Arte: Osama Hajjaj (Jordânia)
Cartooning for Peace/France 24, 12/03/2021
“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia (...)” – Como uma onda.
Lulu Santos, compositor, cantor, multi-instrumentista e produtor musical
brasileiro.
Por
Nathalie Bernardo da Câmara
Natal
(RN), 19/02/2022
De
armadura sem acidentes – nem sustenidos nem bemóis – e os seus acordes
adaptando-se aos mais variados solos e arranjos, de improviso ondulando-se, a nova
e poderosa variante do novo coronavírus decidiu impor o seu tom a partir de
dezembro de 2021. E o fez em alto e bom som, sem acordos, com o seu canto alcançando todos os recantos do
planeta, num lépido ritmo lépido cadenciado e em harmonia na passarela – para
ela. Para nós, humanos, reles mortais, um alerta no final do ano passado desconcertou
ainda mais o descompasso do mundo: nas palavras do primeiro-ministro francês,
Jean Castex, a ômicron já se alastrava na Europa na “velocidade de um raio” e, portanto,
recrudescendo a pandemia no continente europeu, com o seu ritmo de propagação
sendo superior ao da delta, a ponto de, à ocasião, o Reino Unido já registrar
sete óbitos pela nova variante – em Londres, um exemplo, 50% das infecções de
covid-19 notificadas no dia 17 de dezembro eram atribuídas à recém-chegada; na África do Sul, a ômicron não se
fazia de rogada e reivindicava para si os mais de 90% dos casos da doença no
país onde ela fora identificada no mês anterior (BBC News Brasil, 18/12/2021 | g1, 18/12/2021).
À época, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a nova variante já estava presente em 89 países, com o
número de novos contágios dobrando num intervalo de tempo de apenas 1,5 a três
dias (g1/Deutsche Welle,
18/12/2021) – crônica de uma folie anunciada?
Arte:
Gilmar Machado
“É comum que vírus como o que causa a
covid-19 tenham variantes. Quando encontra um hospedeiro, o [novo] coronavírus
faz “cópias” de si mesmo e, nesse processo, é possível que surjam versões com
mutações. Quando uma mutação consegue se replicar em nível significativo, ela
se torna uma variante” – Nexo, 25/12/2021.
Sob o manto de uma “constelação incomum de mutações” em
relação às demais variantes, o que atestava “um grande salto na evolução” do
SARS-CoV-2, o novo coronavírus que, de acordo com a OMS, veio à luz na cidade
de Wuhan, na China, em dezembro de 2019, a ômicron já entrou em cena com larga
vantagem, como, por exemplo, uma alta capacidade de proliferação e o escape aos
anticorpos do ser humano, deixando-o ainda mais vulnerável – o passaporte para a mais uma aventura do novo coronavírus mundo
afora, como esclareceu, em entrevista coletiva, o bioinformata brasileiro Tulio
de Oliveira, diretor do Centro de Pesquisa Epidêmica, Resposta e Inovação
(CERI, na sigla em inglês) da África do Sul, país no qual se radicou há mais de
20 anos, e chefe da equipe que identificou a nova variante em novembro de 2021 (BBC News Brasil, 25-27/11/2021).
“Estudo preliminar divulgado [17/12/2021] pela Faculdade de
Medicina da Universidade de Hong Kong mostrou que, em comparação com a delta, a
ômicron se multiplica 70 vezes mais rapidamente nos brônquios humanos
(estruturas que ligam traqueia e pulmões)” – Nexo, 25/12/2021.
Aqui, um
parêntese: em comunicado emitido no dia 11 de janeiro do corrente, a OMS afirmou
que pretendia colocar um ponto final na pandemia ainda no primeiro semestre de
2022. Porém, para que esse intento fosse alcançado, 70% da população mundial
deveria estar vacinada (R7/AFP (11/01/2022 | R7, 11/01/2022). Sem surpresas, dias depois, o diretor-geral da
organização, o biólogo etíope e autoridade
mundial em saúde pública Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou à imprensa que a
pandemia não estava nem perto de acabar (CNN
Brasil, 19/01/2022) – pelo sim, pelo não, naveguemos, então, na dialética do tempo...
O nado
sincronizado dos continentes gerando controvérsias
Com
o fôlego renovado pela ômicron, o novo coronavírus imprimiu contornos
peculiares à pandemia, dando passe livre à nova variante, que içou velas e, desdenhando
das fronteiras, com um pé no hemisfério Norte e outro no Sul, logo singrou os
sete mares, aportando, intrépida, nos seis continentes do planeta – há quem
diga que eles sejam cinco... Enfim, tudo começou com o já rotineiro teste de
diagnóstico molecular, ou seja, o RT-PCR, feito em casos de suspeição da
covid-19, que confirma ou não o diagnóstico da doença, realizado em Botswana,
na África Austral, em 09 de novembro de 2021. Dois dias depois, a nova variante
foi detectada em amostras dos primeiros testes, e, no dia 13, igualmente
detectada em Hong Kong, território autônomo no sudoeste da China, no continente
asiático – em 14 de novembro, a confirmação do primeiro caso na África do Sul...
Arte: Emad
Hajjaj (Jordânia)
Jornal Alaraby Aljadeed, Londres, em 28/11/2021
De
posse do sequenciamento genômico, que permite identificar as informações
genéticas de um vírus, feito nas amostras de Botswana, Hong Kong e África do
Sul, o Centro de Pesquisa Epidêmica, Resposta
e Inovação Centro de Pesquisa Epidêmica, Resposta e Inovação (CERI), dirigido
pelo cientista Tulio de Oliveira, reportou o fato à OMS em 24 de
novembro. Dois dias depois, a instituição reuniu-se em caráter de urgência para avaliar a novidade, isto é, a variante B.1.1529,
batizando-a de ômicron – nome da letra
‘o’ no alfabeto grego –, inclusive classificando-a
de “variante de preocupação” (variante of
concern, VoC, na sigla em inglês), pois, à época, mediante evidências preliminares, comprometia
o sistema imunológico humano, a eficácia das vacinas existentes e representava um risco maior de reinfecção de
covid-19, passando a ser “amplamente monitorada pelos sistemas de vigilância
genômica do vírus de diversos países” (Organización Mundial de la Salud,
26/11/2021 | CNN Brasil,
27/11-23/12/2021).
Em 22/12/2021, um estudo do Imperial College London, no Reino
Unido, mostrou que o risco de a ômicron reinfectar quem teve covid-19 era 5,4
vezes maior do que o medido para outras variantes, como a delta, por exemplo – Nexo, 25/12/2021.
Ocorre
que, nesse ínterim, a recente descoberta
igualmente desembarcava na Europa através de um viajante não vacinado que
retornava do Egito para a Bélgica pela Turquia, em 11 de novembro, embora a
data da confirmação da infecção deu-se apenas em 26/11 (CNN Brasil, 26/11/2021), dia da reunião da Organização Mundial da
Saúde (OMS). Em 19/11, o Instituto Nacional de Saúde Pública da Holanda (RIVM),
já testara positivo para a nova variante em amostras de pacientes colhidas
entre os dias 19 e 23/11 (Reuters/CNN Brasil, 30/11/2021). Ou seja, antes
do comunicado da África do Sul à OMS. Já na Oceania, os dois primeiros casos do
continente foram detectados em 27/11. Segundo as autoridades sanitárias da
Austrália, trataram-se de passageiros vacinados que haviam viajado ao sul da
África (CNN Brasil, 27/11-23/12/2021).
No dia seguinte, duas pessoas que haviam viajado à Nigéria testaram positivo
para a ômicron em Ottawa, na província de Ontário, no Canadá, sendo, assim, os
primeiros casos registrados no país e nas Américas (El País, 29/11/2021).
Imagem HKUMed
Cientistas da Faculdade de
Medicina da Universidade de Hong Kong (HKUMed, na sigla em inglês) divulgaram a
1ª imagem da ômicron em 08/12/2021. Capturada com ajuda de um microscópio, a
imagem permite a visualização da coroa de proteínas da nova variante (Poder 360, 09/12/2021).
Com
cinco dos seis continentes do planeta já no radar da “preocupação”, faltava
apenas a Antártida ser fisgada pela
nova variante, o que aconteceu em 14/12 – um dia após o Reino Unido registrar a
primeira morte conhecida no mundo pela variante ômicron. Daí que, nos gélidos
confins do globo terrestre, 2/3 dos 25 cientistas da estação polar belga
Princesa Elisabeth, que chegou sete dias antes na Antártida, testou positivo
para a ômicron, embora
nenhum dos infectados tenham apresentado sintomas graves – fato revelado pelo
diário belga Le Soir, que
ainda informou que todos os pesquisadores já haviam recebido pelo menos duas
doses de uma das vacinas contra a covid-19 e testado negativo antes da viagem (La Nación/Agência Ansa, 1°/01/2022). O curioso é que, além de sequer
mencionar que a nova variante já andava a circular pela Bélgica à época do
embarque dos cientistas belgas para a Antártida e de ignorar o período de
incubação do vírus, a reportagem sublinha que a última escala da viagem da
equipe foi a África do Sul, dando margens ainda mais para que países africanos
fosse penalizados...
Com os países da África e os seus viajantes sendo incluídos
nas restrições dos demais de todo o mundo, a OMS posicionou-se, pois a medida
tinha pouco impacto sobre a disseminação da variante e, na prática, penalizava
a África do Sul por ter descoberto a ômicron: “Com a variante ômicron já
detectada em várias regiões do mundo, colocar o foco das restrições na África
ataca a solidariedade global” – Matshidiso Moeti, diretora do escritório da OMS
na África, em 28 de novembro de 2021 (Nexo,
25/12/2021).
De
igual modo situou-se o ministro da Saúde e Bem-Estar de Botswana, Edwin
Dikoloti, que fez questão de esclarecer que, apesar do sequenciamento genômico da
B.1.1529 ter sido
realizado em laboratórios sul-africanos, não significava que a variante é
oriunda do sul do continente africano – mesmo porque não havia e ainda não há
nenhuma conclusão sobre onde e como ela originou-se. Daí que, sem melindres, o
ministro Dikoloti foi além: segundo ele, o fato de o seu país ter detectado os
primeiros quatro casos da ômicron não quer dizer que os infectados eram
cidadãos locais – no caso, eram estrangeiros que estavam no país em missão
diplomática, embora, por prudência, as suas respectivas nacionalidades foram preservadas
pelo político (CNN Brasil, Reuters, 28/11/2021), apesar de fontes
de Botswana dizerem que os diplomatas eram europeus. Na opinião do ministro
Dikoloti, sempre há uma tendência que tenta estigmatizar um país ou um
continente que dá origem a uma variante. Porém, apesar de discreto em relação a
identidade dos estrangeiros, ele efusivamente aplaudiu o mérito dos cientistas
que a identificaram “precocemente” no sul da África (CNN Brasil, Reuters,
28/11/2021). Um desses cientistas, inclusive, fez diversos apelos no Twitter –
um dos quais, aliás, pertinente...
