sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

ÁRTICO NADA PLÁCIDO!

JUAN-VIDAL/Creative Commons

“A Avaaz é inspiradora... e tem feito uma tremenda diferença...”.
Al Gore
Jornalista, ambientalista e político norte-americano, Nobel da Paz em 2007.


De há muito, cientistas de todos os matizes e nacionalidades alertam para o contínuo e acelerado degelo no Ártico, consequência inevitável do aquecimento global – fato, inclusive, que os deixam vulneráveis, nada seguros, nas suas incursões e pesquisas, já que, não é de hoje, passaram a navegar em território desconhecido, tipo nadando contra a corrente... De qualquer modo, Organizações Não-Governamentais de caráter ambiental insistem nas suas missões ao Ártico. Recentemente, contudo, no dia 19 setembro de 2013, uma dessas missões – notáveis –, empreendida, no caso, pelo Greenpeace, terminou chamando mais atenção não para uma das suas campanhas, mas porque uma embarcação da ONG e os seus trinta tripulantes foram detidos pela polícia de fronteira russa quando tentavam subir numa plataforma de petróleo que, além de descumprir medidas de segurança, ameaça seriamente o ecossistema da região. Entre os tripulantes presos, a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, liberada após cerca de dois meses de cárcere, acusada inicialmente que foi por crime político e, depois, por vandalismo – duas acusações que, por si só, foram descabidas, sem falar que não se sustentaram devido à pressão da opinião pública mundial. Segundo a ativista, em reportagem concedida à imprensa depois que desembarcou no Brasil: — O Ártico tem um papel regulador do clima do planeta. Dizemos que ele é o refrigerador da Terra, porque emite de volta ao espaço boa parte da radiação do Sol. Com seu derretimento, a tendência é que os efeitos das mudanças climáticas se intensifiquem. Podemos, por exemplo, ter enchentes ou ondas de calor com mais frequência.

Então... No dia 24 de dezembro, por e-mail, o ativista canadense Ricken Patel, em nome de toda a equipe da Avaaz, ONG da qual é diretor-executivo, anuncia que aquela talvez fosse a sua mais importante correspondência para a comunidade online – para quem ainda não conhece, a Avaaz foi lançada em 2007 e, desde então, sobretudo através de petições via internet, vem dando voz e mobilizando “milhões de pessoas de todo tipo para agirem em causas internacionais urgentes, desde pobreza global até os conflitos no Oriente Médio e mudanças climáticas” – isso ao redor mundo –, promovendo mudanças positivas em todos os sentidos.

NBC

Eis na íntegra, portanto, cópia da referida carta (as frases em destaque são do autor):

A cientista Julienne Stroeve estuda o gelo da região do Ártico há décadas. Todos os anos no verão ela viaja para o norte para medir a quantidade de gelo derretido. Ela sabe que as mudanças climáticas estão contribuindo para o gelo desaparecer rapidamente, mas durante sua última viagem ela ficou ainda mais surpresa com o que viu. Grande áreas onde antes existia apenas gelo estavam descobertas - é pior do que imaginávamos.

É sobre isso que os cientistas têm nos alertado. À medida que a terra aquece, surgem “pontos de ebulição” que aceleram o aquecimento descontroladamente. O aquecimento derrete o gelo do mar do Ártico e destrói um grande “espelho” branco que antes refletia o calor para fora da nossa atmosfera. Mas com o derretimento, o calor é retido nos nossos oceanos, contribuindo para derreter mais gelo, em um efeito dominó. Tudo fica fora do controle. Em 2013, tudo – tempestades, temperaturas – chegou a níveis jamais vistos. 

Podemos impedir isso se agirmos rápido e em conjunto. Diante desse pesadelo que pode nos levar à extinção, poderemos criar um futuro inspirador para nossos filhos e netos. Um futuro verde, limpo e em equilíbrio com o planeta que permite a nossa vida. 

Temos 24 meses até a Conferência de Paris, escolhida por líderes de governo como o momento para determinar o destino de nossos esforços para acabar com as mudanças climáticas. Parece muito tempo, mas não é. Serão 24 meses para colocar as pessoas certas no poder, levá-las para a conferência, mostrar-lhes um projeto, fazê-las se responsabilizarem por ele e se comprometerem com a transparência. Somos nós contra as empresas de petróleo e o cinismo, que, a respeito das mudanças climáticas, não é só inútil, como também atrapalha as pessoas que acreditam em mudanças. Já passou da hora, mas ainda temos condições de parar esta catástrofe, trocando a exclusividade do carvão e do petróleo em nossas economias por outras fontes de energia. Isso vai unir as pessoas em todo o mundo ainda mais: um comprometimento profundo e em cooperação para proteger o nosso planeta. É uma perspectiva muito bonita e o tipo de futuro que a comunidade da Avaaz nasceu para criar. 

