quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR?


“Não há verdades absolutas...”.

Friedrich Nietzsche (1844 - 1900)
Filósofo alemão



Em janeiro, de acordo com a tradição cristã ocidental, muitos comemoram o Dia de Reis, 6, quando, segundo reza a lenda, guiados por uma estrela, três reis orientais, personagens bíblicas cujos nomes eram Melchior, Gaspar e Baltasar, teriam chegado a uma dada manjedoura de Belém, onde, dias antes, havia nascido um menino chamado Jesus. De acordo, portanto, com essa lenda do Cristianismo, Os Visitantes do Oriente, narrada por Mateus (MT 2, 1 - 12) no evangelho a ele atribuído e incluso no Novo Testamento, os reis magos, também denominados de santos reis por sua dita bem-aventurança, portavam consigo três presentes para o recém-nascido, ou seja, ouro, incenso e mirra – matérias repletas de simbologias –, que, em sua essência, representariam a legitimidade da crença de todos os povos do mundo na existência do suposto messias. 

A estrela que guiou os reis magos à manjedoura, por sua vez, se tornou um dos símbolos do Natal, estabelecido no dia 25 de dezembro, quando, dizem, se comemora o nascimento de Jesus, embora as comemorações à data – varia da crença e da motivação de cada um – já possam ser sentidas até mesmo em novembro... Bom! A estrela faz parte, ainda, da decoração natalina e é, tradicionalmente, posta no cume das árvores montadas, normalmente próxima a réplicas de manjedouras, os presépios, bem em demais arranjos, do mesmo modo que a troca de presentes durante esse período de festejos tornou-se, de há muito, uma tradição que se quer carinhosa. Curiosamente, contudo, em alguns países, o gesto de dar presentes uns aos outros ocorre não no Natal, mas no Dia de Reis, após o qual, inclusive, é desfeita a decoração natalina.


Obs.: Daí que, aproveitando o ensejo, aproveito para fazer alusão a alguns tipos de presentes – não importa a sua natureza – que, há cerca de um mês, de meados de dezembro de 2010 a janeiro de 2011, têm, de certa forma, chamado a atenção dos brasileiros...



Balança, mas não cai!


“Não se farta a cobiça com a riqueza:
mais arde o fogo quando tem mais lenha...”

Luís de Camões (1524 (?) – (?) 1580)
Poeta português



Pouco antes do Natal de 2010, mais precisamente no dia 15 de dezembro, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal votaram favoráveis, em um único dia e em percentuais a perder de vista, um reajuste dos salários dos parlamentares, do presidente e vice-presidente da República e dos ministros de Estado. Pelo que eu entendi, por ser um decreto legislativo, o aumento dos respectivos vencimentos não careceram de sanção presidencial, sendo, portanto, votado em regime de urgência na Câmara dos Deputados e o mérito do projeto aprovado de maneira simbólica, com 279 votos a favor, 35 contra e 5 abstenções. No Senado Federal, por sua vez, embora o mérito do projeto também tenha sido aprovado pelo viés do simbólico – haja simbolismo! – apenas três senadores se manifestaram contra, que foram: Marina Silva (PV-AC), Álvaro Dias (PSDB-PR) e José Nery (PSOL-PA).

Uma das votações, no caso, a dos salários dos próprios parlamentares, aumentou de R$ 16,5 mil para R$ 26,7 mil os vencimentos da categoria, o que representou um reajuste de 61,8%. Já a outra votação foi a do aumento dos salários do presidente, do seu vice e dos ministros, que passaram a receber o mesmo valor dos parlamentares, ou seja, R$ 26,7 mil. Ocorre que, atualmente, os salários do presidente e do seu vice são de R$ 11,4 mil, tendo sido o reajuste, portanto, de 133,9%. Quanto aos rendimentos dos ministros, o reajuste foi de 149,5% sobre os atuais salários no valor de R$ 10,7 mil, que, a exemplo dos demais beneficiados por tamanho abuso de poder, irão receber R$ 26,7 mil. A decisão, então, é a de que o valor dos barrocos salários – gordos que são –, R$ 26,7 mil, se tornou o atual teto do funcionalismo público federal e entram em vigor já no dia 1º de fevereiro.

