Arte: Osmani Simanca
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma
pandemia é definida como “uma epidemia que ocorre em todo o mundo, ou em uma
área muito ampla, cruzando fronteiras internacionais e geralmente afetando um
grande número de pessoas”.
∞
“Pandemia é quando uma doença espalha-se e avança
em quadro epidêmico por várias regiões do planeta, em diferentes continentes e
com transmissão local fixada.” – Gisele Leite, pedagoga e advogada brasileira,
conselheira do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas (INPJ).
Por Nathalie Bernardo da Câmara
Natal (RN), 27/12/2021
Prólogo
No
dia 1°/11/2021, apesar do contador do Centro de Ciência e Engenharia de
Sistemas (CSSE) da Universidade Johns Hopkins (JHU), em Baltimore, nos Estados
Unidos, que monitora casos do novo coronavírus em tempo real, marcar 5.000.425
mortes pela covid-19 no planeta, pouco antes das 6h (horário de Brasília) –
estatística estabelecida a partir dos balanços oficiais diários de cada país –,
superando, oficialmente, 5 milhões de óbitos – uma marca simbólica –, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) estimou que, na verdade, esse número era duas ou três
vezes maior. Tanto que, partindo desse parâmetro, os cálculos da revista The Economist correspondiam
a 17 milhões de perdas fatais. À ocasião, o epidemiologista francês Arnaud
Fontanet declarou à AFP que o balanço
do periódico britânico parecia-lhe “mais confiável”.
Um
mês depois (1°/12), a marcação do contador da
Universidade Johns Hopkins estava acima de 5 milhões e 200 mil mortes
pela covid-19 no mundo; nesta segunda, 27, por volta das 05h, acima de 5 milhões e 400 mil
mortes. No Brasil, ontem, 26, foram registrados 618.484 óbitos e 22.236.892 casos de infecção desde o início da pandemia, com
uma média móvel de 92 mortes nos últimos sete dias, segundo o consórcio de
veículos de imprensa, que atua de forma colaborativa com as secretaria
estaduais de Saúde dos 26 estados da União e o Distrito Federal, diariamente
divulgando, às 20h, um balanço nacional, embora o Distrito Federal e
mais seis estados não tenham divulgado os seus respectivos dados: Bahia (BA), Minas
Gerais (MG), Mato Grosso do Sul (MS), Rio Grande do Sul (RS), Roraima (RR) e
Tocantins (TO).
E
isso ocorreu ainda em decorrência de um ataque hacker que atingiu o site
oficial do Ministério da Saúde (MS) na madrugada do dia 10/12...
Arte: Jean
Galvão
Folha de S. Paulo,
12/12/2021
Afetando
todos os portais virtuais do MS, incluindo o aplicativo e a página do
ConecteSUS, o ataque prejudicou não somente a captação de dados de casos e de
mortes pelas secretarias estaduais de Saúde, fazendo com que, alternada e
diariamente, elas deixassem de repassá-los, com um número significativo de
novas informações ficando de fora do balanço nacional diário divulgado pelo
consórcio de veículos de imprensa, mas também, por exemplo, comprometeu o
acesso dos vacinados aos seus respectivos comprovantes de vacinação contra a
covid-19. Em 12/12, o MS comunicou que os registros da população brasileira
vacinada foram recuperados na íntegra, mas, no dia seguinte, o próprio ministro
da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, anunciou um novo ataque cibernético.
Entre
um e outro batimento cardíaco, a previsão de que o sistema seria estabilizado
no dia 14, mas, ao contrário do que se esperava, o prazo não foi cumprido...
Arte: Cazo
Na
noite do dia 23, o MS declarou que o sistema, fora do ar por mais de dez dias, já
estava disponível. Porém, problemas ainda ocorrem – durante o episódio, além de
a Polícia Federal (PF) instaurar um inquérito para investigar o fato, o
Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Procuradoria-Geral da República
(PGR) que se inteirasse junto ao MS sobre o ataque. O consórcio de veículos de
imprensa, por sua vez, que, todos os dias divulga os novos casos de
contaminação e os de vítimas fatais em todo o território nacional, foi uma
iniciativa que surgiu como a uma resposta à arbitrariedade do governo federal
em restringir o acesso a informações sobre a pandemia já no seu início e vigora
desde 08/06/2020. Curiosamente, há três
noites, enquanto eu atualizava os dados desta postagem, foi a vez do meu
computador entrar em pane e adiar a sua postagem...
Não “tire onda” da pandemia
Estudos realizados já mostraram que pessoas
assintomáticas, ou seja, sem sintomas, no caso, da covid-19 carregam em seus
corpos carga viral semelhante à de pessoas pré-sintomáticas e à das que
manifestam sintomas da infecção, além de possuírem um potencial igualmente
capaz de transmitir a doença e que o tempo de permanência do vírus no organismo
humano é igualmente semelhantes nas três situações.
Considerando, portanto, que, apesar das oito bilhões e
mais de 900 milhões de vacinas já administradas no mundo, ainda segundo o contador da Universidade Johns Hopkins
(27/12/2021); da escassez de doses em dezenas
de países pobres caracterizar-se um drama; dos que recusam as vacinas consistir
num problema; dos que ainda não completaram o esquema vacinal; da comprovação
da ineficiência da proteção com apenas duas doses, sendo preciso uma terceira;
da eficácia das vacinas ser relativa; dos que ainda ignoram medidas sanitárias
de prevenção – o uso de máscara e o distanciamento social, por exemplo; da
necessidade da testagem para a covid-19, com a transmissão do vírus da doença impulsionada
por suas variantes – mutações do vírus durante o seu processo de replicação –, e
do surgimento de novas variantes, comprometendo a eficácia das vacinas, o mundo,
para quem, após quase dois anos, ainda não se deu conta, vive uma pandemia,
fato que deve ser reconhecido como tal – a Europa, inclusive, já navegando em sua quinta onda...
Metamorfose ambulante
Confirmando os prognósticos da comunidade médica e
científica global, tudo indica que a variante delta “ganhou” uma concorrente à
altura, que é a B.1.1529, identificada na África
Austral, primeiramente em Botsuana (11/11), e, em seguida, na África do Sul, que reportou o fato à OMS no dia 24. Em entrevista
coletiva, o pesquisador brasileiro Tulio de Oliveira, diretor do Centro para
Resposta Epidêmica e Inovação da África do Sul, declarou, segundo a BBC News (25/11), que a nova variante,
chamada de ômicron – nome da letra ‘o’ no alfabeto grego –, possui uma
“constelação incomum de mutações”, sendo bastante diferente de outras já
conhecidas. “Ela [a variante] deu um grande salto na evolução [e traz] muito
mais mutações do que esperávamos” – 50 no total, informou o pesquisador,
podendo ter uma capacidade maior de propagação...
Arte: Rodrigo Brum
Tribuna do Norte, Natal (RN), em 27/11/2021
Na rede social Twitter (23/11), Tom Peacock, virologista do
Imperial College em Londres, mostrou-se preocupado pelo número “extremamente
alto” de mutações, podendo comprometer o sistema imunológico das pessoas. Os
especialistas acreditam que a nova variante pode, ainda, comprometer a eficácia
das vacinas atualmente existentes, que, por seu turno, não respondem como o
esperado ao novo coronavírus. “Certamente parece uma preocupação significativa com
base nas mutações presentes”, disse Ravi Gupta, professor de microbiologia clínica
da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, ao periódico britânico The Guardian (24/11), ressaltando
que uma propriedade-chave do vírus que é desconhecida é a sua capacidade de
infecção.
Arte: Emad
Hajjaj (Jordânia)
Jornal Alaraby Aljadeed, Londres, em 28/11/2021
Em reunião de emergência no dia 26, a OMS concluiu que a
ômicron era “uma variante de preocupação” e, mediante evidências preliminares, representava
um risco maior de reinfecção de covid-19, passando a ser “amplamente monitorada
pelos sistemas de vigilância genômica do vírus de diversos países” (CNN Brasil, 27/11/2021). No Brasil, a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a buscar meios para
identificar eventuais riscos da disseminação da ômicron no país a partir do dia
26 novembro. Em entrevista coletiva (14/12), o diretor-geral da OMS, Tedros
Adhanom, alertou que, apesar de menos letal, “a ômicron está se propagando a um
ritmo que não vimos em nenhuma outra variante”, com essa velocidade de
disseminação podendo sobrecarregar os sistemas de saúde do mundo em poucas
semanas, mas que as doses de reforço das vacinas são uma importante arma contra
o agravamento da doença (Rede Brasil
Atual).
Ocorre que, no dia 23/11, um dia antes dos pesquisadores
sul-africanos reportarem a OMS a descoberta da nova variante, dois missionários
brasileiros, que desembarcaram em Guarulhos, São Paulo, vindo da África do Sul,
foram ao laboratório Israelita Albert Einstein, montado no aeroporto, e
realizaram um exame de RT-PCR, teste que detecta o novo coronavírus. E foi
justamente a análise genética da amostra colhida nesse teste que deram
resultado positivo para a ômicron – fato oficialmente confirmado pelo Instituto
Adolfo Lutz e pela secretaria de Saúde do governo de São Paulo no dia 30 do mesmo
mês. Já o terceiro caso de contaminação pela ômicron em solo brasileiro apenas
confirmou as evidências preliminares da OMS de que a nova variante representa
um risco maior de reinfecção.
Chegando igualmente em Guarulhos num voo vindo da Etiópia
no dia 27/11, um homem de 29 anos de idade já tinha sido vacinado com duas
doses da Pfizer, mas, testado ainda no aeroporto, deu positivo para a ômicron,
embora o resultado do seu exame só tenha sido confirmado em 1° de dezembro –
até o dia 24/12, já foram confirmados 45 casos no país. No mundo, a primeira
morte causada pela nova variante aconteceu no Reino Unido, em 13/12. Segundo a
OMS, a ômicron está presente em todos os continentes e, até o dia 22/12, chegou
a ser detectada “em 110 países e continua a propagar-se rapidamente, duplicando
o número de casos em dois a três dias” (RTP,
24/12/2021), com muitos deles, inclusive o Brasil, enfrentando transmissões
comunitárias e cancelando voos em seus aeroportos e aumentando as restrições de
um modo em geral...
Arte: Edgar Vasques
Não à toa, chega a ser intrigante, causando espanto e
perplexidade, a realização de eventos que promovem aglomerações – solo fértil para
a disseminação do vírus e tema desta postagem
–, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte, quando o planeta ainda está
“submerso” numa pandemia. E não importa se os organizadores desses eventos assumem
o compromisso de cumprirem com protocolos sanitários a fim de evitarem riscos
de contágios, porque, no frigir dos ovos, tais protocolos, querendo ou não,
são, invariavelmente, desrespeitados e, na maioria das vezes, quando isso
acontece, os (ir) responsáveis sequer são punidos – sem falar nos eventos
realizados a bel prazer dos seus organizadores, que menosprezam os mesmos protocolos
sanitários.
Importante
ressaltar que, ainda durante a quarentena, medida
adotada pelas autoridades mundiais para conter o avanço da pandemia, e em meio
as suas paulatinas flexibilizações, ocorridas devido à pressão de
setores econômicos, dando-se, contudo, em momentos distintos ao longo do
território nacional, precedendo, vale salientar, a “chegada” das vacinas, muitos infringiram certas proibições e, em nome de
uma causa política ou porque já estavam exaustos da condição, digamos, de
reféns, sofrendo de falência da quarentena, ou falência adaptativa, esgotamento
explicado por Ricardo Sebastiani, especialista em psicologia clínica e saúde
pública (El País, 24/06/2020), apenas
bastando um “gatilho” – no caso, a flexibilização – para saírem de suas casas,
desafogando, apesar de aparentemente, a opressão circunstancial, embora ciente
dos riscos, ou, então, por ser mesmo sem noção e/ou possuir uma caráter
duvidoso, tornaram-se vetores migratórios...
