domingo, 18 de outubro de 2020

anais da história

TRAVESSURA REVOLUCIONÁRIA

Uma teia de erros em torno da feminista Nísia Floresta, nascida há 210 anos

MARIA LÚCIA GARCIA PALLARES-BURKE

06out2020


Ilustração de Paula Cardoso

 

UMA NOVA ONDA FEMINISTA PERCORRE O MUNDO. Em vários países, mulheres saem às ruas e erguem bandeiras pelos seus direitos e em favor da igualdade entre os gêneros, em diversos níveis – do político ao econômico. Nas ruas da Bielorrúsia, elas são a vanguarda da contestação atual à ditadura de Alexander Lukashenko. Novas teóricas e militantes emergem em toda parte, enquanto as feministas pioneiras são relembradas e relidas. O “feminismo é tão antigo quanto a opressão das mulheres”, disse a psicanalista Juliet Mitchell, importante figura do Women’s Liberation Movement. No Brasil, foi uma jovem de 22 anos que iniciou essa batalha em 1832, com a publicação em Recife do extraordinário Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens.

 

Dionísia Gonçalves Pinto, potiguar radicada em Olinda, lançou seu livro sob o pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Apresentou-o como uma “tradução livre” da obra de Mistriss Godwin (nome adotado pela escritora britânica Mary Wollstonecraft ao casar-se com William Godwin) A Vindication of the Rights of Woman (Em defesa dos direitos da mulher), um tratado feminista de 1792. O objetivo de Wollstonecraft, seguido por Nísia Floresta, era convencer a sociedade de que a mulher é uma criatura racional que não deve ser excluída da “participação dos direitos naturais da humanidade”, contrapondo-se, assim, à ideia corrente de que “a mulher deve ser linda, inocente e tola”, como escreveu a feminista inglesa.

 

A surpreendente iniciativa de Nísia Floresta fez do Brasil, país independente havia apenas dez anos, um participante do processo de emancipação das mulheres que se desenvolvia na Europa, aos tropeções, desde a Revolução Francesa.

 

Ao longo de uma vida marcada por ousadia e determinação – que incluiu a separação do primeiro marido, a união com um estudante da Faculdade de Direito do Recife e a fundação de uma inovadora escola para meninas no Rio de Janeiro em 1838 –, Nísia Floresta amainou a denúncia da ideologia patriarcal, mas se envolveu cada vez mais nos debates políticos, sociais e literários de sua época, tendo se destacado como defensora dos ideais abolicionistas e republicanos.

 

A importância de Nísia Floresta para a história brasileira é incontestável. Entretanto, reconhecer a dimensão de sua vida e seu trabalho não significa fechar os olhos à verdade, por mais que esta possa nos contrariar. Uma teia de inexatidões cerca, há décadas, o livro Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens. São enganos lamentáveis cometidos por alguns pesquisadores que desdenham os fatos, prestando um desserviço à história, à credibilidade acadêmica e à própria memória de Nísia Floresta.

 

Há 25 anos, após rigorosa apuração, descobri que o livro, contrariamente ao que se supunha, não era uma tradução livre do tratado de Wollstonecraft, mas uma tradução literal e integral de outro texto. Essa descoberta, que até amplia a relevância da brasileira como educadora e feminista, como explicarei mais adiante, foi recebida, contudo, com forte animosidade pelo governo do Rio Grande do Norte e por alguns acadêmicos, interessados mais no mito que nos fatos. E as inverdades continuaram a ser propagadas ao longo de um quarto de século.

 

O momento exige que confrontemos outra vez as falsidades, deliberadas ou não. Como insiste o historiador britânico Richard J. Evans, nessa época seduzida por fatos alternativos e marcada pelo negacionismo em tantos campos do saber, acadêmicos e jornalistas têm o “dever essencial de defender a verdade”.

 

No dia 12 de outubro comemoram-se 210 anos do nascimento de Nísia Floresta. Honrar sua memória significa derrubar os mitos que foram construídos sobre sua obra, procurando distinguir fatos indiscutíveis de opiniões e interpretações debatíveis. Significa reafirmar o compromisso incondicional com a verdade histórica.

 

F

oi movida pelo interesse no fenômeno da circulação e recepção de ideias que decidi comparar o texto de Wollstonecraft de 1792 e a presumida versão livre dessa obra feita quarenta anos depois por Nísia Floresta. Eu pretendia estudar a criatividade da tradutora ao adaptar para o Brasil os argumentos de uma feminista europeia. Logo percebi, porém, que não havia entre os dois livros nenhuma semelhança. A ausência no texto da brasileira de qualquer crítica ao filósofo Jean-Jacques Rousseau – figura central da argumentação de Wollstonecraft por ser considerado o vilão responsável pela ideologia da domesticidade feminina – foi para mim um dos primeiros indícios de que havia algo de estranho na versão.

