segunda-feira, 28 de outubro de 2013

CHAPEUZINHO VERMELHO E A MÍDIA

— São para te ouvir melhor..., diz o astuto lobo.


Em meados de 2005, recebi um e-mail, tipo spam, intitulado A História de Chapeuzinho Vermelho sob o prisma da mídia. À época, achando o conteúdo do e-mail por demais hilário, não hesitei em salvá-lo, criando um arquivo para ele no meu computador, aproveitando, ainda, para encaminhá-lo a diversos amigos, os quais, acredito, devem ter igualmente “curtido” o insight do autor desconhecido que, quando o criou, deve provavelmente tê-lo feito sem maiores pretensões – a não ser, imagino, rir um bocado. Ocorre que, depois de pouco mais de oito anos, numa das minhas eventuais incursões nas pastas do meu computador, encontrei a divertida brincadeira, logo pensando em postá-la neste blog. Só que, antes de fazê-lo, é pertinente ilustrar esta postagem com informações divulgadas numa outra neste mesmo espaço, no dia 3 de junho de 2011, a qual, aliás, se chama A Verdadeira história de Chapeuzinho vermelhoUma parábola do estupro, cujo link encontra-se ao final desta.

Então... “Segundo a versão dada à história de Chapeuzinho Vermelho pelos alemães Irmãos Grimm – Jacob (1785 - 1863) e Wilhelm (1786 - 1859) –, que reuniram numerosos contos populares e os publicaram em 1812. Um desses contos era, exatamente, a história da menininha comida pelo lobo mau. E é a versão que conhecemos. No entanto, a origem do conto é outra. Remonta ao escritor francês Charles Perrault (1628 - 1703), que, em 1697, se inspirando na tradição oral, publicou O Chapeuzinho Vermelho, um dos Contos da mãe gansa, com o pseudônimo Perrault d’Armancour, nome do seu filho”, sendo que a sua intenção limitava-se a fins didáticos, diferentemente da de Jacob e Wilhelm, que “negaram a versão original” da história, “embora não a tenham destituído do seu simbolismo”.

Qual seria, portanto, como constava no arquivo que recebi por e-mail, o foco dado pela mídia à história de Chapeuzinho Vermelho a partir do perfil de certos canais de televisão e jornais e revistas do país? Não obstante, nesta postagem, pensei que seria melhor dispor tais perspectivas por ordem de veículo, tipo: iniciando pela televisão, depois pelos jornais e, por fim, pelas revistas, não resistindo, contudo, a “retocar” o texto, tornando a sua leitura mais palatável, apesar de remarcar o fato de que, quando essa “brincadeira” foi criada, a conjuntura política era outra. E que, por ser considerado grave e extremamente inusitado, o fato, na releitura que fiz do texto, foi notícia de destaque nas capas dos impressos, ou seja, jornais e revistas, e sempre acompanhada de uma fotografia. Enfim! Vamos lá, então, pela estrada afora?




JORNAL NACIONAL
Willian Bonner (apresentador): — Boa noite! Uma menina de sete anos foi devorada por um lobo na noite de ontem.
Fátima Bernardes (apresentadora): — Mas, graças a atuação de um caçador, não houve uma tragédia.

FANTÁSTICO
Glória Maria (apresentadora, que recebeu direito a uma exclusiva logo após a ocorrência do fato): — Que gracinha, gente, mas vocês não vão acreditar! Essa menina linda, aqui, foi retirada viva da barriga de um lobo. Não foi mesmo? – perguntou, passando a mão no chapeuzinho vermelho da vítima.

CIDADE ALERTA
Luiz Datena (apresentador): — Onde é que a gente vai parar? Cadê as autoridades? Cadê as autoridades? A menina ia para a casa da sua vovozinha a pé... – não tem transporte público! Não tem transporte público! – ... quando foi devorada viva! Por um lobo, gente, um lobo safado! Põe na tela, primo, porque eu falo mesmo! Não tenho medo de ameaça nem de lobo morto! Não tenho medo de lobo não!

JORNAL DO BRASIL (extinto)
Chamada de capa para a reportagem: Floresta: garota é atacada por lobo.
Na reportagem propriamente dita, o leitor não fica sabendo onde, nem quando, nem mais detalhes a respeito do fato.

O GLOBO
Chamada de capa para a reportagem: Retirada viva da barriga de um lobo.
Na reportagem, um mapa da região, já que, para o jornal, o salvamento é mais importante que o ataque.

FOLHA DE S. PAULO
Legenda da foto da reportagem: Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador.
Na reportagem, num box, um zoólogo explica os hábitos alimentares dos lobos e um imenso quadro infográfico mostra como Chapeuzinho Vermelho foi devorada e, depois, salva pelo lenhador.

NOTÍCIAS POPULARES
Chamada de capa para a reportagem: Sangue e tragédia na casa da vovó.

O ESTADO DE S. PAULO
Chamada de capa para a reportagem: Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.

CORREIO BRAZILIENSE
Chamada de capa para a reportagem: Petistas atacam vovozinha e tentam agarrar a netinha.
Numa passagem do texto, referindo-se a Chapeuzinho Vermelho e a sua avó, lê-se: “Graças à atuação do Governador Roriz, ambas estão bem e recebem pão, leite e cesta básica...”.

JORNAL DE BRASÍLIA
Chamada de capa para a reportagem: Roriz salva vovozinha e netinha de cra... catrás... cratás... catástrofe.

ISTO É
Chamada de capa para a reportagem: Gravações revelam que lobo foi assessor de influente político.

VEJA
Numa passagem da reportagem, lê-se: “Fulano de tal, 23, o lenhador que retirou Chapeuzinho Vermelho da barriga do lobo, tem sido considerado um herói na região”. Ele disse: — Não foi tão perigoso assim, pois o lobo estava dormindo...

MARIE CLAIRE
Chamada de capa para a reportagem: “Na cama com um lobo e minha avó”, relato de quem passou por essa experiência.

CAPRICHO
Chamada de capa para a reportagem: Lobo Gato!

REVISTA NOVA
Chamada de capa para a reportagem: 10 maneiras de levar um lobo à loucura na cama.

PLAYBOY
Título do ensaio fotográfico com Chapeuzinho Vermelho no mês do escândalo: Veja o que só o lobo viu.

