quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

FIM DO CARNAVAL E DO HORÁRIO DE VERÃO: O BRASIL ADENTRA AGORA NAS MALHAS INSONDÁVEIS DO METRÔ DE FORTALEZA E NAS DISPOSIÇÕES NECESSÁRIAS AO CÓDIGO FLORESTAL


“Se alguém varre as ruas para viver deve varrê-las como Michelangelo pintava, como Beethoven compunha e como Shakespeare escrevia...”.

Martin Luther King (1929 - 1968)
Ativista político norte-americano


Felizmente, este ano, para o bem de todos e felicidade geral da nação, o carnaval caiu no mês de fevereiro. Caso contrário, se tivesse caído em março, o ano só teria iniciado em abril – imaginem o grau de apatia que abateria o Brasil. Agora, portanto, só resta aos nossos governantes encararem a realidade e as exigências da labuta diária, sem que a burocracia, por exemplo, criada pelos tolos, como diria o escritor francês Honoré de Balzac (1597 - 1654), imponha entraves para o pleno funcionamento da administração pública deste país de rumo incerto, hajam visto os desacertos cometidos por aqueles em que os brasileiros votaram nos últimos pleitos eleitorais.

Falando nisso, em recente visita ao Ceará, onde foi anunciar novos investimentos para a conclusão do metrô de Fortaleza, la presidenta Dilma Rousseff não fez que um discurso que mais lembrou os que são feitos em vésperas de eleições – oportunidade em que o jornalista Augusto Nunes questionou a funcionalidade dos seus neurônios. Segundo a jornalista brasileira Júlia Rodrigues, “vinte e cinco anos depois da aprovação do projeto, mais de 13 depois do início das obras, o metrô de Fortaleza não transportou até hoje um único passageiro. Mas as promessas não param de percorrer trilhos imaginários que saem dos palanques e não levam a lugar nenhum”.

À ocasião, la presidenta desabafou: — Eu preciso de parceiros.

Augusto Nunes, ironizando o apelo, o comparou à proposta de um dado programa de televisão, apresentado pelo agente de relacionamentos Sílvio Santos, que trata de namoro e amizade. A revista britânica The Economist, por sua vez, avaliando o mandato de Dilma Rousseff, sugere que ela se afaste dos membros mais problemáticos da coalizão feita pelo seu governo, apenas reforça a súbita necessidade de novos enlaces manifestada pela capitã da nau Brasil. Ocorre que, apesar da nova ambição de Dilma Rousseff, é como diria José Saramago (1922 - 2010), sábio escritor português: — Sem idéias, não vamos à parte alguma...

Falando em idéias, a Frente Parlamentar Ambientalista e o Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável do Congresso realizaram, nesta terça-feira, 28, o seminário Código Florestal - o que diz a ciência e o que nossos legisladores ainda precisam saber, com o objetivo de discutir os impactos negativos das mudanças propostas para o documento. Presente ao evento, a ambientalista Marina Silva tachou de “farsa” as emendas ruralistas ao novo texto do referido código, que, aprovado pelo Senado, ainda precisa ser votado pela Câmara dos Deputados. Já para o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), as emendas não passam que “um jogo de cena”, pois se traduzem num retrocesso.

No seminário, polêmico, onde os ânimos dos participantes em nada lembraram as palavras pacificadoras do ativista indiano Gandhi (1869 - 1948), foi lançada uma campanha de apelo – espero que profícua – à la presidente Dilma Rousseff, na esperança – espero que não vã – de que ela vete os pontos aprovados pelo Senado que, no entender dos ambientalistas, permitem o desmatamento e concedem anistia aos responsáveis. Enfim! O projeto que altera o Código Florestal foi aprovado na Câmara Federal em 2011, mas o Senado modificou o texto aprovado pelos deputados. Assim sendo, a proposta deverá ser novamente submetida à votação pela Câmara ainda este ano. Que qüiproquó!

Nathalie Bernardo da Câmara


sábado, 25 de fevereiro de 2012

AOS BOIS, OS DONOS...

Foto: Nathalie Bernardo da Câmara.

“Eu mesmo nunca vi um pau-brasil nem sei para que ele serve...”.

