“Os políticos e as fraldas devem ser mudados
frequentemente e pela mesma razão...”.
Eça de Queiroz (1845
- 1900), escritor português.
Não julgo ninguém,
pois não sou juíza. Só que, se for para a Justiça brasileira julgar Lula de
maneira tão enfática – sejamos justos –, sugiro que essa mesma Justiça primeiro
faça autoanálise, análise, psicanálise, qualquer coisa, contanto que corrija os
seus próprios erros, no caso, para começar, por omissão, tipo: deixando impune,
até hoje, após décadas de “assombração”, o coronel do Maranhão – rimou! Deviam
era encaminhá-lo para a solitária. E cada vez que ele disser que é escritor,
uma de cada edição dos seus livros ia para a fogueira.
Depois,
viria FHC (a maior das máculas não somente da academia, mas do dia a dia): perpétua;
Collor (desnecessário entrar em detalhes sobre os crimes que esse ser abjeto cometeu
contra o povo brasileiro): passagem apenas de ida para a Indonésia... Ah! Não
podemos esquecer de certo mineiro – para esse, quem sabe os inconfidentes teriam
uma pena adequada!
No
mais, a Justiça das injustiças deveria cuidar do cidadão com mais carinho e
consideração: outro dia, por exemplo, um índio da etnia Wai-Wai foi multado em quase
R$ 3 milhões pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) por fazer
artesanato com penas de aves ameaçadas de extinção...
E eu
perguntaria: quem colocou as aves nessa condição? O índio que não foi! Só que,
agora, paga por isso?
Daí lembrar
que, na década de noventa, um norte-rio-grandense também foi condenado pelo
IBAMA por ter matado um papagaio para matar a sua fome: o seu gesto foi
considerado crime hediondo. De igual modo, um senhor, no Planalto Central –
início da década passada –, também recebeu pena igual do mesmo órgão apenas por
tirar umas lascas de pequi para a sua senhora fazer um chá, pois ela estava com
problemas de saúde.
É, desse
jeito. O melhor talvez seja dá um troco maior as discrepâncias e injustiças da dita
Justiça brasileira, ou seja: fazer igual a Patrícia Rehder Galvão (1910 - 1962), a
Pagu, jornalista, escritora, ativista política etc etc, que, certa feita, numa
das suas inúmeras prisões, acusada que sempre foi de subversão, recusou-se a
apertar a mão de um vigarista, o interventor federal Ademar de Barros (1901 -
1969), quando este, em visita ao presídio onde encontrava-se encarcerada a musa
do modernismo brasileiro, exigiu que todas as presidiárias apertassem a sua
mão.
Pagu
recusou-se, dizendo, quando ele estendeu-lhe a mão: — Não aperto mãos de
carrascos nem de interventores...
Detalhe:
a arrogância e truculência do interventor do presídio colocou Pagu na solitária
– ela passou mais tempo do que o previsto no presídio.
Hoje, eu
questionaria: o destino do Brasil está mesmo nas mãos de um imberbe, que,
apesar de ser juiz federal, ainda parece usar fraldas?
Sinceramente,
defendo a democracia. Nem que seja aos trancos e barrancos...
Nathalie Bernardo da Câmara
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