G MAGAZINE
Título do ensaio fotográfico com lenhador dias depois do seu ato heroico: Lenhador mostra o machado.

SEXY
Título do ensaio fotográfico com Chapeuzinho Vermelho um ano depois do escândalo: Essa garota matou um lobo!

CARAS
Reportagem fartamente ilustrada com Chapeuzinho Vermelho um ano depois do escândalo: Na banheira de hidromassagem na cabana da avozinha, em Campos de Jordão, Chapeuzinho reflete sobre os acontecimentos.
Numa passagem da reportagem, ela confessa: — Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida, hoje sou outra pessoa...

REVISTA CLÁUDIA
Chamada de capa para a reportagem: Como chegar a casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.




Reconhecendo a “tirada” criativa do autor – não identificado, aliás – penso que ele deveria ter explorado mais as performances de demais apresentadores de programas e telejornais – alguns extremamente caricatos –, bem como fazer referência a outros jornais e revistas, além de acrescentar o rádio na sua proposta. De qualquer modo, fico pensando que seria interessante algum tipo de registro de demais abordagens da história de Chapeuzinho Vermelho, tipo as charges, sempre presente em impressos (jornais e revistas) e ilustrações de livros. No caso das charges, por exemplo, a “aventura” de Chapeuzinho Vermelho já foi e continua sendo explorada por diversos autores, embora as suas personagens sejam inseridas em contextos variados, sobretudo o político, tal qual a charge de abertura desta postagem e das outras duas abaixo...





Porém, no quesito violência urbana...


No caso das edições de livros narrando a história de Chapeuzinho Vermelho, muitas são as ilustrações, como, por exemplo:

Um dos desenhos do francês Gustave Doré (1832 - 1833) que ilustram a versão dos irmãos Jacob e Wilhelm dada ao drama de Chapeuzinho Vermelho.


Capaz de outros formatos de difusão, a referida história também já foi, inúmeras vezes, aproveitada por autores de histórias em quadrinhos, sendo que, no caso abaixo, em desenhos para as crianças colorirem.



Isso sem falar que a história da menininha, que, inocentemente, adentra na floresta para visitar a sua avó, igualmente inspira campanhas de sensibilização e combate à pedofilia...

Crime de estupro (art. 213 do Código Penal) e crime de atentado violento ao pudor (art. 214 do Código Penal), a pedofilia é considerada crime hediondo.
Pena: De 6 (seis) a 10 (dez) anos de reclusão.


Não esquecendo que a história em questão vez por outra é tema de festas de aniversários, fantasias, cartões, estampas de camisetas e de uma variedade de produtos, incluindo adereços, propagandas etc, apenas confirmando as possibilidades ilimitadas de “aproveitamento” da narrativa e das suas personagens, embora, de certa forma, podemos, até, abrasileirando a trama, levantar a seguinte questão: quem sabe não teria o Saci que salvou Chapeuzinho Vermelho e a sua vovozinha do lobo mau.



Homenagem a Ziraldo, cartunista, chargista, pintor, dramaturgo, caricaturista, escritor, cronista, desenhista, humorista, colunista e jornalista brasileiro, que, recentemente, esteve internado por problemas de saúde, além de ter completado, no dia 24 de outubro, 81 anos de idade.


Enfim! Cumprindo com o prometido, eis o link para a postagem A Verdadeira história de Chapeuzinho vermelhoUma parábola do estupro, à qual fiz referência no início desta e, diga-se de passagem, para a minha surpresa, a mais lida do meu blog, o qual, por sua vez, desde que o criei, em 2009, está na iminência de completar 105 mil acessos:


Nathalie Bernardo da Câmara



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

CÂNCER: PLANOS DE SAÚDE NA BERLINDA...


Senado aprova projeto que obriga plano a pagar remédio contra câncer

Já anunciada pela ANS, medida que prevê incluir 37 medicamentos contra o câncer na cobertura dos planos de saúde agora pode virar lei


22/10/2013

Redação ÉPOCA com AGÊNCIA BRASIL


Os planos de saúde terão que arcar com os custos da quimioterapia para pacientes com câncer. Um projeto de lei aprovado nesta terça-feira (22) no Senado inclui no rol de coberturas obrigatórias para os seguros privados de saúde os medicamentos orais de tratamento domiciliar, os procedimentos radioterápicos e a hemoterapia.

A medida já havia sido anunciada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nesta segunda-feira (21), em forma de resolução normativa. O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados em agosto deste ano. Ele segue agora para sanção da presidente Dilma Rousseff. As novas regras começarão a valer 180 dias após a data de publicação.

O repasse dos medicamentos poderá ser feito diretamente na residência, por meio de rede credenciada do plano ou ainda ao representante legal do paciente, desde que sem cobrança de qualquer custo adicional. O plano também poderá optar por entregar os remédios de maneira fracionada por ciclo, conforme prescrição médica.

Periodicamente, a ANS e as sociedades médicas de especialistas em oncologia serão ouvidas sobre os protocolos clínicos aos quais a cobertura obrigatória de medicamentos para tratamento de câncer estará relacionada. Dessa forma, poderão ser acrescentados novos remédios ou retirados os que estiverem defasados.

A princípio, serão incluídos 37 medicamentos orais que são usados para 54 indicações de tratamento contra diversos tipos de câncer na cobertura obrigatória dos planos de saúde.

EK

QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CARÁTER...


“Os sonhos são os parâmetros do nosso caráter...”.

Henry David Thoreau (1817 - 1862)
Escritor norte-americano.


O destaque de capa da revista Época desta semana é qualquer coisa para lá de inusitada! Afinal, uma qualidade, o caráter é inerente ao ser humano, algo que lhe é intrínseco, pois é da sua natureza. E cada um tem o seu. Desse modo, o caráter seria, digamos, um componente do que se chama individualidade – “detalhe” esse que faz as pessoas serem originais, distinguindo-a das demais. Tanto é que, se, de certa forma, o caráter de alguém pudesse ser moldado por influências ambientais, no caso, a escola, a sociedade não estaria tão poluída de parasitas, de predadores, tipo, por exemplo: pedófilos e demais estupradores; psicopatas; torturadores; bandidos de toda sorte, incluindo traficantes que atuam em várias frentes; oportunistas de plantão e, obviamente, políticos corruptos...