Um aluno qualquer de uma escola qualquer de um país qualquer


Para tentar rimar – se é que depois de tantas palavras ainda é possível alguma rima – com o título deste post, a árvore chamada de pau-brasil (Caesalpinia echinata) é o que já foi chamada pelos normandos de le bois rouge, ou seja, madeira vermelha... O motivo do nome científico complexo – não é de se estranhar –, já que tudo que vem do meio acadêmico é complexo, muitas vezes, inclusive, sem nexo? Uma homenagem do naturalista francês Lamarck (1744 - 1829), que, quando classificou a árvore, homenageou o botânico italiano Andrea Cesalpino (1519 - 1603). Já a denominação echinata, segundo especialistas, provém do étimo grego ouriço – uma referência aos espinhos abundantes do pau-brasil. E, muitos perguntariam: — Qual a serventia de toda essa introdução, já que um aluno qualquer de uma escola qualquer de um país qualquer nunca viu – se viu, não identificou – um raro exemplar de pau-brasil nem, muito menos, se o mesmo tem serventia e, sobretudo, desconhece a sua importância histórica? Não importa! O fato é que, esta semana, foi divulgado que o pau-brasil, ameaçado, inclusive, de extinção, pode ser um grande aliado no tratamento contra o câncer, residindo, no miolo da árvore, a sua maior riqueza. Um miolo que – diga-se de passagem –, por ser um poderoso corante, cobiçou colonizadores de todas as estirpes ao longo dos séculos, fazendo da Terra dos Papagaios um celeiro de pau-brasil, que extraiam das nossas terras sem dó nem piedade. Quanto ao corante... Basta colocar pequenas lascas da madeira na panela com água fervendo. Mas, segundo a jornalista brasileira Beatriz Castro, “onde reis e nobres só viam tinta vermelha, o olhar curioso do povo descobriu remédios”. Considerado adstringente, antiinflamatório e cicatrizante, muitos fazem uso “da entrecasca para curar asma”, diz Ana Cristina Roldão, presidente da Fundação Nacional do Pau Brasil. De acordo, ainda, com a jornalista, “da Mata Atlântica para o laboratório de antibióticos da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (...) cada pedacinho da árvore foi analisado”: flor, folha, caule, cerne, semente e raiz – “última etapa da pesquisa do pau-brasil", detalha a pesquisadora Ivone Souza, da UFPE. Apresentando, portanto, propriedades farmacológicas muito interessantes, o pau-brasil “merece toda a atenção e todo o estudo”, disse Ana Cristina Roldão. Quem sabe, agora, acrescenta a jornalista, que, não podemos esquecer, fez a reportagem para o Globo Repórter, programa da Rede Globo, divulgada na última sexta-feira, 24, “biólogos e farmacêuticos possam dar uma mãozinha aos ambientalistas”, já que, “portador de substâncias poderosas contra o câncer, o pau-brasil ganha importância e uma chance de escapar da extinção”. E que, com a esperança de uma cura, espera Ana Cristina Roldão, talvez “as pessoas comecem realmente a plantar o pau-brasil”, dando o devido merecimento que, até agora, muitos brasileiros não deram. Eu, particularmente, diferentemente de um aluno qualquer de uma escola qualquer de um país qualquer, conheço a árvore, a sua folha, fruto – não o miolo – e, há pouco mais de vinte anos, plantei uma muda nada qualquer e a batizei com um nome originalíssimo (ilustração acima – data não lembrada). Hoje, o meu pau-brasil, que não é um qualquer, embeleza, com a sua belíssima copa, às vezes florida, às vezes não, depende da estação, um lugar nada qualquer.

Nathalie Bernardo da Câmara

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

DURANTE O CARNAVAL


“E o nosso olhar de avestruz esconde-se no buraco da ignorância...”.

Mayara Floss
Poetisa brasileira


Um lembrete publicado no site oficial da ambientalista brasileira Marina Silva, intitulado Depois do carnaval: “Chegamos, finalmente, a mais um feriadão de Carnaval, para depois, segundo dizem, tudo começar a acontecer no Brasil. O drama desse ‘avestruzamento’ coletivo é que a realidade dos problemas que precisam ser enfrentados -e que, a cada ano, acabam sendo deixados para depois do Carnaval- não pode ser indefinidamente armazenada como se fosse uma fantasia de um desfile malsucedido, que nunca mais queremos ver repetir-se. Todos precisamos de descanso, de refrigério, de tempo para encerrar ciclos. Mas o Estado, os governantes, as autoridades políticas que recebem da sociedade o nobre mandato de zelar por seu bem-estar, pelo desenvolvimento do país, não têm direito ao descanso do ‘deixa para depois’”.

Nathalie Bernardo da Câmara

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

TERRA DOS PAPAGAIOS:
ONDE TUDO É POSSÍVEL...



“O povo toma pileques de ilusão, como futebol e carnaval. São estas as suas duas fontes de sonho...”.

Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987)
Poeta brasileiro


Eu só posso ser uma alienígena para, em plena terça-feira de carnaval, 21, ligar a televisão logo cedo – na Rede Globo, claro (salvam-se apenas os canais da TV a cabo) –, para ouvir as notícias, que deveriam valer a pena, pela voz da belíssima jornalista brasileira Renata Vasconcellos, que, aliás, deve ter dormido muito bem, pois estava com a cara ótima, apresentadora do Bom Dia, Brasil. Infelizmente, 99% do telejornal nos mostraram passistas de escolas de samba do Rio de Janeiro, que, óbvio, passaram a noite inteira, amanhecendo o dia, arrastando os pés na avenida – coitados... Mas, é compreensível, visto que passaram o ano de 2011 esperando por isso. E isso é que é país, que investe os recursos públicos, supostamente destinados à educação, transporte, segurança e por aí vai, em eventos já totalmente elitizados – e descartáveis –, tipo o carnaval, a Copa, que vem por aí, sem falar nas Olimpíadas (legados de Lula, megalomaníaco em pessoa). Enquanto isso, o povo vegeta, literalmente, já que, por exemplo, o programa Bolsa Família é uma fraude. Mas, respondendo a pergunta da jornalista – feita para todos os telespectadores... Não, eu não gostaria de desfilar na passarela do samba. Não é do meu feitio. Afinal, como costumava dizer um amigo francês: dois, para mim, já é assembléia...

Nathalie Bernardo da Câmara













segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012


ODE AO BARULHO


“Barulho é barulho em qualquer horário...”.

Rossana Sudário
Promotora do Meio Ambiente do Rio Grande do Norte


Um carnaval no mínimo pitoresco, o da minha mãe e o meu. Saímos de Natal na manhã de sábado, 18, rumo a Baía Formosa, litoral do Rio Grande do Norte, onde a nossa família tem uma casa. Queríamos descansar. Nas melhores das intenções. Ela convalescendo de uma cirurgia de catarata e eu querendo escrever alguns textos, revisar uns escritos. Resultado: retornamos a Natal antes do previsto, nesta segunda-feira, 20. O motivo? Barulho. E demais! Para termos uma idéia, só circundando a nossa casa eram cinco carros de sons arrebentando os tímpanos dos mais desavisados. Mamãe chamou a polícia por duas vezes. Que veio. Nas duas vezes, mas, em vão. Fazer uma denúncia? O escriturário para registrá-la só chegaria às 16h do domingo. Sem falar que, quando as ditas concentrações saíram para se encontrarem noutro lugar, dando continuidade à folia, arrombaram o portão, supostamente seguro, do nosso quintal – se era para roubar coco verde ou invadir a casa, já que a frente estava aberta, tinha gente, acho que não vamos saber. E o mais curioso é que o cachorro da minha irmã estava lá. Não viu nada, pois estava na varanda, se deliciando com a nossa companhia e com os rumores do mar. Ocorre que, já de noitinha, ainda domingo, solto no quintal, ele saiu pelo portão detonado, deu a volta no quarteirão e bateu com as patas no portão da frente.

Mamãe gritou: — Tem um cachorro com a cara de Nero batendo no portão.

Era o próprio, tentando voltar para casa. O bichinho ficou tão apavorado com o barulho – todos nós ficamos [enlouquecemos], com ou sem bebida – que saiu perdido. Quando, não muito distante, chegou numa rua sem saída, ele retornou, pelo faro, para casa. Acontece que, quando o portão foi aberto, saiu em disparada. E haja procura! Final da história: Nero foi encontrado e voltou para casa. O portão do quintal está sendo restaurado; a polícia continua sem fazer nada, impossibilitada que fica porque os foliões não respeitam a autoridade policial nem a lei do silêncio, e mamãe, me mostrando uma reportagem feita com a promotora que subscreve a epígrafe deste post, publicada no jornal O Poti, que circula aos domingos, me pediu para voltar a Natal. Afinal, silêncio é o que não falta aqui, em Natal, nessa festa démodé, que é o carnaval. E, para quem estiver lendo este texto, mamãe e eu pensamos até, num último momento, nem viajar a Baia Formosa. Parecia que já prevíamos o que ia acontecer. Porém, fomos. Hoje, contudo, mal raiou o dia, retornamos. E daqui não saímos até acabar o carnaval. Agora, caro leitor, imagine o nível de decibéis que ainda estão a pulular nos nossos tímpanos! O que dirá nos tímpanos de Nero, o cachorro, já que os carros de som alteraram a sanidade mental de todos... Baía Formosa? Uma cidade proibitiva para quem, em tempos de carnaval, busca a paz.

Vejamos, contudo, a entrevista com a promotora, intitulada: Rossana Sudário: “Só estou fazendo o meu trabalho; sou paga para isso”.

