Arte: Cláudio de Oliveira
Autobiografia inédita do
médico comunista Vulpiano Cavalcanti será lançada nesta sexta (25) em Natal
Por
Rafael Duarte
Saiba Mais – Agência de Reportagem
Quis
o destino e a luta daqueles que defendem os Direitos Humanos que as memórias de
um médico comunista, preso e torturado no passado, fossem publicadas num
período da história do Brasil em que o país flerta com o fascismo. Também por
isso, a autobiografia “Vulpiano Cavalcanti, memórias de um médico do povo” ganha
ainda mais relevância porque, além de livro, é um instrumento de informação,
verdade, memória, justiça e resistência.
Uma das fichas de Vulpiano Cavalcanti / foto: acervo: CDHMP
Nesta
sexta-feira (25), o público poderá conhecer um pouco mais da história e sobre o
que pensava o médico cearense Vulpiano Cavalcanti de Araújo que chegou ao Rio
Grande do Norte ainda em 1937, após a insurreição comunista ocorrida dois anos
antes, em 1935. A obra, segundo livro editado pelo selo Potiguariana, será
lançada a partir das 17h, no livraria Manimbu, localizada na rua Açu, 666 A, no
Tirol.
A obra conta com a capa e ilustrações de Cláudio Oliveira e
com o apoio do médico Edrisi Fernandes, do fotógrafo Mario Takeya e do
videomaker Rômulo Sckaff. Cada exemplar custará R$ 50, dinheiro que será usado
para pagar os custos desta edição e financiar futuras obras da Potiguariana. Já
está em fase de produção um livro que conta a história do Partidão, como era
conhecido o Partido Comunista Brasileiro (PCB), com lançamento previsto para
2023.
Vulpiano veio para o Rio Grande do Norte para estruturar o
PCB, que completa 100 anos exatamente na data do lançamento das memórias do
médico. Cirurgião respeitado, trabalhou em Mossoró a convite do então prefeito
Duarte Filho. Foi preso em 1952 quando já exercia de forma plena suas
atividades políticas. Na base aérea de Natal, acabou encarcerado durante 135
dias em uma pequena cela e foi torturado. Os relatos da barbárie contra
Vulpiano estão registrados no livro “Campo de Concentração no RN –
Torturas na Base Aérea de Natal – 1952/1953”, lançado pela Potiguariana em dezembro de 2021.
Após o golpe de 1964 também preso e torturado várias vezes.
O
médico comunista foi um dos fundadores da Aliança Libertadora Nacional (ALN),
organização que contou em seus quadros com o lendário baiano Carlos Marighllea
e o escritor Graciliano Ramos.
O
livro de memórias, segundo conta o editor Roberto Monte, havia sido idealizado
pelo próprio Vulpiano com o apoio do PCB.
Roberto
Monte lembra que a figura de Vulpiano Cavalcanti se assemelha a de Luiz Ignácio
Maranhão Filho, duas lendas comunistas do PCB e que se dedicaram à luta pelos
direitos humanos, pela democracia e em defesa dos mais pobres:
“Vulpiano,
uma vez por semana, clinicava de graça no edifício 25 de março, na Cidade Alta.
A fila era imensa. Esse livro começou a ser feito nos anos 1980, com o próprio
Vulpiano, Hermano Paiva e outros camaradas do PCB… começaram a fazer gravações
em fitas cassete. O livro já foi preso, já passou por mãos de pessoas que já
morreram e acabou nas mãos de Moacyr de Goes. Dele foi para as mãos de Mailde
Pinto Galvão e só então chegou a mim”, contou.
SERVIÇO:
Vulpiano Cavalcanti – memórias de um médico do povo
Nesta sexta-feira, 25 de março
A partir das 17h
Livraria Manimbu, Rua Açu, 666A, Tirol, Natal (RN)
Transmissão ao vivo do lançamento no canal do youtube da
Pós-TV DH Net:
https://www.youtube.com/watch?v=6Lysnj7dggk
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