segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

30 DE JANEIRO:
DIA NACIONAL DA SAUDADE



“Saudade não é senão uma nova forma, polida pelas lágrimas, da palavra soledade, solidão...”.

Joaquim Nabuco (1849 -1910)
Político, diplomata, jurista e jornalista brasileiro


Escolhi a ilustração acima por considerá-la bastante criativa e original. Sem maiores comentários...


 
 
30 DE JANEIRO:
DIA NACIONAL DOS QUADRINHOS


“Sabemos que é possível ao ser humano adquiri e construir o saber brincando...”.

Daniela Laura Brandão
Pedagoga brasileira


Homenageando o meu amigo Henrique Magalhães, aproveito o ensejo para contemplar todos os demais autores de histórias em quadrinhos. Natural de João Pessoa, Paraíba, Henrique nasceu em 1957 e, desde cedo, se interessou pelos quadrinhos. De leitor a criador a passagem foi natural. Em 1975 surgia sua personagem mais conhecida e persistente: Maria, que foi publicada durante vários anos em tiras diárias nos jornais. Politizada, espirituosa, Maria representava o alter ego do autor, expondo suas inquietações e questionamentos sobre a vida, o amor, as contradições humanas e sociais. Fonte: http://www.marcadefantasia.com/

Nathalie Bernardo da Câmara



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012



As minhas amigas da Estação Ecológica Águas Emendadas - um lugar belíssimo e privilegiado -, localizado em Planaltina, no Distrito Federal, acabaram de me enviar um e-mail, que diz:

“O novo código florestal brasileiro pode ser sancionado ou vetado pela presidente Dilma Rousseff.

O blog da Estação Ecológica Águas Emendadas está apoiando a iniciativa da ONG WWF-Brasil, que está fazendo um pedido urgente para a presidente Dilma: evite uma catástrofe global!

Ajude-nos a dizer: "Veta, Dilma!"

Se não agirmos agora, o que deixaremos para as gerações futuras? Desertos escaldantes?”.

















27 DE JANEIRO: DIA INTERNACIONAL DE LEMBRANÇA DAS VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO


“Vivendo [os judeus] sob as trevas do Holocausto, esperando perdão por tudo o que fazem, em nome do que sofreram, me parece abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós...”.

José Saramago (1922 - 2010)
Escritor português


Em 2009, Saramago foi duramente criticado por parte da comunidade judaica do mundo inteiro, que o acusou de anti-semitismo, apenas por causa de textos que ele escreveu a respeito dos conflitos entre Israel e Gaza, postados, à época, inclusive no blog do escritor. Ora! Acusar Saramago de anti-semita é a coisa mais insensata que já ouvi. “Afinal – escrevi em uma das postagens deste blog –, se mais da metade da população mundial admite e repudia o genocídio de milhares de judeus cometido pelo regime nazista de Hitler [(1889 - 1945)]– inclusive eu (...) –, por que, então, os judeus não admitem críticas, sejam elas individuais ou coletivas, por algumas das suas atitudes? Mesmo porque, convenhamos, os judeus são serem humanos iguais a qualquer um – nem melhores nem piores – e, como tal, podem, também, cometer os seus erros, os seus excessos, seja em que nível for! Só que eles devem aprender a receber críticas, não simplesmente rotular todas elas, não importa quais sejam nem quem as façam, de anti-semitismo”. O fato é que, no dia 01 de novembro de 2005, a Organização das Nações Unidas - ONU designou 27 de janeiro – o dia que, em 1945, os prisioneiros do campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia, foram libertados pelos soviéticos – como o Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto. Uma data, aliás, mais conhecida como o Dia Internacional de Lembrança das Vítimas do Holocausto. Afinal, pela lógica, não há nada a comemorar, mas, sim, reverenciar. E reverenciar a resistência daqueles que sobreviveram à sandice de Hitler, psicopata em altíssimo grau, bem como à dos seus pares, responsáveis pelo extermínio de mais de seis milhões de judeus e congêneres: ciganos, homosexuais, sem-tetos, por exemplo, ou seja, os demais “indesejados”, segundo a ONU, pelo regime do ditador nazista, de alta periculosidade, durante a Segunda Grande Guerra Mundial (1939 - 1945). Bom! Fico por aqui, tentando fazer a minha parte e, como sempre, pedindo paz, embora queira saber quando a encontraremos...

Nathalie Bernardo da Câmara




quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

25 DE JANEIRO:
DIA NACIONAL DO CARTEIRO



“O carteiro tende a desaparecer totalmente da face da terra...”.