Indo mais além, discordaria, inclusive, do médico austríaco Sigmund Freud (1856 - 1939), fundador da psicanálise, quando ele diz: — O caráter de um homem é formado pelas pessoas que ele escolheu para conviver...

Fico, portanto, com a opinião da psiquiatra brasileira Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Mentes perigosasO Psicopata mora ao lado (2008), na qual ela afirma que “os psicopatas têm a exata noção do que é certo e do que é errado. E isso apenas porque o seu transtorno não reside no intelecto, mas no caráter” – tese, inclusive, defendida por outros pesquisadores e que simplesmente corrobora o que eu disse anteriormente, ou seja, que, além dos demais exemplos de parasitas e predadores sociais dados acima, o psicopata também seria, por assim dizer, “um erro de fabricação”. Daí não se poder interferir, alterando padrões, em algo já definido, tipo DNA.

Nathalie Bernardo da Câmara

MORENA MARINA, VOCÊ SE PINTOU

Faça tudo, mas faça o favor: não mude o discurso da ética que é só seu. O povo não vai perdoar


Por Ruth de Aquino
Jornalista brasileira, em artigo publicado no blog que mantém na revista Época (22/10/2013).


Marina, faça tudo, mas faça o favor. Não mude o discurso da ética, que é só seu. Marina, você já é respeitada com o que Deus lhe deu. O povo se aborreceu, se zangou, e cansou de falar. Lula e Dilma estão de mal com você e não vão perdoar. Mas o eleitor não poderia arranjar outra igual para embaralhar o jogo sonolento da sucessão em 2014. Pelo menos num dos turnos, vamos discutir princípios e fins. E principalmente os meios.

A abertura desta coluna é um plágio. De mim mesma. Só o ano foi trocado no parágrafo: de 2010 para 2014. Assim abri, há quatro anos, um artigo em ÉPOCA. Parece atual.

Não interessa em quem o povo brasileiro – obrigado por uma lei antidemocrática a ir às urnas – votará para presidente. Se a ideologia influencia pouco a escolha e se ninguém mais sabe o que é esquerda e direita, porque todos comem caviar, viram censores e bebem uísque quando estão ricos, famosos e no poder, a guerra verdadeira envolve propaganda, benesses e mentiras cínicas. O voto é decidido por emprego e inflação, educação e saúde, mas também por simpatia, esmola, promessas e demagogia. O bolso e as bolsas fazem uma diferença absurda no Brasil profundo.

Por que falar bem de Marina? Não tenho religião, não simpatizo com os evangélicos e lamento a minha generalização – elas costumam ser injustas. O pastor deputado Marco Feliciano, agora ansioso para expulsar gays de cultos, porque só pensa naquilo, não ajuda os evangélicos a construir imagem de tolerância. Não significa que todos os evangélicos rezem pela mesma cartilha fanática. É um erro definir alguém por sua crença ou ausência de fé.

Por que falar de Marina se ela não passa, no momento, de uma provável vice de Eduardo Campos, do PSB? Primeiro, por causa de sua biografia. Biografia virou, nessas últimas semanas, uma palavra incendiária por causa da Jovem Velha Guarda Tropicalista (JVGT), guardiã da privacidade de artistas que expõem sua vida pessoal na capa de revistas de celebridades. Sorrisos, filhos, casas, férias, tudo fotoshopado, autorizado, compartilhado.

No caso de Marina, a biografia conta muito, no mínimo para que seja respeitada como pessoa, no pântano de nossa politicagem. Maria Osmarina da Silva Vaz de Lima nasceu no Acre, filha de seringueiros migrantes cearenses. Analfabeta até os 16 anos, aprendeu a ler enquanto trabalhava como empregada doméstica. Pelo Mobral, fez em quatro anos o primeiro e o segundo graus. Marina contraiu cinco malárias, duas hepatites. Formou-se em história. Queria ser freira. Virou marxista. Tem quatro filhos. Foi a mais jovem senadora do Brasil, aos 35 anos. Marina já enfrentou madeireiros, fazendeiros, cangaceiros. Lula a nomeou ministra do Meio Ambiente. Saiu derrotada e desgastada cinco anos depois, em briga com a mãe do PAC, a então ministra Dilma Rousseff.

Por que mesmo falar de Marina, se ela não tem nenhuma chance contra a outra mulher? Quando Marina se mandou para o PV, Dilma disse: “Estou triste. Preferia que ela continuasse no PT, porque é uma grande lutadora”. Na queda de braço entre as duas, a corpulenta Dilma de vermelho ganha fácil da magra Marina de preto.

Em Dilma, as rugas quase sumiram, o cabelo ficou moderno e repicado, o sorriso substituiu a expressão severa, o dedo em riste foi trocado pelo coraçãozinho com as mãos. É a cirurgia da personalidade, o bisturi dos marqueteiros. Marina mantém o coque, as rugas e aquelas palavras intragáveis que ninguém entende. “Programática” é um adjetivo que ela deveria jogar no lixo sem reciclar – com o vocabulário pernóstico que a distancia do eleitor.

Marina é melhor quando esquece que precisa mostrar instrução e recorre a frases simples de efeito. Dilma a mandou “estudar” para ter propostas sobre o Brasil. Marina respondeu: “Ela (Dilma) deu um conselho de professora. (...) Aprender é sempre uma coisa muito boa. Difíceis são aqueles que acham que não têm mais o que aprender”.

Por que falar de Marina, que nem conseguiu pendurar sua Rede no barco da sucessão? Porque a presença de Marina, junto aos olhos verdes de Eduardo Campos, é um fato novo, como há quatro anos. Move as camadas da terra, provoca tremores, obriga as velhas raposas a sair da toca.

É cômico ver Dilma discursando agora sobre a questão ambiental. Mandando beijos e acenos para pequenos agricultores, quilombolas, pescadores, jovens e indígenas, prometendo quintuplicar os produtores de alimentos orgânicos, sem agrotóxicos. E defendendo assentamentos agrários. Seu mentor, Lula, encampa o outro lado: atrai os ruralistas, enxotados por Marina.

Por isso são importantes as biografias não autorizadas. Elas resgatam as contradições, as incoerências, as mentiras históricas, repetidas tantas vezes que acabam virando verdade. No fundo, só servem a um projeto de poder.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O MENINO MALUQUINHO, AS CRIANÇAS E A WEB

Capa do livro A Internet segura do Menino Maluquinho, de Ziraldo, cartunista, chargista, pintor, dramaturgo, caricaturista, escritor, cronista, desenhista, humorista, colunista e jornalista brasileiro.