Reprodução:
Nathalie Bernardo da Câmara
“Eu gostaria de apelar a todos os bilionários deste mundo, Elon Musk,
Bill Gates, Jeff Bezos, Pat Soon-Shiong e Warren Buffett, para apoiarem a
África e a África do Sul financeiramente para controlar e extinguir as
variantes! Ao proteger sua população pobre e oprimida, protegeremos o mundo” –
Tulio de Oliveira, bioinformata e docente na Stellenbosch University (SU) e na University of
KwaZulu-Natal (UKZN) |Olhar Digital,
25/11/2021).
Noutra postagem da rede social, segundo a reportagem, o
pesquisador declarou que “o mundo deve fornecer apoio e não discriminar ou
isolar” a África do Sul e a África em si, e que, apesar de haver recursos para
a ciência, é preciso ajuda financeira para a sua população carente e o seu
sistema de saúde. Em reportagem distinta, Tulio de Oliveira, que dirige o CERI
e a Plataforma de Pesquisa em Inovação e Sequenciamento KwaZulu-Natal (KRISP),
ambos na África do Sul, afirmou que a falta de auxílio internacional para o
continente africano, cujas taxas de imunização são baixas, retarda o combate
global à pandemia (FolhaPress/O Tempo, 1°/12/2021) – apesar de ser a
segunda maior economia das nações africanas, a África do Sul é um dos países do
continente que mais padece com a pandemia, registrando, desde o seu início até
o dia de hoje, 19 de fevereiro, mais de três milhões e 600 mil de casos
conhecidos de infecção pelo novo coronavírus e mais de 98 mil vidas dizimadas,
segundo o contador do
Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas (CSSE) da Universidade Johns Hopkins
(JHU), em Baltimore, nos EUA, que monitora casos do novo coronavírus em tempo
real.
Em tempo: no dia 05 de fevereiro, em discurso virtual enviado à 35ª Cimeira de líderes da União Africana (UA), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, destacou “quatro motores de recuperação” para o continente africano, que seria uma maior ênfase na distribuição de vacinas, o estímulo as economias dos seus países, a sua recuperação sustentável para mitigar alterações do clima e a sua inclusão nos processos de paz”, ressaltando a necessidade de reforçar o apoio à África com maior solidariedade global (ONU News, 05/02/2022). No dia 18/02, visando assegurar que o continente tenha vacinas suficientes para lutar contra a pandemia e outras futuras doenças, a OMS anunciou que, inicialmente, seis países africanos – Egito, Quênia, Nigéria, Senegal, Tunísia e África do Sul – já foram selecionados para criar centros de produção de vacinas de RNA mensageiro, tecnologia, inclusive, utilizada nas vacinas contra a covid-19 da Pfizer/BioNTech e da Moderna, e que será disponibilizada aos respectivos polos de produção pelo centro global de vacinas de RNAm da própria OMS, além de treinamentos, que começarão em março, e apoio – atualmente, 1% das vacinas aplicadas na África são produzidas no continente de 1,3 bilhão de habitantes (UOL/AFP, 18/02/2021).
O portador de más notícias?
Os apelos do responsável pela “descoberta” de duas das
cinco variantes consideradas de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
já que, além da ômicron, Tulio de Oliveira liderou a equipe que, a partir de
amostras sul-africanas de testes anti-covid, identificou a variante Beta, em maio
de 2020, procedem – as demais são alpha, detectada no Reino Unido, em
setembro/2020; gamma, no Brasil, em novembro/2020, e delta, na Índia, em
outubro/2020. Tanto que, por sua liderança na identificação das referidas
variantes, sobretudo na da ômicron, o bioinformata brasileiro foi incluso na
lista dos dez cientistas que mais se destacaram no mundo em 2021 pela revista Nature em sua edição publicada no dia 15
de dezembro.
Classificado pelo conceituado periódico científico interdisciplinar
britânico como um “rastreador de variantes”, Tulio de Oliveira foi considerado
pela jornalista brasileira Gabriela Leite, editora de Outras Palavras (17/12/2021), como um cientista de “coragem” por
relatar ao mundo a existência de mais uma variante, principalmente uma com
poderes supersônicos, no caso, a ômicron, já que quando o pesquisador e a sua
equipe identificaram a variante Beta, governos estrangeiros passaram a
restringir viagens de e para a África do Sul ainda muitos meses após a sua descoberta. De qualquer modo, mesmo
sabendo dos riscos de penalizações que os países da África Austral correriam – o
que se tornou um fato, ocorreu –, o pesquisador não hesitou.
Segundo, ainda, a revista que contribuiu para aumentar a
visibilidade da importância do seu trabalho e o da sua equipe no planeta, Tulio
de Oliveira declarou o seu extremo desapontamento quando os países ricos
impuseram proibições de viagens ao sul da África simplesmente porque a região
tinha habilidade científica para descobrir novas variantes, alegando que a
África do Sul serviu de bode expiatório, “quase uma cortina de fumaça para o
entesouramento de vacinas”, desviando a atenção de países ricos que perdiam o
controle da pandemia. Sem falar que, por ter anunciado ao mundo duas variantes
de preocupação, ganhando a reputação de dar más notícias, quando começaram as
sanções que o cientista previra, alguns sul-africanos, incluindo políticos,
questionaram o seu direito de fazer certos pronunciamentos.
Com a comunidade de vigilância genômica sendo vista por
muitos como o inimigo, Tulio de Oliveira reagiu: “Nós não somos os inimigos,
somos o oposto” – uma curiosa tentativa de cabresto por parte exatamente de um
país que, por cerca de 42 anos, viveu sob a égide do apartheid (1948-1990), um ferrenho regime de segregação racial
legalmente institucionalizado. Sem falar que não vivemos mais na Antiguidade, quando
os portadores de más notícias corriam o risco de serem sacrificados, além de
ser inaceitável esse tipo de reação em pleno Século XXI... Não à toa, em maio
de 2021, a OMS anunciou a sua sensata opção pelas letras do alfabeto grego para
padronizar os nomes das variantes exatamente para evitar estigmas e
discriminações contra os países que as detectam pela primeira vez, apesar de,
mesmo assim, no caso da ômicron, isso parece não ter adiantado muito.
Justificando a pertinente preocupação da OMS, o
tratamento depreciativo, por exemplo, dispensado ao povo chinês quando da
identificação do SARS-CoV-2, o novo coronavírus, na província chinesa de Hubei,
como foi o caso, segundo a reportagem, do então presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, que, leviana e pejorativamente, chamou o patógeno
recém-descoberto de “vírus da China” – óbvio que para culpar a nação rival pela
pandemia, desencadeando, ao mesmo tempo, hostilidades aos asiáticos, o que
alimentou a xenofobia e estimulou o surgimento de apelidos outros, igualmente
ofensivos, que, ao circularem no mundo, real e virtual, criaram controvérsias (Reuters, 1°/06/2021).
Arte: Niels Bo Bojesen
Jornal Jyllands Posten,
Dinamarca, 27/01/2020
O desdém à suposta origem chinesa do novo coronavírus também
veio a público na Escandinávia. Exemplo disso foi a publicação do cartoon acima no diário dinamarquês Jyllands Posten, antes mesmo de a OMS
declarar emergência
de saúde pública de interesse internacional no
dia 30 de janeiro de 2020. Por substituir as tradicionais estrelas amarelas na
parte superior esquerda da bandeira chinesa por desenhos do novo coronavírus, a
charge despertou a ira da embaixada chinesa em Copenhague, que, em sua página on-line, a consideraram um “insulto à China”, ferindo “o povo
chinês”, e, assim, superando o “limite ético da liberdade de expressão”. Dessa
maneira, as autoridades chinesas na Dinamarca exigiram do periódico e do cartunista
uma desculpa pública ao povo chinês, mas, ao contrário do que esperavam, o jornal de maior tiragem no país não satisfez a exigência, limitando-se a postar
uma declaração do seu editor,
o jornalista Jacob Nybroe, na versão digital do Jyllands Posten no dia seguinte à ofensiva publicação: “Não
podemos nos desculpar por algo que não achamos que está errado”, acrescentando
que o periódico não teve “a intenção de humilhar nem de brincar”, muito menos o
desenho, que, aliás, também foi divulgado na conta do jornal no Twitter no
mesmo dia, destacando a opinião de cartunistas outros enaltecendo a arte que
motivou a ira dos chineses: “é ‘fantástico’ e ‘elegante’” (AFP/Estado
de Minas, 28/01/2020) – e ficou por isso mesmo.
Arte: Lisa Wool-Rim Sjöblom
Para a
professora titular de Ética da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de
São Paulo (FSP-USP), Deisy Ventura, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, é
considerado um dos maiores difusores das expressões “vírus chinês” e/ou “vírus
de Wuhan”. Por mais advertido
que fora “por membros de seu próprio governo de que a ‘etnicidade’ não era a
causa do novo coronavírus, e pela OMS sobre o risco de que esta linguagem
estigmatize pessoas, Trump também foi acusado de racismo em relação à população
norte-americana de origem chinesa, aos migrantes e à população chinesa, mas
alegou querer dizer simplesmente que ‘isto [o vírus] vem da China’” (Museu da Imigração,
11/09/2020). Na
opinião do especialista em políticas de nomeações de enfermidades Jérôme Viala-Gaudefroy,
professor assistente da Universidade CY Cergi Paris (UCP), e de
Dana Lindaman, professor associado de estudos franceses da Universidade de
Minnesota Duluth (UMD), “lançar o vírus como ‘estrangeiro’ não foi um simples
floreio retórico” de Trump. Segundo os docentes, o ex-presidente
norte-americano “usou a expressão ‘vírus chinês’ mais de 20 vezes entre 16 e 30
de março [de 2020]”, excluindo o nome novo coronavírus (The Conversation, 21/04/2020 – atualizado: 13/04/2021).