Mário Prata
Jornalista e escritor brasileiro


Não vou comentar analiticamente a ilustração acima nem, muito menos, a epígrafe. Caso o fizesse, elaboraria uma tese a respeito. No entanto, no momento, não é esta a minha intenção. Mas apenas porque não disponho de tempo para realizar tal façanha, embora questione se realmente uma imagem tem mais valor do que mil palavras. De qualquer modo, acredito que a figura do carteiro não pode ser considerada obsoleta. Pelo menos, não para os escritores. Caso do poeta chileno Pablo Neruda (1904 - 1973), que, certa vez, teceu o seguinte verso: “Quanta verdade tristonha a mentira risonha que uma carta nos traz”. Enfim! Aproveito o ensejo para homenagear aquele que, desde criança, sempre me despertou grande admiração por seu ofício. Daí transcrever os primeiros versos do samba-canção Mensagem (1946), de autoria dos brasileiros Aldo Cabral e Cícero Nunes, lançado à época – magistralmente – pela brasileiríssima Isaura Garcia (1923 - 1993), considerada a primeira rainha do rádio, ou seja: Quando o carteiro chegou / E o meu nome gritou / Com uma carta na mão...

Nathalie Bernardo da Câmara



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

24 DE JANEIRO:
DIA NACIONAL DOS APOSENTADOS


Aposentado é um vagabundo de carteira assinada...”.

Fernando Henrique Cardoso
Sociólogo e ex-presidente do Brasil

*

“Os aposentados apoiaram a candidatura da Dilma porque acreditamos na linha social do governo. Porém, muitas coisas que eram apresentadas como prioridade para os aposentados nem saíram do papel em 2011...”.

Warley Martins
Presidente da Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas – Cobap

*

“Definitivamente, não houve boa vontade do outro lado. Nós vamos ter de pressionar muito mais...”.

Batista Inocentini
Presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical

 
Deu no site do Bom dia Sorocaba nesta segunda-feira, 23: Uma das grandes decepções dos aposentados foi o índice de reajuste para quem ganha acima do piso do INSS. Enquanto a categoria reivindicava 11,7%, o governo aplicou 6,08%. Segundo ainda a matéria divulgada: No início do próximo mês, um a equipe técnica do governo vai se reunir com as entidades de aposentados para definir a agenda de negociações de 2012. No dia 31 de janeiro, as entidades vão se reunir em São Paulo para acertar quais serão as prioridades. Do lado do governo participam da reunião representantes dos ministérios da Previdência, da Fazenda, da Casa Civil e da Secretaria-Geral da Presidência.  A presidente Dilma também deve receber os aposentados em audiência ainda no primeiro semestre.

Nathalie Bernardo da Câmara



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A ESPERA

 

A Rosana Maciel*


À espera de um momento,
a vida passa sem permissão,
com lacuna, entrelinhas,
passos deixados no chão.

À espera de uma vida,
o tempo passa sem confissão,
metamorfoseia o desejo, o espelho,
sonhos perdidos em vão.

À espera de um tempo,
o amor passa à deriva,
conta grão de areia, estrelas,
passo a passo idealiza.

À espera de um amor,
o coração sangra em torrente,
vaza lágrimas contidas, emergentes,
versa versos vertentes.

Nathalie

Baía Formosa-RN, 14 de abril de 1996

* in memoriam



sábado, 21 de janeiro de 2012

ADEUS AS ILUSÕES...


“A corrupção na administração pública agora é organizada, quase partidarizada. Uma barbaridade inaceitável...”.

Mário Covas (1930 - 2001)
Político brasileiro


2012. Ano de eleições municipais. No dia 07 de outubro, com exceção do Distrito Federal, tudo indica – sugiro consultar a meteorologia – que haverá pleito eleitoral em todos os municípios brasileiros. Agora, caso haja, não importa em qual município, a necessidade de um segundo turno, esse está previsto para acontecer igualmente em outubro, no dia 28. Infelizmente, apesar de ainda estarmos em janeiro, a poluição visual e sonora – sem falar das pressões antecipadas –, provocada por eventuais candidatos, seja a prefeito ou a vereador, já invade a nossa privacidade, independentemente do veículo de comunicação que dispomos.

O Tribunal Superior Eleitoral - TSE, por sua vez, além dos regionais, com as suas propagandas ditas institucionais – exaustivamente repetitivas –, supostamente orientando os eventuais eleitores acerca de detalhes relacionados ao título de eleitor, de igual modo contribuem para macular ainda mais a sensibilidade dos nossos olhos e ouvidos já tão calejados, bem como para exaurir a nossa paciência – vai piorar quando, daqui a alguns meses, as propagandas eleitorais gratuitas forem oficialmente liberadas pela Justiça. Haja chatice! E as esquisitices de certos candidatos. 

Afinal, impossível negar que, no Brasil – não estou falando do ato de votar, que é legítimo –, o voto está invariavelmente associado à corrupção. Em todos os âmbitos. E o título eleitoral tornou-se o passaporte para a fraude de outrem... Pegando a deixa, é imprescindível, por exemplo, trazer à tona a necessidade de um amplo debate, quiçá um plebiscito, para que os brasileiros possam decidir, já que são eles que votam, se o comparecimento as urnas deve ou não continuar sendo obrigatório, ao invés de facultativo – sinônimo de democracia, sobretudo se considerarmos que a obrigatoriedade de comparecer as urnas apenas aumenta – está comprovado – a incidência de aliciamento dos eleitores por parte de políticos – não estou generalizando –, que agem como agem apenas em benefício próprio, defendendo interesses escusos – qualquer tolo sabe disso.

