sábado, 10 de dezembro de 2011

O TEMPO NÃO TEM TEMPO


"Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda...".

Cecília Meireles (1901 - 1964)
Poetisa brasileira


Não sou afeita a dezembro. Literalmente falando. Parece-me um domingo qualquer – o dia mais inóspito de uma semana. Ou seja, sem nenhum atrativo. E só não é pior porque o mês passa de forma camaleônica, em contínua metamorfose – nada de doses homeopáticas. Dezembro... Quando o espírito do capitalismo camufla-se em espírito natalino, passando a reinar a hipocrisia e a mediocridade. A dissimulação. Afinal, as pessoas passam todo o ano as turras umas com as outras e, de repente, em um piscar de olhos, ou melhor, em um pisca-pisca de uma lâmpada qualquer, ornando uma dita árvore – de plástico –, tentam, nesse período do ano, ser humanas. Elas até se abraçam e se beijam. Em muitos casos, chegam a chorar, lamentando algo qualquer - não importa o motivo. E haja, ainda, o que chamam de confraternização! Sem falar que é consumo para lá, consumo para cá...

O pior é que as propagandas que passam na televisão só reforçam a compulsão do consumismo – são promoções a perder de vista! E eu não diria nem que é um ciclo vicioso, mas circo, deixando a maioria das pessoas com a vista embaçada, investindo os seus créditos – diga-se de passagem –, poucos. Ou quase nenhum. E ninguém me convence que la presidenta Dilma Rousseff, que, a cada semana, demite um correligionário, quer o bem deste país. O que a salva, ainda, aliás, é a benevolência do povo brasileiro. Tão compreensível – coitado... Só que a elegeu. Eu particularmente, não votei nela. Assim, não sou conivente com as falcatruas do governo federal. Afinal, votei em Marina Silva, que, infelizmente, não foi eleita, mas conseguiu o mérito de abocanhar 20% dos votos válidos dos brasileiros que desejam um país melhor, que preserve, sobretudo, o meio ambiente.

Falando em meio ambiente... Hoje, 9, chega ao fim mais uma Conferência das Partes – no caso, a COP 17 –, que teve início no dia 28 de novembro, em Durban, na África do Sul, anualmente reunindo-se para avaliar as condições climáticas da Terra. Segundo informações divulgadas pelo Jornal O Estado de S. Paulo, a ambientalista brasileira Marina Silva, presente ao evento, declarou “que a lei que altera o Código Florestal [brasileiro], aprovada pelo Senado, ‘dificultará em muito as metas’ assumidas pelo Brasil de cortar emissões de gases-estufa e pode alterar o cenário de redução dos desmatamentos”. De acordo, ainda, com o periódico, mediante palavras da ex-senadora do Meio Ambiente do nosso país, Marina Silva afirmou que “a lei faz com que o Brasil perca a posição de liderança que assumiu entre os países emergentes nas negociações climáticas”.

Para a ambientalista, os termos pelos quais o Código Florestal brasileiro foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente do Senado brasileiro no dia 23 de outubro enfraqueceu o país nessa luta – questão, aliás, já mencionada neste blog por diversas vezes –, que, inclusive, deve ser uma luta, ou uma batalha mundial, lembrando, segundo o jornal acima mencionado, “que [por exemplo] os 11% de redução no desmatamento da Amazônia neste ano, comparado ao período anterior, foram obtidos com a atual legislação”. E repito o que já publiquei no dia 29 de novembro, quando foram entregues à Dilma Rousseff “1,5 milhão de assinaturas contra as alterações do Código Florestal” – um estupro ambiental. Ou pior, uma legislação criminosa – diga-se de passagem. Ou seja, segundo Marina, “podem colocar em risco grandes áreas de floresta em todos os biomas brasileiros...”.

Quero o meu ambiente por inteiro!
Não pela metade...

Nathalie Bernardo da Câmara

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