Arte: Cazo
Arte: Jean Galvão
Arte: Zé Dassilva
Arte: Jean Galvão
Arte: Guilherme Bandeira
Arte: autor não identificado
Arte: Jean Galvão
Arte: João Marcos Mendonça
Arte: Adnael
O fato é que, falemos do Brasil, como relembram as artes
acima, há os que deram uma escapadela da quarentena em prol de “um bem maior”,
embora uma parcela considerável da população brasileira nunca tenha realmente
encarado a pandemia e a quarentena de frente, mas com tapa-olhos, desdém, chacotas,
piadas, minimizando a gravidade do problema, ou ignorando mesmo, por desinformação
ou por incapacidade de discernir, a sua magnitude, não assimilando-a, como se
fosse necessário desenhar ou soletrar PAN-DE-MIA para que, de uma vez por todas,
se entenda que o mundo encontra-se numa situação atípica, com milhões de vidas já
ceifadas precocemente, mas que, um dia, essa realidade mudará.
Exemplo disso foi a gripe espanhola (1918-1920), que, aliás, nada
tinha de espanhola, considerada “a mãe das pandemias”, posto que o
vírus influenza do tipo A (H1N1), causadora da gripe pandêmica e “um dos maiores carrascos da
humanidade”, nas palavras das pesquisadora Gisele Leite, dizimou, à época, de
50 a 100 milhões de pessoas nos quatro cantos da Terra. Já o motivo de a gripe
letal receber a curiosa alcunha deu-se pelo fato de a Espanha não participar da
Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918). Sendo assim, a imprensa espanhola
tinha liberdade para divulgar informações sobre a pandemia, ao contrário do que
acontecia nos países envolvidos no conflito bélico, onde as suas autoridades,
hipócrita e levianamente, proibiam as suas respectivas imprensas de tornarem
públicas qualquer notícia a respeito, a fim de que populações e tropas não
entrassem em pânico – censura essa que, por sua vez, contribuiu para a rápida
disseminação da mais mortífera das pandemias.
Arte: Voltolino
A Gazeta, São Paulo, em 19/10/1918
De há muito, apesar do vírus da gripe espanhola ser combatido por antibióticos e vacinas, a influenza do tipo A (H3N2) vem, atualmente, pululando Brasil afora, com epidemias espalhando-se pelo
território nacional. De qualquer modo, enquanto a pandemia de influenza do início do século
passado teve três ondas, a pandemia do novo coronavírus, que continua evoluindo
com variantes mais transmissíveis, já entrou, como foi dito, em sua quinta onda
na Europa, que se tornou o seu novo epicentro. Para a diretora-geral adjunta de
Acesso a Medicamentos e Produtos Farmacêuticos da OMS, a médica brasileira
Mariângela Simão, na conferência de abertura do 11° Congresso Brasileiro de
Epidemiologia, promovido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva
(Abrasco), realizado de 22 a 26/11/2021. Segundo avaliação da diretora-geral
adjunta, a OMS entende que “é provável que a
gente tenha uma transmissão continuada do vírus por conta das variantes”. Entre
os fatores que continuam influenciando na transmissão do Sars-Cov-2 [novo
coronavírus], Simão deu destaque a quatro.
O
primeiro seriam as variantes mais transmissíveis; o segundo, o fato de grande parte
da população mundial seguir sem acesso às vacinas. Para a médica, “a inequidade
no acesso à vacina é o maior desafio ético do nosso tempo”. Já o terceiro fator
diz respeito ao aumento das interações sociais, isto é, as aglomerações. Por
fim, a desinformação em relação as formas de lidar com o vírus e de “mensagens
contraditórias que são responsáveis por matar pessoas” – em contrapartida, a
opinião de Simão é a de que “a mensagem correta, no momento certo, em formato
adequado, vinda da pessoa certa (...) pode auxiliar muito”. Tal avaliação, por
seu turno, apenas confirma a avaliação do consultor brasileiro em saúde pública,
Eugênio Vilaça Mendes, de que há duas correntes de pensamento em relação ao
novo coronavírus e à pandemia, o que gera conflitos na comunidade médica e científica.
Segundo Mendes, a
própria OMS defende que a pandemia é caracterizada por apenas uma onda – um
tsunami? –, embora com altos e baixos e, por fim, “um achatamento”, como se
fosse, digamos, um pocinho à
beira-mar. Isso porque a OMS “baseia-se no fato de que esse vírus não é
sazonal, o que o difere de vírus como o da influenza”, fazendo dele um patógeno
singular, já que “se adapta a diferentes tipos de clima”. Para Mendes, há
também quem entenda que o novo coronavírus “apresenta sazonalidade”, visto que
a literatura referente à covid-19 e a performance do vírus em muitos países sugerem
que “essa pandemia manifesta-se em ondas diferenciadas”. Não obstante, as duas
posições têm algo em comum, convergem num só ponto, ou seja: “O que determina a
propagação do SARS-CoV-2 são as aglomerações de pessoas e os desrespeitos às
medidas de prevenção e distanciamento social”, vetores mais propícios para a
proliferação do vírus, diz o estudioso.
Gota a gota
Segundo o balanço nacional diário do consórcio de veículos
de imprensa (g1, 26/12), 142.548.160
pessoas já tomaram a segunda dose do esquema vacinal ou dose única, o que
representa 66,82% da população brasileira, e a dose de reforço foi aplicada em
24.602.805 pessoas. Porém, ainda em consequência do ataque cibernético ao site oficial do Ministério da Saúde
(MS), em 10/12, apenas oito estado divulgaram dados novos: Bahia (BA), Espírito
Santo (ES), Mato Grosso do Sul (MS), Pará (PA), Pernambuco (PE), Piauí (PI),
São Paulo (SP) e Rio Grande do Norte (RN) – cerca de 20 milhões de indivíduos ainda
estão com a segunda dose da vacina atrasada (Exame, 20/12/2021). É, e aí ainda aparece um “zé ninguém” da vida criticando
negativamente a vacinação de crianças, no caso, pelo instante, de cinco a 11
anos de idade...
Arte: Thiagão
Quem seria o “lobo mau”?
Arte: Frank Maia
Grata ao chargista, poupando-me de dizer o óbvio. Só que, aí, penso nos papagaios, controversas criaturas do reino animal, que imitam e reproduzem sons, humanos ou não, já que a ave em si não fala...
Arte: Gilmar de Oliveira Fraga
GZH e Zero Hora,
08/12/2021
Durante
uma coletiva
de imprensa para a divulgação das medidas a serem tomadas pelo governo
brasileiro em relação aos estrangeiros que chegam nos aeroportos e/ou cruzam as
fronteiras terrestres do Brasil, bem como aos nacionais que retornam do exterior,
a
declaração (acima, na charge) do ministro da Saúde deu o que falar. Contrariando recomendações
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, quis “justificar” a decisão
do governo federal em não adotar a exigência do passaporte vacinal nas
situações mencionadas, alegando que “não se pode discriminar as pessoas entre
vacinadas e não vacinadas e, a partir daí, impor restrições”, ainda afirmando
que quer transformar o Brasil no “paraíso do turismo mundial” (UOL, 07,12).
Frustrando os planos do governo, que não se importa com a saúde da população brasileira, despreza a ciência e, de todas as formas, tenta sabotar medidas de enfrentamento à pandemia, o Supremo Tribunal Federal (STF) “deu uma lição para o presidente Jair Bolsonaro” quando, no dia 15, decidiu pela exigência do passaporte vacinal. Para o jornalista Vicente Vilardaga, a decisão “é uma questão estratégica de combate ao coronavírus. O Brasil avança na vacinação em bom ritmo, imunizando sua população e precisa se proteger de novas variantes como a Ômicron e de um eventual recrudescimento da doença. Além disso, é uma questão de equilíbrio e reciprocidade, já que outros países têm a mesma preocupação e exigem os mesmos documentos dos viajantes brasileiros. O que o STF conseguiu evitar com sua decisão oportuna foi que o País se transformasse no paraíso dos infectados”. Segundo o jornalista, a decisão estabeleceu que “quem quem viajou antes de terça-feira, 14, e não tiver comprovante de vacinação, poderá apresentar o teste RT-PCR negativo e cumprir uma quarentena de cinco dias. Ao final dela, será feito um novo teste. Desde o início da pandemia, o tribunal vem trazendo racionalidade para o combate à doença, contrariando as posições anticiência e diversionista do governo. Foi o STF que garantiu autonomia para estados e municípios agirem contra a pandemia e permitiu o cumprimento das medidas de isolamento. Também atuou firme para cobrar o início da vacinação e estabelecer os grupos prioritários. Agora, com o passaporte, acertou em cheio de novo” (Istoé, 17/12). Enquanto isso...
Folha de S. Paulo, 14/04/2020
Charge tão atual, refletindo o que passa no
vácuo de muitas mentalidades obscurantistas.
Por quem os sinos
dobram e os fogos queimam
Já em 27/11/2021, o buscador Google afixou em sua página de
abertura um doodle em homenagem as
festividades de fim de ano, reforçando, assim, que todos tem de celebrar... O
quê, já não o sei! Só sei que quase todas as capitais brasileiras já cancelaram,
total ou parcialmente – deveria ser por completo –, as comemorações do Natal e
do réveillon que se anunciam. Infelizmente,
não podermos dizer o mesmo de eventos outros, sejam eles promovidos por
iniciativa de órgãos públicos e/ou privados, por cidadãos e/ou empresas,
pessoas físicas e/ou jurídicas. Só que, enquanto isso, as vozes que insistem em
protestar contra o liberou geral no
Brasil permanecem sem eco, pois não dispõe da força que detém o poderio
econômico e os seus tentáculos, mais parecendo metástase. Sem falar que, ao
contrário da charge do artista (abaixo) – atualíssima, por sinal, pois reflete
o pensamento torto de muitos –, nada está “normal”, algo, aliás, que ignoramos
quando o será...
Arte: Jean Galvão
Folha de S. Paulo, 06/12/2020
Arte: Carlos Latuff
Brasil de Fato, 2021
Arte: Gilmar de Oliveira Fraga
GZH e Zero Hora, 15/12/2021
Arte: Marian
Kamensky - Áustria
Arte: Gilmar
Machado
Por
quem os sinos dobraram no Natal de 2021? E qual o sentido de uma queima de
fogos de artifício, ou melhor, a graça, isso de maneira em geral, com uma
trilha sonora de péssima qualidade, ainda mais num réveillon, o segundo, em plena pandemia? Sem dúvida alguma, um réquiem
duplamente de mau gosto em memória dos que tiveram as suas vidas ceifadas pela
covid-19 e um desrespeito para os que terão o desprazer de ouvi-lo. Neste final
de ano, portanto, período extremamente favorável à propagação do vírus, com o espírito festivo “baixando” na maioria
das pessoas, estimulando, apesar da pandemia, inconvenientes confraternizações
ou mesmo inoportunas viagens; as férias, escolares ou não; os veraneios por
todo o vasto litoral brasileiro, frequentado,
ainda, por um número incalculável de gente, turistas ou não, esbaldando-se nas
praias, como se nada estivesse acontecendo, além do incertos meses vindouros, nos
quais o espectro do carnaval (01/03) avizinha-se, pois, como se sabe, a data começa
a ser comemorada dias antes, prolongando-se mesmo depois – evento que, no caso
do Brasil, deveria ser cancelado em todo o país, bem como demais aglomerações
–, faço minhas as palavras da infectologista brasileira Carla Guerra,
proferidas após o óbito de um paciente seu que, inclusive, foi uma das
primeiras vítimas fatais da covid-19 no Brasil (16/03/2020) – palavras essas
que, desde o início da quarentena, viraram bordão com direito a hashtag, ou seja: #FiqueEmCasa
Epílogo
Infelizmente, um percentual inimaginável
da população insiste em abrir alas para a hipocrisia reinante que sempre
caracterizou as festividades de final de ano, que, no hemisfério sul, ilustra o
début do verão, estação que, como se diz no Nordeste, é
impregnado de um calor da mulesta,
soberanamente dominando, infelizmente, de 21/12/2021 a
20/03/2022, ao mesmo tempo em que, pela segunda vez, divide o trono com a
estupidez e a canalhice daqueles (as) que, em detrimento da vida, promovem
aglomerações em plena pandemia de um vírus que não tem hora marcada para
partir, assim como os hospitais de portas abertas, todos, respectivamente, de
plantão...