 

No decorrer da análise de Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens, verifiquei que continha trechos do tratado feminista De l’Égalité des Deux Sexes (Sobre a igualdade dos dois sexos), escrito pelo padre e filósofo François Poulain de La Barre, em 1673. Avançando na investigação, constatei que Nísia Floresta havia traduzido não o clássico de Wollstonecraft, mas um tratado mais radical de 1739, intitulado Woman Not Inferior to Man, escrito por uma pessoa (nunca devidamente identificada) que se escondera sob o pseudônimo de “Sophia, a Person of Quality”.[1]

 

Nísia Floresta fizera uma tradução ipsis litteris do tratado de Sophia, que por sua vez continha longos trechos do livro de La Barre, sem mencioná-lo, mas dele diferia por ser mais sintético e apaixonado. Longe de desmerecer a brasileira (ou Sophia), interpretei esse “plágio-tradução” como uma brilhante “travessura literária”, uma astúcia utilizada para romper com as regras do mundo intelectual a fim de lutar por uma causa nobre, para cuja defesa muitos meios se justificavam.

 

Ao conferir a Wollstonecraft a autoria do texto por ela traduzido (sem mencionar Sophia, a verdadeira autora), Nísia Floresta teria atingido dois objetivos, no meu entender. O primeiro seria prestar homenagem à feminista inglesa – cuja devoção a grandes causas provavelmente conhecia e admirava. O segundo, introduzir no Brasil, sob o nome dela, as ideias mais subversivas de Sophia, para quem, por exemplo, os valores do casamento e da maternidade não eram tão centrais como eram para Wollstonecraft. Sophia empenhou-se em conscientizar as mulheres da sua capacidade – igual ou até superior à dos homens – e do direito delas de exercer papéis tradicionalmente atribuídos ao outro gênero.

 

Eis uma amostra da argumentação de Sophia, na tradução literal de Nísia: “Se os homens fossem filósofos […] descobririam facilmente que a Natureza constituiu uma perfeita igualdade entre os dois sexos […] a diferença dos sexos só é relativa ao corpo e não existe mais que nas partes propagadoras da espécie humana […] Todas as indagações da anatomia não têm ainda podido descobrir a menor diferença nesta parte [a estrutura da cabeça] entre os homens e as mulheres: nosso cérebro é perfeitamente igual ao deles […]”

 

Minha descoberta veio a público em um artigo publicado na Folha de S.Paulo, em 10 de setembro de 1995 (posteriormente expandido em meu livro Nísia Floresta, O Carapuceiro e Outros Ensaios de Tradução Cultural). A reação provou, de imediato, que minha expectativa de um debate de alto nível era ilusória.

 

O Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte, apoiado por Constância Lima Duarte, especialista em Nísia Floresta, deu início a uma “guerra” contra a verdade histórica. O presidente do conselho chegou a enviar uma carta à Folha (noticiada em 15 de outubro de 1995) acusando meu texto de ofensivo “à memória da pioneira do feminismo no Brasil”. Minhas palavras foram desvirtuadas e transformadas numa ofensa à idoneidade de Nísia Floresta e num descaso para com seu papel na história do feminismo brasileiro.

 

Acusada de não compreender “a genialidade de nossa autora”, eu fora incapaz, segundo Duarte, de reconhecer que a “astúcia criadora” de Nísia Floresta se antecipara à antropofagia de Oswald de Andrade, à desconstrução de Jacques Derrida e até a Karl Marx.[2] Como se cada um tivesse direito aos seus próprios fatos, as evidências apresentadas sobre o verdadeiro texto traduzido foram simplesmente omitidas e jamais confrontadas.

 

Impossível saber se Duarte optou por não cotejar os textos – como os colegas de Galileu, que se recusaram a olhar os astros pelo telescópio para não questionarem suas convicções – ou se, tendo-os cotejado, optou por ignorar a veracidade inelutável. Foi assim infringido um dos preceitos centrais do trabalho histórico: o que postula que o exame escrupuloso das evidências encontradas nas fontes primárias é fundamental, e tanto mais quando colocam potencialmente em xeque as hipóteses do historiador.

 

Ao invés disso, com as informações que obteve no meu texto, Duarte passou a incluir “Poulain de la Barre e Sophie” (sic) entre os autores que a brasileira teria devorado e deglutido em seu pioneiro ato de “antropofagia libertária”. Com isso, como insistiu Duarte, Nísia Floresta devolveu “ao seu público um outro produto, muito bem marcado por sua experiência feminina e brasileira” e que se impõe como “uma resposta da periferia ao centro produtor de discursos”.

 

É compreensível a sedução dessas ideias que acalentam o orgulho nacional e regional. No entanto, elas não se sustentam por qualquer evidência. Em todo o texto de Sophia não há uma só menção ao Brasil, a Portugal ou às Américas, que possa justificar a alegação de Duarte de que Nísia Floresta adaptou “à realidade brasileira as muitas ideias que circulavam sobre a mulher na Europa”. As referências no texto de Sophia/Nísia Floresta dizem respeito, em sua maioria, a personalidades britânicas, como a rainha Elizabeth I, a personagens de Shakespeare, como Falstaff, a generais, como Marlborough, ao hospital para veteranos em Chelsea. São muitas também as referências à “nossa Pátria” ou a “esta Nação” – não havendo qualquer dúvida de que esteja se referindo à Inglaterra.

