quarta-feira, 26 de agosto de 2009

DÁ-LHE, SUPLICY!




Se há uma forma de o povo brasileiro compreender bem o que isso significa é nós falarmos a linguagem do esporte mais popular do Brasil. Ali (no Conselho de Ética), eu estava na função de juiz. Era o terceiro suplente e não chegou a minha vez de dizer o meu voto. Então, o que faz um juiz no campo de futebol para que todos entendam? Apresenta um cartão vermelho. Nessa altura, o melhor passo para a saúde do Senado e do próprio presidente Sarney é simbolizado neste cartão vermelho. Que ele deixe a presidência e possa permitir que o Senado volte aos seus trabalhos normais”. – Senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ontem, terça-feira, 25 de agosto de 2009. Foi a primeira vez que um petista pediu a renúncia de Sarney. Até então, a posição do Partido dos Trabalhadores era pelo afastamento.


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A GONGUEZA DE ESPERANTINA

“Os anões são seres humanos normais,
com sonhos, desejos e necessidades...”.

Laura Marques

Ela nasceu do tamanho de uma colher de inox. De sopa. Ou seja, com vinte quatro centímetros e meio – segundo as suas próprias palavras e medições. Hoje, “sem salto”, mede noventa e seis. Centímetros. Ela é Laura Maria Marques. Ou Laurinha. Ou, ainda, a Gongueza de Esperantina, cidade piauiense, a 174 quilômetros de Teresina, capital do Piauí. Convidada do Programa do Jô, exibido pela Rede Globo, ganhou dois blocos para uma entrevista sui generis, que foi ao ar na madrugada do último sábado, 22 de agosto. Foi o espaço e o tempo de quase vinte minutos que o apresentador concedeu à Laurinha, que já chegou toda animada, contagiando a todos com o seu alto astral, inclusive Jô, que logo quis saber o motivo para tanta alegria. “Estou viva!”, respondeu a entrevistada. E foi esbanjando alegria que Laurinha, de bem com a vida e bem resolvida com a sua condição de anã, me fez dar boas gargalhadas – no bom sentido, claro! Quarta filha de uma prole de oito – a sexta também é anã –, Laurinha nasceu de nove meses e passou dois anos mamando no peito e, do leite materno, já foi direto para a comida de panela, ficando fortinha, fortinha. Bem humorada, ela contou histórias hilárias. Uma delas foi a de que algumas crianças costumavam confundi-la com outra criança e que ela só podia ter a melhor mãe do mundo, porque a deixava sair na rua, andar de bolsa, pegar ônibus... Tudo sozinha! Mas, nem tudo são flores para Laurinha, já que as dificuldades que os anões enfrentam no dia a dia não são poucas. Andar de elevador, por exemplo, é sempre um problema. E, em tempos de gripe suína, então! Lavar a mão toda hora só com o álcool gel. Sim, o grande problema dos anões chama-se acessibilidade. Laurinha, contudo, pelo menos em casa, conseguiu superar certas adversidades. Descolada, conseguiu que a Caixa Econômica Federal, através do Programa de Arrendamento Residencial - PAR, financiasse a primeira casa do país totalmente adaptada para um anão. Uma lutadora! Com a garra que muitos dos ditos normais não sabem o que é.


“Ter uma casa adaptada
é garantia de qualidade de vida”.


Laura Marques

E Laurinha falou. Falou de inclusão social, da política de cotas que as empresas têm de cumprir no emprego de anões em seus quadros funcionais; do preconceito que os anões sofrem: “Eu já saio de casa sabendo que vou ouvir de tudo: boneca da Estrela, boneca de piche...”. É mole! Sim, porque além de ser mulher e anã, Laurinha também é negra. A discriminação e as chacotas são triplas. Porém, ela insiste: “A discriminação maior é a falta de acessibilidade”, dizendo que muitos anões não saem de casa porque os parentes temem por sua segurança. “Você nasce, não cresce fisicamente e não vive. É terrível!”. E acrescentou: “A gente só quer uma oportunidade”. E oportunidades Laurinha teve. Quando não, ela as criou. Um fato curioso, entretanto, envolvendo alguns anões, causou a maior polêmica no Piauí. Há alguns anos, uma empresa que atua no Estado fez uma campanha simulando preços baixos e contratou anões como atores. O Ministério Público, contudo, considerou a campanha discriminatória e tirou o comercial do ar. Os anões se revoltaram. Contra o Ministério Público. E, de qualquer modo, não perderam o emprego. Dessa oportunidade, eles criaram um grupo de teatro e atuam até hoje. Encenam, por exemplo, Branca de Neve e os sete anões – Laurinha faz o papel do anão Atchim – e, no Natal, costumam fazer o papel dos duendes de Papai Noel. São convidados para festas de aniversário e vários outros eventos.


  “A valorização profissional dos atores e humoristas portadores de nanismo não deve ser esquecida. O que deve ser combatido é a hierarquização social com base na altura das pessoas”.

Dolores Galindo
Psicóloga brasileira

E Laurinha não para por aí, não! Ela trabalha como vendedora de cosméticos e, ainda, ministra palestras sobre temas como a valorização da vida, superação de obstáculos e auto-estima em empresas, escolas, universidades. Otimista, alimenta o sonho de fundar uma associação de anões, que, em sua opinião, devem ser vistos por seu profissionalismo, não por suas limitações. Estima-se que, no Brasil, seja um anão para cada dez mil habitantes, sendo o nanismo incluído no conjunto mais amplo das deficiências físicas através do decreto 5.296, de 2 de dezembro de 2004.




“Para a minimização do preconceito, as pessoas com nanismo têm de adquirir maior visibilidade no espaço público na qualidade de atores sociais capazes de articular movimentos pelos seus direitos”.

Dora Galindo


“Eu procuro excluir pensamentos negativos.
Focalizo os resultados; não os obstáculos”.

Laura Marques

Grande pequena Laurinha, que, achando pouco, ousou, ao final da entrevista, vender um kit de cosméticos a Jô Soares. Diante do valor cobrado pelos produtos, o apresentador brincou, dizendo que estava sendo explorado. Sem perder a pose, Laurinha retrucou: “Por ser o Jô, temos de superfaturar!”. É pouco ou quer mais?


Nathalie Bernardo da Câmara

domingo, 23 de agosto de 2009



O MÉDICO, O MONSTRO
E A VERGONHA FEMININA

Ruth de Aquino



“Existem os médicos e os monstros. Ele é um médico monstro.” Assim uma ex-paciente se referiu ao doutor Roger Abdelmassih, na TV Globo. Calvo, de cabelos e bigodes brancos, 65 anos, esse especialista em reprodução humana foi preso ao chegar a sua clínica de luxo em São Paulo. A acusação é de abuso sexual contra 39 mulheres desde os anos 70. Os depoimentos são de embrulhar o estômago. Constrangedoras também são as piadinhas masculinas.

Homens que se consideram inteligentes e sensíveis perguntam, rindo: “Que droga será essa que deixa as mulheres mais amorosas e submissas?”. Também há os que não entendem por que as mulheres não denunciaram o médico antes: “Elas deveriam sair da clínica e ir direto à delegacia. Por que ficaram caladas?”.

Talvez eles não possam mesmo compreender o alcance do sentimento feminino de vergonha, humilhação, revolta, nojo e culpa. Um sentimento pleno de ambiguidades invade a mulher em episódios que misturam abuso sexual a poder. Médicos podem ter mais poder que chefes ou maridos. Como desmascará-los? Especialmente o médico que promete dar a ela a capacidade de gerar um filho. É visto quase como um deus. Elas se tornam reféns dele e de um sonho.

Não sei se Abdelmassih é culpado ou inocente. Nem o advogado de defesa nem o filho dele compreendem o “motivo” das denúncias. O médico escreveu um artigo em que pergunta: “Qual a verdadeira motivação para esse movimento que mais se caracteriza como sanha de vendeta, que se expressa em denúncias esvaziadas de sentido, em acusações perversas, subjetivas, sem materialidade?”.