Segundo Deisy Ventura, que também é doutora em direito internacional, “apenas uma
plataforma de denúncia de incidentes de discriminação anti-asiática recebeu,
entre 19 de março e 13 de maio de 2020, mais de 1.800 denúncias provenientes de
mais de 40 Estados norte-americanos” referentes às expressões xenofóbicas em
questão (Museu da Imigração,
11/09/2020). Em virtude, portanto, de toda a “bagunça” causada pelo
estigma votado à China, duas
letras do alfabeto adotado pela OMS, a ‘Nu’ e a ‘Xi’, foram propositadamente
ignoradas para nomear a ômicron, que veio depois da variante mu, detectada na colômbia em janeiro 2021 e considerada pela
instituição como de interesse (variante
de interesse, VoI, na sigla em inglês), um nível abaixo das variantes de
preocupação, e um acima das variantes sob monitoramento (variante under monitoring, VuM, na sigla em inglês), seguindo a
ordem cronológica pela qual foram definidas como ameaças potenciais. E foram
ignoradas porque a letra grega ‘Nu’ é facilmente confundida com a palavra
‘novo’ e a ‘Xi’ é um nome próprio bastante comum entre os chineses – exemplo disso,
Xi Jinping, atual presidente da China (Reuters,
27/11/2021).
Porém,
mesmo sendo batizada de ômicron num dia
(26/11/20210, não demorou e surgiram na imprensa desconcertantes reações
adversas ao país que detectou a nova variante do novo coronavírus – a título de
ilustração, citemos apenas duas...
Arte: Javi Salado
La Tribuna de Albacete, Espanha (28/11/2021)
Publicado na seção ‘Opinião’ de um jornal da cidade
espanhola de Albacete, o cartoon
acima, intitulado ‘La Espina’, findou por gerar polêmicas, já que as
personagens amarronzados em forma de vírus, mas com características humanas, de
lábios rosados ou pintados com a cor rosa, navegando num barco de madeira a
motor com o nome ‘ómicron’ em caixa alta, uma bandeira sul-africana e um
“comandante” com um olhar malicioso voltado para o continente europeu, deu
margens aos leitores para diversas interpretações da imagem – o título da arte em
si, ‘A Espinha’, é sugestivo – e, portanto, cartas de repúdio foram enviadas ao
periódico, que, posteriormente, em seu nome e no do cartunista, diferentemente
do jornal dinamarquês, publicou uma nota da redação no espaço reservado a
cartas enviadas pelos leitores, pedindo desculpas aos que se sentiram
“incomodados ou ofendidos” e esclarecendo que “não houve intenção” por parte do
jornal nem do autor da arte em associar “a transmissão da nova variante do
vírus SARS-CoV-2 a posições que se afastem dos princípios de igualdade e não discriminação”
(JRMora, Humor Gráfico, 1°/12/2021).
Para o cartunista espanhol J. R. Mora, que, numa matéria postada em seu blog, até tentou entender o colega de traço, pois uma das justificativas do autor do cartoon foi a pressão invariavelmente exercida na labuta diária de um jornal, sobretudo em relação ao cumprimento de prazos, entre outros, os primeiros argumentos em defesa da arte em questão, rebatendo as acusações de racismo, “não condiziam com o que a imagem mostrava e com o que Salado alegava que pretendia mostrar”. Na opinião de J. R. Mora, o conteúdo do referido “cartoon como suposta piada de ‘solidariedade ou protesto’ tem muito pouca defesa”, sem deixar “nenhuma pista gráfica para entender nada além do que é visto” (JRMora, Humor Gráfico, 1°/12/2021). No dia 28 de novembro, ainda, outra controvertida publicação, no caso, de um jornal alemão...
Die Rheinpfalz am Sonntag,
Alemanha (28/11/2021)
Maior
diário da Renânia-Palatinado (Rheinland-Pfalz),
estado no oeste da Alemanha, o Die Rheinpfalz
am Sonntag estampou a manchete “O
vírus da África está entre nós” na capa da sua edição dominical, com a foto que
ilustra a matéria insinuando sem melindres que todo e qualquer africano é
potencialmente portador da ômicron, variante do novo coronavírus... Em tempos
de internet e, portanto, sem surpresas, as reações de protesto pulularam mundo
afora feito rastilho de pólvora, resultando numa indignada petição on-line que, ao criticar o racismo e a
discriminação da mencionada publicação, apelou ao periódico para que fosse
publicado um “sincero e apropriado” pedido de desculpas com uma enorme manchete
igualmente na sua primeira página na edição do domingo seguinte (Petição:
Jornal Die Rheinpfalz estigmatiza
África, 28/11/2021). Porém, logo no dia seguinte, após um bombardeio de críticas principalmente nas redes sociais, um
sensacionalista pedido de desculpas, assinado pelo editor-chefe do Die Rheinpfalz, o jornalista Michael
Garthe, antecipou o que exigia a petição...
Reprodução: Nathalie Bernardo da Câmara
“Notícias da redação: MORRA
RHEINPFALZ em uma tempestade de merda”, no alto da foto; abaixo, “A reportagem sobre a variante do vírus relatada na África do Sul deu a
volta ao mundo” – Foto: dpa
Iniciando
com um “Caro leitores”, a nota diz: “(...) entramos
em uma tempestade de merda nas chamadas redes sociais, cuja intensidade nunca
experimentamos antes. Involuntariamente,
mas auto-infligido”. E o texto prossegue, com análises e argumentos sobre a
polêmica reportagem, concluindo com um mea
culpa: “O
RHEINPFALZ é combativo. E se
cometermos erros no departamento editorial, admitimos. Este é o nosso
entendimento de um debate público” (Die Rheinpfalz, 29/11/2021).
Culpabilizar países por surgimentos de doenças é uma
prática histórica para o desvio de atenções de responsabilidades políticas de
terceiros no que tange a não importa qual crise. Um exemplo clássico foi a
gripe espanhola (1918-1920) – inclusive, caro (a) leitor (a), analise a abordagem da
charge abaixo, atentando para a época e o contexto em que ela foi feita...
― Sim senhora, sei cozinha de forno e fogão;
mas só me
emprego si a patrôa não fôr espanhola.
Arte: Voltolino
A Gazeta, São Paulo (19/10/1918)
Curiosamente,
a gripe pandêmica de 1918 não tinha nada de espanhola – a não ser o fato de a
Espanha, neutra na Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918) e por intermédio
da sua imprensa livre, ser a mensageira, daí a alcunha, da pandemia de
influenza tipo A (H1N1) que, à época, era abafada pelas explosões armígeras e
pela censura imposta aos noticiários de boa parte dos países, sobretudo a dos
EUA, local onde provavelmente surgiram os primeiros focos da doença, cujo vírus
foi disseminado por seus soldados nas trincheiras e, consequentemente, propagado
mundo afora, dizimando, no total, muito mais do que o conflito bélico em si (BBC News Brasil, 11/03/2020 | Veja,
atualizado: 11/03/2020 – publicado: 24/04/2018 | Scielo, março 2016 | Reuters,
1°/06/2021). Quando, portanto, do anúncio da OMS,
a epidemiologista norte-americana Maria Van Kerkhove, líder técnica da instituição
para a covid-19, repercutiu-o em redes sociais, ressaltando que os cognomes
eram simples e fáceis de dizer e lembrar, além de ressaltar que “nenhum país
deve ser estigmatizado por detectar e relatar variantes” (Reuters, 27/11/2021).
Para o pesquisador Jérôme Viala-Gaudefroy, “o problema é que
países vão evitar relatar novas variantes para que eles não sejam associados a
elas”, sendo portadores de más notícias (Brasil de Fato/Deutsche
Welle, 05/12/2021).
“Matar
o mensageiro é uma expressão que teria tido origem na decisão de Dario III,
rei da Pérsia, de executar o oficial que lhe levou a notícia da derrota de seu
exército por Alexandre da Macedônia. (...) Certamente ele não foi o único
soberano a mandar matar portadores de más notícias. E essa decisão sempre teve
ao menos duas componentes, uma pessoal, e outra de cálculo político (...)” -
Carlos A. Ferreira Martins, Jornal Primeira Página,
São Carlos, 07 jun. 2020.
Numa pandemia com a magnitude da atual, portanto, a população
mundial deveria aplaudir os mensageiros, no caso, das variantes, já que, quanto mais rápido elas forem identificadas e reportadas à OMS, as demais autoridades mundiais têm
mais tempo hábil para uma melhor resposta à ameaça em suas adoções de medidas eficazes
de prevenção, garantindo, assim, a proteção da população global, que, por seu
turno, também deve fazer a sua parte, protegendo-se individualmente. E de
rapidez a ômicron entende, a ponto de já terem sido descritas quatro
sublinhagens para a nova variante – três delas, descobertas praticamente ao mesmo tempo: BA.1, a predominante no
globo terrestre, identificada em Botswana (11/11/2021), a BA.2, na África do
Sul (17/11/2021), predominante na Dinamarca e 1,5 vez mais contagiante, e a
BA.3, igualmente detectada na África do Sul (18/11/2021). Já a BA.1.1 é uma
sublinhagem de segunda geração, isto é, tudo em família (OPAS/OMS,
1°/02/2022 | Journal of Medical Virology,
18/01/2022).
Em nota da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em
conjunto com a OMS, a fim de manter os Estados-Membros de ambas organizações
informados, “a
introdução e dispersão das várias sublinhagens da VOC Ômicron” era um evento
esperado. “No entanto, é necessário levar em conta que se trata da mesma
variante e que não há atualmente motivo para preocupação adicional, nem para
mudanças na aplicação das medidas públicas de controle sanitário que já foram
implementadas, incluindo vacinação, distanciamento físico, entre outras”
(OPAS/OMS, 1°/02/2022).
Persona non grata
Comprovando ainda mais a veloz propagação da ômicron, foram
registrados, em 23 de dezembro de 2021, quase 45 dias depois da identificação
da nova variante, 983,3 mil novos casos de infecção pelo novo coronavírus em 24
horas no mundo – algo parecido só havia acontecido em 28 de abril do mesmo ano,
quando 905,8 mil novos contágios foram notificados num só dia (g1, 25/12/2021). Divulgada
pela plataforma
Our World in Data, da Universidade de Oxford, cujos dados são provenientes do CSSE
da Johns Hopkins, a informação logo seria seguida de outra no mínimo preocupante:
em 27 de dezembro de 2021, foi contabilizado
mais de um milhão de casos de covid-19 em 24 horas no mundo, ou seja, 1,45
milhões de novas infecções num único dia, sendo a Europa responsável por
763.876 das contaminações, o equivalente a 54,5% do total (g1, 28/12/2021) –
isso desde que, oficialmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a
condição pandêmica da população mundial, em 11 de março de 2020.