Desse modo, com a opção de não ter de comparecer as urnas simplesmente porque é obrigado, o eleitor teria, de fato, a certeza de que vive em um país livre, cabendo exclusivamente a ele decidir se quer ou não votar em não importa quais políticos. Ou em nenhum. Isso, sim, é cidadania. Agora – e só para rimar –, obrigar o dito cidadão a comparecer as urnas é estimular a prática da pirataria. Eu, particularmente, defendo o que chamam de voto facultativo, pois acredito que só devemos votar se realmente acreditamos em um dado candidato e nas suas propostas. E não comparecer as urnas porque se é obrigado e, para não perder a viagem – de repente para também compensar o tempo passado em uma fila –, votar no candidato menos ruim, como muitos costumam dizer – atitude, inclusive, que somente revela uma alienação política do eleitor.

Enfim! Mais um ano de eleições, mais um ano de estresse coletivo. Um pressiona daqui; outro dali... O fato é que, antes de se pensar em um plebiscito sobre a legitimidade de o cidadão brasileiro ter o direito de portar ou não uma arma de fogo, como demagogicamente, não faz muito tempo, já propôs um obsoleto senador maranhense – leia-se José Sarney (PMDB-AP) –, a prioridade deveria ser um plebiscito para ouvir o povo brasileiro em relação aos seus direitos e anseios políticos e eleitorais. No meu caso, sempre compareci as urnas não porque eu era e continuo sendo obrigada, mas porque eu tinha convicção nas propostas de determinados políticos. Sem falar que, caso eu não comparecesse, perderia vários direitos civis, inclusive o de renovar o meu passaporte. Não nego.

Em 2010, por exemplo, compareci as urnas, como sempre. E não fiz isso apenas porque era obrigada não. Se não o fosse, teria comparecido do mesmo jeito, pois estava determinada a votar em Marina Silva – à época, do Partido Verde-PV –, candidata a presidente do Brasil – um voto politicamente consciente, eu diria. Tanto que, como o meu domicílio eleitoral é em Brasília e, à ocasião, eu me encontrava ausente, fiz questão de me deslocar de onde eu estava para votar. O detalhe é que só votei em Marina, anulando os demais candidatos a deputado distrital, federal e senador – não me apeteciam. Enfim! Gostaria de dizer que, por mais que não engula a maioria dos políticos brasileiros, eu só ainda não lancei o meu título eleitoral as chamas da minha inquisição porque, em 2014, quero voltar a votar em Marina para presidir o Brasil e porque acredito que, um dia, o comparecimento as urnas passará a ser facultativo.

Nathalie Bernardo da Câmara

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012


ONDE SE ACHA O AMOR*

É preciso estar no lugar certo para que o destino ajude

Por Ivan Martins
Jornalista brasileiro


Apesar da existência da internet, os encontros amorosos ainda ocorrem no mundo físico. É preciso sair de casa, conhecer pessoas e dar ao destino uma chance de fazer algo por nós. Quando, na noite de sábado, a garota sem namorado decide ir a uma festa com os amigos, em vez de ficar em casa fuçando os perfis dos outros no Facebook, está fazendo um cálculo preciso: onde é maior a chance de conhecer alguém? Está provado, estatisticamente, que o amor não é um homem estranho que bate na porta com um ramo de flores, uma camisinha no bolso e um bilhete de avião para Paris.

Isso sempre me ocorre quando escuto – o que é frequente – duas mulheres discutindo sobre a tarefa aparentemente difícil de arrumar um namorado legal nos dias que correm. Em geral, fico tentado a me meter para sugerir que elas talvez estejam buscando nos lugares errados. Hoje, eu decidi que iria ceder à tentação e dar uns palpites nesse assunto. Depois de conversar com amigos e amigas, divido com vocês as opiniões que achei pertinentes.

A primeira delas, que vai irritar os boêmios: não ponha esperança demais em botecos e baladas. Eles não costumam ser o lugar onde se encontra gente que vai ficar na sua vida. Para uma mulher ou para um cara atraente, é fácil achar sexo na noite, mas o que acontece depois é muito incerto. O mais comum é acordar sozinha, ou, ainda pior, perceber que a pessoa ao lado não tem nada a ver. Decisões tomadas no calor da mesa ou da pista não costumam resistir às horas de sono ou de lucidez. Se você já conhece a figura e a convida a tomar uma, a chance de rolar aumenta muito. Se você vai à balada sabendo que lá vai estar o cara que você deseja, melhor. Mas, sair na sexta-feira, dos bares para a balada, na esperança de que o príncipe encantado apareça do nada, com uma lata de cerveja na mão, pode ser bem frustrante.

A internet tornou-se um lugar privilegiado de encontros, mas seu efeito nas aproximações é ambíguo. Funciona de uns jeitos e não funciona de outros. Usar o Facebook para se aproximar da garota do trabalho que você acha bonita ou do cara que você conheceu na festa do amigo costuma ser legal. Tem gente para quem isso funciona tão bem que virou abordagem padrão - com a vantagem de que a redes sociais contam muito sobre a pessoa antes de você chegar perto dela. O que eu acho que não rola é usar a internet para se aproximar de completos estranhos: viu uma foto no timeline, achou a pessoa bonita, manda uma mensagem, “oi!” Quem recebe esse tipo de torpedo fica com a impressão que do outro lado tem um cara ou uma garota disparando span para todos os lados. Não é legal.

