terça-feira, 7 de janeiro de 2020

DE DINOSSAUROS, BARATAS E BACTÉRIAS

“Vou te dizer o que eu nunca te disse antes, talvez seja isso o que está faltando: ter dito. Se eu não disse, não foi por avareza de dizer, nem por minha mudez de barata que tem mais olhos que boca. Se eu não disse é porque não sabia que sabia — mas agora sei. Vou te dizer que eu te amo. Sei que te disse isso antes, e que também era verdade quando te disse, mas é que só agora estou realmente dizendo”...


Clarice Lispector (1920 - 1977), escritora nascida na Ucrânia, naturalizada brasileira.



Diante da “indisposição diplomática” entre os Estados Unidos e o Irã – coisa que não poderia acontecer nem no pior dos pesadelos –, é bom lembrar que, em todo o planeta Terra, apenas duas espécies de seres vivos são capazes de sobreviver a uma guerra nuclear, ou seja, as baratas e as bactérias. Pensando nisso, vejo uma lagartixa trançando a três por quarto no quintal... Quando ela chega à porta, em meus domínios, olha de um lado e de outro, como se estivesse desconfiada ou respeitando o meu espaço; depois me encara, como se pedisse licença para entrar no meu ambiente – uma graça! Fico abestalhada. Daí, recordo-me de uma matéria que li faz tempo, a qual dizia que, em tempos bastante remotos, os seres vivos da época eram ENORMES, em decorrência da abundância de oxigênio! O ancestral da lagartixa, por exemplo, foi o dinossauro. Só que, à medida que a quantidade de oxigênio foi diminuindo na atmosfera – uma das teses –, a espécie foi igualmente perdendo tamanho, limitando-se, hoje, a lagartixas. Sem falar nas baratas, que já chegaram a ser maiores do que os dinos, atualmente também pequenas, mas não menos fétidas e repulsivas. Outro dia, entretanto, li um artigo que defende outra tese, a de que o “gigantismo” dos dinos e de certos insetos noutras eras deu-se por mera questão de sobrevivência, para que eles não sucumbissem à grande quantidade de oxigênio na atmosfera – hoje, buscamos cada possível grama do O, símbolo do oxigênio. Ou seria o ó? Então, ou isto ou aquilo, já dizia a poetisa brasileira Cecília Meireles (1901 - 1964), restando-nos a inexorável e incontestável verdade: após uma possível hecatombe nuclear, as bactérias e a asquerosa barata, que, muitas vezes, também tirou o sono de Clarice Lispector (1920 - 1977), sobreviverão a nós, reles mortais, que evaporaremos – e olhe que nem falei de Kafka (1883 - 1924), tcheco que igualmente “viajou” com certo inseto deplorável... E em alemão.

Nathalie

P.S.: A Paixão segundo G.H., por Clarice Lispector (pdf): http://www.atelierpaulista.com/wp-content/uploads/2015/07/apaixaosegundogh.pdf

Clarice Lispector, pioneira em reflexões sobre baratas, por Patricia Faermann (03/12/2017): https://jornalggn.com.br/literatura/clarice-lispector-pioneira-em-reflexao-sobre-baratas/


Clarice, eu, você e a barata, por Mariana Guida (27/12/1016): https://homoliteratus.com/clarice-eu-voce-e-a-barata/


DESCUBRA COMO ERAM AS BARATAS HÁ 300 MILHÕES DE ANOS: https://fatosdesconhecidos.ig.com.br/descubra-como-eram-as-baratas-ha-300-milhoes-de-anos/



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