sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


O OSTRACISMO DE PAPAI NOEL


O fato deu-se mais ou menos assim: tão logo pousa no Rio de Janeiro, Papai Noel tem o trenó, as renas e os presentes que portava roubados em uma das ruas da Cidade Maravilhosa.


A pé, caminhando a esmo, ele passa sob uma ponte e encontra alguns desvalidos da sorte e, apesar do lhe acontecido, ele ainda consegue manter o bom humor, embora – é inevitável – conheça o constrangimento. No entanto, aflito por haver tudo perdido, ele decide procurar um banco qualquer e pede um financiamento para pagar o valor do resgate dos seus bens pedidos pelos bandidos que o roubaram. Em vão... Porém, sensibilizado com o drama vivido por Papai Noel, o gerente do banco limita-se a lhe conceder uma passagem aérea para Brasília. Em sua opinião, quem sabe la presidenta Dilma Rousseff não poderia ajudá-lo?


Porém, em Brasília, alimentando a esperança de que o dito espírito natalino iria sensibilizar la presidenta a ajudá-lo a recuperar os seus bens, sobretudo considerando que ele era o Papai Noel e que tinha compromissos a cumprir, outra decepção...
 Dilma, impaciente: — Não me faltava mais nada!

O dito bom velhinho, então, vendo recusado o seu pedido de ajuda, percebeu que a única opção à qual tinha de recorrer era apelar para a sorte e ganhar uns trocados na rua, apostando, de repente, na solidariedade de um transeunte qualquer, para, enfim, poder voltar para casa.  


Dito e feito! Não demorou muito, diante do aspecto decadente do idoso e de suas feições desesperadoras sentado em uma das entradas do Conjunto Nacional, em Brasília, Papai Noel conseguiu levantar o valor de uma passagem aérea para o Polo Norte, onde, ao chegar, tomou uma decisão radical. Traumatizado e falido, ele resolveu adotar uma prática comum do Brasil...


Na companhia apenas de duas renas que haviam ficado em sua casa, pois ambas eram ainda filhotes, de um trenó desativado e de um antigo uniforme de Papai Noel igualmente já gasto, além de descobrir que Mamãe Noel o havia abandonado pelo dono da Coca-Cola, o bom velhinho, ciente que havia perdido a sua função, decidiu arrumar um emprego nos classificados de um antigo jornal. Não havia como negar: era a sua derrocada. Como eu sei disso? Não sei, mas só sei que foi assim.


Nathalie Bernardo da Câmara



 
 

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