A explicação da Promotoria do Meio Ambiente é taxativa. Barulho é barulho em qualquer horário. A promotora Rossana Sudário usou um exemplo prático para justificar a proibição do som ao vivo ou, sendo mais preciso, a poluição sonora: "Se ao lado da sua casa há um serralheiro fazendo barulho no horário da manhã, é poluição sonora, independente da hora do dia". E pondera: "Mas só atuo quando há interesse coletivo". Ou seja: se o serralheiro perturbar só o vizinho, a promotoria silencia. "Sempre peço 20 assinaturas de endereços diferentes para justificar o processo. Quando chega, já sei que a denúncia é pertinente. Trabalho com isso há dez anos. Ainda vou lá medir os decibéis só para instruir meu processo."

E é assim para ricos e pobres. Rossana Sudário já pediu a proibição de som para pequenos bares e mega eventos. Foi o caso do Violão de Ouro e do Carnatal. No caso da micareta, já com mais de 20 anos, a promotora do evento, a Destaque Promoções, ingressou com recurso e o processo chegou até a última instância eo Supremo Tribunal Federal julgou favorável à realização da festa. "Sou a favor da qualidade de vida. Nem todos gostam de sair à noite ou preferem descansar no fim de semana. É preciso respeitar o direito dessas pessoas". A promotora argumenta com base na Resolução do Conama nº 01/90. E ressalta ainda que o mesmo caso pode ser processado civil ou criminalmente, conforme a intenção e a instância onde é analisado.


Em Paris, esse tipo de coisa – poluição sonora – não existe...

Nathalie Bernardo da Câmara

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


AS SENHORAS DA PRAÇA DO RELÓGIO*




Por Nathalie Bernardo da Câmara


TÃO LOGO RETORNOU da sua caminhada matinal diária, a primeira coisa que ouviu, ao abrir a porta de casa, foi o estalar contínuo dos ponteiros de um relógio ordinário na bancada de um armário da sala: tic-tac, tic-tac, tic-tac... Mantenedora de uma rotina exemplar, C. E. parecia regulada pelo ritmo dos ponteiros do seu relógio barato. Colocando uma chaleira com água para ferver no fogão, ela tomou banho, vestiu roupas sóbrias e foi passar o café, que bebeu calmamente com um pão melado de margarina. Em seguida, ingeriu alguns comprimidos com um pouco de água, apanhou um exemplar da Bíblia que estava sobre a mesa e saiu, fechando a porta atrás de si. Atravessando a rua, seguiu em direção ao templo de uma Igreja pentecostal que frequentava. Afinal, o culto não tardaria a começar e ela, juntamente com demais fiéis, orava por quase uma hora. Diariamente. Religiosamente.

Aos sessenta anos de idade, o cotidiano de C. E. assemelha-se ao da maioria das mulheres da sua faixa etária: por orientação médica, já que é hipertensa, caminha diariamente, toma café, remédios controlados e frequenta uma igreja. Dinâmica, desconhece o que seja monotonia, já que, além de vender cosméticos de porta em porta, de montar uma banca na feira popular da cidade nos fins de semana, ela ainda é – detalhe – uma garota de programa, ou melhor, uma senhora de programa, batendo ponto nem que seja uma vez por semana, sempre à tarde, na Praça do Relógio de Taguatinga, cidade satélite do Distrito Federal... Sim, C. E. também é uma profissional do sexo. Exerce aquela que é considerada a mais antiga das profissões desde que o mundo é mundo, embora, há dois anos, muitos a vejam saindo sempre como um mesmo homem. Nenhum outro.

O motivo, contudo, que levou C. E. a se prostituir foi a busca pelo prazer. Saiu uma vez, gostou e decidiu continuar, embora admita que com o dinheiro que ganha fazendo programas paga uma conta ou outra, complementando, assim, a sua renda familiar, já que aposentada como dona de casa não tem mais o marido, de quem é separada, para sustentá-la, embora tenha tido com ele cinco filhos e estes tenham lhes dado netos que, aliás, de vez em quando ela cuida, sem falar que, vez ou outra, eles a visitem no banco da praça onde ela costuma se sentar para esperar o seu cliente exclusivo, com quem, inclusive, pretende se casar, alimentando, romanticamente, o sonho de todas as Cinderelas. Orgulhosa, costuma dizer que todos na família sabem da sua opção e a respeitam, embora o pastor da sua igreja insista em orar por ela, para que se liberte das tentações do corpo e mude de vida.

Só que para quem pergunta se ela quer se libertar e mudar de vida, C. E. estampa um sorriso malicioso nos lábios e diz que, apesar de pertencer a Jesus, embora reconheça não ser tão fiel, já que vive pecando, ela responde que não pretende se libertar, mas quer que Deus lhe dê um marido. Enquanto isso não acontece, ela e demais senhoras e garotas de programa vão dividindo a praça com evangélicas – falta espaço para todas –, que, todos os dias, igualmente batendo ponto, erguem as suas Bíblias e esbravejam orações e cantos religiosos, no intuito de evangelizar as profissionais do sexo, repetindo, exaustivamente, a necessidade de libertá-las. Achando pouco o trabalho de evangelização na praça, muitas evangélicas não desistem da missão e insistem em visitar as garotas e senhoras de programa nas suas casas. É, literalmente, um verdadeiro assédio religioso.