“Como eu acho a educação a mais importante atividade humana, os idiotas, canalhas e invejosos são apenas um efeito colateral (e menor) da internet...”.

Gilberto Dimenstein
Jornalista e escritor brasileiro, comentando uma declaração de Ziraldo sobre usuários da internet, a qual, inclusive, gerou, à época, inúmeras polêmicas. Infelizmente, o problema da segurança na internet existe, ou melhor, persiste, sendo, portanto, um tema sempre atual.


Cartilha do Menino Maluquinho ensina segurança na web para crianças

50% das crianças e jovens entre dez e 18 anos utilizam a internet sem o conhecimento dos pais

Por Bruno do Amaral
eBand – 2 de janeiro de 2010


O crescimento nas vendas de computadores no Natal é um fenômeno esperado – afinal, é a época de ouro para o comércio de eletrônicos. Para muitos, é também a oportunidade de colocar os filhos conectados à internet pela primeira vez, o que os apresenta a um mundo de informações, mas com bastante exposição.

Pensando nos pais e nas próprias crianças e adolescentes, a empresa de segurança F-Secure está lançando uma cartilha escrita e desenhada pelo cartunista Ziraldo com um dos personagens nacionais mais famosos dos quadrinhos. Chamado de A Internet Segura do Menino Maluquinho, a cartilha explica de forma didática para os pais e filhos o que fazer para garantir a proteção dos filhos na rede utilizando o software da própria companhia.

“Deixar as crianças e adolescentes à vontade na rede é o mesmo que largá-los na zona ou no cais do porto”, disse Ziraldo em coletiva à imprensa. “Se não houver limites e controles de uso, a internet é mais nociva que o crack”, completou.

A iniciativa faz parte do programa Oito jeitos de mudar o mundo, da Organização das Nações Unidas (ONU). “O objetivo principal é criar um debate nas famílias, um diálogo entre pais e filhos”, disse Belmir Menegatti, presidente da F-Secure Brasil, ressaltando que o projeto social Por um mundo melhor da empresa deverá distribuir 3 milhões de livros em escolas e acompanhados da nova versão do software Internet Security em instituições de ensino.


Camadas de proteção

O programa tem controle parental, que permite “que você controle o filho na internet programando quanto tempo ele pode ficar, o que pode acessar, bloquear sites de conteúdos adultos e liberando páginas educativas”, segundo Menegatti. O Internet Security impede que se visitem sites que tenham a palavra “sexo”, segundo programado pelos pais. É possível verificar ainda o histórico da navegação e ler os e-mails recebidos e enviados.

O software ainda possui prevenção, detecção e remoção de ameaças (como vírus, worms e cavalos de tróia), firewall para impedir o acesso ao computador sem autorização, filtro de e-mail e identificação de sites confiáveis no navegador, além de outros atributos de proteção ao PC.

A F-Secure está fazendo um grande banco de dados com todos os professores e instituições. “Doamos 40 mil licenças do software na Universidade de São Paulo (USP)” – a companhia promete ainda a distribuição gratuita do livro para “qualquer professor desse país”, promovendo uma capacitação para promover o ensino do uso seguro da internet tanto para crianças quanto para adolescentes.


Iniciativa mundial

Ziraldo criou um personagem chamado Patrulha Cibernética, que fala com o Menino Maluquinho. “Eu mesmo tenho um filho de oito anos e confesso que ele foi um pouco como laboratório”, diz o executivo, esclarecendo que não chegou a ter problemas reais com ele na web. “Os responsáveis pela educação deveriam incluir no currículo escolar uma aula sobre segurança na internet o mais cedo possível”.

Segundo Menegatti, citando dados da CGI (Comitê Gestor da Internet), cerca de 50% das crianças e jovens entre dez e 18 anos utilizam a internet sem o conhecimento dos pais. “Quase metade dos adultos também nem se preocupa pelo que os filhos andam vendo”, afirma.

O sucesso da iniciativa já traz frutos. “O presidente mundial da F-Secure, em Helsink (Finlândia), pediu que nós traduzíssemos o livro em inglês para implementar o projeto mundialmente”, confirmou o presidente da empresa no Brasil. “É possível que saiam pequenos spots de 15 segundos do Menino Maluquinho dando dicas na televisão dos perigos da internet”, complementa Menegatti, em primeira mão, ao eBand.


Nas mãos dos bandidos

Para o publicitário Ricardo Andrade, o diálogo é a peça-chave na hora de lidar com o uso seguro da internet pelos filhos. Pai de Beatriz, de 12 anos, e Vinícius, de 14, Andrade admite não estar o tempo todo atento e aposta na conscientização como forma de prevenção. “A sensação é de deixar seus filhos nas mãos dos bandidos, mas a principal ferramenta é ter abertura para conversar”, diz. “Não podemos proibir, pois isso pode causar a sedução pelo perigo”, complementa.

A menina tem hábitos mais típicos de adolescentes da idade dela: freqüenta o Orkut, conversa com amigos pelo Windows Live Messenger (antigo MSN) e outros tipos de mensageiros e sites de relacionamentos. Já o filho do publicitário costuma passar o tempo em games online como Perfect World, um MMORPG (sigla em inglês para o tipo de jogo com vários usuários conectados pela web). E é o computador dele o mais problemático. “Tenho que formatar o tempo todo, tenho uma preocupação com antivírus”, diz o pai.

A diferença no uso do PC é significativa, mas a exposição é quase a mesma. Tanto os jogos quanto as redes sociais os colocam à vista de terceiros. “Eles não tem noção do que poderia acontecer”. Andrade diz que usaria um software com controle parental, assim como já habilita funções do Google para buscas filtradas (a ferramenta Safe Search, que permite mostrar resultados com níveis de filtragem personalizáveis).

A RELATIVIDADE DO CONCEITO DE TERRORISMO

“O terrorismo não falha. Ele funciona. Violência geralmente funciona. Essa é a história do mundo...”.

Noam Chomsky
Linguista, filósofo e ativista norte-americano.


