quarta-feira, 20 de outubro de 2021

UM POEMA PARA O DIA DO POETA (20/10)



De bocas-sujas e garatujas

 

Em decadentes e infectas tribunas,

exalando bafos escrotais sem decência e sem pudor,

finórios cabotinos flanam em conjecturas abissais, 

ignorando, bestiais, o alento do seu último estertor:

não por casualidade, mas intencionalidade,

cupins alojam-se, famintos e sorrateiros,

nos apetitosos e palatáveis picadeiros.

Audazes e vorazes, deglutem, desregrados,

cada centímetro dos pútridos estrados

cadafalsos de estapafúrdios descompassos

amputando os punhos dos gatafunhos.

 


Saciados e repletos de pungente ardor,

os cupins ensinam a lição com louvor;

algozes dos nossos algozes,

descortinam de facto o derradeiro ato,

posto que, afinal, ora, ora, ora,

de pé no chão faz-se a hora:

nos bolorentos pântanos dos desenganos,

onde a terra é plana e o sol nasce quadrado,

jazem a escatológica verve dos vermes

e a empáfia das suas bulimias mentais

cloacas e bojos sanitários de atrésias anais...

 

Nathalie







 


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