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“Palhaço triste é como pássaro preso sem alpiste...”.
Carlos Seabra
Editor multimídia brasileiro
Tocante! A minha definição para o filme O Palhaço (2011), do diretor, roteirista e ator brasileiro Selton Mello, sempre tão mágico, tal qual a arte circense, em tudo o que toca. Nesta quarta-feira, 2, fui assisti-lo, de antemão já sabendo que iria me deliciar com mais uma das suas incríveis performances. De fato, o filme é imperdível! Não importa o público, se infanto-juvenil ou adulto. Curiosamente, na sessão em que eu estive só ouvia gargalhadas de gente grande com as peripécias das personagens, mas, sobretudo, com as do sempre tão genial Selton Mello, que interpreta um palhaço em crise, em busca de uma identidade – no caso, literalmente –, apenas reafirmando a crença de que existe palhaço triste e que, apesar de transmitir alegria, sente uma profunda solidão interior.
Enquanto no picadeiro o palhaço Pangaré, personagem de Selton Mello, que contracena com o ator brasileiro Paulo José, que interpreta o palhaço Puro Sangue, faz a platéia rir, fora do picadeiro Benjamim/Pangaré busca quem o faça rir, pois é um homem triste e melancólico. Geralmente cabisbaixo, quando levanta os olhos é para deixá-los perdidos no horizonte. Benjamim, contudo, tem alguns sonhos: além de buscar a si mesmo, ele deseja rir e adquirir um ventilador. Sem falar da sua frustração por não possuir RG, CPF nem comprovante de residência, mas apenas uma certidão de nascimento, inclusive já gasta. Certo dia, cansado de vagar sem rumo, armando e desarmando a tenda do circo a cada novo pouso e entediado com a sua condição de palhaço, ele abandona a trupe e passa a vagar sozinho.
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Sem opção, o Circo Esperança segue sem Benjamim/Pangaré, que passa a buscar a realização dos seus sonhos e, sobretudo, o encontro com a sua própria identidade. Assim, no roteiro do próprio Selton Mello e Marcelo Vindicatto, percebemos que, apesar de longe do picadeiro, Benjamim continua sendo protegido por São Filomeno, o santo protetor dos músicos, dos comediantes e dos palhaços, festejado, inclusive, no dia 1º de novembro. Enfim! No caminho que passa a traçar, Benjamim cruza com insólitas figuras e, em determinado momento, em um centro urbano, finalmente consegue tirar o seu RG – um passo para que ele se harmonize com o seu próprio eu, já que, um dia, sentado em uma mesa de bar com outras pessoas, um senhor conta uma piada e, para sua surpresa, Benjamim se vê rindo.
O Riso pede passagem...
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“Não há maior desventura que a falta de alegria...”.
Francisco de Quevedo (1580 - 1645)
Escritor espanhol
O ciclo se fecha. Sentindo ter encontrado a sua identidade, Benjamim retorna ao circo, se harmonizando com a sua trupe, assumindo feliz a sua condição de palhaço e a sua função de fazer os outros sorrirem. Segundo filme de Selton Mello – o primeiro foi Feliz Natal (2008) –, O Palhaço traz, ainda, três artistas brasileiros admirados pelo diretor e que, por ele, foram homenageados: Ferrugem, Jorge Loredo e Moacyr Franco – premiado, aliás, como melhor ator coadjuvante no Festival de Cinema de Paulínia deste ano. O filme, por sua vez, também foi laureado no referido festival: abocanhou os prêmios de melhor direção, roteiro e figurino, sendo O Palhaço uma realização de um sonho de Selton Mello, que, desde criança, já se sentia encantado pela magia e ludicidade do universo circense.
Nathalie Bernardo da Câmara
Nathalie, vou transcrever em meu blogue. Gostei.
ResponderExcluirFranklin Jorge.
Muito bem visto!
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