Não sou tão obsoleta assim (pior é o ‘Código Penal’ brasileiro [1940], mesmo depois da recente reforma), por mais que, em meus 49, em pleno séc. XXI, eu prefira a tecnologia analógica à digital – sou do tempo de orelhão de ficha, telegrama, carta e tipografia! Literalmente. Tanto que o meu primeiro livro de poemas foi impresso numa quando eu tinha apenas 15 anos de idade – a tipografia ficava defronte à parada metropolitana, de ônibus, atrás da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no centro da cidade de Natal, e na diagonal com a Gráfica Nordeste, hoje, só um prédio em ruínas, mas que pertencia a um querido amigo, já falecido, amigo da minha mãe e meu, além de pai de Gustavo Mariano, que fez o curso de jornalismo comigo – a tipografia também não mais existe. Recordo-me que, dando orgulho ao tipógrafo, cheguei até a compor alguns poemas do meu livro com aquelas pecinhas maravilhosas.
Isso para dizer que, quando solicitamos amizade nesta rede social – também pode ser noutra – é porque pelo menos algo em comum tem-se com quem queremos adicionar. Solicita-se amizade, a amizade é aceita, mas a pessoa que aceitou a sua solicitação nunca curte nada seu. Porém – onde reside o problema -, meses depois, a pessoa resolve aparecer e envia para o seu correio trechos da Bíblia, mesmo sabendo que você já nasceu ateia e nem o fato de ter sido neta de duas católicas fervorosas e estudado num colégio religioso converteu-lhe... Convenhamos que o troço torna-se esquisito. Primeiro um trecho, depois outro e mais um terceiro – daqui a pouco envia um link para eu ter acesso irrestrito à Bíblia...
Ora, se eu quisesse ler tal livro, já tinha lido ainda na infância e na pré-adolescência, quando li de tudo – com tempo de sobra para todo tipo de experiência literária, mesmo correndo o risco da frustração. E decorado cada passagem. Só que nunca foi o caso, pois sempre fui seletiva com as minhas leituras.
O ‘Antigo Testamento’, por exemplo, é um acinte! Um desrespeito ao bom senso. Isso sem falar que, em seu universo ficcional, certos episódios são puro surrealismo, que não aprecio. Tipo os filmes do cineasta italiano Fellini (1920 - 1993), permeados de delírios. Desse modo, os textos bíblicos como um todo não são uma das minhas preferências literárias. Tanto que, particularmente, eu nunca faria da Bíblia, considerada sagrada para muitos, o meu livro de cabeceira, sendo vários os motivos que me levam a pensar assim. Entre eles, a quantidade de crimes, as mortandades, as carnificinas, os extermínios, as guerras insanas, os assassinatos em família, as escravidões, as torturas, os martírios, os incestos, os sacrifícios inúteis, os preconceitos, as discriminações, as violações aos direitos humanos, os atentados cometidos por personagens divinamente bíblicas – só gente do bem! – e todo um requinte de crueldades minuciosamente descritas em suas páginas. Assim, diante de cenário tão desolador, as minhas noites seriam de pesadelos...” – copiei essa passagem de um texto do meu blog: ‘QUE SEJA FEITA A VONTADE DE DEUS? – PARTE III – ADÃO, EVA E A SERPENTE (http://abagagemdonavegante.blogspot.com.br/…/que-seja-feita…).
Enfim! Como dizia Saramago (1922 - 2010), escritor português: “A Bíblia é uma enxurrada de absurdos...”.
Chomsky, linguista norte-americano – felizmente, ainda vivo: “A Bíblia é um livro que glorifica o genocídio...”.
Desse modo, já prevendo o que encontraria naquelas páginas, evitei-as, intuitivamente, pois, além de não querer perder o meu tempo, preferia outras, as que privilegiavam a vida e a criatividade.
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