Pois é, doutor. Não parece haver nenhum motivo nos depoimentos das mulheres além de restabelecer uma verdade, restaurar a dignidade, devolver a humilhação e cassar o médico que, segundo elas, um dia as beijou na boca na cama ginecológica, encostou-as com seu corpanzil na parede, passou a mão em seus seios e corpo. E, segundo algumas, as penetrou levantando o lençol que as cobria quando saíam da sedação.

Entre as 39 mulheres que já relataram crimes sexuais na clínica de Abdelmassih, umas conseguiram ter filhos, outras não. O tratamento de fertilização na clínica pode custar R$ 200 mil, dependendo do tempo e da sofisticação. A primeira acusação de abuso, em abril de 2008, não foi de uma ex-paciente, mas de uma ex-funcionária. Natural.

As pacientes só ganharam coragem para se confessar vítimas quando houve uma denúncia séria do Ministério Público. Elas não estavam mais sozinhas. A cena sem testemunhas – “subjetiva e sem materialidade”, nas palavras do médico – poderia vir a público com menos danos morais. Já não seria a palavra de uma mulher anônima contra a palavra de um médico rico, poderoso e influente.

O advogado de defesa alega que o número é irrisório diante das 20 mil pacientes que o médico tratou na vida. Eu me pergunto se o número importa para a acusação de crime. Talvez importe para uma conclusão de distúrbio de personalidade. Um homicida é tratado de modo diferente de um serial killer. Mas um médico que trai a confiança e aproveita a vulnerabilidade de uma paciente, uma só que seja, para atacá-la sexualmente deveria rasgar seu diploma.

Uma ex-paciente de Abdelmassih me contou o que sentiu: “No dia da inoculação, eu estava deitada na cama ginecológica, o doutor Roger entrou. Pegou na minha mão e disse: ‘Não se preocupe, vou fazer meu máximo, vou te dar este presente’. Era o momento de maior ansiedade no tratamento. Ele se debruçou e pensei que fosse falar ao meu ouvido, mas me beijou na boca. Não foi um selinho. Ele colocou a língua. Não correspondi, mas fui pega de surpresa, e depois pensei: ‘Por que não falei: seu louco, para com isso!’. Ao sair, meu companheiro perguntou: ‘Tudo bem?’. Fiquei muda, com medo de ele fazer um escândalo na clínica. Se denunciasse, temia ser acusada de ter dado brecha para ele. Tive vergonha. E me culpei de não ter reagido. Mas entendi por que me sentia intimidada”.

No consultório, disse ela, Abdelmassih tem porta-retratos com a mulher, o filho e parece muito sério. Volta e meia anda com um padre pelos corredores, o que reforça sua aura de respeito.


Transcrito da revista Época, 21 de agosto de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

MARINA DEIXA PT

BRASÍLIA - A senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente do governo Luiz Inácio Lula da Silva por mais de cinco anos, confirmou ontem sua saída do PT, depois de 30 anos de filiação. Com a decisão, Marina avança nas negociações para se filiar ao Partido Verde (PV) e disputar a Presidência da República em 2010. Uma eventual candidatura da senadora ao Palácio do Planalto pode causar prejuízos tanto à estratégia eleitoral governista quanto à da oposição.

Marina deixa o PT sem receber de Lula um gesto no sentido de tentar demovê-la da decisão. No PV, a adesão da ex-ministra e sua candidatura a presidente são consideradas certas. Ontem, ela anunciou apenas a saída do PT, mas admitiu sentir-se " livre " para discutir o convite do PV para participar de uma " revisão programática " , com atualização do programa e do estatuto. O objetivo é apresentar ao país um modelo de desenvolvimento baseado na " sustentabilidade ambiental, social e econômica " .

Em carta ao presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), Marina lista algumas " conquistas " de sua gestão no Ministério do Meio Ambiente - a queda do desmatamento da Amazônia, a estruturação e fortalecimento do sistema de licenciamento ambiental e a criação de 24 milhões de hectares de unidades de conservação federal - e diz que " faltaram condições políticas para avançar no campo da visão estratégica " . Em entrevista, afirmou que o meio ambiente " não deveria ser algo periférico, onde você faz uma militância quase que à margem do processo decisório do governo " .

Ao comentar a decisão de Marina, Berzoini descartou a possibilidade de o partido reivindicar, na Justiça Eleitoral, o seu mandato no Senado. Segundo ele, a ação " não faria sentido " , já que a ex-ministra " não agiu em detrimento do PT " , nem " em postura dissonante " da legenda.

Decisão tomada em 2007 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), posteriormente confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), deu aos partidos o direito de preservar a vaga de político que, eleito pela sigla, pedir desfiliação sem justa causa. O partido tem 30 dias, depois do pedido de desfiliação, para pedir à Justiça Eleitoral a decretação da perda do mandato.

Na carta ao dirigente petista, a senadora criticou os " equívocos da concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo " e disse ter desistido de lutar pela questão ambiental dentro do PT. " É o momento não mais de continuar fazendo o embate para convencer o partido político do qual fiz parte por quase 30 anos, mas sim o do encontro com os diferentes setores da sociedade dispostos a se assumir, inteira e claramente, como agentes da luta por um Brasil justo e sustentável, a fazer prosperar a mudança de valores e paradigmas que sinalizará um novo padrão de desenvolvimento para o país. "

Na entrevista, a ex-ministra confirmou que a possibilidade da disputa à Presidência da República está sendo discutida. Uma eventual candidatura de Marina a presidente é considerada prejudicial ao desempenho eleitoral da ministra Dilma Rousseff (chefe da Casa Civil), porque, em tese, ela terá votos no eleitorado petista. O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), também pré-candidato a presidente, afirmou que Marina "implode" a candidatura de Dilma.

Por outro lado, tucanos admitem que o governador José Serra (SP), possível candidato do PSDB, teria problemas no Rio de Janeiro, onde o PV é aliado dos tucanos. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), até ontem pré-candidato a governador com apoio do PSDB, reconheceu a dificuldade com a mudança de cenário. " Minha situação é uma variável não resolvida dessa história " , afirmou.

Na primeira pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República em que seu nome foi incluído - realizada pelo instituto Datafolha e divulgada no último domingo -, Marina aparece com 3%. É pouco, mas ela lembra que começou com 3% da preferência do eleitorado do Acre na primeira campanha para o Senado. " É um desafio programático e não pragmático " , diz ela sobre sua mudança de partido, decisão que - afirma - não está subordinada à possibilidade de se candidatar a presidente.

O líder do PV na Câmara, deputado Sarney Filho (MA), afirmou que há conversas com outras legendas, como P-Sol e PSC, sobre uma eventual aliança na campanha, para aumentar o tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão. Mas, assim como Gabeira, o líder analisou que o partido terá de utilizar " instrumentos diferentes dos tradicionais " para difundir a candidatura, como as ferramentas disponíveis na internet (blogs, twitter etc.). " A blogosfera pode ser um meio de superar a falta de espaço na televisão " , afirmou o deputado.

Na entrevista, Marina criticou avaliações segundo as quais seu discurso, numa campanha eleitoral, seria monotemático, restrito à questão ambiental. " Só aqueles que ainda não entenderam que falar de desenvolvimento sustentável é dar resposta a todos os setores da sociedade é que acham que sustentabilidade é algo monotemático. O argumento mostra fragilidade de quem não compreende o conceito."

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), disse que, se for candidata, a senadora " tira votos de todos os candidatos, inclusive da oposição " . Considerou uma escolha pessoal " difícil " votar em Dilma ou Marina, por considerar ambas " excelentes " . Mas declarou apoio à ministra, pré-candidata do seu partido.