Além disso, a Proposta de uma Emenda Constituição - PEC, em tramitação no Congresso Nacional, eleva os atuais salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal - STF, que são de R$ 26,7 mil, para – pasmem! – R$ 30,6 mil, o que corresponde a um reajuste de 14,7%, embora ainda não haja perspectiva da sua votação. De qualquer modo, um dos articuladores da votação do projeto do aumento dos salários dos parlamentares, do presidente, do seu vice e dos ministros, o deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou que também já está sendo analisada outra PEC, a fim de que os salários dos três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário sejam, definitivamente, equiparados, evitando, assim, o reajuste almejado pelos ministros do STF em seus salários. Ao mesmo tempo, segundo Maia, a referida PEC se propõe a pôr termo no efeito cascata.

Ou seja, desvincula, por exemplo, o reajuste salarial em questão de legislativos estaduais e municipais de todo o país, apesar disso sempre ter acontecido. Enfim! No que diz respeito aos ministros do STF, já não bastam os seus desmandos, injustamente apenas favorecendo sabe-se lá quais interesses escusos que costumam defender – repulsivo! –, em nada justificando os seus polpudos salários? Não há motivo, portanto, para aumentá-los! Nem mesmo o fato da arrogância da categoria que se quer uma casta superior em relação aos demais mortais, inclusive em relação aos seus pares do Executivo e do Legislativo.




Não obstante, também transpirando deboche e ironia, características que lhe são habituais, embora, invariavelmente, confundidos pela maioria como carisma, quando essas mesmas características não passam de demagogia, ao tomar conhecimento do reajuste salarial aprovado para o cargo do chefe do Executivo, o ex-presidente Lula, que sempre fez do desdém a sua diplomacia, teve o desplante de dizer que lamentava não ter sido contemplado com tal benefício... Tenha dó!



O homem de 1,3 milhão de votos diz:


— Cheguei em um bom dia... - ironizou o então recém-deputado federal eleito Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), mas conhecido como o palhaço Tiririca, 45, quando, no dia 15 de dezembro de 2010, pouco antes da votação do aumento dos salários dos parlamentares de R$ 16,5 mil para R$ 26,7 mil, reajustados em 61%, ele fez uma visita ao Congresso Nacional, acrescentando que a ocasião não poderia ter sido melhor.



Ironias à parte, já que estamos a falar de presentes, o aumento dos salários dos deputados federais, foi, de fato, uma notícia de impacto para o cearense Tiririca, embora eu ache que não tão surpreendente quanto a de saber, após a apuração dos votos das eleições de 2010, do expressivo resultado que obteve nas urnas, quando, aí sim, para sua surpresa, candidato pelo Estado de São Paulo, se tornou o deputado federal mais votado na História do Brasil, com 1.353.820 de votos válidos, correspondendo a 6,35% do eleitorado.

Outro desafio, contudo, mas nada simpático, embora também vencido e superado por Tiririca, desencadeado logo após o término das apurações, quando a sua estrondosa vitória conquistou repercussão internacional, foi a denúncia recebida pela Justiça Eleitoral de que, devido só saber assinar o nome, ele havia apresentado uma declaração de alfabetização adulterada, sendo, portanto, acusado de falsidade ideológica, bem como por fraude nas contas da sua campanha eleitoral. Porém, apuradas as denúncias, o humorista foi absolvido.

Segundo o advogado de defesa, Ricardo Vita Porto, o episódio todo se resume a uma deplorável manifestação de preconceito do promotor Maurício Lopes contra o fato de um palhaço nordestino, de origens humildes e, no caso, sem muitos estudos, ter sido campeão de votos no maior domicílio eleitoral do país, que é São Paulo, aumentando, ainda mais, a sua evidência na mídia, coisa que, aliás, para informação do promotor, já era familiar ao artista. Ocorre que do preconceito brota a discriminação – essa, sim, uma atitude criminosa.