 

O historiador Marc Bloch, executado pela Gestapo em 1944, escreveu que certas épocas estão especialmente propensas ao mal das “mentiras”, e estas vêm “aos cachos”. Como ele diz, uma “mentira” – proposital ou não – desencadeia “quase forçosamente” outras, que proporcionam “ao menos aparentemente um mútuo apoio”. Pois, à negação do fato de que Nísia Floresta traduzira Sophia, somou-se a alegação de que seu texto era informado pela experiência de vida num país marcado pela “dominação portuguesa” – sem que haja no livro um argumento ou uma citação sequer que confirme essa ideia. A partir daí, muitos estudiosos e divulgadores de Nísia Floresta foram simplesmente reforçando e aumentando o “cacho”, repetindo a falsificação contida no prestigiado “discurso de autoridade”.

 

A

pesar da descoberta sobre o livro, a negação do fato histórico se impôs – com um sucesso impressionante. Blogs, artigos, documentários, teses, vídeos, podcasts e até espetáculos teatrais continuam difundido a tese inverídica, a ficção falsificadora de que Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens é uma versão livre e abrasileirada de A Vindication of the Rights of Woman, de Wollstonecraft. Para ilustrar a “genialidade” de Nísia Floresta, o trecho mais usado é o da página 27 da edição original de Sophia: “Por que a ciência nos é inútil? Porque somos excluídas dos cargos públicos; e por que somos excluídas dos cargos públicos? Porque não temos ciência.”

É evidente que nós, historiadores, para avançarmos nas pesquisas, temos de nos valer do trabalho de colegas que reputamos confiável e nem sempre voltamos às fontes primárias. No caso de Nísia Floresta, entretanto, essa prática teve consequências lamentáveis. Com raras exceções, acabou por prevalecer no establishment acadêmico brasileiro uma ficção sobre a primeira obra da feminista brasileira e uma espécie de “conspiração de silêncio” sobre sua verdadeira façanha literária. Até mesmo o Dicionário Mulheres do Brasil (editado por Schuma Schumaher e Vital Brazil em 2000 e já na segunda edição), não conseguiu ultrapassar a barreira da fantasia criada ao redor de Nísia Floresta e continua a apresentá-la como a autora da “tradução livre […] da feminista inglesa Mary Wollstonecraft”.

 

Três anos após a publicação de meu artigo, fiz uma segunda descoberta sobre Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens, que optei por não divulgar: a tradução literal de Nísia Floresta tinha a forte marca de uma versão literal para o francês do livro de Sophia, publicada em 1826, sob o título Les Droits des Femmes et l’Injustice des Hommes par Mistriss Godwin (Os direitos das mulheres e a injustiça dos homens, por Mistriss Godwin, sobrenome adotado por Wollstonecraft, como vimos). O desapontamento que me causara a reação no Brasil à primeira revelação me fez crer que não era hora de trazer mais dados para restaurar a verdade histórica.

 

O livro francês era apresentado como uma tradução livre da obra de Wollstonecraft por “M. César Gardeton”, mas, na verdade, era uma reimpressão da versão francesa publicada em 1750 e 1751 do tratado Woman Not Inferior to Man, de Sophia, que omitira o nome da autora. Gardeton, que era o reimpressor e não o tradutor, simplesmente acrescentou na edição de 1826 um novo título à obra, que atribuiu a “Mistriss Godwin”, com a falsa informação de que era uma tradução livre feita por ele.[3]

 

Em 2014, as pesquisadoras Eileen H. Botting e Charlotte H. Matthews chegaram, de maneira independente, à mesma descoberta, que tornaram pública num artigo no volume 26 da publicação Gender & History, “Overthrowing the Floresta-Wollstonecraft Myth for Latin American Feminism” (Derrubando o Mito Floresta-Wollstonecraft para o Feminismo Latino-Americano), que também pouco repercutiu entre os pesquisadores brasileiros da educadora.

 

Confrontando o texto de Gardeton com o de Nísia Floresta fica evidente que, contrariamente ao que diz Duarte, o título Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens não foi fruto de um ato pioneiro de “antropofagia libertária”. Nísia Floresta simplesmente copiou o título e a autoria dados ao texto de Sophia por Gardeton, a quem também seguiu ao adicionar a informação errônea “traduzido livremente do francês para o português” – quando a tradução que ela fizera, seja apenas via Gardeton, seja com a ajuda do texto original em inglês de Sophia, era literal.

 

Fica evidente, ainda, que as poucas alterações no texto de Sophia, que eu inicialmente atribuíra à criatividade de Nísia Floresta, eram da tradução francesa. Dela mesmo, pode-se agora seguramente afirmar, não há quase nada no texto traduzido, salvo mínimas modificações causadas por erros. Um exemplo: ela traduziu os “aveugles sectateurs de Descartes” da versão francesa (“blind followers of Descartes”, no original em inglês de Sophia) como “secretários de Descartes”.

