 1992)
Bioquímico e escritor nascido na Rússia, mas naturalizado norte-americano



Ferramenta poderosa




 “Quando eu estava na escola, o computador era uma coisa muito assustadora. As pessoas falavam em desafiar aquela máquina do mal que estava sempre fazendo contas que não pareciam corretas. E ninguém pensou naquilo como uma ferramenta poderosa...”.

Bill Gates
Empresário norte-americano em palestra na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, em 2004



Por sinal, uma ferramenta poderosíssima! Exemplo?

 
 Nigel Goodman e Ronald Rios

“É espantosamente óbvio que a nossa tecnologia excede a nossa humanidade...”.

Albert Einstein (1879 - 1955)
Físico alemão naturalizado suíço e depois norte-americano. Em 1921, conquistou o Prêmio Nobel de Física por sua Teoria da Relatividade.


Tanto a tecnologia “excede a nossa humanidade” que, na sua ausência, podemos vir a sofrer de abstinência, de tão viciados que estamos. Logo abaixo, um caso clássico...




... Com os seus próprios olhos:




Segundo o velho Aurélio, abstinência significa uma “qualidade de quem se abstém de algo”, ou seja, uma “privação voluntária”. Sei não, mas acho que o significado do referido vocábulo deveria ser revisto. Afinal, como podemos ver, há casos – digamos – de abstinência nos quais, convenhamos, não há sequer um indício de que a “vítima” em questão está exercendo o seu livre-arbítrio. Pois é! Até que ponto pode chegar um ser dito humano. Enfim! Será que através de alguns estudos de casos, bem como de alguns exemplos gritantes, possamos entender as motivações para que alguém chegue a tão trágico desfecho?


Estudo de caso I: Solidão a dois
Fase 1A conquista...




Fase 2Namoro vitual.
 


Fase 3E chega o grande dia...



Fase 4A lua-de-mel, então, supera as suas expectativas.



Fase 5Rotina no casamento?  Nem pensar!



Fase 6O amor sempre é lindo...


Fase 7O tempo, contudo, passa e, por causa de um insignificante mal-entendido, embora não bem digerido por um dos cônjuges, o casal discute a relação. Pela primeira vez. Como tambpem foi a primeira e – diga-se de passagem – a última vez que os dois se olhavam nos olhos, tête-à-tête, desfazendo uma relação que, desde o seu início, já dava sinais de que seria efêmera.



Fase 8Pois é! Como diria Chacrinha (1917 -1988), comunicador de rádio e apresentador de programas de auditório na televisão brasileira dos anos 50 aos 80:  “Quem não se comunica se trumbica!” . E nem é preciso dizer que, apesar dos pais separados, o filho que eles geraram de maneira, inclusive, insólita, terminou fazendo juz ao DNA herdado. Afinal, aprendeu a lição de casa direitinho, ou seja, passou, desde a mais tenra idade, a cultivar os habitos dos seus progenitores. Nehuma novidade, já que, como diz um ancião dito popular: “costume de casa vai à praça”.



“A tecnologia digital é a arte de criar necessidades desnecessárias que se tornam absolutamente imprescindíveis...”.

Joelmir Beting
Jornalista brasileiro



Estudo de caso II: Casos de família na era digital







 Randy Glasbergen – www.glasbergen.com



Independentemente do que quer que seja – pelo menos é assim que deveria ser –, família unida permanece unida. E, afinal, nada que uma boa pizza não resolva! Falando nisso, eu ouvi dizer que pizza e tablet têm tudo a ver...

“A tecnologia moderna é capaz de realizar a produção sem emprego. O diabo é que a economia moderna não consegue inventar o consumo sem salário...”.

Betinho (1935 - 1997)
Sociólogo brasileiro e ativista a favor dos direitos humanos

Infelizmente, existem as desigualdades. E elas não são poucas. No Brasil, por exemplo, enquanto o país recentemente tenha se tornado a 6ª maior economia do mundo, o seu Índice de Desenvolvimento Humano - IDH não é lá muito estimulante, já que a Terra dos Papagaios encontra-se na 84º posição no ranking mundial – paradoxo maior não poderia haver. Tanto que, de uns tempos para cá, um termo muito em voga relacionado ao problema já caiu, inclusive, na boca do povo – se engana que é a inclusão social, de há muito, aliás, em desuso, mas a famigerada...





Muitas vezes, vale salientar, reivindicada por quem menos esperamos.




Só que como dizem que em terra de cego quem tem olho é rei...
  


O que dirá, então, onde o sol costuma nascer quadrado!



De fato, a disparidade social anda a galope...