Arte: Rogério
Humor Inteligente (31/12/2020)
Desse modo, esqueçam as festas, as
aglomerações, mesmo porque não há o que comemorar... Enfim, é como já
asseverou o dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956) na peça Das leben des Galilei (A vida de Galilei), estreada em 1943: “Quem ignora a verdade é
simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que ela é uma mentira
é um criminoso”.
Arte: Dave Granlund - Estados Unidos
No
caso do Brasil, a pandemia assume novas proporções por ter um genocida
desgovernando o país, que, entre outras, é anti-vacina, devendo a população
brasileira se vacinar não apenas contra a covid-19, mas também contra a gripe
causada pelo vírus influenza, que, inicialmente, se tornou uma epidemia no Rio
de Janeiro, logo se espalhando, com o pólen das flores da primavera, para
outros estados, ainda mais porque, embora fato não se conteste, o governo
federal não reconhece a situação endêmica que ameaça todo um país. Daí a
população brasileira ter igualmente de tomar uma terceira vacina, que é a que
confere imunidade contra vermes execráveis, como o que se aboleta do Executivo
do país. Por fim, um alerta da Europa, onde a quinta onda da pandemia do novo
coronavírus tem aumentado de volume
rapidamente (Istoé Dinheiro, 22/11).
Ou seja, segundo o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, a variante
ômicron está propagando-se na “velocidade da luz”...
Arte: Marian
Kamensky - Áustria
Por fim, como disse o geneticista espanhol
Fernando González Candelas, professor de genética da Universidade de Valencia e
pesquisador da Fundação para o Fomento da Pesquisa em Saúde e Biomédica da
Comunidade Valenciana (Fisabio), nenhum especialista se atreve a prever o que
acontecerá com a ômicron: ”Pode se tornar predominante ou desaparecer, ainda
não temos dados suficientes para avaliar isso” (El País, 02/12/2021). O futuro da variante do novo coronavírus também
dependerá de até que ponto as vacinas serão capazes de detê-la... Voilà!
∞
Porém,
para quem insiste em badalar, não
medindo as consequências dos seus atos...
Agência Fiocruz de Notícias: O Observatório
Covid-19 Fiocruz lança uma nova cartilha, que sistematiza um conjunto de
recomendações que orientam sobre formas mais seguras de passar o Natal e o
réveillon e diminuir os riscos de transmissão da Covid-19 no período. Além da
cartilha, as orientações também serão divulgadas em formato de cards informativos que possam
ser compartilhados pelo WhatsApp e demais redes sociais, bem como por uma
enquete nas redes, que simula um jogo para a pessoa que deseja ir a um encontro
de fim de ano da maneira mais segura possível. A cartilha pode ser
acessada aqui.
RETROSPECTIVA
Arte: Joe
Heller – Estados Unidos
Certo
dia, num repente de indignação em relação à alienação e/ou à má fé das pessoas
em relação as aglomerações na pandemia, não esquecendo do discurso negacionista
de que o mundo já está livre desse mal – ledo engano –, recordei-me de uma
entrevista da CBN com a economista
brasileira Monica de Bolle, que foi ao ar em 28 de março de 2020 – data, aliás,
em que a Justiça Federal do Rio de janeiro concedeu uma liminar que suspendeu a
veiculação por qualquer meio, físico ou digital, da campanha O Brasil não pode parar, de iniciativa
do governo federal, após dias sendo compartilhada em vídeo nas redes sociais e
grupos fechados de troca de mensagens, a qual minimizava o grau de letalidade
da covid-19; defendia o fim da quarentena no país menos de duas semanas depois
em que a pandemia foi anunciada pela OMS, com a medida devendo contemplar
apenas os idosos, e incentivando o retorno ao trabalho.
Arte: Maringoni
Arte: Laerte
Coutinho
Contrariando
as orientações da OMS e de outras organizações globais no que concernia as medidas sanitárias, sobretudo à quarentena
planetária, que já estavam sendo adotadas pelas autoridades mundiais para o
enfrentamento da pandemia, o teor da campanha por si só escancarou o pensamento
calamitoso do presidente Bolsonaro e o do governo federal em relação a tais
medidas. Retirada de circulação, a Secretaria Especial de Comunicação Social do
Governo Federal (Secom) tentou em vão justificar que a peça publicitária, isto
é, o vídeo em questão, foi produzida em “caráter experimental” – justificativa
essa nada convincente, pois apenas reafirmou o total descaso com o qual
Bolsonaro e o seu governo iriam lidar com o problema dali em diante, ou seja,
de forma “experimental”, o que, desde então, tem se confirmado.
Arte: Zé
Dassilva
PhD pela London
School of Economics e, durante a pandemia, por seu interesse em saúde pública,
tornou-se especialista em imunologia, genética e boquímica pela Harvard Medical
School, Monica de Bolle, que defende que “fatores
sociais, econômicos e políticos juntaram-se à alta transmissibilidade do vírus
para impulsionar a pandemia de COVID-19”, de
cara criticou, na entrevista à CBN, a
polêmica campanha, considerando o vídeo criminoso e enfatizando que, ao
induzir as pessoas a saírem da quarentena, o presidente Jair Bolsonaro promovia
uma “tremenda desinformação”, além de desmentir a autoridade de infectologistas
sobre a gravidade da doença: “É de uma indigência absoluta, surreal”, disse a
economista, ficando óbvio que ele será responsabilizado “pelas mortes e pela
sobrecarga no sistema de saúde”.
Arte: Edgar
Vasques
Não
à toa, em 27/04/2021, foi instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
da covid-19, a fim de investigar a atuação de Bolsonaro e do seu governo diante
da pandemia. Quase seis meses depois, a conclusão da CPI foi a de que o chefe
do Executivo teria cometido onze crimes ao longo da pandemia. Porém, no dia 20
de outubro...
Arte: Renato
Aroeira
Depois
de certos “acordos” e feita a leitura oficial do relatório final, a CPI
atribuiu nove crimes a Bolsonaro, além de recomendar, entre outras
deliberações, mais 80 indiciamentos pelos órgãos competentes – resta aguardar
se essa mente perversa e celerada que (des) governa o Brasil será realmente
punida nos rigores da lei. Não obstante, retornando a março de 2020, ainda no
tocante à polêmica desencadeada pela descarada e irresponsável campanha
institucional... À época, em sua entrevista à CBN, a economista Monica de Bolle, que também é pesquisadora-sênior
do Peterson Institut for International Economics e docente da Johns Hopkins
University, em Washington D.C., frisou, ainda, que a economia é feita de
pessoas e não cuidar da saúde das pessoas iria afetar ainda mais a economia,
afirmando que as medidas sanitárias eram necessárias.
Ocorre
que, como a economia seria impactada pela quarentena, cabia ao Estado
brasileiro o papel de sustentá-la. Não a população, já que, para a economista,
não vivemos uma crise econômica, mas de saúde pública – crise essa que ela
comparou com um asteroide caindo no mundo, causando um “estrago grande”...
Arte:
Edu
Tocando
em feridas da sociedade sem melindre algum, De Bolle declarou que,
infelizmente, no caso do Brasil, lhe causou espanto a surdez e a cegueira, ou
melhor, a paralisia do Executivo e a sua incapacidade de entender “a magnitude
da crise: “Nunca imaginei que a gente fosse ver uma inércia tamanha frente a
uma crise tão monumental”. Em sua coluna no jornal El País (22/03/2021), a economista confirma o que dissera quase um
ano antes, isto é, “o país inteiro asfixia (...)
porque continua preso na armadilha de que a economia importa mais do que as
vidas que a sustentam. Não fosse assim, teríamos medidas de lockdown – não as medidas disfarçadas
de lockdown que fizemos em 2020, mas as de verdade – no país
inteiro” – medidas essas que, segundo ela, deveriam ter sido defendidas por
todos: governos e população.
Arte: Rodrigo
Brum
Tribuna do Norte, Natal (RN), em 27/03/2020
Em
sua opinião, tais medidas consistiriam, “em poucas palavras”,
no “fechamento do país”, com todos os serviços e estabelecimentos não
essenciais fechados; a circulação de pessoas “severamente limitada”; o uso de
máscaras “obrigatório” e penalidades para quem infringisse essas ordens deveriam
“ser postas em prática”. De acordo com de Bolle, afetado hoje, inclusive, por
variantes mais agressivas do vírus (...), o país não tem tempo a perder”, mas
perde. Porém, para ela, não era possível fechar o país sem um auxílio
emergencial satisfatório, que, aliás, ela sempre defendeu, e não apenas como uma
medida econômica, mas uma medida de saúde pública, o que não aconteceu a
contento, sobretudo na segunda e última etapa do benefício, que, inclusive, ela
classificou de “completamente inadequado”.
Tanto que, à época, a economista questionou: “Como que as
pessoas, que precisam ter meios para sobreviver sem ir aos seus locais de
trabalho serão capazes de se alimentar com menos da metade do valor da cesta
básica?”. Quanto à letargia e à inércia da condução do governo federal,
principalmente ao despreparo do ministro da Economia, Paulo Guedes, que defende
gastos mínimos por parte do Estado brasileiro, de Bolle perguntou-se: “Desde
quando as contas públicas brasileiras passaram a ser mais importantes do que a
maior crise sanitária já vista no país segundo a Fundação Oswaldo Cruz?”. Para
ela, “as contas públicas são soberanas porque nós teimamos em separar a
economia e a saúde”, algo que, no seu entendimento, não é passível de
separação.
Armadilhas da
economia
As
vozes que se ergueram contra as decisões de âmbito federal, distrital, estaduais
e municipais a favor das paulatinas flexibilizações do funcionamento de
estabelecimentos e espaços públicos e privados de não importa qual natureza, ou
a retomada gradual, entre outras, das atividades socioeconômicas, educacionais
e culturais de um modo em geral no Brasil, sempre foram minoria e continuam
minoria ao manterem os seus protestos de indignação em relação as autorizações
escancaradas que, já tem um tempo, passaram a garantir, em muitos estados
brasileiros e no Distrito Federal, o pleno funcionamento desses mesmos
estabelecimentos e espaços sem que sejam exigidas a obrigatoriedade da adoção
de certas medidas sanitárias.
Arte: Vitor
Teixeira
E
tudo isso, é notório, em razão pura e simplesmente da economia, que não pode parar, o que, novamente, me
remete à economista Monica de Bolle, quando ela diz que o Brasil asfixia
“porque continua preso na armadilha de que a economia importa mais do que as
vidas que a sustentam” – o que só confirma que, apesar das manifestações de
preocupação com a pandemia nos discursos das autoridades, o que se constata, a
olhos vistos, é a priorização da economia em detrimento da saúde pública, não
sendo possível – hors de question –
sentir nenhum vestígio de sinceridade nesses discursos, apenas demagogia, na política.
Ou, melhor dizendo, politicagem.
De sanguessugas
Em
2020, enquanto dezenas de países adiaram os seus pleitos por meses ou mesmo por
um ano por causa da pandemia, o que ainda foi imprudente, o Brasil, então
epicentro das mortes causadas pela SARS-COV-2 no mundo, optou por andar na
contramão ao realizar, no mês de novembro, as suas eleições municipais. Não
abrindo mão de certo “pecado” capital, ou seja, o da gula, no caso, por votos, e
com o aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os candidatos pouco se
importaram, na crista da segunda onda da pandemia, em promover aglomerações,
tipo comícios, carreatas e boca-de-urna (proibida por lei, mas, na prática, um
fato), entre outros eventos, que, a bem da verdade, colocaram em perigo à vida de
muita gente. E tudo isso apenas para satisfazer
às veleidades de uma elite que, mesmo numa situação periclitante como a da
pandemia, não toma tino.
Arte: Duke
Sim, insistindo na desumanidade de enxergar o povo
brasileiro apenas como massa de manobra ou, como acharem melhor, cabeças de
gado a caminho do abate em fétidos matadouros... Daí não ter sido uma surpresa a
total falta de remorso do Tribunal Soez Eleitoreiro (TSE) e dos candidatos por,
deliberadamente, exporem a população, já vulnerável, a situações que só acentuaram
essa vulnerabilidade, contribuindo, portanto, com a disseminação do vírus, bem
como não foi uma surpresa a consciência tranquila desses mesmos candidatos após
as urnas garantirem a sua eleição ou reeleição. Isso porque, convenhamos, a
consciência de candidatos a pleitos públicos só é abalada quando as suas
eleições ou reeleições estão em risco, ameaçando o seu status quo. Simples assim.
