“Estar perdido na floresta é o mesmo que estar perdido
no labirinto da multiplicidade da manifestação...”.
Marcelo Del Debbio
Arquiteto brasileiro
Há meses, lendo, casualmente, sobre as ditas virtudes que correspondem aos ditos pecados capitais, resolvi tecer algumas linhas a respeito, apesar deste não ser um tema que me apeteça, já que o considero controverso. Afinal, as catalogações, iniciadas no séc. IV, feitas por doutos da Igreja católica, sobre algumas das condutas humanas, passando por algumas mudanças ao longo do tempo, só têm uma aparente validade para quem reza na cartilha do catolicismo. Além disso, o mais badalado dos conceitos dos pecados e das virtudes, que se tem conhecimento, herdados do cristianismo, é extremamente relativo, variando de acordo com a moral vigente de uma época, de uma dada sociedade, de uma cultura etc.
Sem falar que, independentemente de não importa qual fator, cada ser humano tem, ainda, as suas próprias noções e entendimentos do que é certo ou errado, podendo, ambos, inclusive, sofrer mutações e variações, dependendo da vivência pessoal de cada um. No séc. IV, por exemplo, o monge cristão e asceta grego Evagrius de Pontus (345 - 399) classificou oito males do corpo humano. Porém, no séc. VI, se inspirado na referida classificação, o papa italiano Gregório Magno (540 - 604) definiu os pecados capitais, embora tenha reduzido a lista do grego para, digamos, sete infrações, substituindo, ainda, do rol de males do corpo humano, a acídia, ou depressão, pela melancolia, que, por sua vez, cedeu, no séc. XVII, espaço à preguiça.
Nos dias de hoje, portanto, quando dizem que os pecados capitais residem no excesso, considerados um caminho para o autoconhecimento, tem-se a seguinte lista de classificação dos sete pecados e das virtudes que lhes são oponentes, as quais, aliás, segundo muitos, indicam a luz para uma suposta salvação, ou seja: soberba ≠ humildade; inveja ≠ caridade; ira ≠ paciência; preguiça ≠ disciplina; avareza ≠ generosidade; gula ≠ temperança e luxúria ≠ castidade – parcerias antagônicas, digamos, inspiradas no poema alegórico Psychomachia, do poeta latino Prudêncio (348 - 410), que, de grande aceitação durante a Idade Média, propôs as virtudes para evitar que as pessoas não caíssem em tentação.
A meu ver, não acho que o antagonismo acima mencionado seja coerente, como, por exemplo, a caridade opor-se à inveja, que, pela lógica, teria como melhor opositor o respeito. Mas, como, nesta vida, tudo se resume a uma questão de ponto de vista... Caso contrário, teríamos normas de conduta uniformes, sem consideração à adversidade – uma chatice! Assim, como diria Marcos Fleury, membro da sociedade Brasileira de Psicologia Analítica - SBPA: “Historicamente, as religiões funcionaram como uma forma externa de controle e moderação dos apetites humanos. Com o tempo, o homem internalizou esse aspecto moderador, trocando a culpa – que era atribuída a um ente externo – pela responsabilidade individual por seus atos”.
No caso, a história pela qual me baseei, ou seja, nas crenças da Igreja católica, do catolicismo, sobre os ditos 7 pecados capitais, mas, apenas, tendo como inspiração o modus vivendi de um gato rebelde, personagem criada pelo cartunista norte-americano Jim Davis, que é o Garfield – uma graça! Vejamos, porque, pelo menos para mim, ele, o gato, é hilário - e a historinha que criei também -, já que, desde criança, sou fã do bichano. Mas, levando em consideração de que todos os pecados, a meu ver, ficam no limite do supostamente, ou seja...
1° pecado: Soberba – Supostamente, se bastar a um...
Virtude correspondente: humildade,
que significa modéstia.
2° pecado: Inveja – Uns têns e outros não...
Virtude correspondente: caridade,
que significa promover o bem de outrem.
3° pecado: Ira – Com raiva, o descontrole...
Virtude correspondente: paciência,
que significa suportar a espera.
4° pecado: Preguiça – Ser indolente...
Virtude correspondente: disciplina,
que significa cumprimento de ordem imposta.
5° pecado: Avareza – Querer mais dinheiro e não gastar...
Virtude correspondente: generosidade,
que significa dá sem nada em troca.
6° pecado: Gula – Descontrole na comida e na bebida,
nos prazeres gastros...
nos prazeres gastros...
Virtude correspondente: temperança,
que significa ser adepto da moderação.
7° pecado: Luxúria – Descontrole no sexo...
Virtude correspondente: castidade,
que significa abstinência total dos desejos sensuais.
Para muitos, o tema abordado na primeira parte deste blog é levado a sério, mas, para mim, sem deboche, isso tudo é, apenas, a forma que trato do mesmo, um ócio criativo, sobretudo a segunda parte, quando recorro ao Garfield para exemplificar os tais ditos 7 pecados capitais...
Nathalie Bernardo da Câmara
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