Na internet estão também os famosos serviços de promoção de relacionamentos. Você se cadastra, paga uma grana e o sistema sugere sair com fulano ou sicrana. As (poucas) pessoas que eu conheço que já fizeram isso conseguiram encontros e transas. Têm histórias divertidas para contar, mas nenhuma achou o amor virtual. Parece ruim? Não necessariamente. Para quem está por baixo e sente que a vida empacou, esse tipo de serviço pode funcionar como o socorro que a seguradora manda quando seu carro ficou sem bateria: oferece uma recarga de autoconfiança, faz com que você dê a partida e põe o carro em movimento. Às vezes é tudo que a gente precisa.

Quando se trata de encontrar pessoas, eu acredito em grupos: escola, trabalho, amigos. Em geral é aí que as coisas rolam. Melhor que a balada anônima é uma festa de aniversário, onde você já conhece parte das pessoas e tem a chance de conhecer outras, que terão alguma conexão com você. Amigos de amigas são candidatos naturais a namorados. Eles já chegam filtrados por interesses e origens comuns – aquilo que uma amiga minha chama de “indicação”. Ela, efetivamente, sai perguntando aos conhecidos sobre os caras que acha interessante: “Você acha que eu combino com ele?” O grupo ajuda a recomendar e selecionar.

Se você está sem grupos, invente um. Cursos são lugares espetaculares para aprender e para conhecer gente. Há cursos de todos os tipos e neles há todo tipo de pessoas. Pode ser um encontro de gastronomia, um curso de teatro ou aquela aula de dança de salão que você está adiando desde que tinha 18 anos. Funciona. Tampouco descarte as viagens em bando ou grupo organizado. Elas costumam ser divertidas e oferecem a oportunidade de conhecer pessoas com o mesmo pique. Depois de três dias fazendo tracking na Chapada Diamantina ou acampando no Pantanal, todo mundo fica meio íntimo – e há reuniões posteriores, trocas de fotos pela internet. As coisas não acabam ali.

O essencial, quando se trata de encontros amorosos, é criar oportunidades para que eles aconteçam. Na tarde de sábado, por exemplo, por que não chegar ao cinema meia hora antes do filme e tomar um café, sem Ipod nos ouvidos e sem estar mergulhada num livro? Isso oferece a quem está em volta uma chance de aproximação. Às vezes isso é tudo que o destino precisa para colocar a pessoa certa na mesa ao lado, sozinha e louca para conversar. Pode não ser o grande amor da sua vida, mas talvez venha a ser um bom amigo – que talvez tenha um irmão, ou um amigo, que nasceu com a missão de dar a você os melhores dias da sua vida.


* Texto originalmente publicado no dia 18 de janeiro de 2012 na revista Época, ressaltando que a ilustração foi escolha minha.



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A ILUSÃO DE UMA ECONOMIA VERDE*




Por Leonardo Boff
Teólogo e filósofo brasileiro


Tudo o que fizermos para proteger o planeta vivo que é a Terra contra fatores que a tiraram de seu equilíbrio e provocaram, em conseqüência, o aquecimento global, é válido e deve ser apoiado.

Na verdade, a expressão “aquecimento global” esconde fenômenos como: secas prolongadas que dizimam safras de grãos, grandes inundações e vendavais, falta de água, erosão dos solos, fome, degradação daqueles 15 entre os 24 serviços, elencados pela Avaliação Ecossistêmica da Terra (ONU), responsáveis pela sustentabilidade do planeta(água, energia, solos, sementes, fibras etc).

A questão central nem é salvar a Terra. Ela se salva a si mesma e, se for preciso, nos expulsando de seu seio. Mas como nos salvamos a nós mesmos e a nossa civilização? Esta é real questão que a maioria dá de ombros.

A produção de baixo de carbono, os produtos orgânicos, energia solar e eólica, a diminuição, o mais possível, de intervenção nos ritmos da natureza, a busca da reposição dos bens utilizados, a reciclagem, tudo que vem sob o nome de economia verde são os processos mais buscados e difundidos. E é recomendável que esse modo de produzir se imponha.

Mesmo assim não devemos nos iludir e perder o sentido crítico. Fala-se de economia verde para evitar a questão da sustentabilidade que se encontra em oposição ao atual modo de produção e consumo. Mas no fundo, trata-se de medidas dentro do mesmo paradigma de dominação da natureza.

Não existe o verde e o não verde. Todos os produtos contem nas várias fases de sua produção, elementos tóxicos, danosos à saúde da Terra e da sociedade. Hoje pelo método da Análise do Ciclo de Vida podemos exibir e monitorar as complexas inter-relações entre as várias etapas, da extração, do transporte, da produção, do uso e do descarte de cada produto e seus impactos ambientais.

Ai fica claro que o pretendido verde não é tão verde assim. O verde representa apenas uma etapa de todo um processo. A produção nunca é de todo ecoamigável.

