quinta-feira, 14 de maio de 2015

INCA: NÃO AO USO DOS AGROTÓXICOS




06 de Maio de 2015 - eCycle

Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo e males crônicos só serão sentidos a longo prazo


Em abril deste ano, o Inca (Instituto Nacional de Câncer), ligado Ministério da Saúde, se posicionou contra o uso de agrotóxicos, ainda mais com a divulgação do aumento do uso no Brasil. A ideia é pressionar governos e entidades a aumentarem a regulação e o controle do uso desse produto e incentivar alternativas sustentáveis.
Desde 2009, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo (estima-se em 1 milhão de toneladas por ano, algo em torno de 5,5 kg de  veneno por habitante). O mercado de pesticidas cresceu na última década devido ao uso de sementes transgênicas.

O uso desse tipo de produto, basicamente, pode causar dois tipos de intoxicação:
1. Aguda: dá-se  pelo contato direto com o veneno, logo, costuma atingir o trabalhador rural. Pode causar irritação na pele e nos olhos, coceira, vômito, diarreia, espasmos, convulsões e até mesmo morte.
2. Crônica: é uma contaminação que ocorre em longos períodos de tempo com contatos de maneira indireta com o veneno. Ela pode afetar qualquer um. Dentre os possíveis problemas de saúde estão: infertilidade, impotência, aborto, malformações, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e nervoso central, além de câncer.

Há associações bastante contundentes entre exposição a pesticidas e surgimento de linfomas e cânceres de pulmão e de próstata.

O Inca adverte ainda que este mal costuma ocorrer de 20 a 30 anos após a exposição a agrotóxicos, sendo que a explosão de seu uso se deu há cera de 10 anos. Logo, as consequências se farão sentir daqui a 15 ou 20 anos.

A Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (Iarc, na sigla em inglês) classificou cinco agrotóxicos como possivelmente cancerígenos, dos quais três são permitidos no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, pelo menos outras dez substâncias usadas em lavouras brasileiras estão proibidas em lugares como os Estados Unidos e a União Europeia.

Os agrotóxicos não se encontram somente em alimentos in natura, mas também em alimentos industrializados cuja matéria-prima tenha produtos agrícolas que foram expostos aos pesticidas. Também podem estar presentes na carne e no leite de animais que se alimentam de ração com traços de agrotóxicos (por causa da bioacumulação).

Há algumas alternativas, entre elas a agricultura orgânica, que preza pelo equilíbrio ecológico, pela eficiência econômica e sua prática costuma vir acompanhada de regras trabalhistas mais claras, o que fortalece os agricultores.

Apesar das vantagens da prática, ela ainda enfrenta alguns entraves no Brasil, como o excesso de burocracia e poucos incentivos governamentais (isto se agrava ainda mais se lembrarmos que até hoje a indústria de agrotóxicos goza de incentivos fiscais no Brasil).

Um modo de consumir verduras orgânicas é aprender a produzir em casa - não deixe de conferir o curso de hortas orgânicas.


Fonte: Inca


Três anos antes...


Por um Brasil ecológico, livre de transgênicos e agrotóxicos

Número 581 – 20 de abril de 2012

“É socialmente inaceitável que o mercado seja o regulador das decisões tecnológicas”, alertou com aguda precisão a nova presidente do CONSEA, Maria Emília Lisboa Pacheco, ao tomar posse essa semana em cerimônia que contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff, seu vice e a ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social.

De fato, em matéria de transgênicos, caminhamos cada vez mais no sentido da desregulamentação, nos moldes estadunidenses. Sob pressão das empresas, ruralistas e afins, foi criada uma nova lei em 2005 que livrou os transgênicos dos estudos de impacto ambiental. A comissão que deveria avaliar os riscos desses produtos é em sua maioria formada por biotecnológos, que por princípio acreditam que não há e nunca haverá riscos. A crença é tamanha que além da pauta de liberações, a CTNBio se dedica também a afrouxar cada vez mais suas regras, mesmo aquelas mal colocadas em prática. É o caso do monitoramento pós-liberação comercial. Agora a empresa faz se quiser. E as exigências são genéricas.

Assim como a agricultura familiar foi usada como nobre desculpa para se desmanchar o Código Florestal, a defesa das pequenas empresas e das empresas públicas de pesquisa é usada como justificativa para a dispensa de exigências. “Se pedirmos muitos testes só as multinacionais poderão atender”.

Além disso, se uma empresa estiver monitorando, por exemplo, um milho transgênico “A”, mas depois ganhar aprovação do milho “AxB”, pode pedir para cancelar o que vinha fazendo e passar a monitorar apenas o novo milho. Contudo, logo pode ser liberado o milho “AxBxC”. Aí nova substituição poderá ser feita. Assim, de mudança em mudança, corre-se o risco de nenhuma análise de monitoramento ter início meio e fim. Tudo dentro da lei. Na reunião da CTNBio realizada esta semana algumas dessas mudanças foram aprovadas só com base em carta com pedido da empresa, sendo que os novos planos ainda deverão ser apresentados.

Nessa mesma comissão avança a tramitação dos pedidos de liberação de soja e milho transgênicos resistentes ao herbicida 2,4-D, veneno da mais elevada toxicidade. Quando alguns membros questionaram que a tecnologia aumentará seu consumo e exposição da população ao produto, a coordenadora da subcomissão vegetal/ambiental, doutora Maria Helena Zanettini, informou que “o fato de a expectativa de vida da população estar aumentando é a maior prova de que os agrotóxicos não fazem mal”.

Também discute-se na CTNBio a flexibilização das regras que definem critérios, estudos e dados necessários para uma empresa pedir a liberação comercial de um organismo geneticamente modificado. Aventam-se inclusive casos em que a análise de risco poderá ser dispensada.

A CTNBio já teve em seus quadros pesquisadores que participaram de conselho científico das empresas, fizeram pareceres para elas e integraram entidades que elas financiam, como CIB, Anbio e ILSI. Agora o Ministério de Ciência e Tecnologia está empossando representantes diretos das empresas, como o sócio-fundador da Alellyx Applied Genomics, que hoje pertence à Monsanto.

Assim, na ausência do Estado, seja por omissão ou por decisão, o mercado toma conta dos rumos dessa tecnologia que traz implicações diretas para nossa saúde, agricultura e meio ambiente, e isso é inaceitável do ponto de vista social.

Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos


Fonte: AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia


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