Desde segunda-feira, 21, por exemplo, com várias ruas e uma das suas principais avenidas interditadas por causa das chamadas “obras de mobilidade urbana” no entorno do seu novo estádio de futebol – interdição essa justificada pelas autoridades como necessárias para que sejam, digamos, realizadas melhorias no trânsito na região –, Natal, capital do Rio Grande do Norte, cidade que teve o AZAR de ser uma das eleitas para sediar a Copa de 2014, anda um verdadeiro caos. E o pior, contudo, são essas mesmas autoridades ainda esperarem compreensão da população – que se danem! Afinal, onde já se viu um país de Terceiro Mundo, no caso, o Brasil, hospedar um evento de porte tão vultoso, tipo os recursos desperdiçados para promovê-lo? Cidades como Natal, então! Isso sem falar na revolta coletiva não somente da população local, mas, sobretudo, da população brasileira como um todo, diante do derrame acintoso de verbas apenas para agradar a FIFA e o ego inflado e inflamado de muitos políticos e empresários, nacionais e estrangeiros, que apenas, na verdade, nos atemorizam, a exemplo – diga-se de passagem, do leilão do pré-sal, ocorrido esta semana, no Rio de Janeiro, quando o consórcio formado pela Petrobras, as chinesas CNOOC e CNPC, a francesa Total e anglo-holandesa Shell, arrematou a área de Libra, que, de certa forma, não deixa de ser um terrorismo de Estado. Enquanto isso, serviços básicos, tipo habitação, transporte, segurança pública, e, principalmente, saúde e educação – coisas sem nenhuma importância, né? –, são relegados à condição de miragens. E que miragens continuem sendo... – a charge é de Ivan Cabral e foi publicada hoje, no Novo Jornal.

Nathalie Bernardo da Câmara

terça-feira, 22 de outubro de 2013

CÂNCER DE MAMA: DESATANDO UM NÓ...

Comemorado, internacionalmente, o Outubro Rosa é um movimento popular que remonta à última década do século XX, quando o laço cor-de-rosa foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, em 1990, e, no mundo inteiro, simboliza a luta contra o câncer de mama e estimula a participação das populações, empresas e entidades. Iniciado, portanto, nos Estados Unidos, onde várias regiões promoviam ações isoladas referentes ao câncer de mama e à necessidade da mamografia no mês de outubro, o movimento foi, aos poucos, ganhando corpo. Com a aprovação, então, do Congresso norte-americano, o mês de outubro tornou-se, no país, o mês nacional de prevenção do câncer de mama. Em 1997, entidades das cidades de Yuba e Lodi nos Estados Unidos, começaram, efetivamente, “a comemorar e fomentar ações voltadas à prevenção do câncer de mama” – ações essas que norteariam aquele que ficaria conhecido como Outubro Rosa. Tanto que, até hoje, todas as ações eram e são “direcionadas a conscientização da prevenção pelo diagnóstico precoce”. No intuito, contudo, de sensibilizar a sociedade, as cidades, inicialmente, passaram a se enfeitar com os laços rosas, principalmente nos locais públicos, Na sequência, “surgiram outras ações, como corridas, desfile de modas com sobreviventes (de câncer de mama), partidas de boliche etc”.

Por outro lado, “a ação de iluminar de rosa monumentos, prédios públicos, pontes, teatros, entre outros, surgiu posteriormente”, não havendo “uma informação oficial, de como, quando e onde foi efetuada a primeira iluminação. O importante é que foi uma forma prática para que o Outubro Rosa tivesse uma expansão cada vez mais abrangente”, com a popularidade do movimento conquistando “o mundo de forma bonita, elegante e feminina, motivando e unindo diversos povos em torno de tão nobre causa”, fazendo com que “a iluminação em rosa assuma importante papel, pois se tornou uma leitura visual, compreendida em qualquer lugar” do planeta... – (Fonte: http://www.outubrorosa.org.br/)


No Brasil, a população aderiu ao Outubro Rosa em 2002, promovendo mobilizações com o intuito de prevenir a patologia. Em 2013, o movimento foi nacionalmente lançado no dia 5 de outubro. A ocasião, numa iniciativa da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, passou a ser iluminado com a cor rosa – gesto esse que “contagiou” demais monumentos brasileiros. Enfim! Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), “o câncer de mama é o mais incidente na população feminina mundial, excetuando-se os casos de câncer de pele não melanoma – em 2010, no país, foram registrados 21.779 casos, seguido do câncer de cólon (8.385), embora precedido pelos cânceres de brônquios e de pulmão (21.779), estômago (13.402) e próstata (12.778)”. De acordo, ainda, com o INCA, “políticas públicas nessa área estão sendo desenvolvidas no Brasil desde meados dos anos 80 e foram impulsionadas pelo Programa Viva Mulher, em 1998”. O controle do câncer de mama, por sua vez, tornou-se “uma prioridade do Plano de fortalecimento da rede de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer, lançado pelo governo federal, em 2011” – o mesmo governo que, no dia 23 de maio deste ano de 2013, fez vigorar a lei nº 12.732, que dispõe sobre o tratamento gratuito de pacientes com câncer “no prazo máximo de até 60 (sessenta) dias contados a partir da data do diagnóstico firmado em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso registrado em prontuário único”, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), trazendo um suposto alento ao Brasil.

Digo “suposto” porque, “diante do histórico da maioria dos gestores do país e das políticas públicas do Estado, a iniciativa, em um ano que antecede o das eleições presidenciais, torna-se até suspeita, como se quisessem que acreditássemos que, apesar de tardia, a mesma fosse uma real preocupação do governo federal para com a saúde do povo brasileiro, inclusive porque, na prática, é comum a espera pelo tratamento chegar a quatro meses e, em muitos casos, quando isso acontece, o paciente já foi a óbito. Daí o cumprimento rigoroso da lei – caso contrário, será mais uma que não sairá do papel...” (Povo tem câncer; burguesia, neoplasia..., postagem publicada neste blog no dia 24 – link abaixo). À ocasião, chamei atenção, ainda, ao fato de que, enquanto la presidente Dilma Rousseff “previu um derrame dos cofres públicos de mais de R$ 26 bilhões para a Copa de 2014, a ser realizada no Brasil”, ela destinou, para que se cumpra a lei nº 12.732/12, “apenas o irrisório montante de R$ 500 milhões – haja desproporcionalidade! –, sobretudo considerando que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são esperados mais de 500 mil novos casos da doença em 2013. Preocupante? Não: alarmante! Tanto que o INCA já divulgou que o câncer representa a segunda causa de morte no país, cuja população é de mais de 190 milhões de habitantes, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. E a situação torna-se ainda mais grave porque, de acordo com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), reconhecido como o maior hospital público de oncologia da América Latina, o câncer tornar-se-á a principal causa de morte da população brasileira até 2020”.