E a praça, ambiente de congraçamento, cumprindo com a sua função, com todos que a frequentam vivendo em harmonia: as profissionais do sexo, independentemente de faixa etária; os seus clientes; as evangélicas; as crianças a brincar; o vendedor de café, coxinhas e pastéis requentados; os transeuntes que passam; os mendigos; os tradicionais casais de namorados; os usuários de crack e os do metrô, cuja boca fica próxima ao relógio; os moradores locais, além dos comerciantes que possuem estabelecimentos nos arredores. Sem falar nos agentes de saúde que distribuem camisinhas e sopa uma vez por semana não somente para as garotas e senhoras de programas cadastradas em um programa social do governo, mas também para usuários de drogas. Tudo na mais santa paz, na mais garantida das proteções, já que a poucos metros da praça existe uma delegacia...

C. E., por sua vez, não se mete em encrenca. É precavida. Nunca entrou em carros de desconhecidos e só vai a motéis da redondeza. Prevenida, sempre sai com camisinha, mas não com as que são distribuídas pelos agentes de saúde semanalmente. Ela costuma dizer que já ouviu dizer que essas camisinhas são falsas, preferindo usar as que a filha compra na farmácia, embora reconheça que as campanhas de prevenção do Ministério da Saúde sejam eficazes, fáceis de serem entendidas. Politizada, uma das expectativas de C. E. é a de que seja aprovada uma lei que legalize a prostituição, o que garantiria, entre outros benefícios, o da aposentadoria para quem exerce a profissão. Ao mesmo tempo, a exemplo de algumas colegas de ofício, ela também reconhece a importância do Estatuto do Idoso, no caso, para as senhoras de programa, como ela, que, se necessário, lhes dá amparo legal.

E de amparo em amparo, de abraços a abraços, legais ou não, C. E. diz que a vida pode não ser um mar de rosas, mas só a saúde que tem já é uma benção divina, embora faça das tripas coração para superar as adversidades da vida. Contrariando, contudo, os céticos de plantão, que não acreditam que prostituta não sonha, não beija, não se envolve emocionalmente com o parceiro e que fazer sexo por prazer não passa de uma fase angelical, que, inclusive, com o tempo, pode fazer da pessoa uma aliciadora e, posteriormente, uma cafetina, C. E. está sempre de bem com a vida e, apesar de nunca ter se sentido uma Cinderela, ainda acalenta o desejo de se casar com o seu único cliente. Quem sabe, assim, ela possa, finalmente, viver o seu sonho de valsa. Porém, enquanto isso não acontece, ela segue em frente, segurando a mão de Deus e a da vida...


*Registrado no Escritório de Direitos Autorais - EDA, da Fundação Biblioteca Nacional - FBN, originalmente em formato de roteiro para um documentário (curta-metragem) – ainda inédito – homônimo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

14 DE FEVEREIRO:
DIA INTERNACIONAL DO AMOR





SAUDADE


Na iminente aurora, barcos pesqueiros cruzam o mar. A chuva cai; o sol, acuado, pede passagem as nuvens. É forte o rumor das ondas; frágil o gorjear dos pássaros. Quantos sons ao redor! E penso nos acordes que me acordam quando pegas a viola. Mas, agora, estou distante. Resta-me pousar o olhar no infinito do horizonte, tentando esquecer a errância que fez do nosso amor uma mera lembrança...

Nathalie

Baía Formosa-RN, 19 de fevereiro de 2007


sábado, 11 de fevereiro de 2012

UM ESTUPRADOR DEVE SER CASTRADO QUIMICAMENTE?


“[Do estuprador] nada virá de digno...”.

Paulo Ghiraldelli Jr
Filósofo brasileiro


No post anterior deste blog, intitulado Estuprador: cadeia ou hospício?, publicado no dia 10 de fevereiro do corrente, tecendo algumas considerações sobre alguns casos de estupro divulgados esta semana na imprensa, ventilei a possibilidade da adoção da castração química dos estupradores (a charge acima é meramente ilustrativa) como possível solução para tentar coibir uma prática tão repugnante como a desses predadores sexuais. Sabe-se, contudo, que a castração química, mesmo no caso dos estupradores, pedófilos ou não, é alvo de polêmicas. E não é de hoje. No Brasil, por exemplo, existe, inclusive, um projeto de lei que trata do tema tramitando no Senado Federal, embora muitos parlamentares, argumentando a inconstitucionalidade da castração química face ao princípio da dignidade humana, se esquivem de debatê-lo e – obviamente – de submetê-lo à votação.