 

C

om essa revelação, como é comum acontecer, algumas dúvidas foram esclarecidas, mas novas surgiram. Sobre o motivo que levou Nísia Floresta a, aparentemente, fingir que traduzia um texto quando traduzia outro, há uma resposta simples e outra complexa. A simples é que ela não fingiu, mas descobriu o texto de Sophia por meio de Gardeton e aceitou a afirmação falsa de que era uma tradução livre de um tratado de Mistriss Godwin (ou seja, de Wollstonecraft). Nesse caso, é a alegação de Gardeton que precisaria ser explicada e, provavelmente, ele deve ter achado que atribuir o livro traduzido à célebre feminista inglesa traria à obra mais lucro do que se a verdadeira autora fosse identificada – a desconhecida Sophia.

 

A explicação mais complexa leva em conta a sofisticação de Nísia Floresta e a supõe trabalhando com o texto de Sophia em duas línguas, inglês e francêspossivelmente à venda nas muitas livrarias de Recife e Olinda que dispunham de obras importadas. Alternativamente, seu companheiro, Manuel Augusto de Faria Rocha, pode ter tirado esses livros da biblioteca (fundada em 1830) da Faculdade de Direito. Vivendo num ambiente profundamente marcado pela presença britânica, em que aulas particulares de inglês eram fartamente oferecidas, Nísia Floresta provavelmente teria adquirido algum domínio dessa língua, ao lado do francês, em que foi fluente. Outra hipótese é que ela tenha conscientemente adotado a mesma tática de Gardeton de atribuir o texto a Mistriss Godwin, mas por razões diferentes – não para vendê-lo mais, mas para melhor servir à causa das mulheres no Brasil.

 

As evidências são insuficientes (e talvez sempre serão) para que possamos escolher, com alto grau de certeza, entre essas alternativas, mas saber que elas existem ajuda a evitar simplificações toscas. De qualquer modo, o que eu disse em 1995 sobre a “façanha” de Nísia Floresta continuo a sustentar hoje: o próprio ato de traduzir Sophia – quer via Gardeton, quer via Sophia e Gardeton juntos – representou, “por si só, um ato revolucionário”, pois significou combater corajosamente um sistema patriarcal opressor com valores alternativos e subversivos.

 

A “travessura literária” de Nísia Floresta foi, pois, responsável por uma daquelas felizes ironias da história. O tratado subversivo Woman Not Inferior to Man, publicado por Sophia em 1739 (com uma segunda edição em 1743), só seria reeditado na Europa em 1975. Mas na primeira metade do século XIX já podia ser lido pelas sinhazinhas supostamente dengosas e indolentes no Brasil – um país atrasado, aos olhos do europeu civilizado.

 

 

[1] https://digital.library.lse.ac.uk/objects/lse:huc485foq/read/single#page/4/mode/2up

 

[2]  “Nísia Floresta: Incompreensão em relação à sua genialidade”, Ciência & Trópico, v. 26, 1998.

 

[3] https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k3230031?rk=21459;2

 


MARIA LÚCIA GARCIA PALLARES-BURKE

Historiadora, pesquisadora do Centre of Latin American Studies (Universidade de Cambridge).

 

Link: https://piaui.folha.uol.com.br/travessura-revolucionaria/

 

 

 

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

NÍSIA FLORESTA: FATOS, LENDAS & MITOS *

“Um preconceito desfaz-se – basta a simples reflexão...”.

Machado de Assis (1839 - 1908),

escritor brasileiro

 

Por Nathalie Bernardo da Câmara


210 ANOS APÓS O SEU NASCIMENTO, em 12 de outubro de 1810, na Vila Imperial de Papary, então Capitania do Rio Grande, a educadora autodidata, escritora e feminista Dionísia Gonçalves Pinto é uma das personagens mais emblemáticas da galeria dos grandes vultos nacionais, embora, para a maioria dos brasileiros, ela ainda seja uma mera desconhecida, seja por seu nome de batismo ou pelo majestoso pseudônimo que criou, isto é, Nísia Floresta Brasileira Augusta, quando, em 1832, aos 22 anos de idade,  publicou o seu primeiro livro, Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens, editado originalmente pela Typographia Fidedigna, em Recife, curiosamente apresentando-o como sendo uma “tradução livre” da obra A Vindication of the Rights of Woman, um tratado feminista escrito por Mistriss Godwin (1959 - 1797), nome adotado pela escritora britânica Mary Wollstonecraft ao casar-se com o jornalista, escritor e filósofo britânico William Godwin (1756 - 1836), publicado em 1792.