O senador Paulo Paim (PT-RS) lamentou a decisão tomada pela ex-ministra. Citando outros ex-petistas que podem disputar a Presidência - Heloísa Helena (P-Sol) e Cristovam Buarque (PDT) -, disse que isso " divide as forças que estariam aglutinadas na Frente Popular e democrática, liderada pelo PT " .


Raquel Ulhôa - Transcrito do Valor econômico


Para refletir...

CONTRA A OBRIGATORIEDADE DO COMPARECIMENTO AS URNAS:
PELO VOTO FACULTATIVO!



Nathalie Bernardo da Câmara
Registro profissional de jornalista:
578 - DRT/RN, desde 1989


segunda-feira, 17 de agosto de 2009




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ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL?





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Morena Marina,
você se pintou

Ruth de Aquino
Diretora da sucursal da revista Época no Rio de Janeiro

raquino@edglobo.com.br

Marina, você faça tudo, mas faça o favor. Não mude o discurso da ética, que é só seu. Marina, você já é respeitada com o que Deus lhe deu. O povo se aborreceu, se zangou, e cansou de falar. Lula e Dilma estão de mal com você e não vão perdoar. Mas o eleitor não poderia arranjar outra igual para embaralhar o jogo sonolento da sucessão em 2010. Ao menos num dos turnos, vamos discutir princípios e fins. E principalmente os meios.

Nem em suas orações diárias Maria Osmarina Marina da Silva Vaz de Lima sonharia provocar tanto medo antes mesmo de decidir trocar o PT pelo PV. Nascida no Acre, filha de seringueiros migrantes cearenses, analfabeta até os 16 anos, aprendeu a ler quando trabalhava como empregada doméstica. A mãe tinha morrido. Pelo Mobral, fez em quatro anos o primeiro e o segundo graus. Contraiu cinco malárias, duas hepatites. Formou-se em história. Queria ser freira, mas virou marxista. Hoje é evangélica. Tem quatro filhos. Foi a mais jovem senadora do Brasil, aos 35 anos.

Lula a nomeou ministra do Meio Ambiente. Cinco anos depois, saiu derrotada e desgastada. Ao pedir demissão, citou a Bíblia: “É melhor um filho vivo no colo de outro”. O filho era a política ambiental. Ela tinha brigado com outra mãe cheia de energia, a do PAC.

Católicos como Frei Betto e Leonardo Boff receberam telefonemas de Marina na semana passada. Ela falou de desenvolvimento sustentável, de vida, de humanidade, da terra.

O mais forte cabo eleitoral de Marina, neste agosto, se chama José Sarney – e tudo o que ele representa. O país ficou desgostoso com o presidente do Senado, suas mentiras inflamadas na tribuna, seu sorriso bonzinho de avô da República – e com o apoio incondicional de Lula ao maranhense. O nome Marina, sussurrado, ganhou a força da natureza no olho do furacão em Brasília.

O ex-ministro José Dirceu escreveu que o mandato da senadora “pertence ao PT”. Marina disse que já enfrentou madeireiros, fazendeiros, cangaceiros: “Com certeza o Zé (Dirceu) não fez isso para me intimidar; não faz parte do caráter dele”.

O outro forte cabo eleitoral de Marina é a ministra Dilma Rousseff, pela falta de carisma. Marina não ameaçaria tanto se a ministra do crescimento tivesse conquistado o país ou ao menos seu próprio partido. Não se nega o valor pessoal de Dilma, mas seu nome foi imposto. Lula botou na cabeça que vai eleger seu poste. “Da campanha da Dilma cuido eu”, teria dito a um cacique do PT paulista.

As baratas todas voaram. Quem tem amigos como o deputado federal Ciro Gomes não precisa de inimigos. Lula chegou a apostar nele para o governo em São Paulo. Mas Ciro quer outros voos: foi o primeiro a dizer que Marina “implode a candidatura de Dilma”... “uma persona política em formação”...“que foi obrigada a defender Sarney”.

Dilma pediu a Marina que ficasse. “Estou triste. Preferia que ela continuasse no PT porque é uma grande lutadora.” Vocês acreditam? A ministra já esqueceu as rixas com a ambientalista que botava areia nas hidrelétricas? Depois, Dilma mudou o tom: “Eu sempre acho que quanto mais mulher melhor”. É mesmo?

Dilma é vista como “a mulher do Lula” – a massa ainda não conseguiu decorar seu nome. Lula ergueu a mão da mãe do PAC nos palanques país afora e disse que o Brasil está preparado para “uma mulher na Presidência”.

Lula só não esperava que uma sombra austera de saias emergisse da floresta. Com seu fundamentalismo, a fé, as convicções, a integridade, a coerência em 30 anos de PT. Sem dedo em riste. É muita ironia. E na mesma semana em que Lula dá uma rádio para o filho de Renan Calheiros, outro senador que “obra e anda” para a opinião pública.

O maior trunfo de Marina não é ser mulher nem petista de raiz ou defensora do verde. Ninguém supõe hoje que ela possa ser eleita presidente sozinha, contra as duas máquinas. Mas sua biografia e as frases recheadas de atitude – “perco o pescoço mas não o juízo” – entusiasmam os desiludidos.

Marina Silva obriga tanto Dilma quanto o tucano José Serra a se perguntar: como combater quem fala, baixo mas firme, a sua própria verdade?
.................
Transcrito da revista Época, edição 587 - 17 de agosto de 2009


Para refletir...


Nathalie Bernardo da Câmara
Registro profissional de jornalista:
578 - DRT/RN, desde 1989


PALMAS À PALMA

“A natureza é o único livro que oferece
um conteúdo valioso em todas as suas folhas....”.

Goethe (1749 - 1832), escritor alemão


Depois que assisti a um programa, confirmei as minhas suspeitas de que a palma (opuntia ficus-indica) poderia não somente servir de ração de gado nos longos períodos de seca, mas, também, constar da dieta alimentar humana em todos os períodos do ano. Uma experiência que deu certo, em alguns municípios da Paraíba, revelou resultados surpreendentes. Como tudo começou? Em busca de novas tecnologias para o pequeno produtor, o agrônomo pernambucano Paulo Suassuna pesquisou alternativas de alimento para o gado nascer e apostou em uma das plantas mais populares do sertão: a palma. Há cerca de seis anos, através do projeto Palmas para o semi-árido, Paulo orienta o agricultor paraibano como consultor do Serviço de Apoio as Micros e Pequenas Empresas - SEBRAE.

O cultivo e o manejo da palma, que visa a sua permanência como cultura agrícola na região, é um sucesso. E já ganhou visibilidade e reconhecimento. As prefeituras dos diversos municípios paraibanos que participam do projeto cedem a terra e a infra-estrutura necessária para implantar uma unidade de demonstração, batizada de Núcleo de Tecnologia Social, onde os agricultores são treinados e capacitados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR. Os objetivos do projeto Palmas para o semi-árido vão além do aumento da produtividade da ração aos animais, porque, através de cooperativas, são desenvolvidas atividades que produzem cosméticos à base de extrato de palma, shampoos e sabonetes, além de comidas doces e salgadas, conservas, sucos, saladas e sopas.




Um alimento altamente nutritivo, pois é rico em vitaminas e minerais, principalmente vitamina A, cálcio e ferro, o broto da palma tem incrementado o cardápio do sertanejo e conquistando a mesa não somente dos brasileiros, mas, também, a de europeus, que se deliciam com receitas mais requintadas. E haja ervas finas!


Propriedades medicinais: adstringente, antiasmática, antidiarréica, antiescorbútico, antiprostática, anti-reumático, antitussígena, cardiotônica, colagoga, digestiva, diurética, emoliente, estimulante medular, hidratante, hipoglicêmica, maturativa, mucilaginosa, sedativa, vermífuga.

Indicações: afecção das vias respiratórias, angina, asma, circulação, coqueluche, diabete, diarréia, disenteria, doença cardíaca, dor reumática, febre gástrica biliosa, fígado, limpeza de pele, tônica para pele seca, tosse, tumor benigno da próstata, úlcera, vermes.


