quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A DIVA DA VIOLA CAIPIRA*


“Cultura não se herda, se conquista...”.

André Malraux (1901 - 1976)
Escritor e político francês


Na semana da cultura brasileira, dedico este post a uma mulher especial, que, por esforço próprio, fez um nome – o seu –, embora, ao mesmo tempo, fazendo de si um patrimônio nacional e internacional, levou com ela o nome do Brasil, que foi a pantaneira Helena Meireles (1924 - 2005), considerada a melhor violeira do mundo. Helena, que começou a tocar aos nove anos de idade, e, pelo resto da vida, segunda ela, só por diversão, gravou o seu primeiro disco em 1994, aos setenta anos – onze anos antes de morrer, aos oitenta e um anos –, quando foi descoberta pelo grande público. Em 2004, o cineasta brasileiro Francisco de Paula realizou o documentário Helena Meirelles – A Dama da viola, onde ela protagonizou a sua própria vida, para lá de dramática.

Um ano antes, recebeu o Prêmio Spot Ligth Artis, da revista norte-americana Guitar Player. Helena tinha 80 de idade... Logo em seguida, foi incluída entre as 100 palhetas do século [XX]. E gravou o seu primeiro CD. Talento original do Brasil, Helena passou boa parte da vida tocando em bordéis, no Mato Grosso. Além disso, foi lavadeira e benzia quem buscasse as suas graças. Com o seu instrumento, traduzia a alma do sertão brasileiro, divulgando a música caipira onde quer que fosse. Gravou, ainda, mais dois CDs. Filhos naturais com maridos diferentes? Onze. Uma figura, que tocava rasqueados, polca paraguaia e temas mato-grossenses, sempre com a tradição de, toda Sexta-Feira Santa, fabricar as suas palhetas usando chifre de boi. Olhem o poder da mulher!

 


* Publicado originalmente no dia 7 de novembro de 2010. Hoje, republico esta postagem em homenagem ao Dia Nacional do Músico.

 
Nathalie Bernardo da Câmara

Um comentário:

  1. Parabéns a você por reconhecer o talento da maravilhosa Helena Meirelles.

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