Só que, passível de condenação, disse Vita Porto, a discriminação foi o motivo do “estelionato eleitoral” contra Tiririca por parte do promotor, que queria, apenas por um preconceito idiota, vê-lo enquadrado e, no mínimo, cumprindo cinco anos de prisão, postura que só revela ainda mais a sua busca pela autopromoção, apenas com o intuito de atrair os holofotes para si. Enfim! Um plano que não vingou, já que no que diz respeito à acusação de falsidade ideológica, Tiririca foi classificado, digamos, como analfabeto funcional e não absoluto.

Ou seja, segundo o juiz Aloisio Silveira, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, “a Justiça Eleitoral tem considerado inelegíveis apenas os analfabetos absolutos e não os funcionais”, que consiste no indivíduo entender “um mínimo de intelecção do conteúdo do texto [aplicado] apesar da dificuldade na escrita”. O fato é que Tiririca é apenas um reflexo da realidade da maioria do povo brasileiro, dividida em analfabeta funcional e absoluta. Daí a dica: que la presidenta Dilma tente erradicar não somente a miséria, mas, também, o analfabetismo.

Resumindo... Não tendo as denúncias do promotor um mínimo de credibilidade, a Corregedoria do Ministério Público de São Paulo decidiu investigar e apurar eventuais excessos do promotor na condução do processo contra Tiririca, que, desse modo, livre das acusações, resgatou os seus direitos políticos. Apto, então, para exercê-los, ele foi, enfim, diplomado como deputado federal pelo Estado de São Paulo no dia 17 de dezembro de 2010, sendo, aliás, o primeiro a receber o diploma e, como era de se esperar, aplausos.

Emocionado, o cearense de Itapipoca disse que o diploma recebido à ocasião era apenas o primeiro de muitos que ainda irá receber, acrescentando que está estudando e que, na Câmara dos Deputados, pretende dedicar o seu mandato à educação e à cultura, defendendo, ainda, os direitos dos artistas circenses em geral e os dos ciganos. É, pelo visto, parece que, agora, Tiririca já respondeu à pergunta do jornal francês Le Monde, que, ao saber da sua eleição e da sua condição de palhaço, formulou a pergunta: “O que faz um deputado?”.

Que Tiririca, portanto, ao tomar posse no dia 1º de fevereiro, não faça do plenário da Câmara um picadeiro a mais, a exemplo de muitos que lá já estão. Que permaneça com o coração puro, como deve ser o coração de um palhaço, embora de bobo não tenha nada – o que dirá de bobo da corte tupiniquim! E que não se torne, como muitos, um político palhaço, já que, apenas por contingências, ele se tornou um palhaço político, não podendo, por isso, perder o humor e nem temer as feras. Sim, porque, afinal, circo que se preze sempre tem as suas...



Nada que uma tatuagem não resolva...


“O momento culminante da minha vida pública foi chegar ao poder.
O poder é muito bom. Não adianta querer enganar...”.

Carlos Lacerda (1914 -1977)
Jornalista e político brasileiro



Em 29 de dezembro de 2010, o Itamaraty concedeu passaportes diplomáticos a filhos de Lula, quando, pelas normas em vigor, os dependentes de autoridades só podem receber o referido documento em duas situações: quando tem até 21 anos ou quando é portador de deficiência física. Ocorre que um dos filhos do então presidente Lula tem vinte e cinco anos e o outro trinta e nove, ambos, inclusive, usufruindo de perfeita saúde. Porém, ouvido, o Itamaraty disse que as crias do ex-chefe do Executivo já dispunham de passaportes diplomáticos, alegando que o que aconteceu fins do ano passado foi, apenas, a renovação dos mesmos – o que, de certa forma, é pior ainda, pois configura que o privilégio não é de hoje, já que o documento garante tratamento diferenciado a seus portadores nas viagens a países que mantêm relações diplomáticas com o Brasil e, no caso, teriam sido emitidos “em caráter excepcional”...