Detalhe: no caso do câncer de mama, o autoexame faz-se necessário, embora a mamografia seja o exame mais completo, capaz de mapear as mamas da mulher e, se for o caso, diagnosticar um eventual tumor.


Autoexame da mama

Campanha lançada pelo Ministério da Saúde (MS), INCA e Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) no ano de 1991 (o autor da ilustração não foi identificado).


O que é o autoexame?

É o exame das mamas efetuado pela própria mulher. É conhecendo suas mamas que você pode verificar qualquer alteração.

Quando fazer?

Faça o autoexame uma vez por mês. A melhor época é logo após a menstrução. Para as mulheres que não menstruam mais, o autoexame deve ser feito num mesmo dia de cada mês, como, por exemplo, todo dia 15.

O que procurar?

Diante do espelho: deformações ou alterações no formato das mamas; abaulamentos ou retrações; ferida ao redor do mamilo.

No banho ou deitada: caroços nas mamas ou axilas; secreções pelos mamilos.

Como examinar as suas mamas?

Diante do espelho


Eleve e abaixe os braços, observando se há alguma anormalidade na pele, alterações no formato, abaulamentos ou retrações.

Durante o banho:


Com a pele molhada ou ensaboada, eleve o braço direito e deslize os dedos da mão esquerda suavemente sobre a mama direita estendendo até a axila. Faça o mesmo na mama esquerda.

Deitada:  


Coloque um travesseiro debaixo do lado esquerdo do corpo e a mão esquerda sob a cabeça. Com os dedos da mão direita, apalpe a parte interna da mama. Inverta a posição para o lado direito e apalpe da mesma forma a mama direita.


Com o braço esquerdo posicionado ao lado do corpo, apalpe a parte externa da mama esquerda com os dedos da mão direita.


Atenção!

Caso você encontre alguma das anormalidades citadas, lembre-se que é importante procurar um serviço médico: os ambulatórios, postos e centros de saúde pública podem ajudá-la. Quanto mais cedo melhor... Além disso, caso você, por qualquer motivo, procurar seu médico, peça-lhe para que examine também suas mamas. E se for solicitada uma mamografia, exija o selo de qualidade no relatório do seu exame. Este é a garantia de um exame confiável. – (Fonte: INCA).


Mamografia para que te quero!


“Dentre todos os tipos existentes de câncer, o de mama é citado como a neoplasia de mais difícil controle. Apesar de existirem algumas associações do surgimento do tumor, como idade avançada, casos genéticos de parentes de primeiro grau que contraíram a doença, uso prolongado de terapias hormonais, anticoncepcionais, de álcool e tabaco, obesidade, ou mesmo exposição à radiação ionizante, o câncer de mama ainda possui uma origem desconhecida. Qualquer mulher é passível de desenvolver a doença e, apesar de não muito comum, homens também podem contraí-la...”.

Anna Flávia Feldmann
Comunicóloga, especialista em jornalismo social, em trecho da sua tese de dissertação de mestrado em ciências da comunicação: Análise das campanhas de comunicação sobre câncer de mama – Um estudo comparativo entre as iniciativas do INCA e do IBCC, São Paulo, 2008.


É mais do que comprovado que, por ser completa, a mamografia, realizada com baixas doses de raios x, tem como finalidade preventiva estudar os tecidos mamários, sendo, assim, o exame mais indicado para “garimpar” as mamas e, se for o caso, reconhecer eventuais nódulos ou tumores, possibilitando, portanto, um rastreamento ou diagnóstico preciso de câncer, bem como é um método para diagnosticar qualquer tipo de anomalia. Então... Segundo a revista eletrônica Ágora (27/11/2012), daqui a algumas semanas fará um ano que entrou em vigor “a lei que garante às mulheres acima de 40 anos o direito de realização de mamografias pelo SUS. Antes, elas eram feitas apenas com indicação médica”. No caso do exame diagnóstico, este “é realizado depois da suspeita do nódulo, isso pela própria mulher ou durante o exame clínico”. Desse modo, “caso a suspeita se confirme, saiba que, por direito, a mulher com câncer de mama pode recolher os medicamentos necessários gratuitamente para o tratamento. E, se a paciente tiver que se submeter a cirurgia para a retirada do tumor, ou mesmo de partes do seio, a mastectomia, a cirurgia plástica reparadora é obrigatória pelo Sistema Único de Saúde, conforme a lei n.º 9.797/99”, o mesmo valendo “para os planos de saúde, que são obrigados a oferecer a cobertura, neste caso a lei é nº 10.223/01”. E mais: as mulheres que, após serem submetidas à mastectomia, apresentem dificuldades para dirigir “também podem ter a isenção dos impostos IPI, ICMS e IPVA na compra de carros”. Para Claudia Nakano, advogada especializada em Direito de Saúde: — Primeiro se faz necessária a troca da Carteira de Habilitação Comum pela Especial que poderá ser requerida em uma clínica médica credenciada pelo DETRAN. Posteriormente, a paciente deve passar por uma junta médica do DETRAN e com o laudo médico em mãos requerer as isenções.

Lembrete: se comprovada “a incapacidade de trabalho, a advogada afirma que mulheres com câncer de mama podem requerer o auxílio doença e ainda o saque do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo e Serviço)”.


Mulher: sem essa de alvo!

Detalhe de um cartaz da campanha nacional O Câncer de mama no alvo da moda – uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), fundado em 1968 e referência em Oncologia no país. Lançada pela primeira vez em 1995, a campanha completou dezoitos anos em abril 2013, sendo o seu símbolo criado pelo estilista norte-americano Ralph Lauren, estampado, anualmente, em camisetas e demais produtos promocionais.