Tomemos como exemplo o etanol, dado como energia limpa e alternativa à energia fóssil e suja do petróleo. Ele é limpo somente na boca da bomba de abastecimento. Todo o processo de sua produção é altamente poluidor: os agrotóxicos aplicados ao solo, as queimadas, o transporte com grandes caminhões que emitem gases, as emissões das fábricas, os efluentes líquidos e o bagaço. Os pesticidas eliminam bactérias e expulsam as minhocas que são fundamentais para a regeneração os solos; elas só voltam depois de cinco anos.

Para garantirmos uma produção, necessária à vida, que não estresse e degrade a natureza, precisamos mais do que a busca do verde. A crise é conceptual e não econômica. A relação para com a Terra tem que mudar. Somos parte de Gaia e por nossa atuação cuidadosa a tornamos mais consciente e com mais chance de assegurar sua vitalidade.

Para nos salvar não vejo outro caminho senão aquele apontado pela Carta da Terra: “o destino comum nos conclama a buscar um novo começo; isto requer uma mudança na mente e no coração; demanda um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal”(final).

Mudança de mente significa um novo conceito de Terra como Gaia. Ela não nos pertence, mas ao conjunto dos ecossistemas que servem à totalidade da vida, regulando sua base biofísica e os climas. Ela criou toda a comunidade de vida e não apenas nós. Nós somos sua porção consciente e responsável. O trabalho mais pesado é feito pelos nossos parceiros invisíveis, verdadeiro proletariado natural, os microorganismos, as bactérias e fungos que são bilhões em cada culherada de chão. São eles que sustentam efetivamente a vida já há 3,8 bilhões de anos.

Nossa relação para com a Terra deve ser como aquela com nossas mães: de respeito e gratidão. Devemos devolver, agradecidos, o que ela nos dá e manter sua capacidade vital.

Mudança de coração significa que além da razão instrumental com a qual organizamos a produção, precisamos da razão cordial e sensível que se expressa pelo amor à Terra e pelo respeito a cada ser da criação porque é nosso companheiro na comunidade de vida e pelo sentimento de reciprocidade, de interdependência e de cuidado, pois essa é nossa missão.

Sem essa conversão não sairemos da miopia de uma economia verde. Só novas mentes e novos corações gestarão outro futuro.

 
* Originalmente publicado no blog de Leonardo Boff no dia 26 de outubro de 2011, ressaltando que a ilustração foi escolha minha.



sábado, 7 de janeiro de 2012

ONDE ESTE MUNDO VAI PARAR?


“Por simples bom senso, não acredito em Deus...”.

Charles Chaplin (1889 - 1977)
Mímico, roteirista, ator, diretor e produtor britânico


A pedofilia não é um tema nada simpático, embora deva ser abordado por todos aqueles que têm um mínimo de sensatez, na expectativa de que, de alguma forma, as autoridades ditas competentes tomem alguma providência para coibirem tal abuso, punindo seriamente os acusados. Desse modo – infelizmente –, volto ao tema em menos de dez dias. No dia 31 de dezembro de 2011, postei o texto Esperar um 2012 diferente?, no qual divulguei a prisão, um dia antes, de um padre da Igreja São Francisco de Assis, suspeito de abusar sexualmente de crianças de uma comunidade rural do Jardim Botânico, no Distrito Federal –, devido à ocorrência de alguns outros casos dessa prática que, para a psicanálise, é considerada uma perversão sexual. Felizmente, de um tempo para cá, casos de pedofilia estão ganhando maior visibilidade na mídia nacional e internacional, sobretudo os de padres da Igreja católica envolvidos em escândalos dessa natureza.

Ocorre que não são apenas religiosos católicos a ocuparem as manchetes dos jornais e de demais veículos de comunicação. Pastores evangélicos também o são, sem falar nas pessoas ditas comuns, civis. Esta semana, por exemplo, o Distrito Federal mais uma vez evidenciou-se na mídia nacional por outro caso de pedofilia cometido por um religioso. Na quinta-feira, 05, um pastor da igreja Batista Pentecostal Jeová Jireh, em Vicente Pires, foi denunciado por abusar de uma criança de apenas oito anos de idade. Preso por policiais civis, ele aguarda julgamento. Como sempre, o acusado declarou que tudo não passou de um mal entendido, sendo que ele é igualmente alvo de outro inquérito, envolvendo um garoto de onze anos de idade. Segundo o G1, “o delegado-adjunto da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Rogério Cunha”, teria concedido uma entrevista coletiva explicando o caso, investigado, inclusive, há seis meses.

No entanto, muitos sabem que a pedofilia não é exclusiva de religiosos, independentemente da crença que proferem. Existem também pedófilos civis. Tanto que, no dia 31 de dezembro de 2011, veio à tona outro caso. No município de Senador Canedo, em Goiás, uma mãe foi ouvida por um delegado devido a sua conivência com a perversão do seu companheiro, já que, por cinco vezes – o que se sabe –, ela o filmou estuprando a sua filha de oito anos de idade. Quem denunciou? Os vizinhos, que, não se sabe como, tiveram acesso a algumas fitas gravadas, tudo indicando que outras tenham sido deletadas pela mãe da vítima, que, provavelmente para poder se safar das acusações, alegou ter sido ameaçada pelo acusado. Em vão! A mulher foi indiciada pela coparticipação do crime, enquanto a vítima já está sendo beneficiada por um acompanhamento psicológico bancado pelo Estado, devendo ficar sob a guarda do pai biológico. Que o seja!