Enquanto isso, na terra dos potiguaras
Em 12/03/2020, quando ocorreu a primeira morte pela covid-19 no
Brasil, foi notificado o primeiro caso de contaminação pelo novo coronavírus do
Rio Grande do Norte, com o primeiro óbito no Estado sendo registrado no dia 28
do mesmo mês. Segundo o consórcio de veículos de imprensa (g1, 26/12), já foram contabilizados 7.566 mortes e 386.062 casos desde
a primeira vítima fatal da doença em solo norte-rio-grandense – dados que, na
verdade, ocultam uma realidade ainda mais dramática, pois a estimativa é a de que
esses números sejam maiores. Sem falar nos dois recentes ataques cibernéticos
ao site do Ministério da Saúde (MS), ao aplicativo e à página do ConecteSUS,
comprometendo o balanço nacional diário divulgado pelo referido consórcio.
Em alta (+ 33%) no dia 26/12 – percentual que, diariamente, varia, igualmente demais
estados brasileiros – o que também varia praticamente todos os dias – e a
exemplo do que ocorre em quase todo território nacional, o Rio Grande do Norte,
faz feio pela quantidade escandalosa de eventos públicos e privados realizados
a 3x4 por todos os seus confins, seja com a anuência do governo federal,
estadual e/ou das prefeituras municipais, sendo, por assim dizer, um celeiro de
aglomerações – inútil querer tapar o sol com a peneira, ainda mais, por
exemplo, em Natal, a Cidade do Sol,
capital do Estado, onde, ainda no ocaso da primavera, os termômetros já andavam
superaquecidos, isto é, “uma quentura só!”, como, à ocasião, ouvi de um
feirante fazendo uma entrega em domicílio.
De decretos e
aglomerações
Desde que, em 11/03/2020, a OMS anunciou que o planeta
estava à mercê de uma pandemia, o governo do
Rio Grande do Norte já lançou, ao todo, 51 decretos normativos tendo em
vista o combate à proliferação do novo coronavírus, com destaque para o segundo
deles, o de n° 29.513, que passou a vigorar em 14/03, determinando o início da
quarentena em todo o Estado, além da publicação, no dia 17, do decreto de n°
29.521, instituindo o Comitê Governamental de Gestão da Emergência em Saúde
Pública. Por fim, no dia 20, em virtude da pandemia, foi decretado (n° 29.534)
estado de calamidade pública no RN. Não obstante, acompanhando o andar da
carruagem na maior parte das unidades da federação, não demorou para que, em 23
de junho, o decreto de n° 29.774 estabelecesse que a implantação do cronograma para
a retomada gradual responsável das atividades econômicas no Estado, embora
mantendo a quarentena, teria início em 1° de julho.
Foi quando o tempo fechou, pois, a partir daí, os
setores econômicos não mais deram trégua ao governo do RN, o mesmo ocorrendo em
demais estados e no Distrito Federal – cada um criou o seu próprio cronograma
–, como se pouco importasse o alerta da OMS para que o Brasil redobrasse a
cautela, já que o mundo vivia, continua vivendo, uma pandemia, com os casos de
contaminação pelo novo coronavírus aumentando, as mortes acumulando-se, sem que,
no Brasil, seja possível precisar quando, de fato, a quarentena foi “abandonada”
à própria sorte...
Arte:
Cazo
O tempo, contudo, passou e, cerca de 13 meses depois,
em 04/08/2021, o decreto estadual de n° 30.795 não apenas dispôs sobre a
ampliação da retomada das atividades socioeconômicas no RN, fundamental “para a
preservação dos empregos e da renda da população, afetados pelas necessárias
restrições de funcionamento”, mas também sobre os protocolos sanitários visando
assegurar a proteção da saúde do povo potiguar, embora, ao mesmo tempo, ficando
sem efeito disposições anteriores relacionadas ao controle de temperatura de
funcionários, colaboradores e clientes no interior de estabelecimentos abertos
ao público, embora a proteção individual facial – a máscara – continuasse a ser
obrigatório, apesar de o documento não mencionar se o indivíduo tivesse de
portar o seu próprio álcool em gel 70% ou álcool líquido 70% nem que os
estabelecimentos deixassem de oferecer essa medida protetiva aos seus
funcionários, colaboradores e clientes.
Enfim, mesmo sem a lei obrigando-os a aferirem a
temperatura, os estabelecimentos deveriam fazê-lo por respeito aos demais. O
que ocorre, todavia, é que, “graças” à mesquinhez dos seus proprietários, os
estabelecimentos deixaram de aferir a temperatura e de disponibilizar o álcool
em gel 70% ou o álcool líquido 70% em seus pontos de acesso – a não ser que quisessem.
É como se, em sua alienante lógica, que deixaram de adotar certas medidas
sanitárias porque eram obrigados por lei, esses proprietários entendessem que,
no caso dos clientes, por exemplo, já que, mesmo em plena pandemia, saem de
casa para consumir, que o façam, portanto, por sua conta e risco. Ledo engano,
porque a realidade está aí, acenando não somente para os potiguara, mas de
igual modo para todos os brasileiros e para a população mundial, com o Brasil,
em 19/11, batendo a marca de 22 milhões de casos de contaminação registrados
desde o início da pandemia e, em 02/12, ultrapassando os 615 mil óbitos
notificados desde então.
Sem falar na variante ômicron e em novas ondas no
mundo. Desse modo, quem tem consciência e preza pela vida, a sua e a dos
demais, cuida; quem só enxerga cifrões aos seu redor não cuida. Infelizmente, o
que mais se vê são descuidos, gente descuidada por aí. Certos decretos? De há
muito, apenas favorecendo as aglomerações que, não é de hoje, “pipocam” por
toda parte...
Arte:
Gilmar de Oliveira Fraga
São estabelecimentos comerciais de toda sorte; feiras,
as livres, em ambientes abertos, e as de outra natureza, temáticas ou não; transportes
públicos lotados, que, aliás, nunca deixaram de bater o ponto nos pontos de
parada, embora, antes, suspenso o serviço em dias não úteis, embora fosse obrigatório
o cumprimento do distanciamento entre os seus usuários e demais medidas
sanitárias, o que, aliás, só aconteceu por um breve período, no início da
pandemia... O retorno gradual as aulas, por sua vez, presencial e/ou híbrido, ou
seja, de corpo presente e/ou remotamente, isso em escolas, faculdades e
universidades, públicas e privadas do Rio Grande do Norte, suspensas desde o
dia 17 de março de 2020, foi facultativo – nas escolas privadas, por exemplo, o
retorno as aulas presenciais em todos os níveis foi autorizado por decreto mesmo
ainda na primeira onda da pandemia, em setembro do ano passado...
Arte: Nani Lucas (in memoriam)
No
dia 05 de abril do corrente, entretanto, por entender que a educação deveria
ser tratada como atividade essencial, o Ministério Público do Rio Grande do
Norte entrou com uma ação civil para que o Governo do Estado estendesse a
obrigatoriedade do retorno das aulas presenciais não apenas nas escolas
privadas, mas também nas públicas, estaduais e municipais, e “de forma híbrida,
gradual, segura e facultativa”, ressaltando que os protocolos de sanitários
então vigentes fossem cumpridos, assegurando com rigor as medidas de
biossegurança. Daí que, em 04 de maio, mesmo afirmando que não haveria
necessidade de distanciamento entre os estudantes, mas apenas evitados contatos
físicos, como beijos e abraços, por exemplo, a secretaria de Estado da
Educação, da Cultura, do Esporte e Lazer (SEEC/RN) permitiu o retorno gradual
de 100% (+ 1, o vírus) dos alunos as unidades de ensino...
Arte:
Zé Dassilva
Porém,
apesar do
entendimento do Comitê Científico de Enfrentamento da Covid-19 do Estado, que
opinou favoravelmente à “abertura gradual e responsável do comércio e dos
serviços no âmbito local, desde que respeitados os protocolos e regras de
prevenção de contágio e enfrentamento à Covid-19”; com ou sem
revezamento de grupos de alunos nas aulas presenciais e a determinação do retorno
híbrido e facultativo, já que os pais e/ou responsáveis que, com receio de
contaminação, não concordaram com o retorno presencial, tendo o seu desejo
respeitado e seguindo com o ensino remoto, a maioria das escolas não dispunha de
infraestrutura para receberem os estudantes, incluindo a merenda escolar –
estímulo de vital importância para boa parte do corpo discente comparecer à
sala de aula, pois, é de convir, muitos dependem da merenda para garantir o seu
sustento alimentar.
Por
outro lado, em função da alta do desemprego durante a pandemia, apesar do
auxílio emergencial, que só ajudava, não resolvia o problema, isso para quem o
recebia, muitos pais e/ou responsáveis sequer tinham como pagar o transporte do
(s) filho (s), o que, aliás, para quem podia pagar, gerava outro entrave, pois,
assim como a sala de aula, os ônibus e congêneres também eram e continuam sendo
espaços propícios para a transmissão do vírus.
Arte: Nani
Lucas (in memoriam)
Toda
essa realidade, inclusive, fez muita gente especular, até mesmo gracejando, que
quem não morresse de covid-19, morreria de fome – há quem continue especulando,
pois, atualmente, nem auxílio emergencial existe mais, o que faz com que 22
milhões de brasileiros não possam mais dispor do benefício, com a situação,
toda ela, permanecendo preocupante, ainda mais se acrescentarmos outro item,
que é o da evasão escolar e o seu vertiginoso crescimento, o que, portanto, nesse
cenário dantesco, fez que muitos recorressem aos mais diversos argumentos em
defesa do retorno presencial às aulas: da compaixão à interesses econômicos,
passando, evidentemente, pela evasão escolar, ainda mais porque, diante das
desigualdades socioeconômicas, que se acentuaram com a pandemia, muitos alunos
não dispunham e continuam não dispondo de condições para prosseguir com os seus
estudos on-line...
Arte: Salomón
Ocorre
que, quer queiram, quer não, o mundo vive uma pandemia. E o Brasil não é uma
exceção, não está de fora da situação, embora muitos estejam “por fora”,
comportando-se como se nada disso estivesse acontecendo. Infelizmente, no caso
da evasão escolar no país...
Arte: autor não
identificado
Os
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNDA Contínua),
divulgados em 02/12/2021, apenas confirmaram o que já se sabia, isto é, o
aumento da evasão escolar, considerada, aliás, a maior de todos os tempos em
todo o território nacional. O fato é que, para muitos, o retorno às aulas
presenciais foi uma decisão prematura, sobretudo por promoverem aglomerações,
favorecendo a proliferação do vírus. Falando em educação, outro exemplo de aglomeração foi
o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas provas de 2020, em função da
pandemia, foram adiadas para janeiro e fevereiro de 2021, ainda mesmo durante
pandemia – quem entende isso? Não à toa, é compreensível que a edição de 2020
do Enem tenha acumulado um recorde de abstenções. Já o Enem 2021, que teve as
suas provas aplicadas no dia 21 e 28/11 para 2.179.559 estudantes em todo o
país, registrou o menor número de participantes desde 2004.
Eventos, para que
te quero?
Quanto
à retomada das atividades relacionadas ao setor de eventos de uma maneira em
geral e no Brasil como um todo, as suas respectivas liberações nos estados e no
Distrito Federal foram por fases, parciais e gradativas, condicionadas,
entretanto, aos indicadores das taxas de transmissibilidade do novo coronavírus
e das de ocupação dos leitos clínicos e de Unidades de Tratamento Intensivo
(UTIs) para pacientes com a covid-19 – lógica essa que igualmente norteou a
retomada das atividades do comércio, incluindo a rede hoteleira, e de demais
serviços prestados à população. No RN, entre os eventos que já começaram a ser
liberados para um público de 50 pessoas já em 08/06/2020, estão os corporativos,
os técnicos, os científicos e as convenções (os eventos religiosos, liberados
parcialmente em 24/07 do mesmo ano, merecem alguns parágrafos à parte). Então,
daí para frente, ou seja, a partir de junho do ano passado, os eventos acima
mencionados foram gradualmente aumentando a sua frequência de participantes até
liberar geral.
