sexta-feira, 5 de novembro de 2010

5 DE NOVEMBRO:
DIA DA CULTURA BRASILEIRA





“Eu sou a favor da internacionalização da cultura,
mas não acabando as peculiaridades locais e nacionais...”.

Ariano Suassuna
Estudioso brasileiro da cultura popular tupiniquim



Falemos sobre o Dia da Cultura Brasileira, sancionado no dia 15 de maio de 1970 pelo então ditador militar Emílio Garrastazu Médici (1905 - 1985), sob a lei de nº 5.579, em homenagem ao dia do aniversário do advogado, escritor e político Ruy Barbosa (1849 - 1923), um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras - ABL, em 1897, juntamente com o escritor Machado de Assis (1839 - 1908). E foi justamente Ruy Barbosa quem substituiu Machado de Assis na presidência da ABL após a morte do polêmico mulato, que, paradoxalmente, segundo críticos, negando a sua melanina, ignorou questões sociais tipo a Independência do Brasil e o fim do regime de escravidão no país. Bom! Não polemizemos, agora, sobre as incoerências de Machado. Mesmo porque temos o péssimo e inadequado exemplo dos Estados Unidos, que, muitos espertos, para poderem justificar a invasão de qualquer que seja o país, por parte deles – todo governo norte-americano inventa uma, quando um novo mandato assume –, desrespeitando a soberania de um outro país, elegeram um presidente negro. Assim, caso alguém fale mal das arbitrariedades cometidas pelos EUA contra outra nação, essas arbitrariedades serão considerados racistas, pois, as mesmas, por mais injustas que sejam, terão sido cometidas por um presidente negro. E ai de quem se manifeste contra!

Vai tudo preso, pois, hoje, essa é, parece, a moeda de troca. Então, todo  planeta vai encontrar o sol atrás das grades... Afinal, quem gosta dos EUA? E, depois de Obama, quem nascer branco passará a ser visto como escória... Achando pouco, o mundo ainda nos dá, no dia 31 de outubro, guloseima barata de halloween: Dilma Rousseff. Chega! A minha saúde abalou-se... Comentemos sobre isso depois. Enfim! Médici, uma das muitas balas - não doces - perdidas durante os anos de chumbo (1968 - 1974) impostos aos brasileiros pela ditadura militar (1964 - 1985). Sei não, mas, de fato, o Brasil é uma piada! Afinal, no mesmo ano - 1970 - em que Médici institui um dia especial para a cultura brasileira, corrompe até a sua própria medula para impedir que o então arcebispo de Olinda e Recife, o meu queridíssimo dom Hélder Câmara (1909 - 1999), tenha a sua candidatura ao Prêmio Nobel da Paz prejudicada. E isso porque considerava o religioso progressista hostil ao regime militar. Ora, à época, até quem tinha apenas dois neurônios também pensava igual a dom Hélder, que, aliás – diga-se de passagem –, não tenho dúvidas, possuía muitos mais neurônios do que todos os militares juntos. E foi assim que, considerando dom Hélder persona non grata, o boicote à candidatura do religioso ao Prêmio Nobel da Paz, por parte de Médici, perdurou, ainda, mais três anos consecutivos.

Detalhe: em 1972, cansado de tantas ingerências por parte da mediocridade de um governo militar de um país terceiro mundo – para não dizer de quinto (ou seria de quinta?) –, mas que, arrogantemente, se achava com todos os poderes do mundo para negar não importam quais os direitos – incluindo os direitos fundamentais – que os humanos, ditos os seus pares, a parcela pensante e sensata do mundo, decidiu, a seu modo, não indicar ninguém ao Prêmio Nobel da Paz do referido ano, boicotando, por sua vez, um regime indigesto, que foi o dos militares, no Brasil, e que de um tudo tentou para calar a boca dos brasileiros de bem. Assim, em sinal de protesto, o Prêmio Nobel da Paz de 1972 não foi atribuído a ninguém, a nenhum país. Curiosamente, a vaga continua vaga. E acho que nunca será preenchida, em respeito à liberdade e, sobretudo, à paz. Enfim! Para o dia de hoje, Dia da Cultura Brasileira, me limitei, agora, apenas a lembrar a História da criação da data. Porém, na seqüência, prometo outro post, cuja homenageada será uma mulher especial, que, por esforço próprio, fez um nome – o seu –, fazendo de si um patrimônio cultural nacional e internacional, embora sempre levando com ela o nome do Brasil, ou seja, legando a nossa cultura popular ao mundo...

Nathalie Bernardo da Câmara






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