FLORES QUE FENECEM...
Que importam sonhos, ilusões desfeitas? Fenecem como as flores!...
Álvares de Azevedo (1831 – 1852)
Escritor brasileiro
Desde o dia 22 de outubro sem postar sequer uma linha em meu blog – quando isso acontece é devido avarias tecnológicas, seja do meu computador ou do meu 3G (o que me irrita profundamente) –, além de distante da dita civilização, retorno dando algumas pinceladas em certos fatos ocorridos nesse ínterim. No dia 24 de outubro, por exemplo... Chegou até a ser patético o discurso de la presidenta Dilma Rousseff durante a cerimônia de inauguração da ponte sobre o Rio Negro, em Manaus, no Amazonas, já que, por diversas vezes, ela chegou a se referir a Lula como presidente, não como ex-presidente, como se o cara ainda presidisse o Brasil e ela fosse apenas a sua porta-voz. Sei não, mas quando digo que Dilma Rousseff limita-se a ser uma mera sombra do seu antecessor, quem votou nela me critica. Ora! Eu posso usar óculos, mas não sou cega. Nem surda.
Enfim! No dia 29 de outubro, foi comemorado o Dia Nacional do Livro, data criada em homenagem ao dia da transferência da Real Biblioteca Portuguesa para o Brasil, em 1810, quando, inclusive, à ocasião, foi fundada a Biblioteca Nacional, ambas localizadas no Rio de Janeiro – fontes incontestes de saber. Já no dia 31, o Brasil comemorou o nascimento do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987), um dos maiores escritores brasileiros, cuja obra, aliás, traduzida para diversas línguas, já foi exportada para inúmeros países do mundo, inclusive em braile. Um dos seus poemas que mais aprecio, por exemplo, é Hipótese, do seu livro Corpo, publicado em 1984. Vejamos, então, o que dizem os versos do referido poema:
E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?
Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.
Mudando de assunto... Indiferente ao fato de que o Brasil é laico, o Estado brasileiro insiste em manter feriados santos. Com todo o respeito, que cada religião – não importa a sua orientação – celebre o que bem lhe entender exclusivamente com os seus fiéis, mas em seus respectivos templos, não obrigando que um país pare o seu pleno funcionamento para homenagear – no caso da Igreja católica – os seus santos, que mais parecem praga, propagados igual pardal. Afinal, ninguém é obrigado a engolir a crença de outrem! O mais curioso, contudo, é que, achando pouco, inventaram, ainda, o Dia de Todos os Santos, comemorado no dia 1º de novembro – talvez para compensar os que, ao longo do ano, não são contemplados com feriados nacionais. Isso sem falar na esquizofrenia que é o Dia de Finados, no dia 2 de novembro, igualmente parando o Brasil.
Em minha opinião, que cada um reverencie os seus entes queridos já falecidos a seu modo e quando bem o entender, seja ou não em um cemitério. Nesse dia, aliás, os cemitérios mais parecem uma feira livre, com direito, muitas vezes, até à liquidação, quando muitos aproveitam para montar barracas que vendem de tudo, de flores a réplicas de santo, que são adquiridos com avidez por seus frequentadores para ornar as lápides dos seus mortos. É um verdadeiro comércio ambulante. E o Brasil parado... Justo em uma quarta-feira, meio de semana, que deveria se manter um dia útil. Não feriado nacional. Não, não quero desmerecer os mortos, mas defender que todos os feriados ditos santos sejam abolidos, incluindo no bojo, aliás, datas como, por exemplo, o Dia da Independência do Brasil, comemorado no dia 7 de setembro, entre outras.
Bom! Para encerrar esta postagem, transcrevo um verso do poeta gaúcho Mário Quintana (1906 - 1994), outro ícone da literatura brasileira, que, pressentindo a sua morte iminente, escreveu, irreverente de natureza, o seu próprio epitáfio, que diz: “Eu não estou aqui...”.
Nathalie Bernardo da Câmara
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