“Moro num país tropical, abençoado por deus e bonito por
natureza...”.
Jorge Bem Jor, músico e compositor
Brasileiro.
Tudo teve início
quando, há pouco mais de quinhentos anos, aparentemente do nada, por estas
plagas aportaram algumas naus, nelas trazendo só gente do bem, inclusive degredados
lusos, a escória de Portugal. Esses estranhos viajantes, falando uma língua
ainda mais estranha – obviamente que ajudados por um gaiteiro, pois só queriam
os nossos bens para continuarem bem –, alegaram avarias no mar e,
aproveitando o “ensejo”, fizeram-se de desentendidos e, para causar boa
impressão aos donos da casa, distraí-los, ganhar a sua confiança e serem bem
recebidos, presentearam-nos com todo tipo de tranqueira que haviam trazido
exclusivamente para tal fim – tudo premeditado! Não demorou muito, pois na
“ilha” foram ficando – como se fosse a coisa mais natural do mundo –, os
viajantes, já não mais “perdidos”, tornaram-se imigrantes, bem como os
primeiros posseiros das terras recém “descobertas” – nascia aí, entre outras apropriações indébitas, a prática de
grilagem no Brasil, além da propaganda enganosa, fundamentando
as bases de futuros estragos no país. Desde então, sem aprender a lição, o
brasileiro continua sendo um povo acolhedor, cordato e generoso. É tão gentil
que, além de hospedar o Aedes aegypti,
que, diga-se de passagem, é de origem egípcia, ainda abriga toda sorte de
degenerados, os de fora e os de dentro, considerando que, mesmo no melhor dos
cafezais, sempre haverá carunchos. No caso, certa corja de meliantes, uma quadrilha
de bandidos, que, atualmente, travestidos de políticos, aproveitam-se das
benesses que o poder confere, pelo menos, infelizmente, no que concerne ao Brasil. Só que, para a nossa indignação e desconforto, saqueiam, a seu bel
prazer, tudo o que encontram pela frente, incluindo, entre outras, as riquezas
naturais, que, embora não se saiba como – milagre ou proeza da física quântica
–, ainda restam nesse vale de lama e de lágrimas...
O Muro
Foto: Lula Marques (11⁄04⁄2016).
No domingo 10 ⁄ 4, por ordem do governador do Distrito
Federal Rodrigo Rollemberg (PSB), uma estrutura metálica de 1,1 metros de extensão e dois de altura, com
um corredor de separação de 80 metros de largura, começou a ser instalada por
cerca de 30 presos em regime semiaberto no gramado da Esplanada dos
Ministérios, em Brasília. Autorizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), como forma de preservar a área central do Plano
Piloto, tombada pela Unesco, a instalação tinha como objetivo evitar, no
domingo seguinte (17), que confrontos ocorressem
durante a votação da abertura do processo de admissibilidade do impeachment da
presidenta Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, garantindo a segurança dos
presentes. O lado direito do “muro”,
portanto, seria destinado ao favoráveis à abertura do processo de impeachment,
enquanto o lado esquerdo ficaria reservado aos que se opunham. Obviamente que a
decisão gerou polêmicas, com a instalação logo sendo chamada por muitos como o
“Muro da Vergonha”, por incitar ainda mais a divisão da população; por outros
como o “Muro do Impeachment” e pela imprensa internacional como o “Muro de
Brasília”, numa alusão ao muro que, após a Segunda Guerra Mundial (1939 -
1945), dividiu Berlim, na Alemanha. Dias antes, contudo, da votação na Câmara
dos Deputados, passantes e curiosos aproveitaram para fazer uso do “muro” de
várias formas: uns jogaram vôlei; outros picharam a estrutura, na qual também
afixaram cartazes com vários dizeres, inclusive um “bora se amar”, mensagem,
aliás, que motivou um casal com ideologias
políticas distintas a subir em escadas, cada um de um lado e, sobre o “muro”,
beijarem-se – imagens logo “viralizadas” nas redes sociais.
Fotos: Luisa Martins (twitter) e Antonio Cruz (Agência Brasil).
Fotos: Antonio Cruz (Agência Brasil) e Gustavo Oliveira (Democratize).