Isso sem falar, apesar dos alertas, do descaso de muitos para o fato, por exemplo, de que celular faz mal à saúde.



E do mau uso que, invariavelmente, fazem da ferramenta. Mas, afinal, como dizem – dizem ou estou inventando? – que a teimosia é a mãe da estupidez...



... E anda de mãos dadas com o perigo.

 
Um transeunte qualquer: — Não foi por falta de aviso!



O que dirá em época de eleições! Aí, nem se fala...



Porém – o que muitos ignoram –, o mal maior é quando certas ferramentas são usadas para fins bélicos:



Em certos recônditos do planeta, então, os estragos que elas podem causar são incomensuráveis!



Daí que, em dadas situações, nada mais resta que apelar a uma força que – dizem – é ainda mais poderosa.



O pior, contudo, é quando se descobre que o mal já se alastrou igual vírus – de computador, é claro! – e a ajuda foi pedida a pessoa errada, nada indicada.

— Soy Dios y tengo um blog.


E não é que o dito cujo falou mesmo a verdade!



Ocorre que como vírus é vírus, ele costuma contagiar...



A coisa anda tão seria que, além de afetar a retina, reduz a capacidade de discernimento do contaminado, que pode, inclusive, manifestar sintomas típicos do autismo ou interferir consideravelmente no seu humor, que passa a oscilar, tal qual acontece com quem é bipolar. O mais grave, contudo, é quando a vítima acentua a sua porção de agressividade – reação, a agressividade, é claro, encontrada em qualquer ser dito normal, mas, na maioria das vezes, controlada – e, sem poder alguns sobre os seus sentimentos – quando ela ainda os tem –, desencadeia atitudes características inerentes a um lunático.


Muitos, por exemplo, até já desenvolveram o tão em voga – diagnosticado não faz muito tempo – Transtorno Obsessivo Compulsivo - TOC...




Geralmente, entretanto, muitos nem sabem que estão – digamos – 100% dependentes de um teclado, não importa a natureza da ferramenta utilizada. Não obstante, há quem confunda TOC com vício, mesmo que, em certos casos, ambos sejam aparentemente similares, enquanto, na verdade, são completamente distintos um do outro. Exemplos de vício, que igualmente atinge crianças e adultos, indistintamente, no caso de certas ferramentas tecnológicas ditas modernas? Vejamos alguns en passant...





“Todos os vícios, quando estão na moda, passam por virtudes...”.

Molière (1622 - 1673)
Dramaturgo, ator e encenador francês, considerado um dos mestres da comédia satírica

Infelizmente, o que muitos sabem, mas que fazem questão de ignorar, é que vício também mata.



Ou, mais especificamente, em relação ao twitter, pode até virar um caso de polícia...



Quiçá um caso que até necessite de terapia. E não vale uma única sessão não!

“Os vícios chegam como passageiros: visitam-nos como hóspedes e ficam como amos...”.

Confúcio (551 a. C. – 479 a. C.)
Filósofo chinês

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“O bom humor salva-nos das mãos do doutor...”.

Dráuzio Varella
Médico oncologista, cientista e escritor brasileiro


No dia 8 de junho de 2010, publiquei a postagem 140 caracteres e nada mais! (http://abagagemdonavegante.blogspot.com.br/2010/06/140-caracteres-e-nada-mais-o-mais-feliz.html).

Numa das passagens da referida postagem, fiz referência a uma entrevista que, à época, o escritor português José Saramago (1922 - 2010) havia recentemente concedido à imprensa “sobre a necessidade de sermos sintéticos no twitter, sem prolixidade”. Afinal, segundo ele, “os tais cento e quarenta caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido”. Enfim! Fica uma dica paraos twitteiros de plantão, bem como para todos aqueles que, de uma forma ou de outra, se fazem valer de demais ferramentas dessa nossa nova era tecnológica:

O fato de se expor,
abrindo mão da privacidade,
não é sinônimo de liberdade...


Fechemos, portanto, o zíper!




Ah! Alguém por acaso se lembra do telefone sem fio, que, coitado, de tão arcaico nem num museu está, mas apenas na pena de algum chargista de plantão.



Falando em museu...



Não somente rabo como também tinham o poder das previsões.



Agora, acendamos as luzes!

E, para quem já se esqueceu como se dá um: — Aquele abraço...

Afinal, como dizem alguns versos que, tempos atrás, cheguei a tecer:

Num mundo sem fronteiras,
deserto de emoções,
atmosfera selvagem,
seriam os teus lábios oásis?


Nathalie Bernardo da Câmara