E qual seria, então, o tal do “caráter excepcional” argumentado pelo Itamaraty? Segundo o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Ophir Cavalcante, em entrevista concedida à imprensa nesta semana, “a OAB está estarrecida com a falta de compromisso com a lei” no país. Para ele, “a Ordem apela para que os filhos de Lula devolvam o passaporte especial; não submetendo seu pai a um constrangimento público dessa natureza, inclusive com possibilidade de ação judicial por improbidade administrativa para alcançar quem concedeu esse benefício”. Para Ophir Cavalcante, “caso isso não ocorra, é hipótese de apuração pelo Ministério Público Federal, em função do ato de ilegalidade administrativa, que quebra a isonomia entre os brasileiros”, acrescentando que, se for o caso de não haver a devolução, a OAB também se prontifica a buscar a reparação judicial necessária para solucionar o qüiproquó.

Só que, não satisfeito, o presidente do Conselho Federal da OAB aproveitou para encaminhar um ofício ao atual ministro das Relações Exteriores - MRE, Antônio de Aguiar Patriota, solicitando, oficialmente, que o Itamaraty certifique quais as pessoas que, além dos filhos de Lula, detém, hoje, o passaporte diplomático, mas que, por motivos outros, não estão entre as autoridades com prerrogativas para tal, uma das quais, por exemplo, é a de atender “aos interesses do país” – justificativa dada, aliás, pelo ex-ministro do MRE, Celso Amorim, para conceder, à época, a regalia aos filhos do então-presidente. Sei não, mas, de há muito, Lula já deveria ter previsto que, nem mesmo um presidente da República, sobretudo na iminência de deixar o cargo, tem o direito de abusar do poder. Daí ser melhor ele reaprender a viver sem certas regalias que o cargo que ocupou lhe conferia – muitas vezes, até, de maneira ilegítima.



Robin Hood às avessas...


“Para o rico aquele abraço; para o pobre aquele aperto...”.

Frase de pára-choque de caminhão



Outra manifestação de descaso e acinte, por exemplo, por parte do ex-presidente Lula para com o brasileiro, foi a medida provisória por ele baixada no dia 30 de dezembro de 2010, reajustando o salário mínimo de R$ 510 para R$ 540 – uma tapa na cara do povo, eu diria. Ou melhor, como diria o escritor francês Montesquieu (1689 - 1755): “A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos...”, sobretudo quando, no caso, la presidente Dilma Rousseff elegeu como uma das principais metas do seu governo a erradicação da miséria, nos restando apenas perguntar como é que, com a proposta para um aumento irrisório do mínimo, Lula pretendeu contribuir com o mandato de Dilma Rousseff, cuja candidatura, inclusive, foi ele mesmo quem lançou e a apoiou para lhe suceder? Daí não ser à toa, convenhamos, a esterilidade dos debates políticos acerca da necessidade de, desde então, rever a polêmica medida provisória.

De qualquer modo, apesar das divergências partidárias a respeito, aos poucos vai se delineando um consenso entre a maioria dos políticos acerca da revisão do valor proposto para o reajuste do salário mínimo. Tanto que, para o senador Paulo Paim (PT-RS), “somente o entendimento e o diálogo [com os partidos]” é que, de fato, irão definir o valor que deverá ser aprovado. Daí a sua certeza de que o aumento será maior que o previsto, podendo, possivelmente, chegar a “alcançar os R$ 550” – é brincadeira! Enquanto isso, o líder do PDT na Câmara, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho Força, ressaltou que o seu partido irá insistir na emenda apresentada à medida provisória, que fixa o valor do mínimo em R$ 580. O PSDB, por sua vez, ainda não definiu qual a estratégia a ser adotada nos debates sobre o mínimo, embora, na campanha eleitoral de 2010, o candidato do partido à Presidência, José Serra, tenha defendido um mínimo de R$ 600.

