domingo, 13 de maio de 2018

LOS ANGELES


Autoria ignorada das fotos de Stuart Angel Jones (1946 - 1971) e de Zuzu Angel (1921 - 1976).

“Eu não tenho coragem, coragem tinha o meu filho: eu tenho legitimidade...” – Zuzu.

Estilista brasileira, Zuzu foi mãe de Stuart, estudante de economia que, na virada dos anos 60 aos 70, passou a atuar politicamente contra a ditadura militar brasileira (1964 - 1985), por ela sendo torturado e assassinado durante o “mandato” do general Emílio Garrastazu Médici (1905 - 1985). Lançado em 2006, o filme Zuzu Angel, dirigido pelo cineasta Sérgio Rezende, que também fez o roteiro com Marcos Bernstein, contou o drama dessa mãe em busca do paradeiro do filho e que, depois, sabendo da sua morte, reivindicou o direito ao seu corpo, nunca encontrado. Numa semana de polêmicas, quando a Agência Central de Inteligência (CIA) norte-americana liberou documentos comprovando o que já se sabia – nenhuma novidade – sobre as atrocidades cometidas durante o governo dos militares Ernesto Geisel (1907 - 1996) e João Figueiredo (1918 - 1999), a jornalista Hildegard Angel, filha de Zuzu, foi a público para reiterar o que também já se sabia, ou seja, que a sua mãe foi morta, num suposto acidente de carro, por ordem expressa de Geisel, “apenas” porque queria ter acesso ao corpo do filho e enterrá-lo – direito que lhe foi negado. O músico Chico Buarque, que recebeu uma correspondência de Zuzu Angel pouco antes da sua morte, na qual ela relatava o que sabia sobre o acontecido com o filho e que, por isso, estava correndo perigo de vida, compôs a música Angélica (1981), em homenagem à estilista.

Link para o filme Zuzu Angel (na íntegra), de Sérgio Rezende, numa interpretação magistral da atriz Patrícia Pillar no papel da mãe de Stuart, interpretado pelo ator Daniel de Oliveira: https://www.youtube.com/watch?v=1QVNjoCLHtw

Link para a música Angélica, de Chico Buarque: https://www.youtube.com/watch?v=AhtlDIuSbIo

Nathalie Bernardo da Câmara