No
que diz respeito a demais eventos, de natureza diversa e considerados
atividades econômicas, melhor resumir, no intuito de evitar um processo gradual
de úlcera... Então, no caso do RN, o governo do Rio Grande do Norte autorizou os
eventos de massa (acima de 600 pessoas), sociais, recreativos e similares;
cinemas, museus, teatros, circos, parques de diversões e afins em 17/09/2021.
Porém, as realizações de tais eventos foram e estão condicionados à prévia
liberação da Secretaria da Saúde Pública, com apresentação de protocolo
sanitário específico e exigência de comprovação de pelo menos uma dose da
vacina dos participantes, apesar de os municípios poderem exigir o passaporte da vacina para as situações
que acharem necessário, a decisão, que tem prazo indeterminado, pode ser
revista a qualquer hora em função do cenário epidemiológico no RN.
O
problema é que, além dos passaportes legais, há quem venda e há quem compre
passaportes falsificados, aumentando o risco de contágio nos eventos. Já nos
que não exigem o documento, o perigo é ainda maior, mas, mesmo assim, tem gente
que não se importa com isso. Sejam as aglomerações realizadas em ambientes
fechados ou abertos, durante a semana, nos fins de semana, em datas festivas e nos
feriados, que não são poucos, promovidas e desfrutadas de forma prolongada e “relaxadamente”,
sobretudo nas praias do vasto litoral brasileiro, no caso, do RN também, onde o
uso das máscaras, por exemplo, parece ser algo do passado...
Arte: Maringoni
O
que me faz lembrar de uma frase de Cícero (106-43 a.C.) político e orador latino:
“A ignorância é a maior enfermidade do ser humano”.
A força do
agronegócio
Falando
em festividades, um caso escandaloso de festa temática foi a Festa do Boi, exposição de animais,
máquinas e implementos agrícolas do Rio Grande do norte, que ocorre desde o
início da década de 1960 em Parnamirim, a 20km de Natal, e que, em 2020, devido
à pandemia, realizou-se virtualmente, mas que, neste ano de 2021, mesmo ainda
em plena pandemia, findou acontecendo do dia 13 a 20/11. Detalhe: uma espécie
de “cesta básica” para o setor no RN e promovido pela Associação
Norte-Rio-grandense (Anorc) em parceria com a secretaria da Agricultura, da
pecuária e da Pesca (Sape) do Governo do Estado, entre outros parceiros, o
evento reuniu, ao longo de oito dias, mais de 300 mil pessoas...
Sim,
todas livremente circulando pelo Parque Aristófanes Fernandes em meio a
exposições, shows, leilões e demais atrações garantidas pelo evento, que, para
muitos, foi plenamente “justificável”, pois, afinal, só movimentou mais de R$ 50 milhões em sua retomada presencial –
mais uma vez a economia fazendo valer as suas vontades, evidenciando o seu
pulso forte, de nada adiantando se o programa Pacto pela Vida da secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) impôs
a adoção de protocolos de biossegurança pelos realizadores da festa, como, por
exemplo, a exigência do comprovante de vacinação para expositores,
comerciantes, prestadores de serviços e público em geral.
A
título de curiosidade, quem quiser tomar nota dos demais parceiros que contribuíram
para festa tão “essencial” em plena pandemia e, portanto, ficou desconfortável
com o fato, basta ir nos links consultados ao final desta postagem para se
inteirar dos nomes...
Devagar
com o andor que o santo é de barro
Por
mais que o Brasil abrigue em seu seio a maior população católica do mundo e, de
quebra, tenha uma padroeira, além de religiões outras espalharem-se por todo o
seu território e do sincretismo dos seus crentes ser hors concours, um espectro ora paira sobre a sua cabeça: a ideia esdrúxula
de “desavisados” de plantão que, a ferro e fogo, pegando carona na pandemia, querem,
através de novas leis, conferir à gama de atividades religiosas de não importa
qual natureza realizadas no país o status
de atividade e/ou serviço essencial para a sociedade, alegando, entre outros
“benefícios”, que as mesmas promovem o bem-estar coletivo, desafiando, assim, o
fato de que, acima de todos e de tudo, reside a laicidade do Estado brasileiro.
E que tal devaneio é inconstitucional – exemplos de tamanho desatino andam
ocorrendo nesse país de meu deus não
é de hoje, cabendo ao Brasil não permitir, banindo de vez, qualquer tentativa
nesse sentido.
Então,
igualmente contempladas por leis que garantiram a sua retomada gradual no país
em plena pandemia, as atividades religiosas, como missas, cultos e congêneres,
foram liberadas já em 2020. Com isso, amparando todo e qualquer metro quadrado
considerado religioso: igrejas, templos, terreiros, lojas maçônicas e
estabelecimentos similares...
Arte: Laerte
Coutinho
No
Rio Grande do Norte, por exemplo, a segunda fase dessa retomada iniciou-se em
12/08/2020, permitindo uma frequência máxima simultânea acima de 100 pessoas –
o curioso é que, no dia 08, o Brasil registrou o marco de 100 mil mortes pela
covid-19, com 03 milhões de casos confirmados...
Arte: Rodrigo
Brum
Tribuna do Norte, Natal (RN), em 11/08/2020
Sem
falar na ironia de que, ainda em 12/08/2020, dia em que a segunda fase da retomada
gradual de espaços religiosos estava programada para iniciar, o governo do RN
decretou luto oficial de três dias em solidariedade aos familiares das
primeiras duas mil vítimas fatais da covid-19 registradas no Estado. Pior: reconhecendo
que os números de casos de contaminação e óbito em todo o mundo só avançavam e
que, por isso, a quarentena era a “alternativa mais adequada a
ser adotada pelos governantes como política responsável de enfrentamento da
COVID-19, dado seu impacto direto e significativo na curva de crescimento da
pandemia”, o que permitia que mais vidas fossem salvas, além de admitir a
imperativa “obrigação de coibir as aglomerações” (decreto n° 29.911/2020), o
governo publicou, três dias depois, em 15 de agosto, o decreto de n° 29.927...
Arte: Cazo
Assinado
um dia antes, o decreto em questão autorizou “a retomada do fluxo regular da
frota de ônibus Intermunicipais”, sendo que as linhas cuja circulação abrangia
a região metropolitana de Natal deveriam “voltar ao horário normal a partir do
dia 21 de agosto”, inclusive em dias não úteis, revogando, ainda, certas
obrigatoriedades em relação aos protocolos sanitários que, como foi dito antes,
deveriam ser cumpridas pelo serviço e que estavam dispostas em decreto
publicado meses antes, em 1° de abril. Daí que, cerca de 13 meses depois, o governo do RN lançou o decreto de n° 30.911 (17/09/2021),
liberando “os eventos de massas, sociais,
recreativos e similares, inclusive aqueles sem assento para o público ou
destinados à dança (...), com público superior a 600 pessoas”...
Entre
esses eventos preocupantes, isso em todo o Brasil, estavam e estão as festas de
padroeiros (as) da Igreja católica, arrebanhando uma quantidade incomensurável
de fiéis, curiosos e turistas, ou seja,
ambos promovendo aglomerações – na capital do Rio Grande do Norte, por exemplo,
não poderia ser diferente: apesar do dia de Nossa Senhora da Apresentação ser o
21 de novembro – a oficialização da data remonta ao ano de 1953 –, as
festividades litúrgicas em homenagem à padroeira de Natal começam dez dias
antes, ressaltando que, por sua magnitude, a referida data, que é feriado
municipal, é considerada o evento católico de maior repercussão na região.
O
ápice dos festejos, por seu turno, que me remete à infância, é, como se diz, “o
dia da santa”, numa referência ao dia 21, sobretudo quando, no alvorecer, após navegar
em procissão nas águas do rio Potengi, a imagem de Nossa Senhora da
Apresentação, embalada pelo hino A
madrugada surgindo, de autoria de minha avó paterna, Joana Guedes Câmara (1910-2003),
ou dona Nanoca, que, há décadas, saúda a padroeira, desembarca na Pedra do
Rosário, uma espécie de píer,
localizada na comunidade Passo da Pátria, onde é celebrada uma missa para uma
multidão. Em seguida, um cortejo segue a imagem no andor pela ladeira que é a
histórica rua Quintino Bocaiúva, onde, também por décadas, morou a minha avó, devota
de Nossa Senhora, até a antiga catedral, no centro da cidade...
Então,
em respeito aos protocolos sanitários para evitar contágios pelo novo
coronavírus, a Arquidiocese de Natal adaptou o calendário de atividades das
duas últimas edições da festa da padroeira. E ainda que mantendo a tradicional
procissão fluvial, suspendeu a missa na Pedra do Rosário e a procissão a pé, substituindo-a
por uma carreata, bem como as demais procissões que costumam acontecer durante
o evento. Sinceramente, deu até vontade de tirar o chapéu, ou melhor, o solidéu para a Igreja católica, mas, ao saber que as portas das
igrejas foram abertas ao público, e isso mais de uma vez, malgrado o número
“reduzido” de pessoas por cerimônia, com direito, inclusive, à eucaristia,
desisti.
Isso
porque, terminantemente contra todo e qualquer tipo de aglomeração na pandemia,
acredito que, se realmente estivesse preocupada em não ser um vetor de
transmissão do vírus, a Igreja católica deveria ter se limitado à transmissões on-line das atividades por ela realizada:
dos terços, passando pelas novenas, as missas, além de demais chamarizes de fiéis. Não agindo assim,
contrariou, inclusive, o teor da mensagem que, segundo a tradição oral,
acompanhava a imagem de Nossa Senhora quando ela foi encontrada por pescadores
locais dentro de um caixote às margens do rio Potengi no ano de 1753.
Isto
é: Aonde esta imagem aportar, nenhuma
desgraça acontecerá... Ora, sabemos que não é isso o que se sucede, sobretudo
historicamente, mas, no que concerne à pandemia, a Arquidiocese de Natal pecou por ter posto a fé cristã em
primeiro plano, não comungando com a vida, ainda mais porque as igrejas
continuam repletas de fiéis, principalmente neste fim de ano – o mesmo vale
para os cultos evangélicos que, com o seu non-sens,
se esparrama igual praga de pardal além dos templos.
No covil dos leões
Despertando perplexidade e indignação, as atrações realizadas
durante a pandemia na Arena das Dunas, espaço construído em Natal, cidade-sede da
Copa de 2014 em Natal e que, após tanto desperdício de recursos para receber apenas quatro jogos do evento mundial,
transformou-se, desde então, para não ficar entregue às baratas, num “complexo
multiuso”, capaz das mais mirabolantes metamorfoses, onde, portanto, pode acontecer
de tudo. De acordo com o site da
Arena das Dunas, o espaço “promove e sedia de espetáculos (ou shows) culturais
a jogos de futebol, passando por ações de marketing, eventos corporativos,
políticos e religiosos, atividades esportivas, exposições, congressos,
seminários e formaturas”. No que concerne à pandemia, aglomerações de um modo
em geral – algumas realizadas já desde junho de 2020, quando o público era
limitado a 50 pessoas (eventos corporativos, técnicos, científicos e
convenções).
E é aí que entra o Carnatal, uma micareta, ou seja, um
carnaval fora de época, no caso, segundo os seus organizadores, considerado o
maior do mundo, que, aliás, apesar de ter sido cancelado em 2020, foi liberado em
2021, cuja abertura, inclusive, começou numa quinta-feira, 09/12, no largo da
Arena das Dunas. Quando isso aconteceu, eu estava a escrever estas linhas, mas,
ante a poluição sonora ensurdecedora, ou melhor, insuportável de um trio
elétrico qualquer, que se assemelhava ao ruído ampliado de um cano de escape
avariado, precisei fazer uma pausa, pois parecia que a folia estava acontecendo
no quintal da minha casa, já que moro perto do local do malfadado evento, que,
como o previsto, com uma programação que variou do axé ao forró, bagunçou o coreto até o domingo, dia 12.