Não
obstante, a plataforma Our World in Data fez um alerta: apesar dos altos números
consistirem num recorde, muitos países não registraram casos entre os dias 24 e
26 de dezembro, deixando claro que, somados aos números que ficaram de fora, o
balanço mundial era muito maior, ainda ressaltando que o rápido aumento dos contágios
também impossibilitava registrar todos eles e que, além disso, devido os testes
para a covid-19 serem limitados, os números de infectados são sempre maiores do
que os oficialmente registrados (g1, 28/12/2021 | CNN Brasil, 28/12/2021) – sem mencionar as pessoas que, por
hipótese alguma, com ou sem sintomas, realizam os testes, sendo excluídas das
estatísticas, algo, por exemplo, extremamente corriqueiro na França, que,
aliás, fins de dezembro de 2021 e ao longo de janeiro de 2022, enfrentou
sucessivas quebras de recordes praticamente diárias, sendo, ainda, obrigada a conviver com o drama da
pandemia dos não vacinados, que, diga-se de passagem, tem sido uma pedra no
caminho não apenas do país, a ponto de o governo de Emmanuel Macron conseguir
aprovar um passe vacinal que praticamente tornou a vacinação compulsória em
todo o território nacional, embora os não vacinados sejam igualmente um entrave
sanitário para o continente europeu...
Arte: Paresh
(Índia)
Daí
que, já em plena quinta onda, eis que, dias antes, em 25 de dezembro, o
presente de Natal dos franceses ao país foi o feito de ultrapassar a marca de
cem mil infecções em 24 horas desde o início da pandemia, quebrando um recorde
nacional (Libération, 19/12/2021). No
dia 28, ao serem contabilizados 179.807 novos casos de covid-19 num único dia,
segundo a agência francesa de saúde, foi desencadeada “uma cascata de
restrições” por parte do governo francês e de demais nações europeias (RFI/AFP,
29/12/2021), uma vez que, de acordo com o site Covidtracker.fr., os números representaram
os maiores já vistos por um país europeu durante toda a pandemia (g1, 31/12/2021), ofuscando, assim, o
país da Cidade Luz, que ficou às
cegas. O mundo, por sua vez, em 30 de dezembro, notificou 1,95 milhão de novos contágios
em 24 horas, dos quais, mediante os dados da plataforma Our World in Data, 590
mil casos couberam aos EUA (CNN Brasil,
04/01/2022 g1, 04/01/2022). Nesse
mesmo dia, um comunicado público da agência francesa de saúde confirmava que a
ômicron era a variante majoritária na França, inclusive reivindicando para si a
maioria dos casos de infecção no país durante a última semana do ano: mais de
60% dos testes positivos superando os 15% da semana anterior (RFI, 31/12/2021)...
Arte: Joe
Heller – EUA
A
tendência, portanto, não apenas na França, como no planeta, era a de que as cifras
galopassem num crescente no ano então vindouro...
Ômicron versus sarampo
Segundo o infectologista norte-americano Roby
Bhattacharyya, do Hospital Geral de Massachusetts, nos EUA, em entrevista ao
jornal El País (02/01/2022), a ômicron
tornou-se a variante de propagação mais célere da história, posto que, num
curto espaço de tempo, desbravou todo
o planeta (Diário de Notícias,
02/01/2022).
Respaldando a sua tese, o infectologista Roby
Bhattacharyya comparou o percurso da ômicron com o vírus, por exemplo, do
sarampo, cuja velocidade de disseminação é igualmente incrível, embora menos do
que a nova variante. Para ele, “um
caso de sarampo dará lugar a mais 15 casos em 12 dias, no mínimo. Um caso de ômicron
dá origem a outros seis em quatro dias, o que quer dizer que em oito dias dá
lugar a 36 casos e em 12 dias a 216”. Um intervalo de tempo, no caso,
“explosivo”, acrescentou, visto que, em seus cálculos, “14 milhões de pessoas
seriam infectadas em apenas 60 dias, a partir de um único caso” da nova
variante, enquanto, no mesmo período de tempo, 760 mil seriam infectadas com o
vírus do sarampo, o que significa que, “com a rapidez que se está a propagar, a
ômicron provavelmente irá causar mais danos e num período mais curto”, concluiu
(Diário de Notícias,
02/01/2022) – no dia seguinte, 03 de janeiro, seriam contabilizados 2,4 milhões de
novos contágios diários, dos quais 1,08 milhão pertenciam aos EUA, de acordo com a plataforma Our World in Data.
Cuba versus covid-19: a fórmula da solidariedade
No
dia 06 de janeiro, o diretor-geral da Organização
Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, alertou o mundo, através de uma
entrevista coletiva à imprensa, que, apesar de a ômicron aparentar “ser menos
grave em comparação com a delta, especialmente entre os vacinados, isso não
significa que ela deva ser classificada como branda”, prosseguindo: “Assim como
as variantes anteriores, a ômicron está hospitalizando e matando pessoas. Na
verdade, o tsunami de casos é tão grande e rápido que está sobrecarregando os
sistemas de saúde em todo o mundo” (BBC
News Brasil, 07/01/2022). O curioso é que, apesar disso, uma das metas da
OMS continua sendo a de que pelo menos 70% da população de cada país seja
vacinada até julho deste ano para que, além de permitir o fim de quarentenas,
coisa que, diga-se de passagem, a quase totalidade das nações já aboliram ainda
em 2020, o mundo esteja 70% vacinado, a fim de que, finalmente, seja anunciado
o fim da pandemia. Só que, com base no cenário mundial no início de janeiro, 116
países não cumprirão a meta proposta (BBC
News Brasil, 07/01/2022 | EFE,
14/02/2022) – uma das exceções é Cuba...
Arte: Carlos
Latuff
60
anos após a formalização do insano e cruel embargo comercial, econômico e
financeiro imposto pelos EUA, Cuba faz a diferença: com um sistema público de
saúde baseado na medicina preventiva que, não é de hoje, se tornou modelo para
a própria OMS e é uma referência global, além da sua conceituada indústria
biotecnológica, o país caribenho foi, até recentemente, o único da América
Latina a desenvolver e produzir vacinas anti-covid em seus laboratórios – no
Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu à Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) o registro de uma vacina 100% nacional no início de
janeiro. Com todos os insumos produzidos no país, o primeiro lote do imunizante
teve o seu controle de qualidade aprovado no dia 14 do corrente, apenas
faltando fazer a sua entrega ao Plano Nacional de Operacionalização da
Vacinação contra a Covid-19 (PNO), do Ministério da Saúde (MS), a fim de ser
distribuída para a população brasileira. Cuba, por seu turno, já ultrapassou a
meta proposta pela OMS ao imunizar 70,5% da sua população, em novembro de 2021
(CNN Brasil, 15/02/2022 | CNN Brasil, 29/01/2022 | Prensa Latina, 11/11/2021).
Em
dezembro passado, quando a ômicron aportou na ilha caribenha, mais de 80% da
população já estava com o ciclo vacinal completo, conferindo ao país uma das
maiores taxas de vacinação do mundo, incluindo a dose de reforço, que, em Cuba,
é incorporada ao esquema de imunização primária, com as infecções caindo mais
de 80% desde então (Reuters/Terra, 17/02/2022 | Ganma, 16/12/2022). Em 18 de fevereiro do corrente, 9.864.341
cubanos (89% da população) completaram o seu ciclo vacinal, informou o ministério
da Saúde Pública (Minsap) de Cuba (Prensa
Latina, 18/02/2022). No dia 10, de acordo com informações oficiais do
governo cubano, com o número cumulativo de doses administradas aumentando, Cuba
mantém a sua liderança do ranking
mundial quanto à taxa por 100 habitantes, à frente do Chile e dos Emirados
Árabes. Já o número de pelo menos uma dose entre a população cubana igualmente
confirmou o país em terceiro lugar, atrás apenas dos Emirados Árabes e de
Portugal (Prensa Latina, 12/02/2022).
Enquanto isso, em sua jornada de apelos por uma melhor
distribuição de vacinas para ajudar os países mais pobres a imunizarem as suas
populações, Tedros Adhanom reforçou, em
14 de dezembro de 2021, que a principal preocupação da OMS “é salvar vidas, em
todos os lugares”. Para o diretor-geral da
instituição, “se acabarmos com a
desigualdade, acabamos com a pandemia” (Nações Unidas no Brasil,
15/12/2021). Segundo a OMS, a lacuna vacinal no continente africano é deveras
preocupante, sobretudo porque 83% de pessoas ainda não receberam sequer a
primeira dose, com os casos de infecção só aumentando (ONU News, 16/02/2022). E é nesse contexto que reside o papel
fundamental de Cuba, uma vez que o governo cubano já demonstrou interesse em
exportar as vacinas anti-covid produzidas pela
farmacêutica BioCubaFarma para os países que carecem de imunizantes. De
acordo com o doutor em ciências biológicas Eduardo Martínez Díaz, presidente
da estatal cubana,
a verificação da eficácia das vacinas produzidas
na ilha resulta de “um processo rigoroso” de avaliação dos três imunizantes aplicados
no país: a abdala, a soberana 02 e a soberana plus, afirmou numa
coletiva de imprensa, em julho de 2021 (Poder
360, 24/01/2022).
Outra
vantagem, citada na reportagem, é que as vacinas produzidas na ilha possuem uma
tecnologia que barateia as vacinas e, consequentemente, favorece a sua produção
em larga escala. Porém,
apesar da disposição em negociar inclusive a quebra de patentes, o que não
ocorre com outros governos e empresas farmacêuticas, o país caribenho ainda tem
de enfrentar as dificuldades impostas pelo bloqueio
no que diz respeito à aquisição de insumos para a produção dos seus
imunizantes...