Então, chegado o dia da votação, foi posta em prática a
Operação Esplanada, executada, de forma integrada, pela Secretaria de Estado da
Segurança Pública e da Paz Social, em conjunto com a Polícia Militar, a Polícia
Civil, o Corpo de Bombeiros Militar e o Departamento de Trânsito, que, no
corredor de sepação, disponibilizaram serviços especializados de segurança e
atendimento médico para eventuais emergências – ironicamente, a única coisa
que, provavelmente, os organizadores do “evento” não previram foi a de que o gramado
não era o local a ser reservado para os manifestantes pró e contra o
impeachment, mas uma arquibancada qualquer...
Circo dos horrores?
Cartum:
Ademir Paixão.
Sei não, mas acho
que um circo organiza-se melhor. Um cabaré também. Exemplo disso foi o
prostíbulo criado pela rainha de Nápoles Jeanne D’Anjou (1326 - 1382) quando,
lá pelos idos de 1347, ela morava em Avignon, na França: a criação da
“instituição salutar” foi prevista por edital, incluindo as suas normas de
funcionamento e de conduta, a fim de que a ordem fosse mantida. Caso contrário,
o infrator sofreria severas sanções. Porém, de todas as normas, a principal
era: “O lugar terá uma porta por onde todos possam entrar.” Tempos depois,
viajando o mundo, a máxima chegou ao Brasil através dos colonizadores
portuguesas, embora, nenhuma novidade, já distorcida, ficando conhecida como
“Casa de mãe Joana”, que, segundo o folclorista brasileiro Luís da
Câmara Cascudo (1898 - 1986), significa onde cada um faz o que quer, um lugar
onde impera a desordem, bem como a desorganização e o desmando...
Cartum: Ivan Cabral.
Então,
todo esse preâmbulo para tentar resumir a votação da abertura de
admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff no plenário da
Câmara dos Deputados, em Brasília, no domingo (17), classificando-o de
“barraco”. Do início ao fim. Sim, uma sequência de cenas pavorosas, repulsivas,
deprimente... Não seja por falta de adjetivos, já que, afinal, as cenas criaram
um ambiente escatológico, onde só faltou “pinico”! Coisa feia, pessoas eleitas
para representar o povo no Legislativo comportando-se de maneira tão
inconsequente. Pareciam até um bando de moleques! De repente, muitos até com
demência – uma aberração? Os horrores, contudo, tiveram início na sexta-feira
(15), quando, às 8h55, começou a mais longa das sessões da Câmara dos Deputados...
Cartum: Genildo Ronchi.
Isso
mesmo, a mais longa das sessões da Câmara dos Deputados – ao todo, foram 42
horas e 47 minutos de “debates”, que se encerraram às 3h42 da madrugada do
domingo, com a abertura dos “trabalhos” da votação presidida pelo presidente da
Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prevista para o período da tarde. Nesse
ínterim, houve quem aproveitou para reafirmar laços, alianças...
Capa da revista Piauí
– edição nº 112 – janeiro de 2016.
Uns
para confabular...
Cartum: Junião.
Outros
para ensaiar um “coreto”...
Cartum: Nani Lucas.
Teve
até que foi barrado no baile!
Cartum: Santiago Neltair Abreu.
O
que causa indignação, contudo, é o fato de que quem tem orquestrado toda a
conspiração contra a chefe do Executivo, que, inclusive, todos sabem, não
cometeu crime de responsabilidade algum, é o deputado evangélico Eduardo Cunha,
réu no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de um sem fim de crimes, sendo,
atualmente, todos sabem, o “cidadão” brasileiro que possui a ficha criminal
mais suja do país, ou melhor, mais suja do que pau de galinheiro, um autêntico 171.
“Ameaçar
advogados e suas famílias, intimidar jornalistas e atrapalhar investigações são
práticas mafiosas. Na camorra parlamentar do país, ninguém tem dúvidas sobre a
identidade do CAPO...”.
Cartunista Renato Machado.
E
não é só ele não!
Cartum: Nani Lucas.
Segundo
o portal da Empresa Brasil de Comunicação,
que colheu os dados na plataforma do Projeto Excelências, da ONG Transparência
Brasil, dos 513 deputados federais inscritos para a votação da abertura de
admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, 298 foram
condenados ou respondem a processos na Justiça, inclusive eleitoral, ou
Tribunais de Contas, o que representa 58,09% dos parlamentares que compõem a
Câmara dos Deputados (dados ao final desta postagem). Ah! Isso sem falar que,
além do caráter nada idôneo da maioria dos parlamentares, ainda tem outro
aspecto bastante preocupante, que são as ideologias nazifascistas de muitos...