Falando nisso, o reajuste dos aposentados e dos pensionistas que recebem mais de um salário mínimo está igualmente de molho, à mercê de políticos que, caras de pau, não estão nem aí para o pão de cada dia do povo brasileiro. Enfim! O mais louco, ainda, é que, na opinião do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), é praticamente impossível a aprovação da revisão do valor do mínimo a ser reajustado antes de meados de março. Em contrapartida, o aumento dos salários do presidente da República, do seu vice e congêneres entrará em vigor já no dia 1º de fevereiro...




É, convenhamos, uma tragédia para o povo, que, embora esteja na arquibancada, interpreta o papel do bobo da corte tupiniquim, já que, por ter delegado os seus poderes através do voto, é legado à marginalidade e, portanto, se limita a testemunhar a fraude que são os políticos, pois, em detrimento de quem os elegeu, eles não hesitam em eleger a si mesmo como prioridade.


P. S.: E, depois, ainda dizem que Papai Noel existe! Se existir, coisa que, particularmente, eu não acredito, ele é sádico igual um cabra que eu conheço, pois vive fazendo caso, ou melhor, graça da desgraça alheia...



TRANSMISSÃO DA FAIXA PRESIDENCIAL: DOIS MOMENTOS...

Gu gu da da...


“Nunca subestime uma criança...”.

Luis Eduardo Machado
Brasileiro, é professor dos programas de MBA da Fundação Getúlio Vargas



Outra que ganhou um presente de grego já na aurora de 2011 foi Dilma Rousseff – ela está uma gracinha, na charge –, quando, no dia 1º de janeiro, recebeu a faixa presidencial das mãos do ex-presidente Lula, cujo gesto – diga-se de passagem – pareceu mais um toma lá, dá cá. Sei não, mas eu queria entender o motivo que leva certas pessoas a darem presentes e, tão logo podem, se arrependem do gesto e os quer de volta... Que la presidenta, então, segure com bastante força e jeito o adorno que recebeu de presente de Lula. E que, em hipótese alguma, não a devolva. Chova canivetes! Ou melhor, nem que seja ameaçada de levar umas palmadas ou ter confiscada a sua chupeta. Afinal, presente é presente: deu, tá dado!



— Vade retro!


“Encosto é a suposta presença de um espírito junto a um encarnado...”.

Richard Simonetti
Escritor brasileiro



Um dos grandes gênios da humanidade, o maior de todos, eu diria, que foi o italiano Leonardo da Vinci (1452 - 1519), chegou a dizer, sabiamente, que “os olhos são o espelho da alma”. Que o diga, então, os de la presidenta Dilma na primeira das charges acima. Afinal, convenhamos, por seu olhar atravessado, tudo sugere que ela não parece se sentir muito à vontade com a inclusão do seu antecessor nos limites do adorno que ganhou de presente no dia 1º de janeiro. Isso, sim, é o que se chama corpo-a-corpo. E literalmente! Ou melhor, os dois juntos, coladinhos, lembram, até, siameses. O fato é que cada um se expressa como sabe. No caso dos chargistas, sempre tão criativos, traços como esses, ainda mais quando sabemos que uma imagem vale por mil palavras – é notório –, apenas dizem, embora, às vezes, nem tão sutilmente – daí a graça das charges –, o que jornalistas e escritores querem dizer com palavras, no caso, que o governo de la presidenta Dilma nada mais é do que o continuísmo do anterior, que foi o de Lula, seu companheiro de partido político, para o qual, aliás, que se diz socialista, não deve haver mal algum – ou haverá? – la presidenta socializar a gerência, digamos assim, do seu mandato com o seu antecessor, que, convenhamos, apesar de está no Guarujá, curtindo uma praia sob o manto protetor do Exército, gruda mais do que chiclete mascado.