Poder 360, 24/01/2022
“Continuamos a fabricar, falou Díaz aos jornalistas, mas se
não fossem esses entraves, a disponibilidade de doses de vacinas seria maior”. Sem
falar que, para exportar, e em grande escala, Cuba está na fila, esperando que
as suas fórmulas sejam liberadas pela OMS (Poder
360, 24/01/2022). Não obstante, mesmo sem o
aval da OMS, o governo cubano já doou lotes do seu imunizante Abdala para a
Síria, Irã, Venezuela, Vietnã, Nicarágua, São Vicente, Granadinas e México,
informou o Centro de Engenharia Genética e
Biotecnologia (CIGB) do país (Prensa
Latina, 07/01/2022), bem como recebeu o reconhecimento da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) ao seu desempenho
na vacinação anti-covid-19 (Granma, 14/01/2022). É como disse dias
antes o virologista norte-americano Michael
Diamond, da Universidade de Washington em entrevista exclusiva à RFI Brasil 11/01/2022:
“A única
maneira de lutar contra transmissão é continuar vacinando as pessoas ao redor
do mundo, para prevenir potenciais propagações. Caso contrário, teremos novas
variantes surgindo de tempos em tempos, por um longo período”.
No
dia 29 de dezembro, ao lembrar que o vírus continuará a evoluir e ameaçar os
sistemas de saúde se os países não melhorarem sua resposta coletiva à doença, o
diretor-geral da OMS falou especificamente sobre o Brasil, recomendando que o país, então, o
segundo com o maior número de mortes por covid-19 no mundo, deveria estar preparado para um aumento
de novos casos de infecção, pedindo, inclusive, o fim de desinformações que afetam o
combate à pandemia.
Arte: Nando
Motta
Para
Tedros Adhanom, “a desinformação, muitas vezes
disseminadas por um pequeno número de pessoas, têm sido uma distração
constante, minando os sinais e a confiança em ferramentas de saúde que salvam
vidas”,
acrescentando que, por estimular a
não vacinação, a
desinformação era
a responsável pela morte
desproporcional
de pessoas não vacinadas: “Este é o momento para os líderes banirem as políticas de populismo e
interesse próprio, que estão fazendo descarrilar a resposta à covid-19 e
ameaçam minar a resposta
à pandemia”, afirmou (Reuters, em
29/12/2021).
Arte: Carlos
Latuff
O
que nos faz lembrar do pronunciamento no parlamento alemão do secretário-geral da Organização das Nações Unidas
(ONU), o engenheiro português António Guterres, em 18 de dezembro de 2020,
quando, à época, ele condenou o que chamou de “vírus da desinformação”, além de
alertar contra o populismo, que “ignora a ciência e desorienta as pessoas” (Deutsche Welle, 18/12/2020) – alinhados, os discursos caíram como a uma luva
para a realidade brasileira, que, impregnada de fake News e negacionismos, vivia e continua vivendo uma pandemia de
desinformações, evidenciando, por exemplo, igual ocorre na França, uma pandemia
dos vacinados e outra dos não vacinados. Na opinião do virologista Michael Diamond, ainda na entrevista à RFI Brasil de 11 de janeiro de 2022,
o novo coronavírus continua sendo um vírus fatal, principalmente na população
não vacinada, salientando que os nichos de não vacinados em países desenvolvidos, como é o caso dos EUA
e da França, contribuem para o descontrole da epidemia.
No
mesmo dia, 11 de janeiro, em comunicado divulgado um dia após o
diretor-executivo da Pfizer, Albert Bourla, anunciar que a empresa
disponibilizará uma vacina adaptada para a ômicron no mês de março, a OMS
insistiu na
pretensão de pôr um fim na pandemia ainda no primeiro semestre deste ano,
conquanto que 70% da população mundial esteja vacinada. Para a
instituição, as
atualizações das vacinas devem provocar respostas imunes “amplas, fortes e duradouras”,
a fim de reduzir a necessidade de sucessivas doses de reforço, limitando,
assim, o
impacto da doença em termos de saúde, o que igualmente limitaria “a necessidade de medidas
sanitárias e sociais rigorosas e em grande escala” (R7/AFP (11/01/2022 | R7, 11/01/2022)... Infelizmente, pelo andar da carruagem, tudo indica
que esse objetivo ainda está longe de ser alcançado, considerando que, ainda no
dia 11, o mundo ultrapassou a casa dos três milhões de contaminados pela
covid-19 em 24 horas no mundo, notificando 3,28 casos (CNN Brasil, 11/01/2022). No dia 13, já eram 3,67 milhões (CNN Brasil, 13-20/01/2022) e, nesse
ritmo, a coisa prosseguiu...
Já no dia
14, quando o Brasil ultrapassou o marco dos cem mil infectados pelo novo
coronavírus em 24 horas e onde o chefe do Executivo vem sendo responsabilizado
pela população brasileira pela crise sanitária e por genocídio indígena em
território nacional, entre outros, um menino xavante de oito anos de idade tornou-se
a primeira criança a ser vacinada contra a covid-19 no país que, atualmente, além
da pandemia, também anda a mercê de uma síndrome gripal da influenza A (H3N2).
O curioso é que a dobradinha vem
resultando em situações onde as duas patologias, cujo meio de transmissão é
parecido, ocorrem ao mesmo tempo, isto é, uma infecção dupla. Essa junção,
portanto, tem sido chamada de “flurona”, uma mistura de coronavírus com flu (gripe em inglês).
Arte: Gilmar de
Oliveira Fraga
Para o infectologista Renato Grinbaum, docente de
Medicina na Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid), “esse é um fenômeno
antigo, que pode ocorrer com outros vírus respiratórios além do influenza e do
Sars-Cov-2, já que eles são transmitidos de forma muito semelhante” (Veja, 06/01/2022). Então, no dia 18 de
janeiro, em entrevista coletiva à imprensa e contrariando o comunicado do dia
11 da própria OMS, o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom, foi a público e afirmou que a pandemia “não está nada
perto de acabar” e que, como muitos previam, a variante pode não ser a última.
Seis dias depois, compartilhando desse pensamento, o vice-diretor da OPAS, o
sanitarista e epidemiologista brasileiro Jarbas Barbosa, declarou que “não vale
a pena subestimar a variante ômicron”, levando em conta que ela tem causado
hospitalizações e mortes (CNN Brasil,
19/01/2022 | CNN Brasil, 24/01/2022).
No dia seguinte, 19 de janeiro, foi a
vez do mundo corroborar as declarações de ambas as autoridades ao registrar 4,2
milhões de novos casos de covid-19 em 24 horas, batendo outro recorde –
inicialmente, a plataforma
Our World in Data divulgara 3,79 milhões, mas,
após a França fornecer o seu balanço daquele dia, ou seja, 436 mil casos de
infecções, os números foram corrigidos, sendo a inclusão posterior de dados de
alguns países no balanço geral diário considerada “normal” pela plataforma, que
ainda divulgou a liderança dos EUA no ranking mundial de contágios a cada novo dia, com 979 casos, e a
ascensão do Brasil para o 6° lugar depois de notificar o seu novo recorde de
contaminações em apenas um dia, isto é, 195 casos, sendo os dados da plataforma
“levemente diferentes dos coletados pelo consórcio de veículos de imprensa” do
país, que computou mais de 204 mil (g1, 20/01/2022).
Nesse meio tempo, no dia 21, em meio
à polêmica em torno da vacinação de menores, sobretudo as crianças a partir de cinco
anos de idade, uma vez que, já em dezembro de 2021,
agências sanitárias de diversos países liberaram a vacinação contra a covid-19
a partir dessa faixa etária, a OMS e o seu Grupo Consultivo
Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE, na sigla em inglês) foram a público garantir a segurança e a eficácia da vacinação com uma
dose reduzida dos imunizantes pediátricos que receberam autorização de
rigorosas autoridades regulatórias, principalmente o da Pfizer/BioNTech (ONU News, 31/12/2021 | Paho, 21/01/2022).
Arte: Luciano Cosmo
E aí novamente Cuba aparece em destaque, no caso,
na vacinação infantil, batendo um recorde mundial: além do recorde de ser o
primeiro país da América Latina a vacinar 80% da sua população com pelo menos
uma dose ainda em setembro de 2021, o país caribenho não surpreendeu quando, no
dia 06, após já ter aplicado 14.672,062 milhões de doses na sua população de
11,3 milhões de habitantes, dos quais 4.114,722 milhões com o ciclo completo de
imunização, inclusa a terceira dose (04/09), o país caribenho tornou-se o
primeiro do mundo a vacinar crianças a partir de dois anos de idade, estendendo
a vacinação a jovens de até 18 anos, contra a covid-19. Inovando ainda mais, todo
o público infanto-juvenil da ilha, indistintamente, recebeu, logo na primeira
semana de uma vacinação que se pretendia massiva, uma primeira dose de imunizante
– as demais, seriam por etapa. Pioneira, tal medida garantiu, com segurança, o
retorno presencial paulatino à sala de aula, ocorrido entre 04 de outubro e 15
de novembro, inclusive com a totalidade dos professores e funcionários das
escolas vacinada (Brasil de
fato, 06/09/2021 | Poder 360, 24/01/2022 | Brasil de fato, 06/02/2022).
No dia 1° de fevereiro do corrente, a liderança de Cuba no mundo na
vacinação de crianças e jovens entre dois e 18 anos de idade contra a covid-19
foi destaque no jornal britânico The Guardian, registrando
que, em virtude da credibilidade do sistema de saúde público do país, 95% do
público dessa faixa etária já estava completamente imunizado, além de possuir
baixas taxas de infecção pela variante ômicron. No Brasil,
após um período de crescentes aumentos conjuntos de casos de gripe e covid-19
no país, o novo coronavírus reassumiu a dianteira dos casos de síndrome
respiratória, o que já era esperado por especialistas, como afirmou o
virologista brasileiro Anderson Brito à CNN
(14/02/2022). Para ele, não devemos acreditar que a covid-19 vai desaparecer
após a pandemia. Do mesmo modo que a influenza, cujo vírus circula no território
nacional há bastante tempo – embora de há muito já existam antibióticos e
vacinas contra a gripe –, o novo coronavírus passará a fazer parte da rotina de
todos, ponderando, entretanto, que as proteções contra as infecções devem ser
mantidas, e, sobretudo, que a completude do ciclo vacinal seja uma garantia,
mantendo-o sempre em dia, medidas que, por sua vez, criarão ambientes cada vez
menos favoráveis para eventuais surtos da doença com o fim da pandemia, que,
como já frisou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, “não está nada perto de
acabar” (CNN Brasil, 19/01/2022)...