Cartum: Gilmar de Oliveira Fraga.
Então...
Cartum: Alpino.
Pouco antes das 18h do
domingo, Eduardo Cunha declarou aberta a votação, que durou quase dez horas e da
qual participaram 511 dos 513 deputados federais inscritos para o pleito –
pleito esse grotesco, sobretudo quando os “nobres colegas” tentaram “argumentar”
a favor dos seus respectivos votos, ao vivo e a cores, perante todos... Prevendo,
contudo, o absurdo do que se veria no período de votação, o deputado Alessandro
Molon (Rede-RJ), advertiu: “Essa tarde nada tem
a ver com combate à corrupção. Se tivesse alguma coisa a ver, o líder desse
processo certamente não seria o deputado Eduardo Cunha”. Tanto não tinha que,
diante da péssima repercussão que tiveram os “argumentos” dos parlamentares, um
teste, que compilou as falas mais esdrúxulas para justificar o impeachment e
que está circulando nas redes sociais, sugere que o leitor escolha a melhor das
“pérolas”. Voilà!
Cartum: Carlinhos Müller.
( ) “Pelo aniversário da minha neta”
( ) “Pelos fundamentos do cristianismo”
( ) “Pelos princípios que ensinei a minha filha”
( ) “Pelo Bruno e o Felipe”
( ) “Pelo meu neto Pedro”
( ) “Pelos maçons do Brasil”
( ) “Pelos produtores rurais, que se o produtor não plantar, não tem almoço nem janta”
( ) “Proposta de que criança troque de sexo na escola”
( ) “Pelo fim da rentabilização de desocupados e vagabundos”
( ) “Pela Família Quadrangular”
( ) “Pelos idosos e pelas crianças”
( ) “Pelo fim da Vagabundização remunerada”
( ) “Pela Minha mãe nega Lucimar…”
( ) “Pela renovação carismática”
( ) “Pelos médicos brasileiros”
( ) “Pelo fim da CUT e seus marginais”
( ) “Por amor a esse país”
( ) “Pelo fim dos petroleiros, digo, do Petrolão”
( ) “Pelos progressistas da minha família, Maria Vitória”
( ) “Pela República de Curitiba”
( ) “Em memória do meu pai”
( ) “Por causa de Campo Grande, a morena mais linda do Brasil”
( ) “Para me reencontrar com a história”
( ) “Pelo estatuto do desarmamento”
( ) “Pelo comunismo que assombra o país”
( ) “Pela nação evangélica”
( ) “Pelo povo destemido e pioneiro do estado de Rondônia”
( ) “Pelo resgate da auto estima do povo brasileiro”
( ) “Pela BR 429”
( ) “Pela minha esposa, pelo meu filho e minha filha”
( ) “Por Daiane, Mateus e Adriane”
( ) “Por todos os corretores de seguro”
( ) “Pela minha filha Manoela, que vai nascer”
( ) “Pela minha mãe, que está em casa, com os seus 93 anos”
( ) “Pelo meu neto e bisneto”
( ) “Em homenagem ao aniversário da minha cidade”
( ) “Pela minha mãezinha”
( ) “Pela paz de Jerusalém”
( ) “Pelo melhor estado, o Tocantins”
( ) “Em memória do meu irmão”
( ) “Pela minha mulher, que nesse momento luta pela vida”
( ) “Como diz Olavo de Carvalho, “O PT vai dar pt no Brasil: ‘perca’ total!”