Falando nisso, ou seja, em uma goma de mascar qualquer, os devaneios de Lula devem andar muito inquietos, sem que nem mesmo o suave rumor das ondas do mar do Guarujá seja capaz de apaziguá-los. Para muitos, inclusive, ele, com certeza, gostaria mesmo era de estar lá... Falando, ainda, nisso, eu não entendi os motivos pelos quais o senador José Sarney (PMDB-AP) também não foi pegar um solzinho nas areias que abrigam o Forte dos Andradas, onde Lula está hospedado a convite – quanta deferência! – do atual governo. Afinal, se Sarney – o cara! – disponibilizou-se a levar Lula para casa, em São Bernardo do Campo – isso, sim, é ser amigo! –, o que lhe impediu de pegar a estrada, não prosseguindo com o companheiro até a praia? É uma pena, pois, fico a imaginar, poderiam ter sido as férias que ambos devem ter pedido a Deus – um presentão!



Mané pedágio!


“Nada existe que dure eternamente,
porque nada permanece sem mudança...”.

Helena Blavatsky (1831 - 1891)
Escritora, filósofa e teóloga russa



Foi lendo uma notícia sobre a mudança de Lula de Brasília para São José do Campo, publicada outro dia no jornal brasileiro O Estado de São Paulo, ainda, aliás, há 531 dias sob censura, que me inspirei para escrever este post, bastante extenso, inclusive. Ah! Um parêntese... La presidenta Dilma, que, em seu discurso de posse, disse preferir “o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras” e que, durante o regime militar no Brasil (1964 - 1985), lutou “contra o arbítrio e a censura”, bem que poderia aproveitar que está a comandar o país para, ao aspirar, se inspirando, o agradável perfume que emana das chuvas de verão, inspirar, por sua vez, os legisladores brasileiros com os seus ditos anseios democráticos e de liberdade, promovendo, enfim, o resgate ao nosso direito à liberdade de expressão e à de opinião, bem como, definitivamente, nos garantir o direito ao exercício da imprensa livre das amarras que a cerceiam – caso do jornal O Estadão, por exemplo, e que sempre que posso cito, mas apenas por ser uma vítima do despotismo do senador José Sarney (PMDB-AP).

E, o que é mais grave, com a conivência do ex-presidente Lula. Então... Nossa! Onze caminhões para transportar todos os bens que Lula adquiriu nos oito anos em que comandou o Brasil? Isso sem falar, eu imagino, dos bens que já estavam em sua casa em São Bernardo do Campo. O patrimônio de Lula e família, portanto, vão desde fotos de família, passando pela primeira bandeira do PT, costurada por Marisa Letícia, a bens adquiridos sabe-se lá onde e como, tudo compreendendo um milhão e meio em presentes. E haja tranqueira! Quero dizer, presentes... Afinal, em algum lugar de todo esse inventário, estão, ainda, raridades, souvenirs de valores avultosos dadas por chefes de Estado e, claro, reis e rainhas – nada de lembrancinhas de súditos! – de inúmeros países visitados por Lula, o maior turista, inclusive, de todos os tempos, levando em consideração a longa duração dos seus dois mandatos presidenciais. E dizem que é tanta coisa que Lula teve de alugar um galpão para abrigar tantos objetos. Alguns, pelo que eu também fiquei sabendo, abjetos... Enfim! Será que alguém sabe o endereço do tal galpão?




Em algum lugar do passado...


“O homem de duas caras geralmente usa a pior...".

Stanislaw Ponte Preta (1923 - 1968)
Pseudônimo do jornalista brasileiro Sério Porto



Deu na revista Época Negócios que o ministro da Fazenda Guido Mantega já abriu o seu “saco de maldades cambiais” para este ano e que temos de entender os efeitos colaterais das novas medidas do Banco Central para controlar o câmbio. Nossa! É complicado demais... A reportagem, portanto, só não disse que o sacolão é herança de Lula. Então, se não é coisa boa que vem por aí, o ex-presidente bem que poderia ter posto o tal do saco dentro de um dos caminhões que fez a sua mudança de Brasília para São Bernardo do Campo. Afinal, pelo visto, o que tem dentro do saco deve até render alguns trocados...



Em algum lugar do futuro...


“Não subestime o consumidor.
Venda produtos de boa procedência...”.