Segundo o jornal Tribuna
do Norte (12/12), milhares de pessoas circularam no “corredor da folia” ao
longo dos quatro dias em que ocorreu a micareta, cujo acesso foi permitido
apenas para quem, antecipadamente, comprovasse que estava com o ciclo vacinal
de duas doses contra a covid-19 em dia. E aí, com o seu abadá e uma pulseirinha
com os dizeres Tô vacinado, tô liberado,
o folião ficava apto para ingressar na aglomeração do momento. Segundo o site oficial do Carnatal, esse controle foi
feito mediante a Carteira de Vacinação Digital ou Certificado Nacional de
Vacinação, com o folião declarando, no ato da compra do ingresso, que estava
“completamente imunizado ou que completará o seu esquema vacinal contra a
covid-19 até a data do evento”. O que é deveras curioso, posto que, em média, o
organismo só passa a produzir anticorpos após 15 dias da aplicação da vacina –
daí...
De qualquer maneira, apesar de o folião ser vacinado em cima
da hora, apenas para cumprir uma exigência, que, a bem da verdade, não lhe
garante imediata imunidade, a iniciativa caracteriza-se um privilégio concedido
aos que fazem questão de brincar a trigésima edição da micareta. Enquanto isso,
a maioria da população, reles mortais, tem de obedecer as normas vigentes, no
caso, por exemplo, do reforço, da terceira dose de um dos imunizantes
existentes, isto é, deverá ter completado o seu esquema vacinal com duas doses
há pelo menos quatro meses. Sim, tem de esperar a sua vez para se vacinar,
ficar na fila.
É, nada como um evento grandioso, como diz o próprio site do Carnatal, gerando um fluxo
recorde de turistas para a cidade no período de sua realização, movimentando a
economia, gerando empregos diretos e indiretos, “além de promover marcas locais
e nacionais que se associam” a ele. De igual modo, nada como uma boa dose de
alienação para que as pessoas sequer por um instante pensem nas ondas da
pandemia, que se entrelaçam, podendo darem um caldo no mundo, e que, por exemplo, o terceiro caso de contaminação
da variante ômicron no Brasil foi a de um brasileiro que, vindo da Etiópia,
desembarcou no aeroporto de Guarulhos, São Paulo, no dia 27 de novembro e que, inclusive,
já tinha sido vacinado com duas doses da Pfizer – fato confirmado pelo Instituto
Adolfo Lutz em 1° do corrente (Repórter
Rádio Nacional, 01/12/2021).
Arte:
Gilmar Machado
Sem falar que, como foi dito antes, a OMS já afirmou que a
ômicron representa um risco maior de reinfecção, sendo “uma variante de preocupação”, é mais transmissível do que a variante
delta e, embora seja menos letal, já anda aumentando o número de casos de
contaminação, o que, obviamente, sobrecarregará os sistemas de saúdes mundiais.
Nesse cenário preocupante, torna-se até surreal o fechamento do
Hospital Municipal de Campanha de Natal, construído num antigo hotel da Via
Costeira cedido pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), cujo objetivo era o
de receber pacientes com covid-19 após a sua inauguração pela prefeitura, em
04/05/2020. Ocorre que, por determinação da Justiça do Trabalho, o prédio do
hospital terá de ser devolvido em menos de 90 dias – o curioso disso tudo é
que, segundo a nota emitida pela Prefeitura de Natal, a cidade não mais vive um
período “crítico” (g1, 18/12/2021)...
Porém,
o mais estapafúrdio disso tudo é que, em novembro, além de já declarar que o
hospital, de caráter temporário, não tinha mais serventia, o secretário de
Saúde do município, o farmacêutico bioquímico George Antunes, condicionou o seu
fechamento ao Carnatal (g1 RN,
17/11/2021). Segundo Antunes,
especializado em administração hospitalar, gestão financeira e gestão pública, por ser um evento de grande porte, a micareta poderia
ou não surpreender com novos casos de covid-19 e que, portanto, era necessário
aguardar pelo menos 15 dias após o carnaval fora de época para que a decisão fosse
de fato tomada. É o fim da picada, como se diz, autorizar um evento de
proporções como o carnatal e condicionar o fechamento de um hospital a um eventual
aumento de casos de contaminação pelo vírus durante os dias de sua realização.
Arte: Lute
Isso
porque, além da irresponsabilidade de uma autorização como essa, se o acontecimento
turístico recebeu “milhares” de foliões, o que garante que a sua maioria,
turistas, não se infectou no local e em seguida retornou positivo para as suas
cidades de origem? Ou quer dizer que só não podia adoecer em Natal? Enfim, o
mais sensato seria ter cancelado o evento, a exemplo de 2020, e, mesmo assim,
manter o hospital funcionando, visto que, não custa sublinhar, ainda estamos
numa pandemia – a tiracolo, a nova variante, que, aliás, possui todos os pré-requisitos
para se esbaldar nas passarelas da vida. Daí, não deixa de ser prematura a
alegação de que o hospital já fez a sua parte. Daí entender a ira de uma cidadã, referindo-se as aglomerações na capital
do Rio Grande do Norte: “Natal está um cabaré!”.
Eu, particularmente, acredito que um cabaré seja mais
organizado, mas, enfim... O fato é que os eventos andam correndo solto por toda
parte, sem rédeas. E não somente na Cidade
do Sol – o que dirá no RN e em demais estrelas “naturais”! Ou anormais,
citando, a título de ilustração e por considerar pertinente, alguns exemplos no
universo dos desportos exatamente porque – uns mais, outros menos – os mesmos são
responsáveis por formações de aglomerações em plena pandemia. Na verdade, todos
entranhados na alienação vigente, muitos até fazendo pouco caso da crise de
saúde pública em que o mundo vive.
Bola fora
Em
2020, com a pandemia interferindo nos
negócios, a arrecadação dos principais clubes brasileiros de futebol foi de
mais de R$ 4.5 bilhões. O montante é considerável, mas apenas representou uma
redução de quase 25% em relação ao arrecadado em 2019. Daí, segundo os
entendidos no assunto, um valor irrisório, já que, mundo afora, o esporte
movimenta mais de US$ 300 bilhões (mais de R$ 1 trilhão) por ano – o futebol
brasileiro é responsável por menos de 2% desse total. E mesmo sendo um dos
maiores mercados do planeta, com 160 milhões de torcedores, o Brasil é um dos países
que menos gera receitas com o esporte. Quem diria?!
Então,
no dia 1°/04/2021, um decreto do governo do RN decretou que “os eventos
esportivos de futebol profissional, previstos em agenda de campeonatos
oficiais, poderiam ocorrer desde que observada a proibição de público nos
locais de treinamentos e partidas, bem como a realização de testes em todos os
participantes na véspera de cada disputa”. Sem tempo a perder, um dos jogos
previstos pela 18ª edição da Copa do Nordeste realizou-se num estádio de
futebol de Natal já dois dias após a autorização. Meses depois, foi a vez de um
novo decreto estadual liberar a presença de público em todas as atividades
esportivas realizadas a partir de 17 de setembro.
Arte: Renato Peters
Com
um público inicial vacinado e correspondendo a 30% da capacidade do local do
evento, esse percentual, daí em diante, só foi aumentando... Sem falar que outros jogos logo entraram em pauta,
aproveitando o embalo – em demais rincões do Brasil e no mundo a situação não era
diferente, variando apenas o período em que os jogos foram retomados. Exemplo
disso, as competições continentais realizadas em junho e julho deste ano, caso
da 47ª edição da Copa América, no país de
Pelé, quando a seleção brasileira, na condição de vice, pois perdeu para a
Argentina, assumiu a segunda colocação no ranking
da Federação Internacional de Futebol (Fifa), responsável pela atualização do
desempenho dos times nas mencionadas competições.
Sem
querer aprofundar-me no que tange à indústria do futebol, tema nada palatável, darei,
mesmo assim, a título de ilustração, um breve tempo à Copa América, cancelada em 2020 por causa da pandemia, mas acontecendo
em 2021... Ocorre que após a recusa da Colômbia e a da Argentina em sediarem o
principal torneio masculino do esporte entre
seleções da América do Sul por causa da pandemia, uma mirabolante articulação
da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) com o governo brasileiro para que a competição
fosse realizada de 13/06 a 10/07 no
Brasil terminou sendo explicitamente apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro –
nenhuma surpresa.
Arte: Renato
Machado
Isso porque, desonesto e inconsequente, o chefe do Executivo brasileiro
não seguiu o exemplo dos países vizinhos nem, muito menos, aprendeu com a lição
legada pelas autoridades brasileiras durante a gripe espanhola que, no caso, em
função da pandemia da época, que desencadeou uma grave crise sanitária em todo o território nacional,
recusou realizar no país o então Campeonato Sul-Americano, atualmente, Copa América, no
ano de 1918, adiando o evento para o ano seguinte, indiferente, inclusive, aos protestos
da recém-criada Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual CBF. Daí a
revolta de muita gente diante do anúncio de que a Copa América 2020 seria
realizada no Brasil em 2021 – anúncio esse que, óbvio, resultou num imbróglio político daqueles!
Reprodução
twitter publicado pela Conmebol, em 31 de maio de 2021
Além
de o evento no Brasil ser alvo de contundentes críticas, repudiando-o, e de
ações que pediam ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão da Copa América
no país pelos mesmos motivos alegados pela Colômbia e pela Argentina, que seria
a pandemia, os jogadores da seleção brasileira, os “donos da casa”,
organizaram-se e, em 09/06, de forma coordenada, publicaram um manifesto contra
a decisão em seus respectivos perfis nas redes sociais – posicionamento esse
que classificou o torneio de “inadequado” justo no país que é o segundo do
mundo com mais mortes pela covid-19, somando, à ocasião, meio milhão de óbitos.
Porém,
no dia seguinte, o STF findou autorizando o evento – nenhuma outra surpresa –,
que aconteceria em Brasília (DF), Cuiabá
(MT), Goiânia (GO) e Rio de Janeiro (RJ) – nesse ínterim, várias empresas desistiram de patrocinar a Copa
América, pois não queriam os seus nomes associados à imagem negativa do torneio
que, apesar das controvérsias, praticamente impôs a sua realização. Não
à toa, antes mesmo do jogo de estreia do torneio (13/06), previsto para o estádio
Mané Garrincha, em Brasília (DF), onde o Brasil enfrentaria a Venezuela, membros
da delegação venezuelana, entre eles dez jogadores, testaram positivo para a
covid-19, com atletas outros sendo convocados às pressas...
Arte: Thiago
Lucas
E
não parou por aí o descalabro ao qual o evento estava fadado, já que os dados
fornecidos pelo Ministério da Saúde (MS) sobre os casos de contaminação pelo
novo coronavírus durante as semanas do torneio em todas as suas cidades-sedes
eram controversos, confusos: ora eram 198 casos confirmados (01/07); ora 168
(06/07); ora 179 (12/07) e por aí ia. De qualquer modo, o que se sabe é que, entre
jogadores, demais integrantes das delegações, prestadores de serviços (motoristas,
funcionários de hotéis e pessoal dos estádios) e membros da Conmebol (arbitragem,
médicos e profissionais de logística), a média de casos de covid-19 detectados
foi, digamos assim, maior do que a média de gols.
À época, entrevistado
pela Folha de S. Paulo (08/07), referindo-se,
por exemplo, aos dados do dia 06 de julho, o
epidemiologista Jesem Orellana, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)/Amazônia, afirmou que 168 casos é um número
baixo, “considerando que já na primeira semana do torneio foram registrados mais
de 140”, ainda mais se considerarmos que o vírus espalha-se rapidamente. Para o
epidemiologista, pode ter havido
subnotificações, já que não foi feito o acompanhamento da situação de pessoas
que possam ter tido contato com outras envolvidas no torneio, reforçando que o
fato de pesquisadores não saberem de tais dados evidencia que se trata de um
problema de transparência na informação. Em sua opinião, à ocasião, pareceu-lhe
“uma omissão de dados proposital”.