( ) “Pelo setor gerador de renda, o setor agropecuário”
( ) “Pelo meu filho Breno e pela minha querida PM de São Paulo”
( ) “Pelos militares de 64”
( ) “Por Sofia e Luna e Guarulhos”
( ) “Sob as bênçãos do grande arquiteto do universo”
( ) “Pelos meus netos Guilherme, Eliza e Gabriel”
( ) “Pelo povo com nome no SPC”
( ) “Para não sermos vermelhos como a Venezuela e Coreia do Norte”
( ) “Por um pai de 78 anos, que me ensinou os princípios da palavra de Deus”
( ) “Pela Sandra, pela Érica, pelo Vítor, pelo Jorge e por meu neto que está chegando”
( ) “Pelo meu filho que carrega meu nome, Luis Lauro”
( ) “Pelo meu filho de 18 anos”
( ) “Pelos meninos do MBL, pelos evangélicos dessa nação e contra o Partido das Trevas”
( ) “Pelo meu neto Gabriel”
( ) “Pelo Meu Estado de SP, governado há 20 anos por políticos honestos do meu partido”
( ) “Pela minha filha, que tem 20 anos”
( ) “Pela minha mulher e pela minha filha, que são as minhas principais eleitoras”
( ) “Em homenagem às minhas únicas e verdadeiras riquezas, minhas filhas”
( ) “Pelo fim dos coronéis”
Resumindo...
Cartum: Junião.
Então,
seria redundante dizer que, em tempo real, tais “argumentos”, entre outros –
uma performance surreal –, além do bate-boca e empurra-empurra contínuos, ou
melhor, da baixaria, tudo tão decadente, que envolveu tal processo, fizeram os
“excelentíssimos” deputados virarem motivo de chacota dentro e fora das redes
sociais, nas ruas, praças, praias, botecos, em cada esquina, inclusive, nenhuma
surpresa, chocando a imprensa internacional...
Cartum: Latuff.
Os
cartunistas brasileiros, por sua vez, acostumados à indigesta política que é
praticada no país, embora não menos indignados, refastelaram-se!
Cartum: Alexandre Oliveira.
Cartum: Samuca.
Cartum: William Medeiros.
Cartum: Alpino.
Cartum: Duke.
Cartum: Simanca.
Uma
verborragia as “dedicatórias”, apenas confirmando o “nível” dos parlamentares:
níveis emocionais, intelectuais, morais, mentais... – quando não moleques, com
um déficit incrível de discernimento; quando não, desprovidos de ética,
corruptos; quando não, insanos, alienados. Ou tudo junto, misturado. Na
verdade, como se diz, analfabetos de pai e mãe, ou seja, em todos os sentidos. Porém,
o mais grave de todo esse script,
dessa película de quinta, superando até mesmo o resultado final da votação, com
367 oradores “posicionando-se” favoráveis ao impeachment e 137 contra, foi a
“aparição surreal” do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que, ao “argumentar” o
seu voto a favor do impeachment, fez apologia, entre outros disparates, à
ditadura militar no Brasil (1964 - 1985) e à tortura, um crime de
lesa-humanidade, no momento em que homenageou o coronel Alberto Brilhante
Ustra, comandante do DOI-Codi (Destacamento de Operações Internas) de São
Paulo, no período de 1970 a 1974, tornando-se, em 2008, o primeiro militar a
ser reconhecido, pela Justiça, como torturador durante a ditadura. Morreu de
câncer em 2015 – foi tarde. Diante, portanto, do discurso do seu adversário
político-ideológico, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) não se conteve e, num
gesto de repulsa, cuspiu em direção ao nazifascista – não acertou o alvo, mas o
gesto gerou repercussão, igual repercutiu o discurso repleto de ódio e
preconceito do asqueroso Bolsonaro.
Cartum: Simanca.
Não
deu outra! Dois dias depois, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB-RJ), Felipe Santa Cruz, afirmou que a entidade irá recorrer ao Supremo
Tribunal Federal (STF) e, se necessário, à Corte Interamericana de Direitos
Humanos, na Costa Rica, para pedir a cassação do mandato do parlamentar, bem
como entrará com uma representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados
para que o discurso do parlamentar na votação do impeachment seja apreciado e
que, por seu teor, ele sofra as devidas penalidades previstas por lei. Enquanto
isso, presa política no anos setenta, inclusive torturada pelo coronel Ustra, a
presidenta Dilma Rousseff, em conversa com correspondentes de jornais estrangeiros,
criticou Bolsonaro, dizendo que sobre Ustra recai não só acusação de tortura,
recai também acusação de morte: “É terrível ver alguém votando em homenagem ao
maior torturador que esse país já conheceu. É lamentável.”
Cartum: Latuff.