Isso sem falar que, em dois dias, um caso similar foi notificado no mesmo município. Outra mulher filmou o companheiro violentando uma filha natural de vinte anos de idade com deficiências físicas e intelectuais. Nesse caso, o homem foi preso de imediato. Outro exemplo de abuso sexual? Segundo, ainda, o G1, no município do Novo Gama, também em Goiás, um homem foi detido, no bairro Pedregal, por abusar sexualmente de uma criança de nove anos de idade na noite da última quarta-feira, 04. De acordo com as informações divulgadas, a irmã da vítima presenciou o fato e ligou para a polícia, que prendeu o agressor em flagrante. A Polícia Militar acredita que o referido agressor era reincidente. Agora, está preso na delegacia de Céu Azul, município do entorno do Distrito Federal. Ocorre que os casos citados aconteceram, como já foi dito, em menos de dez dias. O que dirá, então, dos casos não denunciados neste país de dimensões continentais!

Sei não, mas acho que, no caso dos religiosos, muitos levam ao pé da letra – obviamente que de maneira deturpada – a máxima atribuída a Jesus Cristo, que teria dito: — Vinde a mim as criancinhas. O fato é que, seja o abuso sexual cometido por religiosos ou civis, ninguém tem o direito de violentar a infância nem a adolescência de jovens, sendo a prática da pedofilia doentia. Por mim, pedófilos deveriam receber a pena máxima – sem clemência –, já que são incorrigíveis. E defendo que, da mesma forma que, por lei, os políticos deveriam, independentemente de possuírem ou não um curso superior, fazerem, digamos, uma especialização em gestão pública – no mínimo aprenderiam o que é ética, embora ética seja algo intrínseco ao caráter de alguém – para poderem exercer a função, toda e qualquer pessoa que pretende seguir a carreira religiosa deveria se submeter a exames psicológicos para que o grau da sua normalidade seja avaliado.

Casos de pedofilia? Não hesite! Denuncie: disque 100.

Nathalie Bernardo da Câmara



sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

06 DE JANEIRO: DIA DE REIS











Quanta criatividade!

Nathalie Bernardo da Câmara








terça-feira, 3 de janeiro de 2012

HOMENAGEM AO CARTUNISTA BRASILEIRO SPONHOLZ


UM POEMA EM PROSA

Se nos compararmos à multiplicidade do grão de areia veremos que não somos nada. Imaginem, então, diante dos demais mistérios da natureza e dos mistérios do próprio universo. Ah! Somos partículas tão pequeninas, tão frágeis, mas, igualmente, tão belas, tão fortes. Daí termos de viver. E amar, já que, embora breves, estamos vivos. E livres, apesar de tudo...

Paris, década de 90

Nathalie Bernardo da Câmara



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

LEDO ENGANO...


“As aparências enganam aos que odeiam e aos que amam...”.

Tunai
Compositor e cantor brasileiro


Deu no G1: Quilombolas protestam diante de base naval onde Dilma passa férias. Eles dizem sofrer pressão de militares e pedem intervenção da presidente. “A gente veio pedir socorro”, disse a líder da comunidade Rose Meire dos Santos Silva.

Segundo a nota, “integrantes da comunidade quilombola de Rio dos Macacos, de Simões Filho (BA), fizeram um protesto nesta segunda (2) diante da Base Naval de Aratu, da Marinha, onde a presidente Dilma Rousseff passa férias desde o dia 26. Eles dizem sofrer pressão devido à proximidade entre a comunidade e a vila militar. Segundo os quilombolas, o acesso à comunidade estaria sendo controlado pelos militares. O G1 procurou a assessoria da Marinha, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem”.

Nathalie Bernardo da Câmara



A ARTE INSÓLITA DE MOACIR*


Foto: Frédéric Hugon


Por Brasigóis Felício
Escritor e jornalista brasileiro


No povoado de São Jorge, em Alto Paraíso, vive um artista do povo, de imaginação onírica ou insólita, chamado Moacir. As estranhas figuras que desenha e pinta lembram o museu do inconsciente, de Nise de Silveira [(1905 - 1999)], que fez uma revolução na psiquiatria, ao revelar talentos artísticos de criaturas psicóticas em alto grau. Moacir faz seus desenhos desde os sete anos. Filho de pais muito pobres, garimpeiros e catadores de lenha na região, começou pintando nas pedras, paredes, toras, e o que encontrasse à sua frente.

Depois, já crescido, danou a ter medo de gente, evitando o contato até mesmo enquanto desenhava para as pessoas. Protegia-se com um cobertor vermelho, e segundo o pai, quando entrava no campo voltava correndo para casa, ao sentir “catinga de gente”. Aos poucos foi vencendo a ojeriza a gente, ampliando seu imaginário, à medida que via mais coisas e pessoas. Reportagens sobre ele já foram feitas, e são freqüentes as visitas de turistas, vindos da Europa, interessados em conhecer seu trabalho insólito.