Isso sem falar que sendo signatário do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, adotado pela Organização das Nações Unidas - ONU em 1966, o Brasil automaticamente assinou embaixo do art. 7º do referido pacto, que diz: Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido, sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou científicas. Ora! Vários países já aplicam a castração química de estupradores e, segundo pesquisas realizadas nos Estados Unidos e no Canadá, por exemplo, foi verificada uma queda de 75% para 2% a reincidência dos que se submeteram ao procedimento. Daí muitos – os que têm bom senso – não entenderem a resistência do Brasil em não entrar no rol dos países que aplicam a castração química em estupradores.

Sim, existem controvérsias a respeito do procedimento em questão – é natural. Agora, defender os direitos de quem estupra uma criança de 4 anos de idade, por exemplo, e depois a mata, desovando o seu corpo em um terreno baldio qualquer, é o cúmulo da insanidade. Daí que até quem possui apenas dois neurônios sabe que o artigo supracitado igualmente beneficia o agressor sexual, devendo, portanto, ser revisado. Afinal, as ações de um estuprador não são humanas, já que ele submete a sua vítima à tortura, a tratamento cruel, desumano e degradante, não podendo, então, ser contemplado pelo artigo, bem como todos aqueles que, direta ou indiretamente, foram ou são responsáveis por uma infinidade de torturas praticadas em porões de ditaduras, não importa qual. Eu, particularmente, sou humanista, mas defendo apenas os direitos dos humanos.

Repito: não sou a favor da castração física, mas da castração química, que remove o tecido que produz a testosterona, embora, infelizmente, o procedimento seja paliativo, já que – escrevi num post anterior –, “apesar de punir, não leva o castrado à redenção dos seus atos vis e doentios, considerando que, mesmo sem a capacidade de produzir esperma, eles poderão continuar estuprando, já que basta haver sangue na corrente sanguínea do pênis que este fica ereto. Isso sem falar que o paciente castrado pode muito bem encomendar testosterona pela internet!” (http://abagagemdonavegante.blogspot.com/2009/05/7-em-1-castrar-ou-nao-castrar-eis.html). Eu só tenho dúvidas, já que não sou especialista no assunto, se a castração química vem a ser uma alternativa à pena de reclusão, que varia de seis a dez anos, ou um complemento à punição formal do agressor sexual.

A título de ilustração, no caso, contudo, em relação apenas a pedófilos e ao agravamento dos seus transtornos, quando detidos, já que é esse o legado dramático deixado por um sistema carcerário caótico, e ao alto índice de reincidência desses agressores sexuais, quando libertos, vejamos a reflexão da jornalista brasileira Ivonete Gomes em seu artigo Castração química como cura da doença chamada pedofilia:

— Mesmo submetidos à violência sexual nos presídios – tratamento dispensado por colegas de cela a pedófilos e estupradores em todo lugar mundo – os molestadores permanecem o tempo na prisão preparando fantasias sexuais sórdidas, traduzidas para a realidade quando voltam a ter contato com crianças. Para os estudiosos, a cadeia produz criminosos mais criativos na busca por novos métodos de abuso para satisfação do prazer, sem correr o risco de cárcere. A cadeia, de acordo com os pesquisadores, fortalece tendências agressivas do homem pedófilo, enquanto a pena de castração química combate diretamente a origem do problema que é o desejo sexual compulsivo.

Face, portanto, ao que digo, vale ressaltar que o projeto de lei mencionado no primeiro parágrafo deste post e que tramita no Senado Federal contempla apenas os pedófilos, que devem ou não – vai depender da votação – se submeter à castração química. Será, então, que não seria o caso de incluir os estupradores de uma maneira em geral em um dos seus artigos? Afinal, a natureza do crime é a mesma. O que difere é o público-alvo do criminoso, que, inclusive – é público e notório –, pode ser um civil, um religioso – tão em voga – ou quem quer que o seja. Sei não, mas, do jeito que as coisas andam – ou desandam –, não vejo a hora, caso o governo brasileiro não tome uma atitude a respeito, de a sociedade tomar uma ela mesma, a exemplo de um filme que assisti há muito tempo, cujo tema era a mutilação física de estupradores, ou seja, a extração da sua genitália.

