sábado, 5 de março de 2016

BRAZIL IZONEIRO

“Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão...”.

Eça de Queiroz (1845 - 1900), escritor português.


Não julgo ninguém, pois não sou juíza. Só que, se for para a Justiça brasileira julgar Lula de maneira tão enfática – sejamos justos –, sugiro que essa mesma Justiça primeiro faça autoanálise, análise, psicanálise, qualquer coisa, contanto que corrija os seus próprios erros, no caso, para começar, por omissão, tipo: deixando impune, até hoje, após décadas de “assombração”, o coronel do Maranhão – rimou! Deviam era encaminhá-lo para a solitária. E cada vez que ele disser que é escritor, uma de cada edição dos seus livros ia para a fogueira.

Depois, viria FHC (a maior das máculas não somente da academia, mas do dia a dia): perpétua; Collor (desnecessário entrar em detalhes sobre os crimes que esse ser abjeto cometeu contra o povo brasileiro): passagem apenas de ida para a Indonésia... Ah! Não podemos esquecer de certo mineiro – para esse, quem sabe os inconfidentes teriam uma pena adequada!

No mais, a Justiça das injustiças deveria cuidar do cidadão com mais carinho e consideração: outro dia, por exemplo, um índio da etnia Wai-Wai foi multado em quase R$ 3 milhões pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) por fazer artesanato com penas de aves ameaçadas de extinção...

E eu perguntaria: quem colocou as aves nessa condição? O índio que não foi! Só que, agora, paga por isso?

Daí lembrar que, na década de noventa, um norte-rio-grandense também foi condenado pelo IBAMA por ter matado um papagaio para matar a sua fome: o seu gesto foi considerado crime hediondo. De igual modo, um senhor, no Planalto Central – início da década passada –, também recebeu pena igual do mesmo órgão apenas por tirar umas lascas de pequi para a sua senhora fazer um chá, pois ela estava com problemas de saúde.

É, desse jeito. O melhor talvez seja dá um troco maior as discrepâncias e injustiças da dita Justiça brasileira, ou seja: fazer igual a Patrícia Rehder Galvão (1910 - 1962), a Pagu, jornalista, escritora, ativista política etc etc, que, certa feita, numa das suas inúmeras prisões, acusada que sempre foi de subversão, recusou-se a apertar a mão de um vigarista, o interventor federal Ademar de Barros (1901 - 1969), quando este, em visita ao presídio onde encontrava-se encarcerada a musa do modernismo brasileiro, exigiu que todas as presidiárias apertassem a sua mão.

Pagu recusou-se, dizendo, quando ele estendeu-lhe a mão: — Não aperto mãos de carrascos nem de interventores...

Detalhe: a arrogância e truculência do interventor do presídio colocou Pagu na solitária – ela passou mais tempo do que o previsto no presídio.

Hoje, eu questionaria: o destino do Brasil está mesmo nas mãos de um imberbe, que, apesar de ser juiz federal, ainda parece usar fraldas?

Sinceramente, defendo a democracia. Nem que seja aos trancos e barrancos...



Nathalie Bernardo da Câmara 

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