“Vou te dizer o que eu nunca te
disse antes, talvez seja isso o que está faltando: ter dito. Se eu não disse,
não foi por avareza de dizer, nem por minha mudez de barata que tem mais olhos
que boca. Se eu não disse é porque não sabia que sabia — mas agora sei. Vou te
dizer que eu te amo. Sei que te disse isso antes, e que também era verdade
quando te disse, mas é que só agora estou realmente dizendo”...
Clarice Lispector (1920 -
1977), escritora nascida na Ucrânia, naturalizada brasileira.
Diante
da “indisposição diplomática” entre os Estados Unidos e o Irã – coisa que não poderia
acontecer nem no pior dos pesadelos –, é bom lembrar que, em todo o planeta
Terra, apenas duas espécies de seres vivos são capazes de sobreviver a uma
guerra nuclear, ou seja, as baratas e as bactérias. Pensando nisso, vejo uma lagartixa
trançando a três por quarto no quintal... Quando ela chega à porta, em meus
domínios, olha de um lado e de outro, como se estivesse desconfiada ou
respeitando o meu espaço; depois me encara, como se pedisse licença para entrar
no meu ambiente – uma graça! Fico abestalhada. Daí, recordo-me de uma matéria
que li faz tempo, a qual dizia que, em tempos bastante remotos, os seres vivos da
época eram ENORMES, em decorrência da abundância de oxigênio! O ancestral da
lagartixa, por exemplo, foi o dinossauro. Só que, à medida que a quantidade de
oxigênio foi diminuindo na atmosfera – uma das teses –, a espécie foi igualmente
perdendo tamanho, limitando-se, hoje, a lagartixas. Sem falar nas baratas, que
já chegaram a ser maiores do que os dinos, atualmente também pequenas, mas não
menos fétidas e repulsivas. Outro dia, entretanto, li um artigo que defende
outra tese, a de que o “gigantismo” dos dinos e de certos insetos noutras eras deu-se
por mera questão de sobrevivência, para que eles não sucumbissem à grande quantidade
de oxigênio na atmosfera – hoje, buscamos cada possível grama do O, símbolo do
oxigênio. Ou seria o ó? Então, ou isto ou aquilo, já dizia a poetisa brasileira
Cecília Meireles (1901 - 1964), restando-nos a inexorável e incontestável verdade:
após uma possível hecatombe nuclear, as bactérias e a asquerosa barata, que,
muitas vezes, também tirou o sono de Clarice Lispector (1920 - 1977), sobreviverão a nós, reles
mortais, que evaporaremos –
e olhe que nem falei de Kafka (1883 - 1924), tcheco que igualmente “viajou” com certo inseto
deplorável... E em alemão.
Nathalie
P.S.:
A Paixão segundo G.H., por Clarice Lispector (pdf): http://www.atelierpaulista.com/wp-content/uploads/2015/07/apaixaosegundogh.pdf
Clarice
Lispector, pioneira em reflexões sobre baratas, por Patricia Faermann
(03/12/2017): https://jornalggn.com.br/literatura/clarice-lispector-pioneira-em-reflexao-sobre-baratas/
A Paixão Segundo
G.H., de Clarice Lispector: https://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/a_paixao_segundo_g_h
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