Arte:
Jean Galvão
Quase um mês depois do prognóstico de Adhanom, o
vice-presidente da OPAS, Jarbas Barbosa, reafirmou a necessidade do mundo
avançar na imunização de crianças e adolescentes, e, em meio ao debate sobre a
necessidade de uma quarta dose, reforçou que “a prioridade é completar o ciclo
vacinal [com três doses] (CNN Brasil,
14/02/2022), o que contraria a posição do diretor-geral da OMS, para quem “a prioridade
deve ser vacinar os não vacinados, mesmo em países com mais acesso às vacinas”,
já que, na maioria dos países, os que estão hospitalizados e morrendo são os
não vacinados, devendo ser prioridade “proteger os menos protegidos, não os
mais protegidos”, ao mesmo tempo esclarecendo não ser contra as doses de
reforço, mas “contra a desigualdade”, advertindo que, ao dar reforços a grupos
de baixo risco, se ameaça a vida daqueles de maior risco, que ainda não
receberam as suas doses primárias por causa das restrições de abastecimento (Nações
Unidas do Brasil, 07/01/2022).
Tanto
que, no ano passado, o diretor-geral da OMS chegou a dizer que, se os países
ocidentais não acumulassem vacinas para usar em seus programas de reforço, o
mundo teria doses suficientes para vacinar toda a sua população adulta em 2022 (BBC News Brasil, 07/01/2022). No dia 14
de fevereiro, numa mensagem dirigida a um encontro de ação global contra a
covid-19, organizado pelos EUA, ele declarou que a possibilidade de que a
pandemia esteja controlada ainda este ano permanece, mas que o planeta “corre
um crescente risco de desperdiçá-la”. Para que isso não aconteça, Tedros Adhanom chegou a dizer que os líderes
políticos precisam ser “incentivados a acelerar a distribuição de vacinas” (EFE, 14/02/2022). Ora, a partir do
momento em que “líderes políticos” precisam ser “incentivados” para tomar tal
ou qual decisão, no caso, durante uma pandemia, ainda mais no
que diz respeito à socialização dos imunizantes, eles não possuem nenhum vestígio de liderança...
De perdas, danos e alguns ganhos
Num cenário desolador como o da pandemia e na iminência de certo conflito bélico, que me deixa apreensiva, afasto-me
de estatísticas e de conjecturas alheias para mais uma vez recordar da gripe pandêmica
de 1819, que pode até não ter registrado casos de contágio pelo vírus da
influenza tipo A (H1N1) na Antártida, ao contrário da covid-19, que fez questão
de também marcar presença no continente de gelo, mas deixou um longo rastro de
almas mortas, que a fez ser considerada a mãe
das pandemias. E mesmo tornando-se mais longeva do que a sua “genitora”, a
mais mortífera de todas as já conhecidas pela humanidade, a atual não chegará
nem perto do seu legado: basta dizer que o impreciso saldo de óbitos da gripe
espanhola ultrapassou a soma das baixas das duas grandes guerras mundiais
juntas, a primeira, de 1914 a 1918, e a segunda, de 1939 a 1945, ou seja, algo
em torno de 60 milhões de pessoas, entre militares e civis, além de “um terço
das decorrentes da peste em seis séculos”. Daí a gripe espanhola ser chamada
por muitos como sendo o “maior holocausto médico da história”, tudo sugerindo
que a origem dos primeiros casos da doença surgiram no estado norte-americano
do Kansas (BBC News Brasil,
11/03/2020 | Veja, atualizado: 11/03/2020 – publicado: 24/04/2018 | Scielo, março 2016 | Reuters, 1°/06/2021).
Foto: Efe /
Nanographics
Uma
equipe de pesquisadores obteve a primeira imagem real e tridimensional do novo
coronavírus. Não é uma foto, pois não é possível fotografar um vírus, mas
também não se trata de um modelo computadorizado, é uma tomografia: “É o mais
perto que já conseguimos até agora de mostrar a aparência real do vírus. Com a
tecnologia atual, não se pode mostrar uma imagem mais real”, resumiu à Agência Efe Peter Mindek, diretor de
tecnologia da Nanographics, empresa austríaca que criou a imagem em parceria
com centros universitários de China e Arábia Saudita. (...) Os tons rosados e
azulados usados na imagem são “falsos”, com o propósito de ajudar a representar
melhor a forma e as diferentes partes do vírus. O que é real é a forma do vírus
(EFE, 20/01/2021).
Na atualidade, o temível adversário que chegou a trancafiar bilhões de pessoas em suas casas por longos meses consecutivos, desencadeando inúmeros transtornos, inclusive mentais, decorrentes da fadiga da quarentena, “é uma minúscula bolinha de 70 milionésimos de milímetro”, chegando a ser “tão pequeno em comparação ao ser humano como uma galinha com relação a todo o planeta Terra”. Podendo ser uma espécie de “Frankenstein” moderno, causando assombro em plena luz do dia, o novo coronavírus resume-se numa “brevíssima mensagem escrita com combinações” de quatro letras: a, u, g, c – as iniciais de um composto químico com diferentes quantidades de carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio (El País, 19/05/2020 | El País, 24/06/2020 | El País, 06/12/2021). Com as tais letras está escrita a mensagem que, no momento da publicação desta postagem, segundo o contador do CSSE da Johns Hopkins, já ceifou mais de cinco milhões e 800 mil vidas no planeta desde o início da pandemia... No Brasil, com mais de 1.114 mortes registradas em 18 de fevereiro, o total de óbitos conhecidos no país é de mais de 643 mil (g1, 18/02/2022). No mundo, até ontem, já tinham sido administradas mais de 10,4 bilhões de vacinas anti-covid, com quase 62% da população com pelo menos uma dose – no continente africano, apenas 11,3% da população estava imunizada no início de fevereiro (UOL/AFP, 18/02/2021).
Finalmente,
de todas as medidas preventivas contra a contaminação pelo novo coronavírus
duas devem ser parceiras da máscara facial de proteção e do tubo de álcool em
gel 70% ou de álcool líquido 70% sempre à mão, isto é: o seu NÃO à aglomeração
e o seu SIM à vacinação, inclusive vacinando as crianças, dado que, no porvir,
elas serão as nossas heranças...
Poder 360, 24/01/2022
Por
isso que as autoridades mundiais deveriam mirar-se no belo exemplo de Cuba que,
apesar das duras sanções aos longo de seis décadas,
o país obteve êxito ao produzir os seus próprios imunizantes contra a covid-19
e...
― Como foi isso? – perguntaria João Grilo.
― Num sei, só sei que foi assim. – responderia Chicó.
Distintas personagens do Auto da Compadecida
(1955), de autoria do multifacetado Ariano Suassuna (1927-2014), universal por
excelência em seu amor incondicional pelo povo brasileiro, por sua cultura e
pelo Brasil, que, com o seu peculiar humor, é lenitivo para a dor.
O fato é que, quando comandava Cuba (1959-2008), Fidel
Castro (1926-2016) investiu não apenas na formação de médicos, mas igualmente
em biotecnologia, pois, à época, o comandante acreditava que, além de driblar o
embargo capitaneado pelos EUA, estava investindo no futuro (Brasil de fato,
06/09/2021 | Poder 360,
24/01/2022). E não é que está dando certo?!
“Vacinar é um ato de solidariedade.”
Alain Fischer, imunologista francês,
presidente do Conselho Nacional de Orientação da Estratégia Vacinal (COSV, na
sigla em francês) na França (RFI/AFP, 20/12/2021).