Nathalie Bernardo da Câmara
Registro profissional de jornalista:
578 - DRT/RN, desde 1989

sábado, 15 de agosto de 2009

AS CHAMAS DE BRUNO



“Giordano Bruno foi queimado. Se gritou, não ouvimos. E se não ouvimos, onde está a dor? Mas gritou, meus amigos. E continua a gritar...”.

José Saramago
A Bagagem do viajante


É notória a minha admiração pelo filósofo italiano Giordano Bruno (1548 - 1600), autor do livro Heróicos furores, uma elegia ao amor, e queimado vivo na fogueira da Inquisição. Gostaria muito de traduzir, por exemplo, a íntegra das suas memórias apócrifas, intituladas O Testamento de um herético ou a última prece de Giordano Bruno, do teólogo alemão Eugen Drewermann, que, “respeitando os dados da História, coloca sob a pena do dominicano italiano propósitos similares aos seus... Mas, completamente verossímeis, porque Bruno foi um dos maiores precursores da modernidade, anunciando tanto Spinoza quanto Kepler ou Newton, e batizando, ao longo de uma obra abundante, uma filosofia da natureza que guarda, hoje, toda a sua pertinência”. Já traduzi, contudo, o primeiro capítulo de O Testamento..., a partir da tradução francesa de Catherine Grünbeck, publicada pela Editora Albin Michel, em 1994, que transcrevo abaixo.



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Folhas arrebatadas pelo vento



ELES ME DERAM PAPÉIS, trezentas folhas, exatamente, uma pena, tinta e areia. Por quê? Durante oito anos, eu tinha feito o pedido. Hoje, é Natal. Mas, para eles, essa não é a razão. Sete dias, ainda, e um novo ano vai começar. Eles, certamente, decretaram a minha morte e essas trezentas folhas são a última refeição do condenado. Pouco a pouco, ao ritmo de cinqüenta páginas por dia, eu devo me preparar para morrer. A claridade de um fogo de artifício chinês não será suficiente para fazê-los entrever a aurora de um novo século; não, é preciso a luz da minha fogueira para provar a eles e ao mundo inteiro que, nunca mais, existirá uma nova era.

Meu Deus, o que eles me fizeram para que uma simples marca de benevolência pudesse me despertar tais pensamentos? Eis que, enfim, eles me deram o que eu desejava e, ao invés de ser grato, eu não experimento que desconfiança e medo. Mas, nunca poderia ser de outro modo? Quando, em dezembro do ano passado, eles me forneceram do quê escrever, a fim de obter da minha pena uma espécie de reconhecimento, era apenas para melhor pronunciar a sentença de morte. É verdade que eles se demoraram oito meses lendo os meus papéis, antes que o cardeal Bellarmin, é fato, pudesse, enfim, no dia 24 de agosto, renovar a acusação de heresia. Há, apenas, quatro dias, eu compareci diante deles. Eu não ensino nenhuma espécie de heresia, disse a eles. Mas, são eles que dão a última palavra.

Eu tenho medo? Não, eu estarei contente quando tudo acabar. Os seus atos sempre foram piores que eu nem os imaginava? Desde longa data, eu não sei mais o que é a morte nem a vida. Eu nem mesmo sei mais o que é o amor nem o ódio. Todas as noções estão embaraçadas em meu espírito. E, contudo, eles não fizeram nada. Eles, apenas, trancafiaram-me como um pássaro que se trata com grande cuidado, lhe fornecendo água e comida. Mas, um pássaro que não pode mais voar definha, e eu, que não tinha outro desejo que o de voar além de todo limite? Eis porque eu era perigoso aos seus olhos.

Eu era perigoso. Há dois meses, no dia 21 de outubro, eu lhes expliquei, claramente, que não havia nada a renegar. Isso me custou todas as minhas forças. É uma boa coisa se eles me matam agora. Nos séculos futuros, todo o mundo dirá: eles tinham mais medo dos pensamentos de Giordano Bruno que este dos seus algozes. E ninguém saberá quanto o fruto estava oco, desde muito tempo, que eles pensavam, contudo, dever moer.

Eu não sou mais que fatiga. Vazio. Esses últimos oito anos me fizeram envelhecer oitocentos anos. Mas, talvez, seria preciso, ainda, oitocentos anos antes que se compreenda o que eu entrevi sem nunca poder usufruir. A quem eu deveria me endereçar nestas folhas de livro? Eles não lerão os pensamentos que me agitaram em meus últimos dias. Eu não lhes darei esse prazer. Que eu renegue, lamentavelmente, ou que eu persista, corajosamente, eles pensarão, nos dois casos, ter razão. Não, eu levarei estas folhas comigo para a fogueira – elas me aquecerão e me ajudarão a queimar com mais ardor. Mas, antes, elas devem me trazer um pouco de luz. Através destas páginas, eu devo, ainda uma vez, uma última vez, tentar me compreender: saber quem eu sou, agora e para sempre.

O que eu escrevo é um testamento. Mas, ele é escrito apenas para mim. A única coisa que eu legarei à posteridade será eu mesmo. Eu não lego teoria nova. Impediram-me de construir uma. Eu não possuo conhecimentos nem novas provas: como eu poderia descobri-las em meio a esses muros? Eu não tenho que a minha forma de me expor ao mundo. Ela era a minha vida. Ela é a minha morte. Ela é tudo o que eu sou: uma nostalgia e uma evidência. Nada mais. Mas, eu sei que isso é para sempre.

Oh, quanto eu desejaria me entreter com os homens que viverão em oitocentos anos ou, ao menos, com os que viverão em quatrocentos anos – no ano 2000, à aurora de um novo milênio. Quem serão eles? Como a alma humana, o que foi espírito não pode perecer. Eu era espírito. E eu sou alma. É por isso que eu gostaria de preencher estas trezentas páginas como um testamento legado aos séculos por vir. Eu as preencheria com uma escritura tão cerrada que as minhas mãos frias, prejudicadas pela gota, me permitem, ainda, sem saber a mestria das finas letras de outras eras, mas, de maneira suficientemente legível para os olhos da noite, para os visionários e os sonâmbulos, para as almas que, como eu, não encontram o sono.

Eu lembro de um sonho da minha infância: eu estou deitado em minha cama, contra a parede de um minúsculo quarto de dormir, que evoca uma gaiola de coelhos. Eu mantinha a coberta completamente contra os meus lábios, como abafar um grito mudo; meus olhos fechados estão crispados, como se, ao abri-los, eu temesse ver uma coisa assustadora, ou mais, como se o fato de abri-los fosse a verdadeira razão pela qual esta coisa atemorizante se produziria infalivelmente. Eu os abro, contudo, e eu vejo o teto do quarto se erguer lentamente. Eu temo que, subitamente, uma mão gigante me arranque da cama para me estrangular. Mas, nada disso aconteceu. Eu me acalmo. Fixando a obscuridade que me cerca, eu vejo inúmeras estrelas cintilar em cima da minha cabeça; elas dançam, como ébrias, e parecem rir de mim.

De uma certa maneira, eu nunca despertei desse sonho de infância. E eu nunca soube “realmente” distinguir o sonho da realidade. Eu sei, apenas, face a todos os que, há alguns dias, decretaram a minha morte, que eu não sou mais prisioneiro dos medos da minha infância. Vejam, aqui, um homem livre! Aquele para o qual o mundo parece um pesadelo, ainda que não seja que uma criança, como querem que, mais tarde, ele não explique o mundo como um pesadelo de criança? Quando dizem “Deus”, entendem, por isso, outra coisa que não seja a soma de todos os medos? São eles que se adoram, são eles que se saciam do sangue de novas vítimas. A verdade? Eu não a conheço. Eu sei, apenas, que guardei os meus medos para o mundo e que nunca tive a audácia de confundir Deus e o meu medo. Ao contrário. Eu aprendi a superar o meu medo do mundo pela confiança em alguma coisa que eu nunca vi, mas que, certamente, nunca riu de mim.