O que também não seria surpresa alguma, já
que, apesar de ao longo do evento os jogos terem sido interditados ao público,
o mesmo não aconteceu na final entre o Brasil e a Argentina, quando, num gesto
de extrema arrogância, os portões do Maracanã foram escancarados para que,
mediante um teste RT-PCR negativo para o novo coronavírus, 5.000 torcedores vibrassem diante de 22 homens correndo
atrás de uma bola. Ocorre que, antes do início da final, a Conmebol divulgou em
suas redes sociais que detectou “testes adulterados”, mas esqueceu de dizer
que, na entrada do estádio, permitiu aglomerações de torcedores e ambulantes,
muitos sem máscaras, em longas filas com destino a um mesmo portão para a
retirada dos ingressos...
Arte:
Mario Alberto
Enfim,
outro exemplo ainda maior em sua retumbante alienação no cenário esportivo: em
29 de novembro, enquanto a variante ômicron já era notícia, pois fora reportada
a OMS no dia 26 do mesmo mês e alarmava a comunidade médica e científica
mundial, um “desalmado” locutor de rádio ousou falar num programa que a notícia
mais importante do dia era a vitória do Palmeiras sobre o Flamengo na final da
Copa Libertadores 2021, quando o time paulista e, detalhe, o mais rico do
Brasil, se tornou tricampeão do torneio, em jogo realizado na tarde do dia 27
num estádio de futebol de Montevidéu, no Uruguai... O detalhe é que, em nenhum
momento da sua empolgada narração, o locutor sequer mencionou o nome pandemia nem que, em meio a uma, caravanas saíram do Brasil para assistir à tal partida
no país vizinho, cuja rede hoteleira, aliás, alcançou a sua lotação
máxima semanas antes, e que o estádio uruguaio lotou, com 60 mil pessoas nas
arquibancadas, além dos convidados...
Bolha olímpica?
Como
demais torneios que, por causa da pandemia, não ocorreram em 2020, a 32ª edição
dos Jogos Olímpicos foi adiada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para
2021. Porém, apesar de o mundo ainda viver em estado pandêmico e ignorando que
quase 70% da população do Japão não era favorável à realização das competições
em Tóquio, o evento terminou acontecendo em solo japonês de 23/07 a 08/08 – o
mesmo valeu para os Jogos Paralímpicos, realizados na capital japonesa de 24/08
a 5/09. Desse modo, fazendo jus a uma das características mais marcantes da
cultura japonesa, ou seja, o minimalismo, a abertura, as competições e o
encerramento das Olimpíadas deram-se sem a presença de público. Por sua vez, as
equipes organizadoras, comissões técnicas, os atletas, funcionários e jornalistas
presentes nas arenas e nas instalações do evento, foram submetidos a rígidas
medidas de segurança para evitar a propagação do novo coronavírus, como
testagens constantes, restrições de deslocamentos pela cidade, necessidade de
distanciamento social e a utilização obrigatória de máscaras – no caso desta
última medida, os atletas foram exceções nos treinos e nas provas.
Já
o nome oficial dos Jogos Olímpicos realizados em 2021, permaneceu Tóquio 2020, pois representou o fim do
ciclo olímpico, que dura quatro anos, no caso, subsequente a Rio 2016 – sem falar o óbvio, claro, isto
é, a inviabilidade de ser lançada uma marca diferente da então licenciada para
a comercialização de produtos e afins relacionada à essa edição do evento...
Ocorre que, desde o início da pandemia, Tóquio estava em seu quarto estado de
emergência quando da realização das Olimpíadas e, durante o evento, registrou
um aumento de novos casos de contaminação – os números foram maiores do que quando
atletas e delegações começaram a chegar, em 1° de julho. Para a imprensa
japonesa, o aumento dos casos de covid-19 no país foi causado pelo evento, mas,
para o porta-voz do COI, Mark Adams, o fato “fora da bolha” sanitária não foi
desencadeado pelos jogos (BBC News Brasil,
30/07/2021). Controvérsias à parte, o fato é que houve um recorde de novos
casos da doença no Japão em plena realização dos Jogos Olímpicos em Tóquio, coroados,
aliás, com uma aglomeração diante da Torre Eiffel, em Paris, quando a capital
japonesa passou o bastão para a capital francesa.
Arte: Duke
Com
o “espírito” olímpico do novo coronavírus e contrastando com a discrição do
encerramento do evento em Tóquio, o recebimento pela França do bastão para as
próximas Olimpíadas protagonizou aquele que seria o único momento de
aglomeração durante a mais recente edição do torneio: enquanto a prefeita de
Paris, Anne Hidalgo, recebia a bandeira olímpica na cerimônia final, em Tóquio,
uma multidão – muitos sem máscaras – pareceu ignorar a pandemia, apesar da
exigência do certificado de vacinação ou de um teste negativo para a covid-19 a
fim de que fosse permitido o acesso à área reservada ao público para presenciar
o acontecimento diante de um dos ícones franceses, que é a Torre Eiffel. Enfim,
entre os preparativos para a edição Paris
2024 dos Jogos Olímpicos, está a preocupação com o meio ambiente e o
retorno do público ao evento, que, é esperado, seja marcado pela união e, se
houver aglomerações, tudo indica que sim, que elas sejam saudáveis, pois, até
lá, o mundo provavelmente já estará liberto do julgo da pandemia, favorecendo,
assim, 100 anos após ter sediado a sua terceira Olimpíadas, a possibilidade de
que a Cidade Luz possa brilhar sem
medo.
Arte: Gilmar de
Oliveira Fraga
Ou
melhor, que, em breve, o mundo possa resplandecer sem medo, apesar das perdas e
dos danos nunca irreparáveis causados pelo novo coronavírus...
Um breve histórico
Uma evolução genética do coronavírus, que começou na China
e causou o surto de SARS-CoV (abreviação em inglês para síndrome respiratória
aguda grave), infectando mais de 8.000 pessoas e provocando 775 mortes em todo
o mundo em 2003, o novo coronavírus foi identificado igualmente na China, em
Wuhan, capital da província de Hubei – epicentro da infecção –, em 31/12/2019,
dia em que a OMS emitiu o primeiro alerta da doença. No dia 09/01/2020, foi
divulgada a morte de um chinês, a primeira causada pelo novo patógeno que, em
11 de fevereiro, seria “batizado” de SARS-CoV-2 pelo Comitê Internacional de
Taxonomia Viral (ICTV), dia em que a OMS nomeou a doença respiratória aguda provocada
pela infecção do novo coronavírus de covid-19 – em 30 de janeiro, em
decorrência da rápida disseminação do vírus, a organização já declarara emergência de
saúde pública de interesse internacional. No Brasil, a Lei Federal de nº
13.979, de 06 de fevereiro, estabeleceu a quarentena como forma de
enfrentamento à disseminação do novo coronavírus no país, e no dia 26 do mesmo mês,
é confirmado o primeiro caso de contaminação no país, com o primeiro óbito pela
covid-19 sendo registrado em 12/03/2020 – um dia, antes, contudo, uma
declaração da OMS...
Arte:
Cazo
Sim, em 11/03/2020, o anúncio oficial de que o planeta
vivia uma pandemia, com as autoridades mundiais sendo alertadas para adotarem
uma quarentena global, incluindo demais medidas sanitárias. O tempo passou e,
em 17/11/2021, pouco mais de 21 meses após a primeira morte pela covid-19 no
Brasil, o Senado Federal aprovou em votação simbólica um projeto que instituiu
o 12 de março como o Dia Nacional em
Homenagem às Vítimas da Covid-19 – impressão minha ou, ao invés de
‘homenagem’, o texto do referido projeto deveria constar ‘em memória’, já que,
diante do fato em si, uma tragédia, seria mais pertinente?
Arte Quinho
Uma tragédia da qual, em todos os sentidos, não podemos
nem devemos nos permitir esquecer, muito menos que o mundo ainda continua equilibrando-se
igual malabarista numa corda para lá de bamba, entranhado que está nas malhas
de uma sombria pandemia, com quem sobrevivendo ganhando uma espécie de bilhete
premiado da loteria...
Links consultados:
Covid-19/novo
coronavírus – Portal da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
https://portal.fiocruz.br/Covid19
Prefeitura
Municipal de Natal (atualizado diariamente):
https://coronavirus.natal.rn.gov.br/
Mortes
e casos de coronavírus nos municípios brasileiros – g1 (atualizado diariamente):
https://especiais.g1.globo.com/bemestar/coronavirus/2021/mapa-cidades-brasil-mortes-covid/
Mortes
e casos de coronavírus nos estados – g1
(atualizado diariamente):
https://especiais.g1.globo.com/bemestar/coronavirus/estados-brasil-mortes-casos-media-movel/
Centro
de Ciência e Engenharia de Sistemas (CSSE) da Universidade Johns Hopkins (JHU),
Baltimore, Estados Unidos (atualizado diariamente):
https://coronavirus.jhu.edu/map.html
Brasil
registra 27 mortes por Covid-19 em 24 horas; média móvel cai para 92 – g1 (26/12/2021):
Vacinação
contra a covid: mais de 142,5 milhões estão totalmente imunizados; 18 estados e
o DF não divulgaram os seus dados – g1
(26/12/2021):
Variante
ômicron é detectada em 110 países – Agência
Brasil/RTP, Genebra (24/12/2021):
Variante
ômicron: veja quais países já têm casos da nova linhagem da covid-19, por Lucas
Rocha, Giulia Alecrim, Emylly Alves e João de Mari – CNN Brasil, São Paulo (27/11/2021 – atualizado em 23/12):
Após
13 dias fora do ar, ConecteSUS volta a funcionar, diz Ministério da Saúde, por
Tiago Tortella – CNN Brasil
(23/12/2021):
Brasil
registra 95 mortes por Covid-19 em 24 horas, média móvel cai para 100 com
apagão de dados – g1 (23/12/2021):
Brasil
tem 62,29% da população com vacinação completa contra covid – Exame/Estadão (20/12/2021):
https://exame.com/brasil/brasil-tem-6629-da-populacao-com-vacinacao-completa-contra-covid/
Bolsonaro:
“Vacina em crianças só com autorização dos pais” – Poder 360 (19/12/2021):
https://www.poder360.com.br/governo/bolsonaro-vacina-em-criancas-so-com-autorizacao-dos-pais/
Prefeitura anuncia fechamento do Hospital de
Campanha de Natal após Justiça determinar devolução do prédio – g1 (18/12/2021):
Passaporte
da vacina: STF dá surra em Bolsonaro e aprova obrigatoriedade, por Vicente
Vilardaga – Istoé (17/12/2021):
Ômicron
se propaga a ritmo inédito, diz OMS, por Tiago Pereira – Rede Brasil Atual (14/12/2021):
Fiocruz
lança nova cartilha para as festividades de fim de ano, por Pamela Lang – Agência Fiocruz de Notícias
(13/12/2021):
https://agencia.fiocruz.br/fiocruz-lanca-nova-cartilha-para-festividades-de-fim-de-ano
Ômicron pode levar a nova onda de
infecções mesmo em vacinados, diz estudo – Poder 360 (13/12/2021):
Como
evitar os riscos da covid-19 nas festas de fim de ano, por Gabriel Valery – Rede Brasil Atual (12/12/2021):
https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2021/12/festas-fim-ano-covid/
Edição
de 30 anos do Carnatal chega ao último dia de festa; veja programação – Tribuna do Norte (12/12/2021):
Carnatal
começa nesta quinta-feira (09), na Arena das Dunas – Tribuna do Norte (09/12/2021):
Após
ataque, Saúde diz que não tem previsão de retorno do sistema, por Anna Gabriela
Costa – CNN Brasil (10/12/2021):
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/apos-ataque-saude-diz-que-nao-tem-previsao-de-retorno-do-sistema/
‘Melhor
perder a vida do que a liberdade”, diz Marcelo Queiroga – Istoé Dinheiro/Ansa
(08/12/201):
https://istoe.com.br/melhor-perder-a-vida-do-que-a-liberdade-diz-marcelo-queiroga/