No
dia 20, foi a vez do Instituto Vladimir Herzog emitir uma nota de repúdio em
relação as declarações do político, pedindo que todos os parlamentares o
“expulsem de seu convívio” e que o impeçam de continuar ofendendo e
envergonhando o Brasil. Nesse mesmo dia, a Procuradoria-Geral da República
informou que, após quase 18 mil reclamações recebidas contra o teor da fala de
Bolsonaro, decidiu instaurar um procedimento interno para investigar o caso. Que
assim o seja, pois qualquer pessoa que tenha o mínimo de bom senso não suporta
mais ter de aturar as sandices desse rapaz. No bojo, então, das homenagens dos
parlamentares na votação em questão, a salvação da lavoura chegou do
Nordeste...
Piauiense
arretado, o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) saiu lá do Ceará, num calor de
tirar o juízo, mas que não tirou o seu, cuja simplicidade sertaneja e luvas de
vaqueiro foram capazes de ironizar com a hipocrisia dos golpistas, lavando a
alma de todos os que, pasmos, na arquibancada, agonizavam diante do delírio
coletivo instalado no picadeiro. Diante do microfone, foi logo dizendo: “Calma,
gente! Eu estou emocionado. Eu pensei que vinha para uma reunião política, mas
vim para o encontro de bons maridos e de bons pais”, que na fala, nenhum era
desonesto, mas que já tinham estado nas páginas policiais dos jornais, menos na
sociais. Em seguida, em nome de 54 milhões de brasileiros, votou contra o golpe.
“Viralizou”, né, nas redes sociais? E foi parar nos chamados “Trending Topics”
do Twitter, ou seja, os assuntos mais comentados no microblog. Enquanto isso,
ao final da votação, cujo resultado, infelizmente, era previsível...
Cartum: Edgar Vasquez.
Na
manhã da segunda-feira (18
⁄ 4), contudo, já tendo sido
aprovado o processo
de admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff....
Cartum:
Edgar Vasquez.
É,
não é à toa que a educação é o termômetro que indica o nível de desenvolvimento
de um povo – povo esse que, um dia antes, ao ficar de fora das dependências da
Câmara dos Deputados, na Esplanada dos Ministérios, e ainda separado por um “muro”,
sujou bem menos do que um bando de marmanjos emporcalhados que, de há muito, perdeu
o senso do ridículo. O “muro”, por sua vez, que custou aos cofres públicos R$
7.850, sendo “derrubado”, pois, afinal, não tinha mais serventia, apesar de o
país continuar dividido....
Cartum: Gilmar de Oliveira Fraga.
Crianças
seguindo o mau exemplo de certos adultos...
Cartum: Lute.
Bandido
pobre, sem foro privilegiado, achando tudo legal, apostando na impunidade...
Cartum: Duke.
Ninguém
sem entender nada...
Cartum: Duke.
Cartum: Genildo.
Outros
simplesmente tristes, preocupados com os destinos da Nação...
Cartum: Junião.
Certo
alento, contudo, é que, ao longo da semana, pudemos observar certos episódios
interessantes, tipo os envolvendo certos (as) parlamentares que, fazendo-se
passar por paladinos da Justiça, combatendo a corrupção, já estão com os seus
dias de liberdade contados. E a lista é grande!
Cartum: Ivan Cabral.
Cartum: Duke.
Falando
“nisso”, ainda tivemos, ao longo da semana, a oportunidade de observar a
perplexidade do mundo diante da triste realidade do Brasil, uma jovem
democracia que, mal tendo saído de uma ditadura, está sendo ameaçada por um golpe
branco, capitaneado, paradoxalmente, por um dos maiores bandidos que o país já
conheceu. São povos, governos outros, todos compadecendo-se da má sorte do
Brasil – a imprensa internacional, por sua vez, diferentemente do que ocorre cá
por estas bandas, não se humilha em troca de favores e, num gesto de solidariedade
nunca antes visto, denuncia o golpe, apoiado, inclusive, pelas grandes empresas
de comunicação do país.
Cartum: Laerte.