É isso que chamam “Deus”?

Se Deus existe, ele é, talvez, o meu único leitor. Para poder escrever estas páginas, eu tenho necessidade de me representar em alguém que me escute. Eu sei que não haverá ninguém. Mas, as chamas da fogueira farão brotar um vento que conduzirá estas folhas através dos séculos. Aos olhos dos meus algozes, elas não serão que cinzas. Mas, sempre haverá homens que não têm necessidade de folhas escritas para saber ler. “O que aconteceu às vésperas do Ano Novo de 1600, no calabouço da Inquisição romana, no velho Palácio do cardeal Pucci, próximo a São Pedro, onde retiveram prisioneiro Giordano Bruno?” Questionar é começar a compreender tudo o que eu vou tentar pôr no papel nos dias que virão. E mesmo se ninguém nunca questionar, ele me elegerá e me ouvirá, ele que é espírito em todas as coisas, ele que quis que eu, também, exista, como uma contribuição efêmera a sua glória. Ao menos, é isso que eu me esforço em ser, no limite das minhas forças – bem mais, parece-me, que os meus torturadores. Mas, o que importa no Presente?

Nathalie Bernardo da Câmara
Registro profissional de jornalista:
578 - DRT/RN, desde 1989



sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O SORRISO DE MONNA LISA


“A pintura é poesia sem palavras...”.

Voltaire (1694 - 1778), filósofo francês


Ela tem, apenas, cinqüenta e três centímetros de altura e quarenta e três de largura e, pelo menos aparentemente, é inofensiva. Porém, na semana passada, foi vítima do destempero de uma turista russa, que, em visita ao Museu do Louvre, em Paris, e sem maiores explicações, lhe arremessou uma caneca de cerâmica vazia. Ela é La Joconde, a famosa Monna Lisa, do pintor italiano Leonardo da Vinci (1452 - 1519). Pintada a óleo por da Vinci entre 1503 e 1508, Monna Lisa reside no Louvre desde 1867, de onde, aliás, chegou a ser roubada em 1911. Porém, encontrada na Itália, quase dois anos depois, em Florença, com um ex-funcionário do museu, o italiano Vincenzo Peruggia, retornou ao Louvre, onde continua acolhendo os visitantes com o seu sorriso sempre tão enigmático, alimentando um mistério. Afinal, até hoje, ninguém sabe se a tela é a representação fiel de um modelo existente, o retrato de uma conhecida ou a idealização de um tipo de mulher universal, na visão do pintor, embora todos saibam que é considerada a pintura mais célebre do planeta. E inquebrantável. Segundo um porta-voz do Louvre, ao chocar-se com o vidro de proteção da tela, a caneca partiu-se. O vidro, por sua vez, sofreu, apenas, pequenas rachaduras. A agressora de Monna Lisa foi retirada do museu e levada a uma clínica psiquiátrica.




Leonardo da Vinci viveu na França os últimos anos da sua vida. Convidado pelo rei Francisco I, que o recebeu com honras e regalias, Leonardo se instalou em um dos seus castelos, em Amboise, acompanhado de apenas três telas, entre as quais Monna Lisa, que, inclusive, chegou a ser adquirida pelo monarca. Falecendo no dia 2 de maio de 1519, aos sessenta e sete anos de idade, da Vinci legou à posteridade não somente pinturas conhecidas no mundo inteiro, mas, sobretudo, invenções as mais diversas. Além de pintor, o italiano foi igualmente engenheiro, arquiteto e cenógrafo, responsável por inventos militares, marítimos, hidráulicos, mecânicos e aeronáuticos – fato que, até hoje, muita gente desconhece. Sim, da Vinci foi um gênio de verdade, múltiplo, versátil, sonhador. E o Rei sabia disso. Tanto é que, além de uma renda anual fixa de setecentos escudos de ouro, Francisco I ainda pagava por cada um dos quadros pintados pelo artista, de quem assistiu a morte — cena, inclusive, que inspirou inúmeros pintores que os procederam. Quando morei em Paris, conheci Amboise e tive o privilégio de descobrir os seus encantos, renascendo na atmosfera particular do castelo de Cloux, transformado por da Vinci em um templo do Renascimento, simplesmente por amor ao belo.


Nathalie Bernardo da Câmara
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

E HAJA ROLO!




Recebo do meu amigo Valdério Soares da Costa, artista plástico e ilustrador norte-rio-grandense, uma charge retratando uma das muitas trapalhadas de sir Ney, como ele chama o senador José Sarney (PMDB-AP) – trapalhada essa que, na semana passada, presenciamos, ao vivo e a cores, transmitida que foi pela TV Senado. Traço inconfundível! Quanto ao rolo... Não recomendável nem para quem não tem hemorróidas.


Nathalie Bernardo da Câmara
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terça-feira, 11 de agosto de 2009

ONDAS E ONDAS...

“O mar cria as ilusões, a onda as questões, o surf as respostas...”.

Breno Rigaud



O município de Baía Formosa, no litoral sul do Rio Grande do Norte, distante de Natal cerca de cem quilômetros, acordou, no último sábado, 8 de agosto, surpreendida com uma ação policial inesperada, cujo objetivo era o da apreensão de drogas na cidade, que, aliás, acarretou em diversas prisões – prática, aliás, comum em vários pontos do país. A referida ação, contudo, pecou por ser batizada de Operação Ondas Limpas, alusão a um campeonato de surf que iria ter início horas depois, como se a droga apreendida, sobretudo crak, fosse escoada durante o tal campeonato na cidade, cujas ondas são internacionalmente conhecidas como um point da modalidade esportiva.

Não se questiona, aqui, o mérito da Operação Ondas Limpas, mas o fato das autoridades policiais associarem-na a uma das poucas atividades saudáveis praticadas em Baía Formosa, que, ao longo dos anos, vem propiciando esporte e lazer aos jovens da cidade e evitando que esses mesmos jovens tornem-se consumidores e dependentes de drogas como as que foram apreendidas. Agora, se querem mesmo limpar as ondas de BF, nome carinhoso dado a Baía Formosa, que as autoridades – no caso, as sanitárias – comecem pelos esgotos que, a céu aberto, aos olhos de todos e vergonhosamente, são despejados na baía que dá nome ao município e que é o mais belo dos seus cartões postais.

Afinal, apesar de sanear o nosso olhar, ofertando-nos uma paisagem mais que peculiar, com os barcos ancorados em suas águas, cujo movimento transforma o rumor das suas ondas em uma melodiosa e harmônica sinfonia, a baía – a única existente no Rio Grande do Norte – é a fiel depositária dos esgotos de Baía Formosa, que não dispõe de saneamento básico – uma triste ironia! – e vive um esgotamento sanitário, segundo a Confederação Nacional de Municípios. O banho de mar na baía, por exemplo, em função da poluição, é considerado um dos mais impróprios. E não somente por causa dos esgotos, mas, também, pelo lixo que, aliás, os próprios moradores insistem em jogar por toda parte.

Se querem mesmo limpar as ondas de BF, que as autoridades sanitárias coibam com firmeza o lançamento ao mar e aos rios de dejetos de uma indústria de mineração que explora areias monazíticas na região, sobretudo os dejetos do mercúrio, usado na fabricação de termômetros, lâmpadas, medicamentos... No caso dos medicamentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil há anos já determinou a retirada do mercado de todos os medicamentos à base de mercúrio. Os anti-sépticos, por exemplo. O mercúrio, portanto, pode ser altamente tóxico quando absorvido por inalação, ingestão ou em contato com a pele. E dejetos desse minério estão nas ondas de BF.