Quando publiquei Castrar ou não castrar: eis a questão!, em maio de 2009 – o link para o post já foi citado anteriormente –, fiz referência a esse filme, cujo título, infelizmente, não me recordo, nem o nome do diretor e o ano em que foi lançado. Bom! A história do filme é a seguinte: “Uma médica-cirurgiã perde a sua filha, que, após ser estuprada, é assassinada. Ela, então, cria um grupo de apoio, que reúne várias mulheres que, de alguma forma, foram, direta ou indiretamente, atingidas pelo estupro. O tempo passa e as adesões ao grupo aumentam. Certo dia, o grupo decide radicalizar e fazer justiça com as próprias mãos, literalmente. Ou seja, olho por olho, dente por dente. O plano resume-se, portanto, a: as mulheres mais jovens e mais bonitas saem à noite, aparentemente sozinhas, e tentam seduzir os estupradores, [sendo, contudo,] seguidas por outra”.

“No momento certo, dopam os homens com clorofórmio e os [transportam] a casa da médica, que, no sótão, improvisou uma sala de cirurgia, onde realiza as castrações. Castrados [fisicamente], os estupradores são deixados, ainda dopados, em algum lugar da cidade, público ou não, e, quando acordam, descobrem, para o seu desespero, que [foram mutilados]. E as castrações não são poucas. Elas se repetem inúmeras vezes, [tendo um fim apenas] quando, [para sua surpresa,] a médica e as demais mulheres são descobertas [e, se não me falha a memória, detidas]”. O fato é que a narrativa em questão suscita outra: Será que não é chegada a hora de a população brasileira – a maior vítima dos estupradores – reivindicar à la presidenta Dilma Rousseff um amplo e profícuo debate nacional a respeito antes do projeto de lei que tramita no Senado Federal ser submetido à votação?




A quem interessar... No dia 3 de junho de 2011, após uma aprofundada pesquisa, publiquei A Verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho – Uma parábola do estupro. Vale a pena conferir!


Para denunciar casos de abusos sexuais...



Nathalie Bernardo da Câmara



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ESTUPRADOR: CADEIA OU HOSPÍCIO?


“Toda a maldade é fraqueza...”.

John Milton (1608 - 1674)
Escritor inglês
 
Tema recorrente neste blog, o estupro, seja ele cometido contra uma criança, um adolescente ou um adulto, incluindo os idosos, é, de fato, um ato bestial. E, pelo andar da carruagem, parece que esse tipo de mal nunca será extirpado das entranhas da humanidade. Tanto que, por ser uma aberração que revolve as tripas até dos mais empedernidos, já pensei em não mais abordar sobre o tema. Ocorre que essa prática hedionda, que remonta aos primórdios da civilização, de há muito tem ganhado uma maior visibilidade na mídia nacional e internacional.

Esta semana, por exemplo, vários casos a respeito foram divulgados na imprensa, incluindo a internet, embora dois, em particular, tenham chamado a minha atenção – sabemos, contudo, que a realidade mais dramática encontra-se anônima, sem que sequer as autoridades competentes tomem conhecimentos dos casos que a 3x4 acontecem por toda parte, no mundo inteiro. Porém, por ser o estupro algo repulsivo – escrever sobre tamanha aberração macula até mesmo a minha escrita –, limito as minhas palavras a breves observações sobre o tema em questão.

Vejamos... Segundo alguns especialistas, o estuprador, seja ele homem ou mulher, sofreria do que classificam de Transtorno de Personalidade Antissocial – suponho que devem existir outras definições para esse tipo de comportamento. A pedofilia, por sua vez, que pode ser praticada tanto por homem como por mulher, é classificada como sendo um transtorno de perversão – obviamente que esse tipo de conduta também deve ter outras definições.

Bom! Afora os casos de pedofilia que tomei conhecimento esta semana, com algumas das vítimas, inclusive, sofrendo, além da agressão sexual em si, outras formas de violência que contribuíram com as suas mortes – nem quero pensar nos requintes de crueldade utilizados –, um caso de estupro cometido por um jovem de 21 anos de idade contra uma nonagenária solitária considerei, por suas características, similar aos cometidos contra, por exemplo, crianças de 4 anos de idade. Afinal, por suas respectivas estruturas físicas frágeis, que os tornam indefesos, tanto a criança quanto o idoso são mais vulneráveis a todo e qualquer tipo de abuso sexual.

O mais triste de tudo isso é que, apesar de muitos agressores serem punidos, a maioria fica impune, sendo a vítima, em muitos casos, a única, além do estuprador – claro –, que tem consciência do fato... Isso sem falar nos danos físicos, morais e psicológicos que são infligidos as vítimas, quando sobrevivem. Assim, tanto o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda como o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso - CNDI têm de ficar mais atentos a essa problemática, encarregado que são de manter a integridade física e a sanidade mental de quem, por lei, devem proteger.