 

Ocorre que, cerca de 163 anos depois, em 1995, a historiadora brasileira Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke chegou à conclusão de que, ao contrário do que se acreditava, o livro de Nísia era, na verdade, uma tradução literal e integral de um tratado ainda mais radical e anterior ao de Wollstonecraft, pois data de 1739, ou seja, Woman Not Inferior to Man, escrito por alguém que, para publicar as suas ideias, recorreu a um pseudônimo, que foi Sophia, a Person of Quality, cuja identidade é até hoje ignorada. Tal artimanha, portanto, a de Nísia Floresta, foi considerada por Pallares-Burke como sendo uma “travessura literária” da tradutora potiguar.[i] Na verdade, a historiadora chegou inclusive a interpretar a tal “travessura” como “uma brilhante astúcia utilizada para romper com as regras do mundo intelectual, a fim de lutar por uma causa nobre, para cuja defesa muitos meios se justificavam”.[ii]

 

O fato é que, apesar do ostracismo, Nísia destacou-se por sua singularidade em pensar e publicamente abraçar ideias inovadoras para a época em que viveu – contou a seu favor o liberalismo republicano do pai, escultor e advogado português radicado no Brasil, e o status socioeconômico da mãe e do marido, que a deixou viúva muito cedo e com dois filhos. Plural, Nísia publicou livros e artigos sobre temas variados, defendendo causas: denunciou o drama do índio brasileiro, subjugado pelo colonialismo estrangeiro; defendeu a abolição do sistema escravocrata e a instauração do regime republicano no Brasil; pregou a liberdade de cultos religiosos; lutou pela educação da mulher e por sua emancipação...

 

O conjunto da obra de Nísia, portanto, que compreende registros de um período histórico de radicais transformações políticas e sociais mundo afora, inclui uma biografia ímpar, intelectual e geograficamente irrequieta, revelando que as bandeiras que ela desfraldou, principalmente a de ser mãe, permearam a sua existência no Brasil e na Europa, onde morou por quase três décadas em três momentos distintos, vindo a falecer na comuna francesa de Bonsecours aos 74 anos de idade, em 24 de abril de 1885[iii] – apesar das provas irrefutáveis atestando o local do óbito de Nísia, ainda há quem negue o fato, estranhamente insistindo em defender a versão que prevaleceu ao longo de mais de cem anos, que foi a de que ela teria falecido na vizinha Rouen.

 

Segundo o escritor potiguar Henrique Castriciano (1874 - 1947), Nísia viveu uma atormentada, intensa e gloriosa existência[iv] – afirmação essa no mínimo plausível para quem, em 1909, conheceu Lívia Augusta, a primogênita de Nísia, que, mesmo após a morte da mãe, continuou morando na Europa, falecendo em Cannes aos 82 anos, em 1912. Já o caçula, Augusto Américo, que permaneceu no Brasil quando das outras duas viagens empreendidas pela mãe e pela irmã à Europa – a terceira em definitivo –, morreu no Rio de Janeiro aos 58 anos, em 1891. Na verdade, por sua liberdade de pensamento e ideias arrojadas, além de adotar métodos de ensino não convencionais, sobretudo no badalado colégio para meninas que manteve na Corte, Nísia foi vítima de calúnias e difamações não apenas ao longo da sua vida – daí os tormentos –, mas também postumamente.

 

Um episódio, contudo, somado aos cortes que sofreu o extenso poema A Lágrima de um Caeté (1849), de sua autoria, censurado pelo governo imperial por denunciar a degradação do índio brasileiro espoliado pelo branco colonizador e homenagear o advogado Nunes Machado (1809 - 1849), líder da Revolução Praieira (1848 - 1849), além de outros constrangimentos públicos, foi determinante para que Nísia decidisse passar uma temporada na França, ou seja: após um grave acidente ao cair do cavalo que a conduzia à casa do tio Joaquim Pinto Brasil (1819 - 1875)[v], irmão caçula de Nísia, Lívia comprometeu seriamente a sua saúde e, acatando uma “prescrição” médica, a mãe dedicada decidiu mudar de ares com os seus dois filhos, privando-se, com pesar, do convívio com a família que tanto amava, os amigos que prezava e um Rio de Janeiro culturalmente em efervescência, ao mesmo tempo deixando para trás os desafetos, com os olhos voltados apenas para o horizonte fecundo que se descortinava além-mar  durante a travessia que a levaria pela primeira vez à Europa.

 

Porém, não bastando ser caluniada, difamada e censurada na Corte, eis que, na segunda metade do Século XIX, Nísia tornou-se alvo de comentários nada edificantes por parte da educadora, escritora e historiadora Isabel Gondim (1839 - 1933), sua conterrânea, que, “prosaicamente”, nas palavras do poeta e contista potiguar João Batista Pinto, “transformou-a numa dama de má fama...”.[vi] Ocorre que, desprovida de fundamentos, Gondim passou a especular sobre a vida de Nísia, divulgando boatos a seu respeito – crassa contradição para uma pesquisadora da sua estirpe, pontual no registro de fatos históricos. Infelizmente, austera e puritana, Gondim era o oposto de Nísia, que, destemida, ousava desafiar o establishment; o tempo e outras más línguas, por sua vez, encarregando-se de difundir os boatos alardeados por Gondim, ainda criando novos disse me disse, sobretudo após o traslado dos restos mortais de Nísia da França para o Brasil, em 1954, e do seu depósito numa tumba, chamada de mausoléu, construída para tal fim na sua cidade natal, que, aliás, já havia mudado de nome em sua homenagem (decreto-lei de 23 de dezembro de 1948), passando a chamar-se Nísia Floresta.