Os dejetos do mercúrio no mar e nos rios provocam, ainda, efeitos devastadores no meio ambiente e no organismo humano, já que algumas bactérias agem sobre o metal, transformando-o em substâncias tóxicas, que contaminam a flora e a fauna aquáticas, que, por sua vez, contaminam as pessoas que delas se alimentam, podendo, inclusive, causar uma doença cerebral, chamada Mal de Minamata, nome de uma cidade japonesa onde, em 1956, o primeiro caso da doença foi diagnosticado, bem como intoxicações que levam à morte. Daí que para os dejetos do mercúrio no mar e nos rios da região, além dos esgotos lançados na baía, aí sim, deveria ser constituída uma força tarefa que proibisse tais abusos. É essa a poluição que preocupa...



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UM POUCO DE HISTÓRIA


"Com os papagaios aprende-se que muitos são os que falam,
mas poucos os que sabem o que dizem...".

José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta
Terra Papagalli

Os índios Potiguaras chamavam o lugar de Aratipicaba, que, em Tupy, significa Bebedouro dos Papagaios, ou, ainda, Tanque dos Papagaios. Segundo a tradição oral, tal batismo deu-se porque os papagaios costumavam beber a água doce dos olheiros das praias da região, sobretudo na praia de Bacopari. O curioso é que, nos dicionários de Tupy consultados, encontramos dois significados para o nome Bacopari: depósito de água – seria em função dos olheiros? – e fruto cercado de pontas e asperezas, já que, de fato, existe uma árvore e uma fruta com esse nome na Mata Atlântica. No caso de Baía Formosa, valem os dois significados.

Sim, da mesma forma que os olheiros de água doce existiam em abundância na tal praia, o formato da outrora floresta era o de uma estrela de cinco pontas. Assim, as extremidades da praia seriam duas das cinco pontas da estrela. Daí a floresta encontrada pelos seus primeiros habitantes brancos ter recebido o nome de Mata Estrela. – hoje, infelizmente, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, com apenas 2.039,93 hectares (1.888,78 de floresta; 81,64 de dunas e 69,73 de lagoas, em número de dezenove), cerca de insignificantes 3% do que ela já foi um dia.

Mesmo assim, a Mata Estrela é, ainda, a maior reserva de Mata Atlântica sobre dunas do Rio Grande do Norte. E isso só foi possível porque, em 1990, através de uma Portaria Estadual, a floresta foi tombada e, em 2000, transformada, por Decreto Federal, em Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, já que não deixa de ser uma propriedade privada, pertencente à Destilaria Baía Formosa S/A, responsável pela atividade econômica mais rentável do Município, que é a monocultura da cana-de-açúcar, seguida da pesca e da produção agrícola.

No séc. XVI, contudo, o lugar já recebia a visita de naus portuguesas e francesas, sendo apenas em 1612 que os colonizadores lusitanos denominaram mais um dos seus "achados" de Bahia Formosa, que, pouco mais de dois séculos depois, quando deram por encerrada a extração da mais cobiçada árvore da época, o Pau-Brasil, transformou-se em zona de pesca. Em 1892, tornou-se Distrito de Canguaretama; em 1953, Vila. Porém, a data mais comemorada pelos formosenses é 31 de dezembro, já que, nesse mesmo dia, no ano de 1958, Baía Formosa foi elevada à condição de município.

E como fazer para chegar nesse cantinho aparentemente esquecido do Rio Grande do Norte, antes da chegada, obviamente, de novos portugueses – historicamente, sempre aliados dos ingleses –, que insistem no mesmo erro dos seus antepassados, que se achavam os "donos" da Terra dos Papagaios, primeiro nome dado ao, hoje, Brasil? Vindo pelo asfalto, de Natal ou de João Pessoa, pela BR 101, seguindo, depois, pela RN 062; pela praia, vindo de Barra de Cunhaú, no Rio Grande do Norte, ou de Mataraca, na Paraíba, de buggy ou de jipe; pelo mar, de barco ou de navio. E que mar!

Um mar que encanta moradores do Município – cerca de 8.000 habitantes, segundo os cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, realizados em 2001, mas, também, todos aqueles que visitam o lugar, fazendo a delícia dos surfistas, que consideram o Pontal um dos melhores points do Nordeste, lembrando que um dos atrativos de Baía Formosa é o povoado de Sagi. O fato é que somente conhecemos as belezas de Baía Formosa se a visitarmos. Enfim, Baía Formosa, pelo menos, para mim, é a dona das praias mais charmosas do Rio Grande do Norte. Tenho dito.

(Transcrito: A Bagagem do navegante, 27 de fevereiro de 2009).



Nathalie Bernardo da Câmara
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sábado, 8 de agosto de 2009

BARRO A 3x4



“O meu trabalho é autêntico desde a matéria-prima...”.

Etewaldo Santiago (1939 - 2006)


Genuína. Assim é a arte de Etewaldo Cruz Santiago, que nasceu em Açú – terra dos oleiros –, no Rio Grande do Norte, no dia 14 de janeiro de 1939. Neto de uma louceira e de uma rendeira, gostava, quando criança, de mexer com terra, levando, por isso, palmadas da mãe. “Dava vermes”, ela dizia. Etewaldo? Nada! Não ouvia os conselhos da mãe e continuava a brincar com o barro, criando e moldando os seus próprios brinquedos. Então, novos brinquedos, novas palmadas. A palma que o impulsionava a modelar a sua folia. Mas, já grande, em Natal, trabalhou como letrista. Depois, mudou-se para Ceará-Mirim, onde trabalhou como fotógrafo, fazendo fotos 3x4 e, em seus momentos ociosos, entalhava pequenas peças de madeira.

Mas, Etewaldo gostava mesmo era da terra e, um dia, um cunhado, que fazia bonecos de barro, viu a sua produção com madeira e lhe ensinou a fazer o mesmo com argila. Foi quando tudo começou. Desde então, foram cerca de quarenta anos no ofício. No início, contudo, não foi tão fácil assim manter-se e manter a família também, trabalhando, para sobreviver, na Base Naval de Natal, onde aprendeu noções de desenho arquitetônico – conhecimentos que lhe foram de grande valia para o feitio das suas peças, que costumavam ter 20 cm – feitas com o olhar clínico de um ex-fotógrafo –, mas, sob encomenda, poderiam chegar a 1,70 cm, tendo sido, inclusive, agraciado com várias homenagens, nacionais e internacionais.




“Você não pode conceber um corcunda em porcelana”.

Etewaldo Santiago


Em várias edições da Feira Internacional de Artesanato – FIART, por exemplo, realizada anualmente em Natal, já foi, além de homenageado, premiado e reverenciado oficialmente. Peças de sua autoria estão por toda parte: no Rio Grande do Norte e em vários outros estados do Brasil, inclusive no Palácio da Alvorada, em Brasília, além do Museu do Vaticano e da Casa Branca, nos Estados Unidos. A sua temática, contudo, são idosos, agricultores, pescadores, rendeiras, cangaceiros, violeiros, lavadeiras... Tudo muito expressivo, retratados em sua labuta diária, revestidos em uma tintura em preto com um preparo de sua fabricação, seja a escultura modelada com argila, cimento ou ferro.


O Beijo


Uma das suas mais polêmicas esculturas é O Beijo, que data dos anos setenta, localizada no Bosque dos namorados, em Natal, hoje, entrada para o Parque das Dunas, criado através do Decreto Estadual nº 7.237 de 22/11/1977, sendo a primeira Unidade de Conservação Ambiental implantada no Estado, com 1.172 hectares de mata nativa, parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira. Motivo de uma disputa jurídica que durou sete anos, O Beijo faz parte do imaginário de todos os que, desde o seu início, conhece o bosque, nele brincava, se criança fosse, ou namorava.

A disputa jurídica envolveu, portanto, Etewaldo Santiago e uma empresa de telefonia do Rio Grande do Norte, que confeccionou cartões telefônicos da referida escultura, sem sequer dar o crédito ao autor. Foi, então, movida uma ação contra a empresa de telefonia, pleiteando indenização por danos morais. Etewaldo, contudo, faleceu no dia 14 de junho de 2006, antes da sentença do juiz dar-lhe ganho de causa. Dois dos seus oito filhos, Ednaldo, o Naldo, e Edvonaldo, o Careca, herdaram a sensibilidade artística e a habilidade manual paterna e, desde adolescentes, vivem do ofício de escultor, a exemplo do pai, que retratava os costumes do povo potiguar.


