quarta-feira, 11 de setembro de 2013

AMOR INCONDICIONAL


Por Everton Dantas
Jornalista Brasileiro
Reflexões publicadas no Novo Jornal, dia 10 de setembro de 2013.


A guerra precisa de amor. Precisa ser amada por todos: do presidente ao dissidente; do traidor ao jornalista; do soldado ao refugiado que faz barba cabelo e bigode para sobreviver no campo que cresce barraca a barraca, no meio do nada, graças à ação da Organização das Nações Unidas. Bashar Hafez al-Assad e Barack Hussein Obama II precisam de amor, muito, imenso, imerso, cutâneo. A Síria precisa ser urgentemente bombardeada com mil bombas, foguetes e balas de amor; e amanhecer inundada por milhões de milhares de vítimas, de lá e dos países vizinhos, sem que sejam poupadas famílias inocentes, hospitais cheios de crianças e velhinhos ou fábricas de bichinhos de pelúcia.

Os protestos precisam de amor. As ruas, os carros incendiados, os garotos que cobrem a cara para poderem se libertar e promover atos pelos quais – de cara limpa – poderiam ser facilmente identificados e presos. Ninguém quer ir preso. Mas o amor precisa ir à prisão. Lá também. A prisão também precisa de amor, para os bandidos e os policiais... Ah, os policiais precisam de muito amor. Um amor sudorético, que se infiltre por baixo de suas fardas e amoleça seus cassetetes e canos de armas de balas de borracha ou de verdade. Gente, o gás de pimenta precisa de amor. Precisa tornar-se amor e corroer as juntas do nariz, arder nos olhos e fazer esse povo passar mal, envenenado de amor.

Os políticos carecem imensamente de irrestrito e regulamentado amor. Precisam receber jetons e jetons de amor e serem cooptados pela corrupção desse sentimento, depois flagrados recebendo milhares de milhões de cédulas de amor. Para então serem aprisionados em masmorras eternas, de amor. Os assessores dos políticos, os bajuladores, os covardes, os corruptos passivos e ativos só serão salvos pelo amor, daí sua necessidade urgente. Os aviões da FAB e seus passageiros silenciosos precisam de amor.

Micheline Borges e todo mundo que comentou sobre “essa moça do Nordeste, jornalista” precisam de amor, assim como precisam (muito) as médicas que saudaram com vaias os lindos dos cubanos que chegaram para salvar pessoas que elas não estão interessadas em atender. Os pacientes, então, precisam de muito amor: um amor que espante as macas dos corredores dos hospitais e faça-as voar como corvos sendo espantados da plantação. Que voem, amedrontadas de amor, para nunca mais voltar.

Muito acima dos pacientes, os médicos precisam adoecer de amor. Morrer de amor. Serem enterrados no cemitério do amor. E renascer para a vida eterna do amor.

Precisam de amor ainda os gêneros em guerra e o banheiro ocupado por mulheres que querem cada vez mais homens porque não lhes interessa mais esse gênero tão opressor. Machos e fêmeas, independente do que desejam, precisam de amor. E precisa de amor também a liberdade de cada um escolher o que quer fazer com suas partes íntimas, com seus orifícios, sem opressões, contracoerções nem contrações.

Joaquim Barbosa e Lewandowski carecem de amor assim como Alex de Souza, Alexandre Honório e todos os demais trolls que assombram o twitter. Marcelo “Cabeça” precisa de muito amor para me desculpar por não ter ido ao seu aniversário: “Cabeça, você é demais! Desculpe não poder ter ido, mas tinha que trabalhar o final de semana inteiro”. Renato Sumatra e Marcos Bezerra (que me mandou tomar cuidado com o que eu ia dizer aqui!) precisam se unir e fundar um partido de amor que suplante o PSDB e o PT; e forneça amor a todos as viúvas e jabutis desses partidos mal-amados.

Dilma, Lula, Aécio, Serra (esse então!), Alckmin, Haddad, Kassab, Eduardo Campos, Marina, Dirceu (e todos os mensaleiros)... Amor, simples assim. Garibaldi Alves Filho, Wilma de Faria e José Agripino Maia precisam de amor. Henrique Eduardo Alves necessita de muito amor e carinho. Rosalba Ciarlini precisa urgentemente ser vítima de algum protesto de amor, com caixões e velas rosas, de amor; para um grande sepultamento de uma época de ódio e após a qual só existirá amor. Robinson Faria... É um caso de amor imprescindível.

O Tribunal de Justiça e todos os juízes que estão ajuizando processos para parar a propaganda institucional do estado e as empresas de comunicação e os trabalhadores que estão sofrendo com isso, precisam de amor. O Ministério Público e demais poderes que estão em guerra com o Governo do Estado; e o próprio Governo do Estado, seus secretários e servidores... Todos precisam – cada um – receber doses cavalares de amor.

O América e o ABC precisam ser iluminados pela lanterna do amor. O Flamengo (de Rafael Duarte e Viktor Vidal) precisa de amor. O Vasco (de Rubens Lemos, de Adriano de Souza e meu também) precisa igualmente, só que um pouco menos porque está melhor na tabela.

Sidarta e Nicolélis precisam – no sonho e no mundo virtual, com braços biônicos macacos e meninos chutando bolas – serem descobertos pelo amor.

Os empresários precisam ser devastados de amor. Os ambientalistas precisam ser enraizados pelo mesmo sentimento.

O Ibama precisa de amor. O NOVO JORNAL também. O colunista que vos escreve igualmente. Depois desse texto, ainda mais. Amor e compreensão. Há muita carência no mundo. Vivemos atualmente o reino da carência. Todo mundo só quer ser aceito como é. Todo mundo é especial. Mas ninguém sabe bem. Para isso, não precisa gritar nem brigar. A sua carência só precisa de amor. Ame, meu bem, amar não faz mal a ninguém. Amém.

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