 

O fato é que os despojos de Nísia, que deixaram o porto de Marseille em 09 de agosto de 1954, chegaram ao porto de Recife quase um mês depois, em 05 de setembro, sendo recebidos pela Academia Pernambucana de Letras (APL) e em cuja sede, aos cuidados do  jornalista e escritor potiguar Nilo Pereira (1909 - 1992), então deputado estadual de Pernambuco, eles permaneceram por alguns dias. Recebendo da APL a incumbência de acompanhar o ataúde até Natal, capital do Rio Grande do Norte, e, em seguida, conduzi-lo ao seu destino final, no caso, o município de Nísia Floresta, Pereira resolveu, movido pela curiosidade e antes de partir para Natal, fazer uma “traquinagem” de gente grande com a ajuda de um colega, que foi, à surdina, na calada de certa noite, abrir o ataúde, deparando-se, para a sua surpresa, com uma Nísia embalsamada – prática até então comum na Europa –, “um tanto reclinada, os cabelos longos, a cor macerada”, além de “um cheiro de mofo”, do qual emanava um “segredo quase centenário”.[vii] Na verdade, quase octogenário.

 

No dia 10, portanto, já em Natal, após o desembarque no porto da cidade da corveta que os transportavam, Pereira e o que ele chamou de “múmia”[viii], homenagens várias foram prestadas em memória daquela que, apesar de inerte, dentro de um caixão, simbolizava conquistas e glórias para o povo potiguar – à ocasião, na condição de acompanhante da homenageada, Pereira proferiu um discurso emocionado, dramático e repleto de equívocos, sobretudo ao sugerir, apesar de poeticamente, que uma dada “peregrinação” chegara, enfim, ao fim, especulando, ainda, que o embalsamento poderia ter sido proposital, já que ele não descartava a hipótese de que Nísia sempre acalentou o desejo de retornar ao Brasil... É, pelo visto, parece que o ponto alto das homenagens foi mesmo a presença de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Em suas manobras, arremessaram sobre todos um sem fim de exemplares da edição comemorativa de um selo que, em deferência ao traslado, foi emitido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que, aproveitando o ensejo, o lançou nacionalmente. Presente ao “júbilo”, um tio meu paterno que, à época filatelista, me contou, em êxtase, quando eu ainda era criança, que, naquele dia, “caiu uma chuva de selos” do céu – dois dias depois, Nísia e o seu esquife chegaram ao destino não pretendido por ela, mas decidido, egoísta e insensivelmente, por terceiros.



Edição comemorativa ilustrada no anverso com uma fotogravura de Nísia Floresta Brasileira Augusta em bico de pena por Rubens e reproduzido no selo, a publicação traz em seu reverso um texto de autoria do folclorista potiguar Luís da Câmara Cascudo (1898 - 1986), que, apesar de bem intencionado, posto que enaltece a homenageada, carece de dados biográficos que viriam à baila apenas décadas depois.

 

No leque de opiniões, entretanto, que, à época, pulularam em matérias, notas, declarações, artigos e demais publicações, na tentativa de reivindicar o traslado em questão, justificando-o, encontra-se de tudo. Uma dessas opiniões, inclusive, praticamente unânime, foi a de que Nísia só não morreu no Brasil e o seu corpo enterrado em solo brasileiro porque ela não teve meios e nem recursos para isso. Tanto que, em texto publicado na revista O Cruzeiro, em 15 de maio de 1954, a escritora cearense Rachel de Queiroz (1910 - 2003) se compadece do “infortúnio” de Nísia e diz que o resgate dos seus restos não seria nada mais do que “uma missão de carinho e piedade”. Já o advogado, jornalista e escritor potiguar Rômulo Chaves Wanderley (1910 - 1971), em nota publicada na Tribuna do Norte, em 11 de setembro de 1954, faz um mea culpa alheio e descabido ao escrever que, desde o falecimento e sepultamento de Nísia na França, o Brasil contraíra uma dívida com ela – dívida essa, aliás, que, a seu ver, só seria sanada com o traslado dos seus despojos, que, durante décadas, ficaram “esquecidos” num cemitério francês. Dizendo isso, o autor da nota referia-se ao fato de que, em 1950, o jornalista potiguar Orlando Ribeiro Dantas (1896 - 1953), fundador do Diário de Notícias, localizara o túmulo de Nísia no cemitério de Bonsecours – localização essa que, inclusive, como veremos adiante, não deveria ter passado disso. Só que passou, dando ideia, no caso, a de trasladar os despojos de Nísia para o Rio Grande do Norte. Uma infeliz iniciativa, diga-se de passagem, embora aos poucos recebendo adesões, muitas das quais, contudo, apenas para satisfazer caprichos e vaidades intelectuais...