Vamos precisar de todo o amor, esperança e inteligência coletiva que temos em mãos. O plano é o seguinte:

1. Tornar a questão política, elegendo líderes do clima. Três países de fundamental importância terão eleições no próximo ano. Vamos garantir que as pessoas certas vençam nas urnas e tenham as propostas ideais. A Avaaz é uma das poucas organizações de lobby global que pode mergulhar na esfera política. E já que essa luta vai ser decidida numa arena política, possivelmente seremos nós contra as empresas de petróleo disputando qual será o rumo tomado pelos nossos políticos;
2. Dar força a François Hollande. O presidente francês será o anfitrião da Conferência de Paris, uma posição de poder. Temos de esgotar todas as táticas e canais de comunicação – seus amigos e família, seus eleitores e conselheiros – para torná-lo um herói e dar a ele força para conduzir a conferência ao sucesso;
3. Partir para novos desafios. O tamanho desta crise exige ações que vão além de campanhas ocasionais. Chegou a hora de executarmos ações fortes, diretas, não-violentas e que capturem o imaginário popular, explicitem a urgência do problema e motivem outras pessoas a agirem também. Algo como o movimento "Occupy". 
4. Combater os estraga-prazeres. Bilionários como os irmãos Koch nos EUA e as empresas de petróleo são os maiores estraga-prazeres quando se fala em combater as mudanças climáticas. Eles alimentam a opinião pública com pesquisas científicas fajutas que confundem as pessoas e gastam milhões de dólares em publicidade enganosa, além de comprarem os políticos aos montes. Por meio de um trabalho de jornalismo investigativo, precisamos expor e contra-atacar os atos de irresponsabilidade destes grupos. 
5. Definir o que será o acordo. Mesmo diante de uma catástrofe planetária, 195 governos em uma sala podem simplesmente não chegar a uma solução. Precisamos investir em aconselhamento político de alta qualidade para desenvolvermos estratégicas inteligentes, mecanismos e compromissos bem delineados. Assim, quando a conferência começar, a maioria dos chefes de estado já terá sido convencida de grande parte do acordo e ninguém poderá dizer que não existem boas soluções para as mudanças climáticas.

Durante a última grande conferência climática, em 2009, na cidade de Copenhague, a nossa comunidade teve um papel fundamental nas "eleições climáticas" do Japão e da Alemanha e na mudança da política climática do Brasil, além de termos ajudado a conseguirmos a vitória por um acordo financeiro global no qual os países se comprometeram a doar 100 bilhões de dólares por ano para os países pobres combaterem os efeitos das mudanças climáticas. Naquela época, a Avaaz tinha apenas 3 milhões de pessoas. Após Copenhague, descobrimos que precisávamos ser um pouco maiores para ficar no nível do desafio imposto pelas mudanças climáticas. Agora somos 32 milhões, e crescemos à velocidade de dois milhões de membros por mês. 

As mudanças climáticas são um problema de ação coletiva mundial que requer a cooperação de todos os governos do mundo. Com os milhões de nós unidos em uma visão comum e espalhados por todas as nações, a Avaaz é a solução para uma ação coletiva. Chegou a hora de construirmos um mundo para nossas crianças cuja beleza esteja à altura dos nossos sonhos. Vamos dar o primeiro passo juntos. 

Precisamos de doações para dar a largada neste plano. Não importa a quantia, ou a escolha. Podemos sonhar, e podemos agir: comprometa-se com o que puder – a sua doação só será processada se alcançarmos nossa meta de 50 mil mantenedores. Clique abaixo...

Com esperança e gratidão por essa incrível comunidade, Ricken e toda a equipe da Avaaz.

Mais informações:

Governos podem chegar a um pacto amplo para o clima em 2015 (Planeta Sustentável)
http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/planeta-urgente/governos-podem-chegar-a-um-pacto-amplo-para-o-clima-em-2015/ 

Banco Mundial teme que aquecimento global provoque penúria alimentar (Correio Braziliense)
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica-brasil-economia/33,65,33,3/2013/06/19/internas_economia,372200/banco-mundial-teme-que-aquecimento-global-provoque-penuria-alimentar.shtml 

"É em 2015 que o mundo munda" (Portal Ver)
http://www.ver.pt/conteudos/verArtigo.aspx?id=1557&a=Sustentabilidade 

O derretimento do gelo no Ártico causa o desequilíbrio metereológico (em inglês) (NBC News)
http://science.nbcnews.com/_news/2013/05/30/18631374-arctic-sea-ice-melt-disrupts-weather-patterns?lite 

A "espiral da morte" do gelo no Ártico (em inglês) (Slate)
http://www.slate.com/blogs/bad_astronomy/2013/05/28/arctic_sea_ice_global_warming_is_melting_more_ice_every_year.html 

Com a vulnerabilidade do gelo no Ártico, o verão traz uma temporada de derretimento (em inglês) (The Christian Science Monitor)
http://www.csmonitor.com/Environment/2013/0501/With-Arctic-sea-ice-vulnerable-summer-melt-season-begins-briskly-video 

Níveis de gelo no Ártico devem chegar aos seus níveis mais baixos em poucos dias (em inglês) (Guardian)
http://www.guardian.co.uk/environment/2012/aug/23/arctic-sea-ice-record-low 


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