sexta-feira, 4 de abril de 2014

IPEA X MULHER: PESQUISA QUESTIONÁVEL (atualizado)



Erro não muda necessidade de debate sobre violência contra a mulher, diz Ipea

Segundo Luana Pinheiro, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, o erro assumido na tarde de sexta-feira (3) não exclui o fato de que a sociedade brasileira precisa debater os vários resultados obtidos.

Portal Geledés – 5 de abril de 2014

Por Marcelo Brandão


O erro na divulgação de dados da pesquisa Tolerância Social à Violência Contra as Mulheres não muda as conclusões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), responsável por ela. Segundo Luana Pinheiro, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, o erro assumido na tarde de sexta-feira (3) não exclui o fato de que a sociedade brasileira precisa debater os vários resultados obtidos.

“A gente pode notar que as conclusões do relatório não são alteradas com essa correção. A gente continua tendo uma concordância alta na questão da culpabilização, uma responsabilização feminina pela violência sexual sofrida”, diz Luana.

Os fatos recentes, desencadeados depois da divulgação da pesquisa, no dia 27 de março, vão ao encontro desse pensamento. Várias mulheres se manifestaram em redes sociais, utilizando o lema “Não mereço ser estuprada”. Mais de 45 mil pessoas aderiram ao movimento no Facebook.

Com isso, a idealizadora do protesto, a jornalista Nana Queiroz, foi hostilizada também, nas mesmas redes sociais. A página do movimento na internet mostra várias opiniões de pessoas responsabilizando as mulheres que usam roupas curtas pela violência sexual que podem vir a sofrer.

“Toda repercussão que o dado gerou, mostrou uma questão latente na sociedade. A gente não está falando de uma coisa que não exista. Existe uma questão posta na sociedade brasileira. A gente viu uma reação que mostra que de fato temos um fenômeno acontecendo”, avaliou Luana. Para ela, mesmo sem o erro, existe uma série de outros dados que poderiam gerar repercussão semelhante.

Sobre o erro na divulgação dos dados, a técnica do Ipea explicou que, na avaliação da base de dados da pesquisa para produzir novas reflexões sobre os resultados, a equipe do órgão percebeu uma informação diferente da que constava no relatório. Luana explicou que se tratou de “uma troca de tabelas associadas às frases” durante a montagem do documento.

“O Ipea fez o que tinha que fazer. Identificou o erro e foi a público. Cabe à intituição, para garantir transparência e credibilidade, reconhecer o seu erro, escutar as repercussões da sociedade, aprender com isso e trabalhar para ser melhor do que foi, para que a gente consiga evoluir”, concluiu. 






Ipea corrige pesquisa sobre estupro contra mulheres

4 de abril de 2014

www.rosaliearruda.com


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta sexta-feira (4) uma nota na qual reconhece que alguns dados da pesquisa "Tolerância social à violência contra as mulheres", divulgada no último dia 27 de março, estavam errados. Segundo o comunicado, 26% dos entrevistados concordam, total ou parcialmente, com a frase "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", ao invés dos 65,1% apontados anteriormente.
   
Os dados corrigidos mostram também que 70% das pessoas discordam total ou parcialmente dessa afirmação, enquanto 3,4% disseram que são neutros. "O erro relevante foi causado pela troca dos gráficos relativos aos percentuais das respostas às frases 'Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar' e 'Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas'", diz a nota.

Ou seja, na verdade, 65,1% das pessoas consultadas pelo instituto concordam, total ou parcialmente, com a sentença "Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar", enquanto 32,4% discordam, total ou parcialmente. Por conta do engano, que acabou gerando uma grande campanha contra o estupro na Internet, envolvendo até a presidente Dilma Rousseff, o diretor de estudos e políticas sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osório, pediu sua exoneração do cargo.

De acordo com o Ipea, também houve troca nos gráficos de outros itens da pesquisa. Corrigido o erro, o estudo revela que 13,1% dos entrevistados discordam totalmente da frase "O que acontece com o casal em casa não interessa aos outros", 5,9% discordam parcialmente, 31,5% concordam parcialmente e 47,2% concordam totalmente.

Já com relação à afirmação "Em briga de marido e mulher não se mete a colher", 11,1% discordam totalmente, 5,3% discordam parcialmente, 23,5% concordam parcialmente e 58,4% concordam totalmente. Os dados dessas duas sentenças estavam invertidos.


"Contudo, os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros", diz a nota. (ANSA)




Em tempo: No mínimo irresponsável o fato de o Ipea ter divulgado o resultado de uma pesquisa cujo tema é tão sério e o impacto que provocou não somente na população brasileira, mas, também, na imprensa internacional, gerando uma repercussão sem precedentes! Grave, muito grave... Porém, não é porque a pesquisa foi divulgada de forma errônea que o problema estupro não exista. Existe, sim, e não podemos minimizá-lo: a realidade continua sendo dramática e a prática desse tipo de violência deve ser coibida, combatida – #PeiaNoIpea


Nathalie Bernardo da Câmara


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