 

Ocorre que, acatando a proposta do traslado dos restos mortais de Nísia da França para o Brasil, o governo brasileiro encarregou o então presidente do Centro Norte Riograndense do Rio de Janeiro, Marciano Alves Freire, de tomar as devidas providências para a concretização do “feito”. Tal decisão, entretanto, não apenas respaldou o frenesi coletivo dos envolvidos no processo, como também desrespeitou uma resolução tomada em vida pela própria Nísia, posto que, dias depois da sua morte – daí, provavelmente, o motivo do seu embalsamento –, a filha adquiriu a concessão de um jazigo perpétuo no cemitério de Bonsecours para ela e a mãe, que, é bom salientar, de há muito escolhera a cidade normanda como a sua derradeira morada, o seu refúgio terminal, evidenciando que não pretendia retornar ao Brasil ainda em vida – o que dirá num caixão! Infelizmente, esse era o objetivo da peregrinação de terceiros.

 

Daí que, após a apropriação indevida dos despojos de Nísia, estes foram depositados no burlesco mausoléu à sua espera e onde, queiramos ou não, se encontram até hoje – desde então, “lendas” e supostas “maldições” associadas ao seu nome foram criadas: para a maioria da população local e arredores, por exemplo, Nísia não passava de um espectro a vagar pelas ruas do lugar; um vulto, arrastando correntes ou coisa parecida, seduzindo homens casados ou assustando solitários noctívagos em noites de lua cheia. Ou seja, uma personagem lendária, desafiando o tempo e o espaço no imaginário popular, até que, em 1985, um século depois de Gondim ter publicamente questionado a idoneidade da brasileira augusta, outra conterrânea de Nísia, a jornalista e escritora Socorro Trindad, saiu em sua defesa.

 

Para Trindad, “Nísia Floresta tornou-se mito por ser maldita”, já que, entre outros rótulos, ela ganhou fama de “puta erudita”. E por mais que não seja tarefa nada fácil erradicar estigmas, eles podem, sim, ser desvendados. No caso de Nísia, isso ainda é possível, apesar de, durante muito tempo, quando tiveram a oportunidade de fazê-lo, não foram poucos os que apenas reforçaram falsas crendices relacionadas ao seu nome. Exemplo disso foi o do publicitário, poeta, ator, ensaísta, tradutor e professor brasileiro Décio Pignatari (1927 - 2012) numa crônica que publicou no jornal Folha de S.Paulo, em 12 de novembro de 1986, e na qual “afirmou” que o positivismo chegou ao Brasil “pela cama de Nísia Floresta”, assim insinuando que ela fora amante do filósofo francês Auguste Comte (1798 - 1857) – insinuação essa que apenas revela o quão Pignatari ignorava o teor das correspondências trocadas entre Comte e Nísia, que, é bom salientar, só se encontravam em eventos sociais, além de ainda ser ignorada por muita gente a verdadeira razão da primeira viagem de Nísia à Europa, em 1849.

 

Em artigo publicado n’O Diário do Povo, em 08 de março de 1991, a então coordenadora do SOS - Ação Mulher de Campinas, a feminista Maria José Tarube, declarou que Nísia teria sido “expulsa” do Brasil por praticar o “lesbianismo” com as alunas do seu colégio... Opiniões equivocadas à parte sobre a vida sexual da educadora, a sua trajetória sempre foi marcada por conflitos, dramas e enormes desafios, mas sempre superados pela lucidez que lhe era peculiar, à revelia de todo um preconceito arraigado e dos inúmeros adjetivos, pejorativos ou não, à ela atribuídos: “leviana, mestiça e adúltera”, acusou-a Isabel Gondim; “mulher extraordinária”, elogiou-a o educador, historiador e escritor potiguar Adauto da Câmara[ix]; “singularíssima figura literária”, exaltou-a Henrique Castriciano[x]; “figura invulgar para o mundo em que viveu, forte, sensível, enérgica, heroica na defesa e divulgação de suas ideias”, enalteceu-a Câmara Cascudo[xi]; “exceção escandalosa”, reconheceu o escritor pernambucano Gilberto Freyre (1900 - 1987)[xii]; “admirável mulher”, definiu-a Nilo Pereira[xiii], “monstro sagrado”, engrandeceu-a João Batista Pinto; “intrépida revolucionária”, discursou o político Deoclécio Duarte (1894 - 1975)[xiv], “mulher ousada e inteligente”, concluiu Rachel de Queiroz[xv]... Enfim, entre desapreços e apreços,  o fato é que, por seu arrojo intrínseco, Nísia Floresta, brasileira de solo e augusta nos princípios, foi um “atrevimento” que desafiou os costumes da sua época como diria hoje, ela fez a diferença.