Links
consultados:
Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas (CSSE) da Universidade Johns Hopkins (JHU), Baltimore, Estados Unidos (atualizado em tempo real):
https://coronavirus.jhu.edu/map.html
Rastreador covid-19 – Reuters:
https://graphics.reuters.com/world-coronavirus-tracker-and-maps/
Tracking SARS-CoV-2 variants (Rastreamento de
variantes de SARS-CoV-2) – WHO (ONU) – atualizado regularmente:
https://www.who.int/en/activities/tracking-SARS-CoV-2-variants/
Administran em Cuba más de 34,7 millones de
dosis antiCovid-19 (Mais de 34,7 milhões de doses anti-Covid-19 são
administradas em Cuba) – Prensa Latina
(18/02/2022):
Brasil registra mais 1.114 mortes por Covid em 24 horas; total ultrapassa
643 mil – g1 (18/02/2022):
OMS: seis países africanos
receberão tecnologia para produzir vacinas de RNA mensageiro – UOL/AFP
– 18/02/2021:
Cobertura vacinal e foco em crianças ajudaram
Cuba a derrotar ômicron, dizem especialistas, por Dave Sherwood e Marc Frank,
da Reuters/Terra (17/01/2022):
Covid-19: casos caem em todo o mundo, mas
número de mortes segue subindo – ONU News
(16/02/2022):
https://news.un.org/pt/story/2022/02/1780022
Vacinas cubanas controlaram a incidência da
cepa ômicron – Granma (16/02/2022):
https://pt.granma.cu/cuba/2022-02-16/vacinas-cubanas-controlaram-a-incidencia-da-cepa-omicron
Vacina 100% brasileira tem aval da AstraZeneca,
diz Fiocruz, por Kenzô Machida – CNN
Brasil (15/02/2022):
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/vacina-100-brasileira-tem-aval-da-astrazeneca-diz-fiocruz/
Coronavírus “não vai desaparecer”, mas temos
proteções, diz virologista, por Ester Cassavia e Giovanna Galvani – CNN Brasil (14/02/2022):
Antes de pensar em 4ª dose, é preciso
completar vacinação de atrasados, diz OPAS, por Amanda Garcia e Bel Campos – CNN Brasil (14/02/2022):
Diretor-geral da OMS diz que chance de
controlar a pandemia em 2022 pode ser perdida – EFE (14/02/2022):
Brasil completa uma semana com média móvel de
mortes por Covid acima de 800 por dia, por Fábio Tito – g1 (14/02/2022):
Cuba com 88,1 da população vacinada contra a
Covid-19 – Prensa Latina – edição
portuguesa (12/02/2022):
https://www.prensalatina.com.br/2022/02/12/cuba-com-881-da-populacao-vacinada-contra-a-covid-19/
Média móvel de mortes por covid no Brasil é a
maior em 6 meses e se aproxima de 900 por dia, por Fábio Tito – g1 (12/02/2022):
Chefe da ONU enfatiza solidariedade global em
mensagem à África – ONU News
(05/02/2022):
https://news.un.org/pt/story/2022/02/1778842
Brasil já registra mais casos de Covid em 2022 do
que no segundo semestre de 2021, por Kaluan Bernardo – CNN Brasil (04/02/2022):
Mundo registra 14,3 mil morte pela covid-19 em 24
horas; maior número desde maio de 2021, por Julyanne Jucá e Lucas Rocha – CNN Brasil (02/02/2022):
Cuba
vacinou 95% das crianças com mais de 2 anos contra a Covid – PT (02/02/2022):
https://pt.org.br/cuba-vacinou-95-das-criancas-com-mais-de-2-anos-contra-a-covid/
A
campanha de vacinação das crianças permitiu-nos ficar à frente da onda Omicron,
por Leticia Martínez Hernandez – Granma
(02/02/2022):
Cuba
leads the world in vaccinating children as young as two against Covid, por Ed
Augustin, in Havana – The Guardian (1°/02/2022):
https://www.theguardian.com/world/2022/feb/01/cuba-leads-world-vaccinating-children
Sublinhagens
da VOC Ômicron do SARS-CoV-2 – Organização Pan-Americana da
Saúde/Organização Mundial da Saúde (1°/02/2022):
file:///C:/Users/Usuario/Downloads/Sublinhagens%20da%20VOC%20O%CC%82micron%20do%20SARS-CoV-2.pdf
Vacina contra a Covid-19 100% brasileira está
em fase de desenvolvimento, por Jonas Valente – CNN Brasil (29/01/2022):
Covid: França tem maior número de casos na
Europa, mas quer relaxar medidas – UOL/RFI (26/01/2022):
Covid-19: la France dénombre plus de 500 000
cas de contamination em vingt-quatre heures – Le Monde/AFP
(25/01/2022):
Brasil tem novo recorde de casos de covid-19
em 24 horas – Deutsche Welle
(26/01/2022):
https://www.dw.com/pt-br/brasil-tem-novo-recorde-de-casos-de-covid-19-em-24-horas/a-60568528
Não vale a pena subestimar a variante ômicron,
diz vice-diretor da OPAS – CNN Brasil
(24/01/2022):
Com vacinas próprias, Cuba é destaque no
combate à covid, por Fernanda Basi e Marina Ferraz – Poder 360 (24/01/2022):
https://www.poder360.com.br/coronavirus/com-vacinas-proprias-cuba-e-destaque-no-combate-a-covid/
SAGE e OMS apontam que é seguro e eficaz vacinar
crianças a partir de 5 anos contra COVID-19 com dose pediátrica da
Pfizer-BioNTech – Paho (21/01/2022):
Covid:
la Banque Mondiale débloque plus de 660 millions d’euros pour l’Afrique du Sud
– Le Figaro/AFP (21/01/2022):
Mundo
bate novo recorde diário com 4,2 milhões de casos de Covid, por Lucas Sampaio –
g1 (20/01/2022):
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/01/20/mundo-tem-379-milhoes-de-casos-de-covid-e-bate-novo-recorde-diario.ghtml
Mundo registra 3,79
milhões de casos de covid-19 em um dia e bate novo recorde, por Leonardo Lopes
e Julyanne Jucá – CNN Brasil
(20/01/2022):
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/mundo-registra-379-milhoes-de-casos-de-covid-19-em-um-dia-e-bate-novo-recorde/
Mundo bate novo
recorde e registra 3,67 milhões de casos de covid-19 em um dia, por Leonardo
Lopes e Álvaro Gadelha – CNN Brasil
(13-20/01/2022):
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/mundo-bate-novo-recorde-e-registra-367-milhoes-de-casos-de-covid-19-em-um-dia/
Diretor-geral da
OMS diz que pandemia “não está nada perto de acabar”, por Giovanna Galvani – CNN Brasil (19/01/2022):
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/diretor-geral-da-oms-diz-que-pandemia-nao-esta-nada-perto-de-acabar/
Emergence of
Omicron third lineage BA.3 and its importance, por Perumal A.
Desingu analisou e redigiu o primeiro rascunho, K. Nagarajan e Kuldeep Dhama
– Journal
of Medical Virology (18/01/2022):
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jmv.27601
Criança indígena é primeira a ser vacinada no
Brasil contra a Covid-19, por Anna Gabriela Costa – CNN Brasil (14/01/2022):
Mundo bate novo recorde e registra mais de 3
milhões de casos de covid-19 em um dia, por Leonardo Lopes e Álvaro Gadelha – CNN Brasil (11/01/2022):
OMS diz que vacinas contra a Covid precisam
sem atualizadas – R7 (11/01/2022):
https://noticias.r7.com/saude/oms-diz-que-vacinas-contra-covid-precisam-ser-atualizadas-11012022
OMS acredita que pandemia não vai acabar só
com as doses de reforço – R7/AFP (11/01/2022):
Ômicron continuará a matar e “não é boa
notícia”, alerta virologista americano, por Taíssa Stivanin – RFI (11/01/2022):
OMS: Ômicron deve infectar mais da metade da
Europa em até 8 semanas – CNN Brasil/Reuters (11/01/2022):
OMS: ômicron pode infectar mais da metade da
população europeia infectada nas próximas semanas, por Teresa Sofia Serafim – Público (11/01/2022):
Mundo bate recorde de casos de Covid-19 em uma
semana, segundo OMS, por Henrique Andrade e Giulia Alecrim – CNN Brasil (07/01/2022):
Emmanuel Macron confirme qu’il “assume
totalement” ses propôs sur les non-vacines – Le Monde/AFP
(07/01/2022):
Cuba vacinou crianças de 2 a 11 anos para o
retorno às aulas – PT (06/01/2022):
https://pt.org.br/cuba-vacinou-criancas-de-2-a-11-anos-para-o-retorno-as-aulas/
“Flurona”: quando gripe e Covid atacam ao
mesmo tempo, por Fabiana Schiavon – Veja
(06/01/2022):
https://saude.abril.com.br/medicina/flurona-quando-gripe-e-covid-atacam-ao-mesmo-tempo/
Cuba envia à Síria doação de vacina contra
Covid-19 abadla – Prensa Latina (07/01/2022):
Ômicron é mortal e não deve ser chamada de
variante branda, diz OMS – BBC News
Brasil (07/01/2022):
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-59906515
Aumento de casos de Covid pela ômicron faz
países europeus agirem para maior vacinação – g1, Jornal Nacional
(06/01/2020):
Covid-19: la majorité des patients em
réanimation sont bien non vaccinés, por Gary Dagorn – Le Monde (04-06/01/2022):
França: Emmanuel Macron admite que vai
“chatear” os não-vacinados, por Stefanie Palma, RFI (05/01/2022):
França: Emmanuel Macron diz que quer irritar
os não vacinados, por Joseph Ataman, Dalal Mawad e Rob Picheta – CNN Brasil em Paris (05/01/2022):
Covid-19: l’offensive réfléchie d’Emmanuel
Macron contre les non-vaccinés, por Claire Gatinoi – Le Monde (05/01/2022):
França volta a bater recorde com 335 mil novos
casos de covid-19 em 24 horas – Uol, EFE (05/01/2022):
Mundo bate recorde de casos de Covid-19 em 24h,
com 2,59 milhões de infecções, por Luana Franzão e Giulia Alecrim – CNN Brasil, São Paulo (05/01/2022):
Mundo bate novo recorde de casos de Covid, com
2,59 milhões em 24 horas – O Povo/Agência Estado (05/01/2022):
Nova variante identificada na França ainda não
representa ameaça, informa OMS, por Anna Gabriela Costa, da CNN Brasil, São Paulo (05/01/2022):
Mundo bate recorde de casos de Covid-19, com 2,4
milhões infecções em 24 horas, por Raphael Coraccini e Giulia Alecrim – CNN Brasil (04/01/2022):
Mais contagiosa e mais branda: a ômicron pode ser a
última onda de Covid da pandemia?, por Jeanne Richard – RFI (04/01/2022):
Puxado pelos EUA, mundo registra recorde de 2,4
milhões de casos de Covid em 1 dia, por Lucas Sampaio – g1 (04/01/2022):
Coronavírus: apesar de vacinas e controles, estação
na remota Antártida enfrenta surto de covid – BBC News Brasil (03/01/2022):
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-59857874
Um infetado com ómicron contagia 216 pessoas em 12
dias, sarampo só 15, por Ana Mafalda Inácio – Diário de Notícias (02/01/2022):
https://www.dn.pt/sociedade/omicron-e-o-virus-de-propagacao-mais-rapida-da-historia--14455601.html
França ultrapassa 10 milhões de casos de Covid-19 e
anuncia uso obrigatório de máscaras para crianças – g1 (1°/01/2022)
La variante ómicron de Covid-19 llegó a la Antártida
y afectó a científicos ya vacunados – La
Nación/Agência Ansa (1°/01/2022):
Covid-19: vacina é segura para menores, mas OMS
alerta para foco na cobertura – ONU News
(31/12/2021):
https://news.un.org/pt/story/2021/12/1775322
