sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O SORRISO DE MONNA LISA


“A pintura é poesia sem palavras...”.

Voltaire (1694 - 1778), filósofo francês


Ela tem, apenas, cinqüenta e três centímetros de altura e quarenta e três de largura e, pelo menos aparentemente, é inofensiva. Porém, na semana passada, foi vítima do destempero de uma turista russa, que, em visita ao Museu do Louvre, em Paris, e sem maiores explicações, lhe arremessou uma caneca de cerâmica vazia. Ela é La Joconde, a famosa Monna Lisa, do pintor italiano Leonardo da Vinci (1452 - 1519). Pintada a óleo por da Vinci entre 1503 e 1508, Monna Lisa reside no Louvre desde 1867, de onde, aliás, chegou a ser roubada em 1911. Porém, encontrada na Itália, quase dois anos depois, em Florença, com um ex-funcionário do museu, o italiano Vincenzo Peruggia, retornou ao Louvre, onde continua acolhendo os visitantes com o seu sorriso sempre tão enigmático, alimentando um mistério. Afinal, até hoje, ninguém sabe se a tela é a representação fiel de um modelo existente, o retrato de uma conhecida ou a idealização de um tipo de mulher universal, na visão do pintor, embora todos saibam que é considerada a pintura mais célebre do planeta. E inquebrantável. Segundo um porta-voz do Louvre, ao chocar-se com o vidro de proteção da tela, a caneca partiu-se. O vidro, por sua vez, sofreu, apenas, pequenas rachaduras. A agressora de Monna Lisa foi retirada do museu e levada a uma clínica psiquiátrica.




Leonardo da Vinci viveu na França os últimos anos da sua vida. Convidado pelo rei Francisco I, que o recebeu com honras e regalias, Leonardo se instalou em um dos seus castelos, em Amboise, acompanhado de apenas três telas, entre as quais Monna Lisa, que, inclusive, chegou a ser adquirida pelo monarca. Falecendo no dia 2 de maio de 1519, aos sessenta e sete anos de idade, da Vinci legou à posteridade não somente pinturas conhecidas no mundo inteiro, mas, sobretudo, invenções as mais diversas. Além de pintor, o italiano foi igualmente engenheiro, arquiteto e cenógrafo, responsável por inventos militares, marítimos, hidráulicos, mecânicos e aeronáuticos – fato que, até hoje, muita gente desconhece. Sim, da Vinci foi um gênio de verdade, múltiplo, versátil, sonhador. E o Rei sabia disso. Tanto é que, além de uma renda anual fixa de setecentos escudos de ouro, Francisco I ainda pagava por cada um dos quadros pintados pelo artista, de quem assistiu a morte — cena, inclusive, que inspirou inúmeros pintores que os procederam. Quando morei em Paris, conheci Amboise e tive o privilégio de descobrir os seus encantos, renascendo na atmosfera particular do castelo de Cloux, transformado por da Vinci em um templo do Renascimento, simplesmente por amor ao belo.


Nathalie Bernardo da Câmara
Registro profissional de jornalista:
578 - DRT/RN, desde 1989



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