E
embrulhando ainda mais o estômago dos golpistas, a longa entrevista da CNN Internacional com o repórter
norte-americano Glenn Greenwald, ganhador do prêmio Pulitzer Prizes, acerca da
política brasileira. Do Rio de Janeiro, ele narrou, em detalhes, e para todo o
mundo ficar sabendo, o que realmente está acontecendo no Brasil, criticando, ao
final, aqueles que querem dá um golpe na democracia brasileira: “Eles saíram da
ditadura apenas em 1985, e é realmente perturbador olhar para eles brincando
com a democracia desse jeito”, relatou Greenwald à âncora da emissora
Christiane Amanpour (link para a entrevista ao final da postagem). Já a revista
britância The Economist, que circulou no
dia 21, data de Tiradentes (1746 - 1792), tido como o herói traído da
Inconfidência Mineira (1789), estampou, na capa, um apelo ao planeta.
Cartunistas
brasileiros, por sua vez, associaram a morte brutal de Tiradentes ao “estrangulamento”
da Constituição Brasileira e ao da democracia no país.
Cartuns: Paulo Stocker e Ademir Paixão.
Uma
semana agitada, ainda mais porque a presidenta Dilma Rousseff esteve na sede da
Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, participando, no Dia da
Terra (22), da assinatura do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, um
acordo universal. E teria direito à voz durante a sessão de abertura do evento.
Porém, foi diplomata, apenas mencionando, e ao final da sua fala, que,
atualmente, o Brasil passa por um grave momento.
Foto: Roberto Stuckert Filho⁄PR
“Não
posso terminar minhas palavras sem mencionar o grave momento que vive o Brasil.
A despeito disso, quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade
que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo
é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho
dúvidas, impedir quaisquer retrocessos. Sou grata a todos os líderes que
expressaram a mim a sua solidariedade.”
Na
entrevista coletiva, contudo, ao final do dia, ela confirmou aos jornalistas
que estava, sim, em curso, um golpe no Brasil: “Golpe é um mecanismo pelo qual você tira pessoas
do Poder por razões que não estão expressas na lei. Não há crime de
responsabilidade contra mim. Os golpes militares se deram rompendo a
Constituição. E no meu caso há um outro jeito de se dar o golpe: basta a mão
(do voto dos congressistas), que é extremamente poderosa. Com ela você rasga a
Carta Constitucional e está dado o golpe. Você rasga os princípios democráticos,
está dado o golpe.” Por fim, ela disse que, nas próximas semanas, irá empenhar-se
para defender o seu mandato, garantido por 54 milhões de votos dos eleitores
brasileiros.
A coisa é mais ou menos assim...
Cartuns: Ademir Paixão e Nani Lucas
Charge: Latuff.
Cartum: Vitor Teixeira.
Epa!
#NãoVaiTerGolpe
#PeloFimDoForoPrivilegiado
#PeloFimDoForoPrivilegiado
#ForaCunha
#DilmaFica
E os degenerados golpistas que vão catar coquinho
noutra freguesia...
Cartum: Alpino.
Que
assim o seja, com a democracia retomando o seu curso, já que, afinal, em 2018,
terão eleições presidenciais – oportunidade para quem quiser, e estiver apto
para tal, candidatar-se. O que não está correto é querer, por interesses
escusos, sabotar o direito de governar de uma presidente eleita
democraticamente por 54 milhões de votos. De qualquer modo, apesar do meu
otimismo, o fato é que as minhas manhãs têm sido assim...
Cartum: Odyr.
Mas
de uma coisa sei...
Nathalie Bernardo
da Câmara
Em tempo:
Link
para uma reportagem sobre a votação da abertura de admissibilidade do
impeachment da presidenta Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados,
em Brasília, no domingo (17), contendo a lista, nominal, de todos os deputados
que votaram a favor do impeachment da chefe do Executivo, dos que votaram
contra, dos que se abstiveram e dos ausentes durante a sessão, publicada pelo
portal da Empresa Brasil de Comunicação
⁄ Agência Brasil de notícias: http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-04/cerca-de-60-dos-deputados-que-julgaram-dilma-tem-pendencias-na-justica
Entrevista
com do repórter norte-americano Glenn Greenwald a CNN Internacional:
Link
para a postagem Um fantasma ronda a
democracia, o fantasma do fascismo, ou seja, a primeira parte desta,
publicada neste blog no dia 29 de março de 2016: http://abagagemdonavegante.blogspot.com.br/2016/03/um-fantasma-ronda-democracia-o-fantasma.html
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