Covid-19: Omicron já é maioritária em France – RFI (31/12/2021):
Mais de um milhão de casos diários de Covid-19 foram
registrados no mundo – RFI/AFP (30/12/2021):
WHO's Tedros concerned about 'tsunami of cases' from
COVID-19 variants, por Keith Weir – Reuters, Genebra (29/12/2021):
Risco da variante ômicron continua muito alto no
mundo, alerta OMS – RFI/AFP (29/12/2021):
Com avanço da Ômicron, mundo registra recorde
de casos diários de Covid-19, por Vinícius Tadeu – CNN Brasil (28/12/2021):
Pela primeira vez, mundo registra mais de 1
milhão de casos de Covid em 24 horas, por Lara Pinheiro e Mariana Garcia – g1 (28/12/2021):
O que se sabe sobre a ômicron um mês após a
sua descoberta, por Mariana Vick – Nexo
(25/12/2021):
Cientistas brasileiros são reconhecidos no
mundo enquanto governo corta verba de pesquisas, por Denise Mirás – Istoé (23/12/2021):
As incertezas da ômicron, por Marcos Pivetta –
Revista Pesquisa FAPESP (23/12/2021):
https://revistapesquisa.fapesp.br/as-incertezas-da-omicron/
Variante
ômicron: veja quais países já têm casos da nova linhagem da covid-19, por Lucas
Rocha, Giulia Alecrim, Emylly Alves e João de Mari – CNN Brasil, São Paulo (27/11-23/12/2021):
Covid-19: “A vacinação tem de ser feita de
modo global”, por Stefanie Palma – RFI
(21/12/2021):
França: vacina é “gesto de solidariedade”, diz
responsável pela estratégia de imunização – RFI/AFP (20/12/2021):
Cinquième vague de Covid: l’amer Noël, por
Louis Moulin – Libération
(19/12/2021):
Ômicron: nova variante se espalha pela Europa
na ‘velocidade de um raio, diz primeiro-ministro da França – BBC News Brasil (18/12/2021):
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-59714536
Ômicron já está em quase 90
países e se espalha mais rápido que a delta, diz OMS – g1/Deutsche Welle (18/12/2021):
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Reino Unido – g1 (18/12/2021):
Gabriela Leite – Outras Palavras (17/12/2021):
https://outraspalavras.net/outrasaude/tulio-de-oliveira-e-reconhecido-pela-nature/
Tulio de Oliveira é incluso na lista dos 10
cientistas mais influentes do mundo da revista Nature – TV Cultura (16/12/2021):
https://www.youtube.com/watch?v=ShuqAvsSZJ0
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https://brasil.un.org/pt-br/165321-covid-19-nao-subestimem-omicron-alerta-o-chefe-da-oms
Linda Nordling – Nature (15/12/2021):
https://www.nature.com/immersive/d41586-021-03621-0/index.html#section-4fb0AsXq4K
BSR: Africa’s Plight: rebranding Covid-19 as
an African diesease (BSR: A situação da África: redefinindo a Covid-19 como uma
doença africana), por Alex Magaisa – Big
Saturday Read (11/12/2021):
https://bigsr.africa/bsr-africas-plight-rebranding-covid-19-as-an-african-disease/
Cientistas divulgam 1ª imagem da ômicron
capturada e microscópio – Poder 360
(09/12/2021):
Ômicron: assim é o coronavírus ‘Frankenstein’
que assusta o planeta, por Manuel Ansede, Mariano Zafra, José A. Álvarez – El País (06/12/2021):
Charge em jornal espanhol expõe muito bem o
racismo em relação à variante ômicron – BCharts
Fórum (06/12/2021):
Racismo associado a variantes do coronavírus:
por que a OMS adotou o alfabeto grego?, por Stuart Braun – Deutsche Welle/Brasil de Fato
(05/12/2021):
Brasileiro que identificou ômicron pede ajuda
de governos e bilionários à África, por FolhaPress
– O Tempo (1°/12/2021):
La Tribuna de Albacete y su dibujante se
disculpan por una viñeta – JRMora, Humor Gráfico (1°/12/2021):
https://jrmora.com/la-tribuna-de-albacete-dibujante-disculpan-vineta/?amp=1
Variante ômicron estava na Holanda antes de
anúncio da África do Sul – UOL/BandNews TV (30/11-1°/12/2021):
https://www.band.uol.com.br/noticias/omicron-estava-na-holanda-desde-19-de-novembro-16463109
Variante ômicron apareceu na Holanda antes de
voos da África do Sul, por Anthony Deutsch e Bart H. Meijer – Reuters, Amsterdã/CNN Brasil (30/11/2021):
França confirma primeiro caso da variante
ômicron da Covid-19 – RFI/AFP (30/11/2021):
China promete à África 1 bilhão de vacinas
contra a covid-19 – Brasil de Fato/RT News (29/11/2021):
Variante ômicron é identificada em dois casos
no Canadá, os primeiros na América, por Jaime Porras Ferreyra – El País, Montreal (29/11/2021):
RHEINPFALZ im Shitstorm (MORRA RHEINPFALZ em
uma tempestade de merda), por Michael Garthe – Die Rheinpfalz (29/11/2021):
https://www.rheinpfalz.de/startseite_artikel,-die-rheinpfalz-im-shitstorm-_arid,5285134.html
Petição: Jornal Die Rheinpfalz estigmatiza
África (28/11/2021):
https://www.petitionen.com/newspaper_rheinpfalz_stigmats_africa
Botsuana detecta 15 novos casos da variante
Ômicron do novo coronavírus – CNN Brasil,
Reuters (28/11/2021):
Fact Check-WHO skipped letters of Greek
alphabet while naming COVID-19 variant Omicron (Verificação de fatos – OMS pulo
letras do alfabeto grego ao nomear a variante COVID-19 Omicron) – Reuters (27/11/2021):
https://www.reuters.com/article/factcheck-variants-alphabet-idUSL1N2SI07K
Ômicron:
o que se sabe sobre a nova variante do coronavírus detectada na África do Sul,
por James Gallagher – BBC News Brasil
(25-27/11/2021):
https://www.bbc.com/portuguese/geral-59425728
Biden pede fim de proteção à propriedade
intelectual para vacinas da Covid-19, por Nandita Bose, da Reuteurs – CNN Brasil
(26/11/2021):
Clasificación de la variante ômicron
(B.1.1.529) del SARS-CoV-2 como variante preocupante – Organización Mundial de
la Salud (26/11/2021):
OMS batiza nova linhagem de ômicron e
classifica como variante de preocupação, por Lucas Rocha – CNN Brasil, em São Paulo (26/11/2021):
OMS
declara a B.1.1.529 como ‘variante de preocupação’ e da nome o nome de
‘ômicron’ – g1 (26/11/2021):
Bélgica registra 1° caso na Europa de nova
variante da Covid-19, por Giovanna Galvani e Carolina Figueiredo – CNN Brasil, São Paulo (26/11/2021):
África pede ajuda a Elon Musk e outros
bilionários para eliminar nova variante da Covid-19, por Flavia Correia – Olhar Digital (25/11/2021):
Covid-19:
Descoberta variante com o dobro das mutações da Delta – Ao Minuto Brasil/Lifestyle (25/11/2021):
Europa
pode atingir 700 mil mortes por Covid-19 até março de 2022, alerta OMS –
Redação CUT (24/11/2021):
Scientists
warn of new Covid variant with high number of mutations /Cientistas alertam
sobre nova variante de Covid com alto número de mutações, por Ian Sample – The Guardian (24/11/2021):
Maioria
da população cubana com vacinação completa de Covid-19 – Prensa Latina – edição portuguesa (11/11/2021):
Cuba
é o primeiro país no mundo a iniciar vacinação contra covid-19 em crianças de 2
anos a 11 anos, por Michele de Mello – Brasil
de Fato (06/09/2021):
Passaporte
sanitário vira lei na França e manifestantes convocam novos protestos – RFI (06/08/2021):
Covid:
exigência de passaporte sanitário cria tráfico de atestado na França – RFI (20/07/2021):
Covid-19:
Milhares vão às ruas na França contra “ditadura da vacina” – RFI /AFP
(14/07/2021):
Corrida
por vacina após exigência de passaporte sanitário mostra prazer dos franceses em
ser do contra – RFI (14/07/2021):
Macron
impõe obrigatoriedade de passe sanitário e vacina para profissionais da saúde
na França, por Andréia Gomes Durão – RFI
(12/07/2021):
Is it all Greek to you?
Coronavirus variants get new names (É tudo grego para você? Variantes do
coronavírus ganham novos nomes), por Emma Farge – Reuters (1°/06/2021):
OMS
passa a usar letras gregas para nomear variantes do coronavírus – Poder 360 (31/05/2021):
Donald
Trump’s ‘Chinese virus’: the politics of naming (O ‘vírus chinês de Donald
Trump: a política de nomenclatura), por Jérôme Viala-Gaudefroy e Dana Lindaman –
The Conversation (21/04/2020-atualizado:
13/04/2021):
https://theconversation.com/donald-trumps-chinese-virus-the-politics-of-naming-136796
Evidência
de circulação precoce de SARS-COV-2 na França: descobertas da coorte
“CONSTANCES” baseada na população, por Fabrice Carrat, Julie Figoni, José
Henny, Jean-Claude Desenclos, Sofiane Kab, Xavier de Lamballerie e Marie Zins –
Revista Europeia de Epidemiologia,
volume 36, 06/02/2021:
https://link.springer.com/article/10.1007/s10654-020-00716-2
Pesquisadores
obtêm 1ª imagem tridimensional e real do novo coronavírus – Agência EFE (20/01/2021):
Vacina
deve ser do povo, diz secretário-geral da ONU – Deutsche Welle (18/12/2020):
https://www.dw.com/pt-br/vacina-deve-ser-do-povo-diz-secret%C3%A1rio-geral-da-onu/a-55986545
Pandemia e estigma: nota sobre as
expressões "vírus chinês" e "vírus de Wuhan", por Deisy
Ventura – Museu da Imigração,
São Paulo (11/09/2020):
“Fadiga
da quarentena” leva até os defensores do isolamento a se arriscarem contra as
regras, por
Joana Oliveira – El País (24/06/2020):
ccu
cgg cgg gca – As doze letras que mudaram o mundo, por Manuel Ansede, Mariano
Zafra e Artur Galocha – El País (19/05/2020):
https://brasil.elpais.com/brasil/2020/05/13/ciencia/1589376940_836113.html
Quarentena, isolamento e pragas (epidemias e pandemias[1]), por Gisele Leite – Jornal Jurid (24/04/2020): https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/quarentena-isolamento-e-pragas-epidemias-e-pandemias1
Coronavírus:
o que podemos aprender com a gripe espanhola, pandemia que matou milhões há 100
anos – BBC News Brasil (11/03/2020):
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51824167
Gripe espanhola: 100
anos da mãe das pandemias, por Natalia Pasternack Taschner – Veja
(atualizado: 11/03/2020 – publicado: 24/04/2018):
https://saude.abril.com.br/blog/cientistas-explicam/gripe-espanhola-100-anos-da-mae-das-pandemias/
Charge
de jornal dinamarquês sobre coronavírus irrita China – AFP/Estado de Minas
(28/01/2020):
“O
vergonhoso embargo estadunidense: uma injustiça cruel ao povo cubano”, por
Monica valente – PT (05/10/2017):
Pandemias de influenza e
a estrutura sanitária brasileira: breve histórico e caracterização dos
cenários, por Ligia Maria Cantarino da Costa e Edgar Merchan-Hamann – Rev
Pan-Amaz Saude v.7 n.1 Ananindeua, março de 2016 – Scielo:
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232016000100002
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