Inegável a importância do autoexame das mamas, bem como, ainda mais, a eficácia da mamografia. Não obstante, a realização de demais exames e a aquisição de hábitos saudáveis, inclusive alimentares, no intuito de se prevenir contra a doença, são, igualmente, extremamente necessárias, além, obviamente, das campanhas ditas educativas. O interessante, entretanto, é que, se em tempos não tão remotos assim, tais campanhas de prevenção, pela linguagem textual e visual das suas abordagens, despertavam pavor e desconfiança na sociedade, elas, hoje, valorizam a conscientização, a qual, afinal, como diz uma dada campanha, dá o tom... Segundo a postagem Pesquisa traça história das campanhas de combate ao câncer no Brasil, publicada no Blog do Câncer (19/05/2011), é possível entender essa mudança. O responsável pelo estudo, o pesquisador Luiz Antônio Teixeira, do Departamento de Pesquisa em História das Ciências da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz, e cientista da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), “avalia a evolução das campanhas desde os anos 1940, quando foram utilizadas pela primeira vez, até o final da década de 90”. Sobre a pesquisa sob a sua coordenação, O Controle do câncer no Brasil na segunda metade do século XX, ele diz: — As primeiras campanhas procuravam causar medo nas pessoas para que elas rapidamente procurassem cuidados médicos. Como se pensava que o tratamento precoce era a melhor forma de se proteger contra a doença, o importante era fazer com que qualquer pessoa que desconfiasse ser portador de um tumor procurasse logo o médico.

Analisando uma época em que, de acordo com a postagem, “o câncer era uma doença cercada de mitos e desconhecimento, o que aumentava a aura de temor sobre ela”, o pesquisador prossegue: — Como a incidência da doença era pequena e muitos tipos de cânceres eram confundidos com outras doenças pensava-se que ela era uma doença de ricos. Certas pessoas identificavam somente grandes tumores, que devido à escassez de tratamento à época, muitas vezes alcançavam tamanho inimaginável em pacientes sem atenção médica. Por pensarem que a doença se resumia a esses casos muitas vezes a interpretavam como um castigo divino.

Segundo, ainda, a reportagem, por haver, ao longo do tempo, “uma evolução muito grande nas formas de percepção da doença e no perfil das campanhas, que passaram a ser importantes na difusão de um estilo de vida mais saudável”, Luiz Antônio Teixeira mostrou-se otimista em relação ao futuro da doença e dos doentes: — O câncer passou a ser tratado como um real problema de saúde pública (...), que, cada vez mais, deve se empenhar em oferecer tratamento de alta qualidade no âmbito do SUS.


Câncer de mama: tirando algumas dúvidas...

Uma das peças publicitárias da campanha contra o câncer de mama, promovida pelo Ministério da Saúde, cuja madrinha é a atriz e cantora Zezé Motta. Segundo o site institucional Portal da Saúde, “o ano de 2012 registrou crescimento de 37% na realização de mamografias na faixa prioritária – de 50 a 69 anos - em comparação com 2010, no SUS. Os procedimentos somaram 2,1 milhões no ano passado, contra 1,5 milhão em 2010. No total, o número de exames realizados no último ano atingiu a marca de 4,4 milhões, representando um crescimento de 26% em relação a 2010. Para estimular a detecção precoce do câncer de mama, o Ministério da Saúde dá início da campanha para conscientização das mulheres sobre o tema (disponível no site), reforçando as ações do movimento Outubro Rosa”, inclusive porque o câncer de mama é o tipo que mais atinge as mulheres em todo o mundo. Para 2013, segundo o INCA, são esperados, no Brasil, “52.680 casos novos da doença, com risco estimado de 52 casos a cada 100 mil mulheres. Em quatro das cinco regiões brasileiras, é o tipo mais comum entre as mulheres, sem considerar os tumores da pele não melanoma: Sudeste (69/100 mil), Sul (65/100 mil), Centro-Oeste (48/100 mil) e Nordeste (32/100 mil). Na Região Norte, é o segundo tumor mais incidente (19/100 mil), ficando atrás do câncer do colo do útero (23/100 mil)...”.


Por Patricia Zwipp, especial para Terra.


1 - O que causa o câncer de mama?
Na maioria dos casos de câncer de mama, não há uma causa específica. Há alguns fatores que estão associados ao aumento do risco de desenvolver a doença. A própria idade é um deles, pois a chance aumenta na medida em que se envelhece. Menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade (não ter filhos), primeiro filho em idade avançada, não amamentação e uso de terapia de reposição hormonal são fatores associados ao risco. Consumo excessivo de álcool, obesidade na pós-menopausa e sedentarismo também. Os fatores hereditários são responsáveis por menos de 10% dos cânceres de mama. O risco é maior quando os parentes acometidos são de primeiro grau (pai, mãe, irmãos, filhos).

2 - Atinge homens em que proporção?
O câncer de mama em homens é raro. Estima-se que, do total de casos da doença, apenas 0,8% a 1% ocorram em pessoas do sexo masculino.

3 - Existe algum sintoma além de caroço no seio?
A forma mais habitual é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor. Outros sinais e sintomas menos frequentes são edemas semelhantes à casca de laranja, irritação ou irregularidades na pele, dor, inversão ou descamação no mamilo e descarga papilar (saída de secreção pelo mamilo). Podem também surgir nódulos palpáveis na axila.

4 - É sempre possível notar a doença por meio do toque nos seios?
Não, a patologia tem uma fase em que as lesões são do tipo não-palpáveis. Por isso, é importante a realização de exames de imagem na faixa etária de maior risco.

5 - Segundo o Inca, o autoexame não é estimulado como medida de detecção. Por quê?
Considerando as evidências atualmente disponíveis, não se pode recomendar ou fomentar o ensino do autoexame como método de rastreamento. Também não foi evidenciada diminuição da mortalidade por câncer de mama com o uso do autoexame. Entretanto, o Inca destaca a importância de que a mulher esteja atenta ao seu corpo e à saúde das mamas. A recomendação é que, diante da observação de qualquer alteração ou mudança nas mamas, busque imediatamente a avaliação de um médico.

6 - Prótese de silicone nos seios pode levar à doença?
Não há evidência científica de que exista associação entre implantes mamários de silicone e o risco de desenvolvimento de câncer de mama.

