“Pode-se perdoar, mas, esquecer: isso é impossível...”.
Honoré de Balzac (1799 - 1850)
Escritor francês
Salvando-se da epígrafe, só o que disse Balzac em relação ao esquecimento. Desse modo, perdoar, nunca! No máximo, sermos ou não tolerantes com certos abusos cometidos, não importa o infrator, contra não importa quem ou o quê. Digo isso porque é exatamente acreditando que as pessoas são passíveis de perdoar, muitos criminosos, no caso, os políticos, prosseguem cometendo gestos incautos, ficando sem punição. Só que está na hora de um basta, não? E, hoje, lendo na mídia sobre algumas pesquisas que andam sendo feitas, chocou-me a tentativa de as mesmas tentarem manipular a opinião pública, tipo: o ex-presidente Lula aparece em primeiro lugar para, desenvergonhadamente, abocanhar as eleições de 2014 – só um desmemoriado repetiria a desastrosa e traumática experiência de elegê-lo. Isso não existe e é uma afronta para quem tem bom senso. Na verdade, no mímino megalomaníaco, o infeliz deveria ser incapacitado até para concorrer a síndico do prédio onde mora; em seguida, nas tais pesquisas, a segunda mais cotada seria la presidenta Dilma Rousseff – outra desqualificada, visto o seu mandato andar mais decrépito do que um pedaço de pau recheado de cupim; em terceiro lugar, a ambientalista, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, a mais sensata e coerente das possibilidades para as eleições presidenciais do próximo ano; na sequência, o atual presidente do Supremo Tribunal Federal, o advogado e ministro Joaquim Barbosa, com toda a sua encenação já virando incongruência; por fim, demais impropérios, que nem vou perder o meu tempo citando-os aqui. Lá pelas tantas, os ditos responsáveis pelas fantasiosas pesquisas alternam tudo, invertendo supostos percentuais de voto, e, com isso, confundindo ainda mais o eleitor – é maldade! Mas, afinal, que barraco é esse? Quanta falta de respeito para com o cidadão brasileiro! E fico a pensar: quando essa maldita peça démodée, totalmente fora de contexto – uma esculhambação –, terá um fim. Eu, particularmente, só ainda não dei sumiço no meu título eleitoral porque pretendo votar e eleger Marina Silva, bem como não tenciono, caso queime o referido documento, perder o direito a renovar outro, ou seja, o passaporte: o meu plano B (felizmente, não sou covarde nem tenho medo de dizer o que penso)...
NBC
Por Dora Kramer
Jornalista brasileira, especialista em política, num artigo publicado hoje, 20 de agosto de 2013, no jornal O Estado de S. Paulo.
Por mais desagradáveis e condenáveis que sejam, por mais atenção que chamem as explosões de temperamento do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, não têm prioridade sobre o conteúdo do julgamento do mensalão - ora na fase de recursos - nem influência sobre o resultado.
Ele não teve o apoio que continua tendo da maioria da Corte por intimidação de seus pares. Invertendo o raciocínio: ainda que fosse a mais polida das criaturas, não seria por esse motivo que os ministros teriam seguido e/ou continuariam seguindo majoritariamente a posição do relator.
Joaquim Barbosa ganhou na narrativa que fez a partir da denúncia do Ministério Público, dos dados da CPI dos Correios, da instrução do processo desde 2007 e da metodologia proposta para o exame da ação pelo colegiado.
Perde-se ao expor alma despótica? Sem dúvida. Inclusive exibe assim a razão pela qual seria uma temeridade pensar nele como hipótese de presidente da República. Nem por isso o tribunal se perde junto.
De onde, peço licença para discordar dos que consideram o comportamento do presidente um fator preponderante de desqualificação do STF. Ele não é o único a se atritar com colegas. Há vários exemplos de escaramuças anteriores sem a participação de Barbosa.
Tampouco é o primeiro presidente a tratar com soberba e ironia os demais integrantes. Nelson Jobim, com palavras menos abjetas é verdade, interrompia votos, fazia julgamentos de valor, conduzia sessões com ares de imperador.
Nem por isso de lá (2004) para cá o Supremo viu-se diminuído em suas funções ou teve subtraída a importância de suas decisões. Ao contrário, só fez crescer aos olhos do País. Não pela forma deste ou daquele ministro se portar, mas pela maneira de o conjunto se conduzir: muito mais atento às demandas dos tempos que seus dois companheiros de República, o Executivo e o Legislativo.
Jobim passou. Barbosa também passará e o Supremo Tribunal Federal permanecerá.
Há as seguintes expectativas sobre a reabertura dos trabalhos amanhã: Barbosa se desculpa? Ricardo Lewandowski, que ainda não desencarnou do papel de revisor, insiste em algum tipo de retratação? A Corte compõe uma proposta de saída honrosa?
Não querendo subestimar a pertinência das dúvidas, francamente, nessa altura os trancos e os barrancos são secundários diante do tema que está para ir ao debate, uma vez concluída a etapa dos embargos de declaração.
Se houve divergências nestes, tidos como quase formais, haverá muito mais quando o presidente levar à votação o agravo regimental apresentado pelo advogado Arnaldo Malheiros contra a rejeição de Joaquim Barbosa ao pedido de revisão da sentença de Delúbio Soares relativa ao crime de formação de quadrilha.
Malheiros foi o único a se antecipar na apresentação de embargo infringente, em maio. Parecia querer tomar o pulso da Corte sobre os embargos infringentes e levar à firmação de jurisprudência para os outros.
A esses recursos têm direito os condenados que obtiveram quatro votos ou mais pela absolvição. A questão já se tornou conhecida: a lei 8.038, de 1990, que disciplina o julgamento de ações penais nos tribunais superiores, não prevê esse tipo de recurso, mas o regimento interno do Supremo prevê; o que vale mais, a lei ou o regimento?
A discussão será intensa e acalorada. Queira o bom senso que se dê nos limites da civilidade.
SINUCA
Nos últimos anos o STF aceitou examinar 54 embargos infringentes. Embora só tenha mudado sentença em um deles, reconheceu todos como admissíveis.
Não adaptou seu regimento à nova legislação e agora terá de enfrentar o problema justamente em meio a um julgamento que mexe com a percepção da sociedade em relação à eficácia da Justiça.
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