sábado, 17 de novembro de 2018

UM CELERADO DE PLANTÃO


“É um escárnio o TSE diplomar no dia dos Direitos Humanos,10 de dezembro, alguém que louva a tortura e tem como herói um torturador Brilhante Ustra e admira Hitler. Perderam o bom senso e o auto respeito. Ofendem a todas as vítimas do regime militar de 64. Indignamo-nos e repudiamos...” – Leonardo Boff, escritor e teólogo brasileiro.


No Brasil, uma missão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), incluindo a sua presidência, comissionados e relatores, avalia a situação dos direitos humanos no país. Só falta, agora, uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU); outra da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); uma terceira do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); uma quarta do Tribunal de Haia, a Corte Internacional de Justiça, com sede na Holanda, que julga crimes contra a humanidade, e, por fim, diante das agressões e ameaças de um meliante ao programa cubano ‘Mais Médicos’, uma quinta missão, dos Médicos sem Fronteiras, organização internacional sem fins lucrativos... Detalhe: antes da presença dos médicos cubanos no Brasil, cuja proposta humanitária abrange mais de 60 (sessenta) países que carecem de assistência médica, cerca de 700 municípios brasileiros NUNCA, antes, tinham recebido o cuidado de um (a) médico (a). Agora, após os desaforos insanos de um celerado de plantão ao programa, Cuba, elegantemente, retirou-se do Brasil – o único país que denegriu a proposta de saúde oferecida pelos cubanos (exemplo reconhecido mundialmente por sua competência médica). É lamentável a mentalidade tacanha não apenas do nazifascista, mas, sobretudo, a dos seus eleitores, que não perceberam que elegeram um alienado, maluco, psicopata etc. Ou tenha o nome que tiver na nomenclatura psiquiátrica. O acinte não acaba aqui: o mequetrefe será diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 10 de dezembro do corrente, dia em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, instituída pela ONU em 10/12/1948, completa 70 anos. E, só para lembrar, o link (abaixo) de um fato ocorrido em 2016, quando, à época, descaradamente, o atual recém presidente eleito do Brasil fez apologia à tortura... Isso sem falar que o bandido é misógino, machista, racista, homofóbico e odeia pobre. Desse modo, só sendo julgado e condenado pelo Tribunal de Haia, com “direito” a desfrutar do frio da Sibéria encerrado numa cela com poucos centímetros de espaço.


NBC



quarta-feira, 7 de novembro de 2018

ERA UMA VEZ PAZ...


“A paz é uma militância...”.
José Saramago (1910 - 2010), escritor português

Hoje à tarde, fui fazer umas impressões numa copiadora na rua ao lado e, de repente, vi uma multidão nas calçadas; o trânsito congestionado; policiais de vários matizes e armas nunca dantes vistas; perícia criminal etc. Encontrei um conhecido ao lado da padaria do bairro e perguntei o que tinha acontecido e ele apontou para um corpo caído no chão no outro lado da rua, coberto com um pano, vítima de uma rajada de balas nada perdidas, mas intencionadas – a minha medula óssea gritou! Como pode tanta violência? Congelei. E lembrei-me de uma composição do artista multifacetado brasileiro João Bosco, ou seja, De frente pro crime (1975), e de quando viemos morar na região...

Eu tinha uns 12, 13 anos de idade (início dos anos 80). Ninguém queria morar por aqui: só tinha mato; mangueiras; cupins; ruas de barro – quando chovia, então, era aquela lamaceira! – e quase nenhuma casa. Era uma paz, beirando o bucólico! E, à época, as contas vinham pelos Correios para o nosso endereço como sendo bairro Dix-Sept Rosado, separado do bairro Lagoa Nova pela rua Amintas Barros, hoje avenida, onde se deu o crime mencionado acima. Isso em Natal (RN). Depois que me formei em jornalismo, em 1989, sempre passei tempos fora e, como gostava de escrever cartas, sabia o CEP decorado.

Numa das vezes que retornei, percebi nas novas contas que haviam incluído a nossa rua ao bairro Lagoa Nova, mas o CEP continuou o mesmo, felizmente. O tempo passou... O urbano crescendo... Eu indo e vindo; a região sendo povoada. Lembro-me até que muitos cariocas mudavam-se para Natal porque a cidade tinha muita coisa parecida com o Rio de Janeiro, menos a violência. Com a passagem do mesmo tempo, vieram os paralelepípedos; depois o asfalto... Para completar a desgraça, a construção da Arena da Dunas, hospedando a Copa de 2014, estragado tudo de uma vez, supostamente “valorizando” o bairro – bairro esse, aliás, outrora pacífico e ignorado, desprezado, eu diria, que passou a ter um dos metros quadrados mais caros da cidade. E a paz acabou, pois começou a violência, acintosa.

À ocasião do trágico evento de hoje, conversando com uma senhora que conheço de longa data e vizinha da vítima, ela chegou a mesma conclusão. Enfim! Não sei ainda a “motivação” do crime, do homicídio – na verdade, da execução, pois, segundo o burburinho, foram cerca de 10 tiros –, se é que existe motivo para alguém matar outro alguém, um semelhante seu... Deve sair no jornal da noite (atualizando: a notícia divulgada pela TV foi superficial). Felizmente, os assassinos pouparam a mulher da vítima e a sua filha, de cinco anos de idade, mas não as impediram de presenciar o crime. Estou chocada até agora com o fato!

Depois, quando a gente diz que se tornou refém do medo, ninguém entende...

NBC