Nathalie Bernardo da Câmara
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O CARA...



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PIEDADE, SENHOR!



Em discurso emocionado e sem surpresas, no plenário do Senado Federal, nesta sexta-feira, 7 de agosto, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que o mais prejudicado pela repentina devoção de Lula a José Sarney (PMDB-AP), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL) é o simples, humilde e trabalhador povo brasileiro: “O herói de Lula, hoje, é o doutor Sarney, é o doutor Renan, é o doutor Collor”, culpando o presidente da República por toda a crise. “O Lula, hoje, tem um problema muito sério: a vaidade”, insistiu Simon, prosseguindo: "Eu não vejo ninguém que pudesse vir aqui e pudesse acalmar o presidente Lula, tirar a paixão que ele tem pelo Sarney”. E apelou à piedade de Deus... Haja piedade, Senador! Enquanto isso, o jornal americano The New York Times disse que Sarney vive um escândalo de nepotismo e corrupção que ameaça paralisar o governo do presidente Lula, que colhe os frutos que plantou. Para piorar, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ), presidente do Conselho de Ética do senado, arquivou mais sete representações contra Sarney. Em tempo... Sem Lula, Sarney não seria sequer candidato à presidência do Senado. O nome indicado pelo PT foi outro: o do senador Tião Viana (PT-AC).


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CONTRA A OBRIGATORIEDADE DO COMPARECIMENTO AS URNAS:
PELO VOTO FACULTATIVO!





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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

TREME, TREME, TREME...



Venho observado certo tremor nas mãos do senador José Sarney (PMDB-AP), esteja ele sentado ou de pé. Seria de nervoso, refletindo um esgotamento por tantas mentiras, como se toda uma nação fosse idiota, ou sintomas já evidentes do Mal de Parkinson, nada secreto? Quiçá, o pobrezinho sofre de Alzheimer. Ou, então, com a graça da medicina, inventando nome para a esquizofrenia e outros distúrbios mentais, é bipolaridade mesmo. Sim, porque tem de ter uma explicação para tanta cara de pau! Nada mais a declarar...



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De onde vem?,
por Elizete Feliponi*


Recentemente, um desses muitos e-mails que circulam diariamente pela internet me chamou a atenção. A mensagem eletrônica trazia uma menina, por volta dos cinco anos, ajoelhada aos pés da cama e rezando. Na oração, ela pedia, de olhinhos fechados, para que o “Papai do Céu” providenciasse roupas para as mulheres nuas do computador do papai. Engraçado? Seria, se não fosse trágico.

Tornaram-se rotina as notícias de pedofilia no País. A sociedade, alarmada, questiona a natureza de ato tão promíscuo e vergonhoso para um povo que acredita ser civilizado, em pleno século 21. De onde vem tal comportamento doentio ou criminoso? O que leva um adulto, próximo da família ou não, a violentar a integridade física e moral de uma criança, tão dependente, em todos os aspectos, de formação e sobrevivência, daqueles considerados aptos para a autonomia da vida em sociedade?

Para cada caso em particular, buscamos o fio condutor da explicação, se é que essa existe. No entanto, existem fatores no tecido social que, de uma forma geral, formam a consciência coletiva e modelam comportamentos. Um desses fatores são aquelas atitudes ocultas, nem sempre consideradas ou percebidas como construtoras da personalidade de cada sujeito.

Instituiu-se, nas relações humanas, um círculo vicioso de erotismo precoce ou não tão precoce assim. Cenas dessa qualidade são corriqueiras, mas altamente estimuladoras para um ambiente propício para a pedofilia.

Quantas vezes o adulto, na categoria de pai, tio, avô, padrasto ou outro, segurando a criança pela mão, para em frente a uma banca de revista e admira, boquiaberto, a capa da “Playboy” do mês? Quantas vezes, o adulto – mulher ou homem –, em poder do controle remoto da televisão, viaja entre os canais e para naquele que exibe cenas pornográficas?

É comum, também, o pai ou outro adulto próximo admirar com entusiasmo as belas dançarinas que esbanjam “saúde” em pleno horário nobre da televisão. A menininha olha de soslaio e, para associar admiração com amor, é um passo. “Se meu pai acha essa moça linda, quero ser assim também. Logo, meu pai também me amará”.

O que está acontecendo no atual momento histórico é grave e merece uma postura ética e coerente com os valores de cada família, desde que sejam íntegros e contribuam para o bem comum. Invadir a mente e o físico de uma criança é retroceder na escala da evolução humana. Quando é feito por meio da violência sexual, o caso é pior. Dizemos que os tempos são outros, mas parece que caminhamos em direção às cavernas. Quem casava com 14, 13 ou 12 anos eram nossas avós, numa época em que a única possibilidade de vida existente era cuidar da casa e ter filhos, muitos filhos. Numa época em que a média de vida era bem mais baixa que a que temos agora.

Hoje, temos a palavra pedofilia presente em nosso vocabulário, em nossas vidas. É um mal do nosso século. Se antes existia, era na surdina ou não recebia a conotação de violência, até porque casar era uma bênção, antes que as mocinhas ficassem velhas demais.

Ainda bem que nossas avós fizeram isso por nós. Hoje, podemos nos desenvolver física e intelectualmente, de forma mais completa, antes de iniciar a vida sexual, mas parece que isso não está muito claro.

O primeiro namorado, aos 13, 14, 15 anos, já dorme em casa, com consentimento da família, tendo como validação para o fato a violência que ronda as ruas. Meninas, antes dos dez anos, fazem as unhas, usam maquiagem e tamanquinhos. Tudo para ficar bonita, igual àquela moça da televisão que rebola e é admirada.

Meninas de 11 anos dão à luz outras crianças. Corpos de mãe e feto competem em nutrientes, pois ambos estão em formação. A questão dos nutrientes até que se resolve. A de sonhos, relação familiar e social, é bem mais complicada.

Pobres crianças! Vítimas de uma cultura vulgar e hipócrita, na qual o povo que a possui condena a quem, delinquentemente, estraçalha com sonhos. Enquanto condena, esquece de perceber sua própria contribuição, mesmo que sutil, a um ato que corrói nossa história e evolução humana.


feeling_ef@yahoo.com.br
*PROFESSORA E ESTUDANTE DE NEUROPSICOPEDAGOGIA


Transcrito do jornal A Notícia.
Joinvile, 31 de julho de 2009. N° 479



PEDOFILIA É CRIME!
DENUNCIE!
DISQUE 100!



Nathalie Bernardo da Câmara
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

PIZZA DELIVERY




EM CASA...




QUEM FOI JOANA?

Jeanne D’Anjou (1326 - 1382)
Rainha de Nápoles


Coroada rainha, em 1344, após a morte do avô, Joana era tida como uma protetora de poetas, artistas e intelectuais. A sua vida, contudo, foi recheada de escândalos e polêmicas as mais diversas, sendo, inclusive, acusada de conspirar contra a vida do primeiro marido, o príncipe húngaro Andrew, barbaramente assassinado. Exilada em Avignon, na França, Joana instalou-se em um castelo que já havia sido residência de vários papas. Levada a julgamento pelo suposto envolvimento na morte do marido, foi inocentada, ficando livre para mandar e desmandar em Avignon.

No dia 8 de agosto de 1347, indignada com a prostituição feminina nas ruas de Avignon, Joana publicou um edital que, segundo o escritor francês Alexandre Dumas, Pai (1802-1870), em seu romance Comemorou crimes, escrito em 1839/40, foi, provavelmente, o primeiro no gênero. No edital, além de determinar a criação de um prostíbulo, decretou normas de funcionamento e de conduta, a fim de que a ordem fosse mantida, a aplicação de severas sanções para toda e qualquer violação das normas de disciplina. A Nova Babilônia, no dizer de Dumas, era, por assim dizer, uma “instituição salutar”.