O cineasta Walter Carvalho realizou um muito bom documentário sobre ele, intitulado: Moacir – arte bruta. Em verdade, é injusto ou equivocado chamar de bruta a sua arte – até por ser ela muito sensível, extrapolando as fronteiras ao alcance da mente racionalista. Analfabeto que lê alguma coisa, é uma estranha figura, tão insólita quanto as imagens que desenha. Sua mãe conta que ele rejeitou o seu leite. Dele não precisou. Bebeu direto da fonte da mãe natureza. Pintando o que vê no escuro, e não compreende, em sua inconsciência, pinta o que não sabe nem sente. Apenas expressa em dom natural o que o que ele vê no ar, em pleno escuro.

Visto, no início, como demente, em função de sua ojeriza a “catinga de gente”, hoje é aceito como artista pela comunidade de gente simples, se bem que alguns ainda se horrorizem com os seus capetinhas chifrudos. Se antes pintava escondido, passou a ver as pessoas de modo diferente, quando enxergado por um novo olhar. Não havendo mais estranhamento em relação ao seu estranho modo de ser, de viver e de se expressar, passou também a aceitar o contato. Sempre continuando o que tinha aprendido, continuou aprendendo.

Moacir pinta de dentro para fora, enquanto processa as imagens que lhe vêem do inconsciente. Enquanto as imagens de seu mundo insólito se ampliam, seu traço é sempre o mesmo. Inútil querer explicá-lo à luz da lógica cartesiana, como Siron Franco, em visita a Moacir, tentou faze-lo, mas de modo infeliz. Tanto assim que, ao brincar de desenhar, com o artista da arte bruta, saiu, digamos, humilhado, pelo olhar totalizador e integrador do artista naif, que deu sentido ao desenho iniciado pelo artista consagrado. Tal fato foi registrado pelo crítico que apresenta o documentário, no canal 66. Longe aqui estou de comparar Siron a Moacir – isto seria um absurdo. Apenas estou a assinalar que o saber cartesiano não é capaz de manipular – e sequer de entender – o que brota das luzes e sombras do inconsciente.

São longas e interessantes as falas de Moacir – de certo modo, soam como legendas, apontam para a incongruência do querer explicar o inexplicável, reduzindo o fluxo onírico de uma mente estranha e penetrante a teorias, esquemas, enquadramentos:”Não é o que eu falo? Essa coisa que ele desenha traz para ele o entendimento. Isto ta na cabeça dos compreendidos. Mas ta fora da cabeça dos que ignoram”.

Ele também diz que envelhecer é muito ruim, sempre diz isto aos jovens. E quando eles perguntam como fazer para não ficarem velhos, ele diz que são muito bons para isso a formicida, o BHC, o veneno para ratos. Mas ninguém quer saber de beber, então vão ter mesmo que envelhecer. À lista de providenciamentos para evitar o envelhecimento o pai de Moacir poderia acrescentar a longa lista de drogas ilícitas, como o crack, a cocaína, e outros baratos que, no fim das contas, não saem barato...

Passado o tempo em que não queria ver nem ser visto por gente, Moacir passou a crescer, com a dor de existir e conviver. E se fez diferente, permanecendo o mesmo. Sem nada saber de seu gênio criativo, nem de sua humanidade, mas também sem fazer de seu ofício uma missão fatídica de o trair. “É longe, muito longe o pensamento”, diz Moacir, em um monólogo que poderia ser de um energúmeno, se não expressasse uma profundidade da qual ele mesmo não se dá conta: “O meu pensamento tá muito longe... nem sei desse pensamento. Pensamento, entendeu? Pensamento...”.

Lá vai Moacir, artista doidivano, pelas ruas empoeiradas do povoado de São Jorge, a conduzir sua bicicleta cargueira, à frente da qual vai uma imagem do capeta, que ele mesmo fez. Sob olhar acostumado dos nativos, e o susto e espanto dos turistas, atravessa a tarde solarenga, não sabendo que com este gesto inconsciente de afronta aos que desfilam e cantam no coro dos normóides, atua como inteligente marqueteiro que não sabe o que é marketing.

Só ele vê o mundo em que vive – ninguém pode expressar ou entender o mundo que ele vê. As pessoas se espantam e não aceitam que alguém possa enxergar o estranho e grotesco mundo que a elas não é revelado. Moacir, porém, não se importa, pois vive em fulgores de não saber o que os críticos ensinam por não saberem fazer.

Feliz é o ingênuo Moacir, que no povoado de São Jorge vive no mundo do desenhar e pintar as imagens que lhe vêem do inconsciente (que ele garante estarem no ar) sem perder-se no nos entrechoques com as vanidades do pensamentar que só é capaz de criar, aumentar e reproduzir as dores e conflitos de um mundo que tudo perdoa, menos a verdade, a inocência e a pureza que levam pessoas como Moacir à dignidade e grandeza de serem iguais a si mesmas.

