“Aves de rapina escolhem sempre o melhor...”.
Provérbio português
Certa vez,
caminhando numa calçada de uma rua de um dado lugar – nem me peçam que eu diga
qual –, esbarrei num cidadão que eu conhecia desde a nossa tenra idade. De
repente, quando do “encontrão” entre nós, papeamos um instante e, depois, continuei
a caminhar... Não deu dois minutos, uma pessoa, que, diga-se de passagem, eu
nem conhecia, abordou-me e perguntou-me: — Você conhece o novo juiz da comarca?
Respondi
que não.
E
a pessoa prosseguiu: — Conhece, sim, pois acabou de falar com ele.
Olhei
para trás e vi o homem com quem eu acabara de papear, igualmente seguindo o seu
caminho: — Quer dizer, então – falei –, que eu estava conversando com o novo
juiz da comarca?
E,
aí, para o meu espanto e assombração, veio-me a infeliz confirmação.
Ora,
eu tinha brincado com o dito cujo quando éramos, ainda, apenas duas crianças,
exercendo a prática lúdica da infância. Como o tal homem, então, digamos que
ainda imberbe – percebi esse detalhe, ou seja, sem pelos e mal saído das
fraldas –, poderia, com apenas vinte e poucos anos, já ser um juiz? Sim, porque
a função em si demanda experiência de vida, de vida vivida, não apenas porque
carrega um diploma de advogado, mas porque é sábio, porque aprendeu com a
experiência, com a vida, não por ser um suposto “iluminado”, coisa que,
definitivamente, não existe – não digo que a função seja, literalmente, para final
de carreira, mas...
Então...
Não, não me considero uma pessoa com preconceitos, mas com pré-conceitos, como
um dia – há quase três décadas –, lá em Brasília, explicou-me a diferença,
muito sabiamente, um amigo da família, médico-pediatra homeopata, de nome
Evaldo de Oliveira, que saiu dos rincões de Macau, no Rio Grande do Norte, para
ganhar o mundo com o seu conceito holístico de viver. Só bastaram alguns
minutos para Evaldo explicar-me a diferença – até quem tem dois neurônios entenderia
–, lembrando que nem Aurélio explica isso.
Então...
O preconceito está vergonhosa e deploravelmente associado à discriminação –
todas! –, enquanto o pré-conceito é um direito que todos têm assegurado até que
se entenda o real conceito de algo – o resto dá história do papo com o meu
querido Evaldo, para quem nos conhece, é possível presumir, sem preconceitos,
tal qual a origem latina do vocábulo.
Pois.
Todo esse prelúdio apenas para dizer que o cargo, ou função, de juiz, que,
segundo Aurélio, é aquele “que julga segundo a sua consciência, sem fundamentar
a sua decisão”, só deveria ser concedido a alguém que tivesse certa maturidade:
tipo a criatura que já viu de tudo e que, por isso, por tão abismada que ficou
ao testemunhar a degeneração da raça dita humana, resolveu meter o bedelho, sendo, portanto, de acordo com as leis, supostamente
capaz de emitir opiniões sobre não importa qual tema.
O
problema é que se, normalmente, já se dá muitas asas a um juiz, que, num dado imaginário, é representado pela
imagem de um senhorzinho beirando os 80 anos de idade, que, por lei, nem
precisa “fundamentar a sua decisão”, batendo quando bem quer o danado de um martelo,
imagina, então, um jovem, de 20 e poucos anos alçado à condição de juiz, sem a dita
experiência que se faz necessária, fazendo o mesmo! E piora quando o cara tem
uma origem burguesa, com tudo transformando-se num pandemônio...
É
por isso que – reservo-me ao direito, amparada por lei, de não entrar em maiores
detalhes – não confio num tal juiz que, nascido em 1972, tem, hoje, meros 45
anos de idade, ou seja, um infante juvenil imberbe, igual o juiz da tal comarca
que encontrei tempos atrás, que, de uns tempos para cá, se acha o máximo!
Quanta arrogância e irresponsabilidade!
Sim,
estou falando de Sérgio Moro, que, com apenas 24 anos de idade, se tornou juiz
federal... Gente, isso é muito grave! Nunca que esse inexperiente rapaz poderia
ter sido eleito juiz, mesmo sendo através de um concurso público – nesse caso,
os concursos públicos deveriam ser revistos, sobretudo os seus critérios e não
importa a área de conhecimento, para que alguém, não importa quem, se submeta
aos mesmos.
É
nisso o que eu pensava ao sentar para escrever essas poucas palavras, já que,
em hipótese alguma, não me sinto confortável ao observar um psicopata pavoneado
– haja redundância! – arvorando-se querer passar-se por um dito justiceiro da lei, uma espécie mal
elaborada de Zorro, personagem de histórias em quadrinhos que li em minha doce e
maravilhosa infância, quando ele mesmo é quem deveria ser o investigado. E por
suas sandices.
Resumindo:
não se pode conceder a autoridade de um juiz a um Zé Ninguém, que, por motivos
óbvios, é o próprio fora-da-lei... O mais grave, ainda, é que tipos como esse
estão rondando-nos a 3x4, igual praga de pardal.
Estou
só constatando fatos, que é a minha função como jornalista.
Nathalie Bernardo
da Câmara
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