Resposta correta para uma das questões de uma prova
– tudo indica que para um dado vestibular – aplicada pela FUVEST-SP



Há quem diga que sonho não paga impostos. É óbvio! Eu diria, contudo, que sonhar não nos faz pagar impostos – a não ser, claro, que materializemos os nossos sonhos. Só que, pelo andar da carruagem tupiniquim, eu faria uma ressalva, ou seja, sonhar ainda não nos faz pagar impostos. Bom! Quanto à ilustração acima, ela é, simplesmente, criativa, como a maioria das charges. E divertida. Afinal, se há quem tire leite de pedra, embora eu ache que isso só seja possível em sonho, nada mais me espanta. E tenho a absoluta certeza de que, desse leite, eu não beberei. Vai ver porque não sou lá muito chegada a sua procedência e porque, com moscas a rondar, o prazo da sua validade já deve ter vencido e, portanto, ele está azedo. De repente, talvez seja melhor consumir café puro. Ou, quem sabe, chá verde.

Falando em verde, me vieram à mente, por associação, as florestas. E, ainda por associação, me ocorre um termo atualmente em voga, que é sustentabilidade. Então, somando tudo, ou seja, leite, verde, sustentabilidade... Cito, então, dois brasileiros que assinaram um texto bastante interessante que li outro dia, que são o economista Almir José Meireles, diretor-presidente da Associação Brasileira de Leite Longa Vida, e a médica veterinária Daniela Rodrigues Alves, gerente do Serviço de Informação ao Consumidor da Associação Brasileira de Leite Longa Vida. Coincidência, não é? Enfim! Os dois longevos – tudo indica – disseram:

“Sem desenvolvimento econômico sustentável e sem distribuição de renda, que possibilitem à população maior acesso aos produtos alimentícios, dentre os quais o leite e os seus derivados, o crescimento de mercado será cada vez mais limitado”.




Enquanto isso, no presente...


“O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã...”.

Frank Lloyd Wright (1867 - 1959)
Arquiteto norte-americano



Quando éramos crianças, a minha irmã e eu sempre quisemos ganhar dos nossos pais uma boneca da Estrela – famosa indústria que fabricava e continua fabricando brinquedos infantis. Não confundir com nenhuma outra estrela... Enfim! Se todas as meninas que conhecíamos, sobretudo as da nossa faixa etária, tinham nem que fosse uma boneca da Estrela, nada justificava – pelo menos para nós – o fato de não termos sequer um exemplar qualquer. Ocorre que o tempo passou e, certo dia, eu ganhei uma boneca da Estrela, uma reprodução da boneca de pano Emília, personagem criada pelo escritor brasileiro Monteiro Lobato (1882 - 1948), de quem, aliás, eu já tinha praticamente devorado todos os livros infanto-juvenis. Exultei de contentamento, mas sabia que só tinha ganhado a boneca porque a minha mãe era uma admiradora incondicional do artesanato. Daí ter sido o material com o qual a boneca havia sido tecida a justificativa do presente.

Enfim! Lembrei dessa história ao ler na imprensa sobre a homenagem prestada pelo artista plástico norte-rio-grandense Marcus Baby à la presidenta Dilma Rousseff, criando uma boneca com os seus traços. A idéia surgiu quando foi anunciada a vitória da petista nas urnas. Aí, dois meses foram necessários para a confecção da boneca, que já anda a ser chamada de Barbie Dilma – como as pessoas são maldosas! –, que recebeu tratamento vip, com direito à maquiagem, corte de cabelo com luzes invertidas, colar de pérolas combinando com os brincos e um conjunto de vestido, blazer vermelho inspirado nas orientações do estilista Alexandre Herchcovitch e um toque final: a faixa presidencial. Segundo o artista, que já criou outros bonecos de outras ditas celebridades, a homenagem à Dilma reflete a importância da sua eleição e a admiração que ele sente por sua história de vida. Únicos, os exemplares da boneca não estão à venda, mas, confesso, eu queria um...



Nathalie Bernardo da Câmara


P. S.: Como diria a emergente Clô, personagem interpretada pela atriz brasileira Irene Ravache em um folhetim televisivo nacional: “O país reciclou”...



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