* Crônica originalmente publicada no dia 20 de agosto de 2010 no blog BanzeiroA Poesia em movimento, sendo a ilustração escolha minha.



domingo, 1 de janeiro de 2012

OS ENCANTOS DE SÃO JORGE

Foto: Nathalie

“A natureza está constantemente a se misturar com a arte...”.

Ralph Waldo Emerson (1803 - 1882)
Escritor e filósofo norte-americano

A virada de ano mais especial da minha vida foi a de 2006 para 2007, quando passei o réveillon em São Jorge, povoado do município de Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, a 240 quilômetros de Brasília. Antigo acampamento de garimpeiros, que viveu o seu apogeu durante a Segunda Grande Guerra Mundial (1939 - 1945), quando o comércio do Quartzo estava em alta no mercado internacional, chegando, à época, a abrigar mais de 3.000 almas, que imigravam para o lugar em busca de fortuna, São Jorge, hoje, em nada lembra os tempos áureos do famoso Garimpão, quando muitos imigravam para a região, a maioria goiana e nordestina, atrás de riqueza fácil. Segundo informações obtidas de moradores locais, muita gente bamburrou, como se costuma dizer por lá, ou seja, enriqueceu. Porém, não pensando no futuro, o dinheiro logo se esvaia pelos dedos, do mesmo jeito que chegou, já que muito se gastava com diversão, mulheres, jogos e bebidas. Atualmente, a população de São Jorge está reduzida a pouco mais de 250 habitantes (dados não atualizados), que passaram a viver não mais da exploração de pedras preciosas, mas, basicamente, da exploração racional do ecoturismo. Afinal, São Jorge abriga o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, uma reserva ecológica com cachoeiras, canyons e uma rica e diversificada fauna e flora.

Foto: Nathalie

A foto de abertura deste post é de Nô, apelido de Moacir, que – dizem – com apenas sete anos de idade começou a acompanhar o pai no garimpo (a foto abaixo é da mãe do pintor, cuja arte é considerada por especialistas como primitivista). Só que, ao invés de garimpar, ficava desenhando com carvão em pedaços de papelão representações das figuras que ele garantia aparecerem em suas muitas visões. O fato é que a Chapada é um lugar de muitos encantos e mistérios. Os moradores do lugar, por exemplo, costumam contar histórias fantásticas sobre discos voadores e seres extraterrestres.

Foto: Nathalie

De qualquer forma, verdade ou não, toda a região está localizada sobre a maior rocha de cristal do planeta, sob o Paralelo 14, o mesmo que passa sobre Machu Pichu, no Peru. Daí todo o misticismo que as pessoas associam à Chapada dos Veadeiros, que possui uma das mais antigas formações geológicas do mundo, a placa Araí, com cerca de 1,6 bilhão e 800 milhões de anos, anterior à Floresta Amazônica e à Mata Atlântica. Segundo a NASA, devido às minas de cristal de Quartzo que afloram do seu solo, a Chapada é considerada o ponto de maior luminosidade visto da órbita da Terra. Muitos, inclusive, por causa da energia dos seus cristais, têm a Chapada como o chacra cardíaco do planeta.

Foto: Nathalie

Enfim! São Jorge é um lugar a ser visitado, sempre. Bom! A foto acima foi uma benção da natureza e a de baixo uma das quedas d’água onde estive durante uma das caminhadas que fiz na região quando do réveillon, embora a primeira vez em que estive no povoado tenha sido em abril de 2000, para comemorar o meu aniversário. Dessas viagens inesquecíveis, nasceu um roteiro para o cinema, que permanece inédito. Diante, contudo, das dificuldades para realizar o filme, adaptei o roteiro para um livro, que, de igual modo, continua preservado em meus arquivos. Quem sabe não esteja na hora de desengavetar nem que seja o livro? Sinto saudade...

Foto: Nathalie

Não importa o período do ano, vale conferir!

Nathalie Bernardo da Câmara




2012: O PRETO NO BRANCO?


“Disseram que o tempo cura tudo. Não concordo. As feridas permanecem. Com o tempo, a mente protege a sua sanidade e podemos acobertar as feridas com cicatrizes. E a dor diminui. Mas, ela nunca se vai...”.

(1890 - 1995)
Humanista norte-americana


Eu, particularmente, não tenho nada a dizer em relação a 2012 – de repente, uma incógnita, levando em consideração que todo futuro é incerto. Na verdade, até cheguei a escrever um longo texto a respeito, mas desisti de postá-lo, achando mais sensato não manifestar as minhas emoções nem, muito menos, os meus sentimentos e as minhas expectativas – se é que o meu ceticismo permite-me alguma – em relação ao novo ano que começa. Enfim! Sem querer compartilhar, pelo menos por ora, a intimidade do meu coração, me limito a trocar apenas mais uma folha do calendário, reverenciar o Dia Mundial da Paz  – 1º de janeiro – e a igualmente citar Che Guevara (1928 - 1967), médico e revolucionário argentino naturalizado cubano: — Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas nunca conseguirão deter a primavera inteira...

Nathalie Bernardo da Câmara