Enfim! O outro caso que me chamou a atenção, além do da idosa, que aconteceu no Brasil, foi o de uma norte-americana que, em 1997, à época com apenas 14 anos de idade, foi drogada e obrigada a fazer sexo oral com três homens. Atualmente, mantendo um blog e uma página em uma rede da internet chamada de social, ela foi localizada no Facebook por um dos três desconhecidos que a violentaram no passado. Ousado, para não dizer mentalmente perturbado, o homem enviou para a mulher um pedido de amizade... Corajosa, a norte-americana entrou em contato virtual com o seu agressor, que confessou ter se arrependido da violência que havia cometido. Porém, provavelmente para frustração do homem, ela não somente disse que ele ensinasse ao seu filho que não é não como também não aceitou ser sua amiga. Óbvio! Afinal, como poderia?

Então, qual seria o destino do estuprador, predador sexual em potencial, como questiona o título deste blog: cadeia ou hospício? O problema é que a pena para quem comete estupro é – apenas – de seis a 10 anos de reclusão, a qual, quando cumprida, garante a reintegração do agressor sexual à sociedade, embora nada impeça que ele reincida no crime. Daí haver quem, apesar da polêmica, defenda a castração química do estuprador. Sim, uma possiblidade. Radical, mas uma possibilidade. Quem sabe assim a sociedade não conseguiria intimidar e coibir a prática desumana do estupro...

Nathalie Bernardo da Câmara



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


ABORTO: UM DIREITO DA MULHER


“Uma questão de saúde pública...”.

Eleonora Menicucci
Sanitarista brasileira, recém-nomeada ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, em declaração concedida à imprensa nesta terça-feira, 07, fazendo referência ao aborto.


Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Eleonora defende publicamente a interrupção da gravidez e já se submeteu à prática em duas ocasiões, embora, na condição de ministra, cuja posse está prevista para a próxima sexta-feira, 10, tenha declarado que “o aborto não é uma questão ideológica” e que a sua legalização limita-se ao âmbito do Legislativo e não ao do Executivo. Enfim! Não vou me prolongar na abordagem de um tema que, apesar de muitos considerarem polêmico, não vejo necessidade de um debate acerca, visto que, incondicionalmente, eu seja igualmente a favor do aborto, já que, no meu entendimento, tal decisão diz respeito única e exclusivamente à vida privada da mulher. É uma questão de foro íntimo.

Nathalie Bernardo da Câmara



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

2012: COOPERATIVAS E ENERGIA SUSTENTÁVEL



“Eu não acredito em caridade, mas em solidariedade. Caridade é vertical: vai de cima para baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria tem muito a aprender com o seu próximo...”.

Eduardo Galeano
Jornalista e escritor uruguaio


Segundo o site oficial da Organização das Nações Unidas - ONU, 2012 foi declarado o Ano Internacional das Cooperativas, bem como o Ano Internacional da Energia Sustentável – para todos. No que diz respeito à primeira declaração, foi destacada a contribuição “das cooperativas para o desenvolvimento socioeconómico, em particular o seu impacto na redução da pobreza, na geração de emprego e na integração social”, sendo, portanto, as cooperativas, segundo Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, “um exemplo para a comunidade internacional de que é possível perseguir tanto a viabilidade econômica quanto a responsabilidade social”. Quanto à segunda declaração... De acordo, ainda, com as palavras de Ban Ki-moon, “não é justo, nem sustentável, que uma em cada cinco pessoas ainda não tenha acesso à eletricidade moderna”.

Para ele: “Não é aceitável que três bilhões de pessoas ainda precisem de madeira; carvão [não ficou explícito qual]; carvão vegetal ou dejetos de animais para cozimento e aquecimento”. Concluindo, enfim, o Secretário-Geral da ONU disse que “uma das maneiras de combater a pobreza é garantindo o acesso à eletricidade”. O prazo para o alcanço dessas metas? 2030. Tempo pouco até demais – acredito – para compensar os séculos durante os quais certos seres ditos humanos, indiscriminadamente, fizeram uso de energias naturais e benéficas para o meio ambiente apenas com o objetivo de acumularem bens e riquezas a seu bel prazer, justificando, para isso, uma suposta necessidade de desenvolvimento econômico. Deles e de muitos dos seus pares.

Concluindo... São três os objetivos da ONU nesse sentido, ou seja: Reduzir a pobreza, oferecendo oportunidades a todos; dinamizar a economia e lutar contra a mudança climática.

Para isso, contudo, são necessários:
Garantir acesso universal a serviços de energia moderna;
dobrar a taxa de implementação da eficiência energética
e dobrar a proporção de energia renovável na matriz energética global.

Maiores informações a respeito: http://www.onu-brasil.org.br/

Nathalie Bernardo da Câmara