No prostíbulo, portanto, reinavam soberanas línguas e costumes, esplendor e trapos, riqueza e miséria, rebaixamento e grandeza. Entre as normas, contudo, constava a restrição de que o estabelecimento abriria todos os dias do ano, “com exceção dos últimos três dias da Semana Santa”, além – o mais curioso – de “a entrada ser barrada aos judeus”, o que, de certa forma, contrariava a principal norma:

“O lugar terá uma porta
por onde todos possam entrar”...

A máxima viajou o mundo de várias formas, embora com o mesmo sentido, e, chegando ao Brasil, trazida pelos colonizadores portugueses, tornou-se conhecida na expressão: Casa de mãe Joana, que, segundo o folclorista brasileiro Luís da Câmara Cascudo (1898 - 1986), significa onde cada um faz o que quer. Pior! Um lugar onde impera a desordem, bem como a desorganização e o desmando, além da variante chula: Cu da mãe Joana – ninguém merece! No caso do gesto de Joana, uma alcunha, no mínimo, injusta. Alguém tem alguma dúvida?


VERGONHA DE SER BRASILEIRO!



O ralo engole e digere o bolo fecal da mente de políticos amorais e imorais: a podridão é uma só e o Brasil se ressente...





O POVO?



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05 DE AGOSTO:
DIA NACIONAL DA SAÚDE





QUE TAMBÉM É BUCAL!




MORAL E MENTAL...



Têm momentos em que acho que Lula anda com sérios problemas mentais. Alguma psicose, algum distúrbio... Afinal, como alguém, com o seu histórico político, sempre tão crítico, beirando, até, muitas vezes – no caso do senador José Sarney (PMD-AP), por exemplo –, a uma acidez sem precedentes, ter se comportado, nos últimos tempos, de maneira tão duvidosa? Tudo seria como ele, Lula, mesmo diz, em nome da governabilidade? Não convence. Mesmo porque, em minha humilde opinião, certas falas e atitudes de Lula estão mais para uma disfunção mental do que qualquer outra coisa. No mínimo, um desvio de caráter. E haja desvio! O mesmo servindo para Sarney, cuja natureza da sua conduta moral é extremamente duvidosa. As suas mentiras, omissões, hipocrisias – quiçá anomalias morais ou uma bipolaridade qualquer –, em um desrespeito contínuo ao povo brasileiro, requer não a sua renúncia, mas a sua urgente e imediata cassação, como forma de lição por todas as irregularidades que tem cometido, inclusive quando é conivente com erros de terceiros. Banido. Isso é o que Sarney merece! Ou seja, ser banido da vida política brasileira e, da sua imagem, não restar nem mesmo a lembrança das suas falcatruas, ganância e disparates sem fim, que, aliás, além de ser um desrespeito ao bom senso e a nossa sanidade mental, só têm tido serventia para fazer a delícia dos nossos criativos e habilidosos chargistas e caricaturistas. Vade retro!









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DEU NO JORNAL:



O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiu reagir ao que considera uma campanha midiática para retirá-lo do cargo. Uma equipe de 15 jornalistas foi contratada há três semanas para fazer parte de um bunker de contrainformação. Os profissionais analisam diariamente o noticiário dos jornais, municiando os assessores de imagem de Sarney. Com base na análise dos jornalistas, o gabinete de crise do presidente do Senado elabora um “relatório de intervenção” para rebater as reportagens. Contratados inicialmente até novembro, os jornalistas do bunker trabalham todos os dias, até mesmo nos fins de semana. O pagamento pela tarefa, segundo um dos contratados, será feito em dinheiro vivo, forma encontrada para não deixar rastros diretos do vínculo com o presidente do Senado.
A estrutura foi montada num shopping center do Lago Norte, a 10km da Casa que Sarney preside. O objetivo principal é vencer a guerra de informação. Para isso, os jornalistas, a maioria recém-formada, abastecem endereços eletrônicos com opiniões favoráveis ao parlamentar. Blogs de jornalistas políticos e redes sociais como Twitter e Orkut são os alvos. A orientação é publicar comentários positivos a respeito do político e questionar a isenção dos veículos de imprensa que denunciam a família Sarney. A tática é usar nomes falsos para participar do debate, de preferência comuns, como “Maria Mercedes” e “Raimundo Nonato”. (…)
A maioria dos jornalistas receberá R$ 1,8 mil mensais por seis horas de trabalho. No início do mês, receberam adiantado uma ajuda de custo de R$ 200 para gastos com transporte. A equipe conta ainda com coordenadores e dois advogados para consultas jurídicas. Há um monitoramento intenso da imprensa do Maranhão e do Amapá, respectivamente a base política e eleitoral do presidente do Senado.


Correio Braziliense
(DF) – 28/7/2009


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Saúde é, igualmente, poder exercer a nossa cidadania livremente. Não ser obrigado, por exemplo, como ocorre no Brasil, a comparecer as urnas para votar – gesto esse, aliás, que deveria ser facultativo. Caso contrário, vamos as urnas, sim, mas, para anular o nosso voto. É fácil, fácil! Basta digitar 000000000000 e confirmar. O voto, então, está anulado. E ficamos com a consciência tranqüila por não termos eleito corruptos... Porém, a opção politicamente correta é o voto facultativo. Afinal, dizem que vivemos em uma democracia... Pensemos nisso!



Nathalie Bernardo da Câmara
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terça-feira, 4 de agosto de 2009

O POVO INVENTA CADA UMA!

No Maranhão...

Para nascer, Maternidade Marly Sarney; Para morar, escolha uma das vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola Sarney ou, Roseana Sarney;

Para estudar, há as seguintes opções de escolas: Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney e José Sarney;

Para pesquisar, apanhe um táxi no Posto de Saúde Marly Sarney e vá até a Biblioteca José Sarney, que fica na maior universidade particular do Estado do Maranhão, que o povo jura que pertence a um tal de José Sarney;

Para inteirar-se das notícias, leia o jornal O Estado do Maranhão, ou ligue a TV na TV Mirante, ou, se preferir ouvir rádio, sintonize as Rádios Mirante AM e FM, todas do tal José Sarney. Se estiver no interior do Estado ligue para uma das 35 emissoras de rádio ou 13 repetidoras da TV Mirante, todas do mesmo proprietário, do tal José Sarney;

Para saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney (recém batizado com esse nome, coisa proibida pela Constituição, lei que no Estado do Maranhão não tem nenhum valor);

Para entrar ou sair da cidade [São Luís], atravesse a Ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney, vá até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá, se quiser, pegue um ônibus caindo aos pedaços, ande algumas horas pelas 'maravilhosas' rodovias maranhenses e aporte no município José Sarney.

Não gostou de nada disso? Então quer reclamar? Vá, então, ao Fórum José Sarney, procure a Sala de Imprensa Marly Sarney, informe-se e dirija-se à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney...

Seria cômico se não fosse verdade e tão triste....

Gilson Brito


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A TERRA ENGOLIU...



Em plenário, de retorno do recesso, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) mencionou um episódio, envolvendo o senador Fernando Collor (PTB-AL), que, pelo menos aparentemente, ficou constrangido e retrucou, mandando o colega engolir as palavras. Em defesa do gaúcho, o senador Cristovão Buarque (PDT-DF) disse que ele não engolisse nada. Simon, por sua vez, após contrariar o alagoano, insistiu em suas críticas ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), alegando que a sua renúncia seria um ato necessário. Diferentemente dos atos secretos, claro...

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Já o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que “o caminho para acabar com a crise não é sacrificar nem o presidente Sarney nem ninguém, é mudar procedimentos. Na Idade Média é que se fazia sacrifício”, dramatizou. Menos, Jucá, menos!


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MOVIMENTO FORA SARNEY

VOCÊ PODE ADERIR!

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