 

Não à toa, Nísia foi e continua sendo por muitos respeitada e homenageada: nome de escolas e de ruas de Natal, Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro – cidades onde ela morou –, além de patrona de cadeiras em academias literárias brasileiras. No Monumento a Benjamin Constant, em deferência a abolicionistas brasileiros, inaugurado no dia 14 de julho de 1926, na Praça da República, no Rio de Janeiro, um busto de Nísia Floresta foi incluído entre o do político José Bonifácio (1763 - 1838) e o do escritor Castro Alves (1847 - 1871). Décadas depois, no dia 29 de abril de 1977, um retrato de Nísia Floresta, feito por Baltazar da Câmara (1890 - 1982), foi inaugurado na Galeria de Honra do Instituto Joaquim Nabuco, em Recife, introduzindo a norte-rio-grandense no seleto clube frequentado apenas por figuras masculinas, entre as quais, o marechal Duque de Caxias (1803 - 1880), o escritor José de Alencar (1829 - 1877) e o aviador Santos Dumont (1873 - 1932).

 

Por outro lado, há quem relegue Nísia às brasas de um “purgatório” que até hoje queimam e teimam em mantê-la às margens dos tradicionais livros de história, limitando o acesso ao conhecimento da sua bibliografia e biografia a um círculo seleto de pesquisadores e curiosos mesmo assim, muitas vezes por alto , embora os seus livros já tenham sido reeditados, inclusive os escritos em francês e italiano, que, traduzidos para o português, podem ser encontrados em algumas livrarias, embora, por algum motivo, sem visibilidade em suas estantes, bem como sem o merecido destaque na mídia. De qualquer forma, uma coisa é incontestável: não se pode falar de feminismo e de educação no Brasil sem falar de Nísia, para quem a educação seria o mais importante e eficaz instrumento de conscientização da mulher do seu papel na sociedade – condição sine qua non para a conquista da sua emancipação, liberdade e cidadania, sendo a educação da mulher o barômetro que indica os progressos de toda e qualquer civilização, e que somente um trabalho em conjunto, envolvendo mulheres e homens, é capaz de “desarraigar herdados preconceitos”, operando uma real metamorfose, que, aliás, ninguém sabe quando ocorrerá.



 * Revisado e atualizado pela autora, o presente artigo foi originalmente publicado no extinto jornal O Galo. Ano XIV, n° 7, Fundação José Augusto, Departamento Estadual de Imprensa do Rio Grande do Norte, Natal-RN, julho 2002.


[i] PALLARES-BURKE, M. L.G. Nísia Floresta, o Carapuceiro e outros ensaios de tradução cultural, São Paulo, Hucitec, 1996.

 

[ii] PALLARES-BURKE, M. L.G. Travessura revolucionária (06/10/2020): https://piaui.folha.uol.com.br/travessura-revolucionaria/

 

[iii] Na trilha de Nísia Floresta. O Poti – Ilustrado, p. 3, Natal (RN), 24 de novembro de 1996.

 

[iv] CASTRICIANO, Henrique. Uma figura literária do Nordeste: Nísia Floresta. Imburana – revista do Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-Rio-Grandenses/UFRN. P. 2, n. 12, jul./dez. São Paulo, 2015.

 

[v] À ocasião, Joaquim Pinto Brasil convalescia de uma febre perniciosa que o acometera gravemente e a sobrinha decidira visitá-lo. Tratando do irmão com homeopatia, que Nísia Floresta já conhecia e que em pouco tempo o curou, ela decide abertamente declarar a sua adesão à medicina criada pelo médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755 - 1843).

 

[vi] Nysia Floresta. O Poti, Natal (RN), 29 de setembro de 1985.

 

[vii] Moraes, Helicarla Nyeli Batista de. Viagem-memória de Nilo Pereira: do Ceará Mirim ao Recife e do Recife ao Ceará Mirim, Coleção Dissertações e teses do CCHLA, Natal (RN), EDUFRN, 2011, p. 85.

 

[viii] Idem.

 

[ix] CÂMARA, Adauto da. História de Nísia Floresta, Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 1941.

 

[x] CASTRICIANO, Henrique, op. Cit., p. 2.

 

[xi] Diário de Natal. Educação: Nísia Floresta Brasileira AugustaA primeira Feminista do Brasil. Natal (RN), 31 de março de 2006, p. 25.

 

[xii] FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mucambos, p. 134, Editora Nacional, 1936.

 

[xiii] PEREIRA, Nilo. Nísia Floresta e a Academia Pernambucana de Letras, Discurso pronunciado no Instituo de Educação de Natal, 11 de setembro de 1954, revista Bando, p. 133.

 

[xiv] DUARTE, Deoclécio. Exaltada, na Câmara dos Deputados, a memória de Nísia Floresta, Diário de Notícias, 13 de maio de 1954.

 

[xv] Nísia Floresta, revista O Cruzeiro, Rio de Janeiro (RJ), 15 de maio de 1954.

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NATHALIE BERNARDO DA CÂMARA

Jornalista e tradutora do livro Fragments d’un ouvrage inédit - Notes biographiques, de Nísia Floresta Brasileira Augusta, A. Chérie Éditeur, 111 pages. Paris, 1878; a tradução foi publicada pela Editora da Universidade de Brasília (UnB), 151 páginas. Brasília-DF, 2001. 


Link para o jornal Tribuna do Norte, onde o artigo também foi publicado (sem ilustrações): 

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/na-sia-floresta-fatos-lendas-mitos-1/492255