A Nicole Tinôco
(03/02/1986-05/12/2023)
in
memoriam
O marulho sibila o teu adeus... Não, não estava no script – ademais,
cá entre nós, os oráculos erraram nas previsões, legando, convenhamos, lacunas tragadas
pelas vagas, com a promessa não
cumprida no fundo do mar... Porém, c’est la vie! E eu, ante um imenso oceano, ao
longe vislumbrando emergir o teu semblante, um aceno... Quiçá, a pauta do dia,
ou seja: a tua partida sem melindres, dispersando o relógio de areia – a ampulheta
dos sonhos...
Na maresia,
sou ostra vazia...
E se ontem verdejava,
virei pau oco,
galho tosco, torto...
Flor a fenecer,
perdi aroma e frescor;
fruta desidratada,
descompasso ao plantear...
Embaçando ainda mais o meu olhar,
a noite também chorou:
nenhuma gota de orvalho sobrou...
Inconsolável,
sou desalento;
inabitável,
casa em ruínas
sem ecoar o mais lamentoso pio
– faz frio...
Desolada,
embalada pelo torpor
– mélange de pesar, frustração e dor –
busco refúgio na copiosa saudade
e no amparo da melancólica pena
que a duras penas
fia esta legítima e pungente elegia,
nostálgica de um tempo
onde malgrado os malogros da vida
alinhavávamos o nosso bordado
– doce e singular poesia...
Nathalie
Dezembro 2023
Que lindo poema!
ResponderExcluirInfelizmente, triste, saudoso...
Excluir