7 - Como é o tratamento de câncer de mama?
O tratamento é multidisciplinar, ou seja, deve incluir a opinião de vários especialistas médicos, como o mastologista, o radiologista, o oncologista clínico, o radioterapeuta, assim como enfermeira especializada, psicóloga, fisioterapeuta e assistente social. Habitualmente, o tratamento pede cirurgia e é complementado pela radioterapia e quimioterapia/hormonioterapia.

8 - Quais são as chances de cura de câncer de mama?
Quando diagnosticado precocemente, há até 95% de chance de cura. Por isso, é importante que toda mulher de 50 a 69 anos faça mamografia a cada dois anos.

9 - Quais mudanças de hábito podem diminuir a chance de desenvolver câncer de mama?
Mudar estilo de vida pode reduzir 28% dos casos de câncer de mama. A ingestão excessiva de álcool aumenta as chances de ter câncer de mama porque altera os níveis hormonais, como o do estrogênio (toda mulher o produz, mas existe uma atuação importante dele no desencadeamento da patologia). Caso tenha células precursoras de câncer, essas taxas elevadas podem favorecer a multiplicação delas. Se o consumo de bebidas alcoólicas fosse moderado, com no máximo um drinque por dia (uma lata de cerveja, um cálice de vinho, uma dose de bebida destilada), reduziria em 6% a incidência.
O excesso de peso precisa ser eliminado, porque significa alteração nos níveis hormonais. Além disso, quando as células de gordura estão repletas, liberam fatores pró-inflamatórios. É como se a pessoa estivesse em um processo de inflamação generalizada, o que a torna mais vulnerável a fatores cancerígenos. O recomendado é que o índice de massa corporal não ultrapasse 25, prevenindo 14% dos diagnósticos.
Deixar de lado o sedentarismo queima as gorduras e equilibra os hormônios. Mas tem de ser em ritmo moderado, como uma caminhada mais acelerada, e por, no mínimo, 30 minutos diários. Com o tempo, a dica é tentar aumentar a intensidade ou estender o período. A medida isolada pode diminuir em 11% os casos de câncer de mama.

10 - Quais alimentos ajudam a prevenir a doença?
Os de origem vegetal: frutas, legumes, verduras e leguminosas (como feijão, lentilha, grão-de-bico). Têm o poder de inibir a chegada de compostos cancerígenos às células e, ainda, consertar o DNA danificado quando a agressão já começou. Se a célula foi alterada e não foi possível consertar o DNA, alguns compostos promovem a morte delas, interrompendo a multiplicação desordenada.
A ideia de que determinado alimento é bom para tal tipo de câncer não se aplica. Tem de haver sinergismo entre os compostos, o que ajuda em todos os tipos da doença. Por isso, é importante variar a alimentação ao máximo. A recomendação é consumir, no mínimo, 400g por dia de vegetais, sendo 2/5 de frutas e 3/5 de legumes e verduras. Cada porção equivale a uma quantia que caiba na palma da sua mão, do produto picado ou inteiro, totalizando 80g.

11 - O que não se deve comer para ajudar na prevenção?
Entre os alimentos prejudiciais estão os embutidos, que apresentam grande quantidade de sal, nitritos e nitratos. Os conservantes em contato com o suco digestivo do estômago se transformam em compostos cancerígenos. Evite ao máximo comê-los, mas o ideal é que não sejam consumidos.
Limite carne vermelha a 50g semanais. A forma de preparo dos alimentos, especialmente das carnes (de qualquer tipo), pode influenciar. Os feitos na chapa ou fritos trazem malefícios, porque a exposição a altas temperaturas também atua na formação de compostos cancerígenos. Prefira levá-los ao forno ou usá-los em ensopados. Se quiser grelhar, opte pelo pré-cozimento. O churrasco também eleva os riscos. Além da temperatura alta, a fumaça do carvão tem dois componentes cancerígenos (alcatrão e hidrocarboneto policíclico aromático), que impregnam na refeição.

12 - Qual é a importância da amamentação?
Amamentar diminui entre 10% e 20% os riscos de a mãe ter a doença. Enquanto o bebê suga o leite, o movimento promove uma espécie de esfoliação do tecido mamário por dentro. Assim, se houver células agredidas, são eliminadas e renovadas. Quando termina a lactação, várias células se autodestroem, entre elas algumas que poderiam ter lesões no material genético. Outro benefício é que as taxas do hormônio feminino estrogênio caem durante o período de aleitamento.

13 - Pílula anticoncepcional aumenta o risco da doença?
Existem estudos que demonstram fraca relação de causalidade entre pílula anticoncepcional e risco da doença, enquanto outros demonstram alguma relação.

Fonte: INCA.




Para o jornalista Tito Montenegro, na reportagem CâncerA Humanidade contra-ataca, publicada na revista Superinteressante em sua edição de novembro de 2004: — Na milenar batalha entre o câncer e a espécie humana, continuamos levando a pior...

Em sua opinião, o câncer não seria “uma doença”, mas “um fenômeno”, desencadeado, invariavelmente, por um leque de inúmeras causas. Daí ser “ingênuo acreditar que um dia encontraremos uma cura para ele...”. O fato é que, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), que, aliás, estima o diagnóstico anual de cerca de 12 milhões de casos de câncer em todo o mundo, sendo que, a cada ano, a doença causa mais de sete a oito milhões de óbitos, “pelo menos um terço de todos os casos de câncer pode ser evitado”. E que a estratégia mais eficiente adotada em longo prazo pela entidade se resume a prevenção, diagnóstico precoce e acesso aos tratamentos.

 
Links para consulta...


Outubro Rosa:
http://www.outubrorosa.org.br/historia.htm

Instituto Nacional do Câncer (INCA):
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/inca/portal/home

Programa Nacional de Controle do Câncer de Mama do INCA:
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa_controle_cancer_mama/

Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC):
http://www.ibcc.org.br/

Liga Norte-rio-grandense contra o Câncer:
http://www.ligacontraocancer.com.br/

Fundação FioCruz:
http://www.historiadocancer.coc.fiocruz.br/linhadotempo/

Revista Superinteressante, Câncer – A Humanidade contra-ataca, novembro de 2004:
http://super.abril.com.br/saude/cancer-humanidade-contra-ataca-444930.shtml

Blog A Bagagem do navegante:
http://abagagemdonavegante.blogspot.com.br/2013/05/povo-tem-cancer-burguesia-neoplasia.html

Nathalie Bernardo da Câmara