Queiroga:
‘Como diz o presidente, é melhor perder a vida do que a liberdade’ – UOL, em São Paulo (07/12/2021):
“Às
vezes é melhor perder a vida do que a liberdade”, diz Queiroga – Henrique
Rodrigues – Revista Forum
(07/12/2021):
https://revistaforum.com.br/politica/as-vezes-melhor-perder-vida-que-a-liberdade-queiroga/
OMS
alerta países sobre Ômicron: ‘preparem-se para aumento de casos’ – Exame/Estadão (04/12/2021):
https://exame.com/mundo/oms-alerta-paises-sobre-omicron-preparem-se-para-aumento-de-casos/
Com
ômicron e quarta onda avançando no mundo, Brasil passa de 615 mil mortes –
Portal digital da CUT/Rede TVT/Rede
Brasil Atual (03/12/2021):
Brasil
alcança maior taxa de crianças e jovens fora da escola – Portal do Sindicato
dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (SIEEESP), em 03/12/2021:
Da
alfa à ômicron: como variantes do coronavírus se impuseram ou ficaram pelo
caminho, por Pablo Linde – El País
(02/12/2021):
Confirmado
terceiro caso de brasileiro contaminado pela Ômicron, por Dayana Vitor – Rádio Repórter Nacional, Brasília (01/12/2021):
Ômicron:
o que se sabe sobre os cinco casos confirmados no Brasil, por André Biernath – BBC News Brasil, São Paulo (01/12/2021):
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59497622
Covid-19:
Boletim destaca relevância de cuidados no final do ano, por Regina Castro – Agência Fiocruz de Notícias
(29/11/2021):
https://portal.fiocruz.br/noticia/covid-19-boletim-destaca-relevancia-de-cuidados-no-final-de-ano
Enem
2021 tem o menor número de participantes desde 2004 – Folha de S. Paulo (28/11/2021):
OMS
declara a B.1.1.529 como ‘variante de preocupação’ e da nome o nome de
‘ômicron’ – g1 (26/11/2021):
O
que se sabe sobre a nova variante ômicron do coronavírus – Terra/ Deutsche Welle (26/11/2021):
Ômicron:
o que se sabe sobre a nova variante do coronavírus detectada na África do Sul,
por James Gallagher – BBC News Brasil
(25/11/2021):
https://www.bbc.com/portuguese/geral-59425728
Covid-19:
Descoberta variante com o dobro das mutações da Delta – Ao Minuto Brasil/Lifestyle (25/11/2021):
Scientists
warn of new Covid variant with high number of mutations /Cientistas alertam
sobre nova variante de Covid com alto número de mutações, por Ian Sample – The Guardian (24/11/2021):
Mundo
está entrando em quarta onda de Covid-19, diz diretora da OMS, por Ítalo Lo Re,
do Estadão – CNN Brasil (23/11/2021):
5ª
onda de Covid na França começou “na velocidade da luz”, diz governo, Filipe
Prado – Istoé Dinheiro (22/11/2021):
Diretora
da OMS diz que mundo está entrando em quarta onda de covid-19, por Jonas
Valente – Agência Brasil, Brasília
(22/11/2021):
Festa
da padroeira se encerra hoje – Tribuna do
Norte (21/11/2021):
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/festa-da-padroeira-se-encerra-hoje/525824
Fiéis
celebram dia de Nossa Senhora da Apresentação, padroeira de Natal; veja fotos –
g1 RN (21/11/2021):
Festa
da padroeira de Natal tem celebrações neste domingo (21); veja programação – g1 RN (19/11/2021):
Brasil
chega a 22 milhões de casos de Covid registrados; média móvel de mortos é a
menor desde abril de 2020 – g1 (19/11/2021):
Portal do Laboratório de Inovação
Tecnológica em Saúde (LAIS) coronavírus RN (18/11/2021):
https://covid19.saude.rn.gov.br/
Hospital
de Campanha pode ser fechado após carnatal – Tribuna do Norte (18/11/2021):
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/hospital-de-campanha-pode-ser-fechado-apa-s-carnatal/525608
Natal
autoriza retorno de 100% de alunos em escolas e universidades – Tribuna do Norte (18/11/2021):
Com
novo formato, Arena das Dunas 360 recebe Bruno & Marrone, Taty Girl e
Dorgival Dantas no sábado (20) – Tribuna
do Norte (18/11/2021):
Eventos
de massa devem seguir protocolos sanitários – Portal covid-19 – Estado do Rio
Grande do Norte (18/11/2021):
https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/noticias/eventos-de-massa-devem-seguir-protocolos-sanitarios/
Hospital
de Campanha deve ser fechado após o Carnatal, diz secretário de Saúde de Natal
– g1 RN (17/11/2021):
Primeiro
caso de covid-19 no mundo completa dois anos – Exame (17/11/2021):
https://exame.com/ciencia/primeiro-caso-de-covid-19-no-mundo-completa-dois-anos/
Senado
prova dia de homenagem às vítimas de covid-19 – Agência Senado (17/11/2021):
Senado
aprova dia nacional em homenagem às vítimas da covid-19 – Tribuna do Norte/Agência Brasil (17/11/2021):
Solenidade
de abertura oficializa início da festa do boi em Parnamirim – Tribuna do Norte (13-15/11/2021):
Rio
Grande do Norte ultrapassa 70% de imunizados, por Felipe Salustino – Tribuna do Norte (09-10/11/2021):
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/rio-grande-do-norte-ultrapassa-70-de-imunizados/525002
UTIs
do Rio Grande do Norte voltam a ter 50% de ocupação, por Bruno Vital – Tribuna do Norte (04/11/2021):
Tragédia
mundial: mortes por covid-19 ultrapassam a barreiras dos 5 milhões – Correio Braziliense (02/11/2021):
Cinco
milhões de mortes por covid, marca simbólica que ainda provoca muitas perguntas
– SWI swissinfo.ch/AFP (01/11/2021):
Covid:
Casos aumentam em outubro, mas RN registra menor número de morte desde abril de
2020 – Inter TV Cabugi/g1 Rio Grande do Norte
(01/11/2021):
Auxílio
emergencial chega ao fim e deixa 22 milhões sem benefício, por Filipe Prado – Istoé Dinheiro (31/10/2021):
https://www.istoedinheiro.com.br/auxilio-emergencial-chega-ao-fim-e-deixa-22-milhoes-sem-beneficio/
Pandemia
de Covid-19 vai acabar “quando o mundo decidir acabar com ela”, diz diretor da
OMS – RFI/AFP (24/10/2021):
Festa
do Boi prevê R$ 50 milhões de negócios na retomada de forma presencial – g1 RN (21/10/2021):
‘Passaportes’
da vacina falsos são vendidos em grupos anti-vacina de aplicativos – O Dia (14/10/2021):
Aulas
presenciais retornam com 100% dos alunos no Rio Grande do Norte – Tribuna do Norte (04-05/10/2021):
Futebol
mundial movimenta mais de US$ 300 bilhões, mas Brasil representa menos de 2%
desse total, por Flavio Souza – Torcedores.com
(01/10/2021):
https://www.torcedores.com/noticias/2021/10/futebol-brasileiro-receitas-mundo
Decretos
do Governo do RN no enfrentamento ao coronavírus – Assecom/RN, Portal do
Governo do RN (01/10/2021):
http://rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=227627&ACT=&PAGE=&PARM=&LBL=Reportagens
Governo
do RN libera eventos de massa, mas exige passaporte da vacina – g1 RN (17/09/2021):
Fiocruz
conclui estudo que mostra eficácia de vacinas contra covid, por Victor Ribeiro
– Agência Brasil/Rádio Nacional de
Brasília (17/09/2021):
Governo
do RN libera eventos de massa, mas exige passaporte da vacina – g1 RN (17/09/2021):
Governo
do RN libera presença de torcedores nos estádios a partir desta sexta-feira
(17), mas somente vacinados – g1 RN
(16/09/2021):
Com
turbulências, Copa América fecha com prejuízo de R$ 78 milhões, por Rodrigo
Mattos – UOL (17/08/2021):
Paris
2024 assume o bastão: o que esperar dos próximos Jogos Olímpicos de Verão – por
Xiaofei Xu – CNN Brasil (09/08/2021):
Olimpíada
de Tóquio 2021: recorde de casos de covid liga alerta, mas tem ligação com
Jogos?, por Lourdes Heredia, do Serviço Mundial da BBC em Tóquio e colaboração de Eddy Duan (30/07/2021):
https://www.bbc.com/portuguese/geral-58025512
Entre
o vírus e o vazio, o esporte – El País
(23/07/2021):
https://brasil.elpais.com/opiniao/2021-07-23/entre-o-virus-e-o-vazio-o-esporte.html
Brasil
cai perante a Argentina no Maracanã, que quebra jejum de títulos e vence a Copa
América 2021, por Diego Mancera e Diogo Magri – El País (11/07/2021):
Copa América falha em transparência sobre casos de Covid,
afirmam pesquisadores, por João Gabriel – Yahoo
Esportes/Folhapress (08/07/2021):
Com
quatro vezes mais casos de covid-19 do que gols, Copa América abre quartas de
final amanhã – Rede Brasil Atual
(01/07/2021):
STF
autoriza Copa América no Brasil – DW
(11/06/2021):
Jogadores
da seleção publicam manifesto contra Copa América no Brasil, por Nathalia
Fonseca – CNN Brasil, São Paulo
(09/06/2021):
Hospital
de Campanha de Natal completa um ano e registra mais de 1.600 altas – portal da
Prefeitura Municipal de Natal (03/05/2021):
https://www.natal.rn.gov.br/news/post/34471
Fim
da pandemia pode ser só em 2023, diz diretor de pesquisas do Butantan, por
Guilherme Waltenberg e Valquíria Homero – Poder
360 (22/04/2021):
Pensar
no Brasil é largar os corrimões, por Monica de Bolle – El País (19/04/2021):
https://brasil.elpais.com/opiniao/2021-04-19/pensar-o-brasil-e-largar-os-corrimoes.html
MP
pede voltas das aulas presenciais ‘de forma híbrida, gradual, segura e
facultativa’ na rede pública e privada do RN – g1 RN (06/04/2021):
A
roleta russa da covid no Brasil, por João Gado F. Costa, Francisco J. Ricci,
Amanda Gorziza e Renata Buono – Revista Piauí/Folha
(05/04/2021):
https://piaui.folha.uol.com.br/roleta-russa-da-covid-no-brasil/
O
que diz a decisão de Nunes Marques que liberou missas e cultos religiosos na
pandemia – BBC News Brasil
(03/04/2021):
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56628488
Governo
autoriza realização de jogos de futebol profissional no RN – Redação do ge (01/04/2021):
Enem
2020: resultados edição impressa, digital e PPL – Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) – Brasília, Distrito Federal
(29/03/2021):
https://download.inep.gov.br/enem/resultados/2020/apresentacao_resultados_finais.pdf
Economia
e saúde jamais foram inseparáveis, por Monica de Bolle, El País (22/03/2021):
https://brasil.elpais.com/brasil/2021-03-22/economia-e-saude-jamais-foram-separaveis.html?rel=mas
O
bate-boca entre Armínio Fraga e Monica de Bolle sobre o auxílio emergencial – Veja (25/02/2021):
Projeto define atividades religiosas como serviços
essenciais em período de calamidade – Agência
Câmara de Notícias (10/02/2021):
Novas
variantes virais: por que o mundo deve se preparar para as pandemias crônicas,
por Monica de Bolle – Peterson Institute for International Economics
(22/02/2021):
Mutação,
variante, cepa e linhagem: entenda o que significam os termos ligados à evolução
do coronavírus, por Mariana Garcia e Lara Pinheiro – g1 (29/01/2021):
Pandemia e desrespeito à vida: “O povo está sendo matado
por falta de conhecimento” – Jornalistas Livres (05/01/2021):
O
lado oculto de uma pandemia: a terceira onda da covid-19 ou o paciente
invisível, por Eugênio Vilaça Mendes (2020):
https://www.conass.org.br/wp-content/uploads/2020/12/Terceira-Onda.pdf
Festa
da padroeira de Natal encerra celebrações neste sábado (21); veja programação –
g1 RN (20/11/2020):
Arquidiocese
divulga programação da festa da padroeira de Natal – Tribuna do Norte (08-09/10/2020):
Congresso
derruba veto de Bolsonaro ao uso obrigatório de máscaras em lojas e escolas – Agência Câmara de Notícias – (19-20/08/2020):
Lupa
na ciência: novo estudo indica potencial de assintomáticos para transmitir
covid-19, por Jaqueline Sordi – Folha de
S. Paulo/Revista Piauí (12/08/2020):
https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2020/08/12/lupa-na-ciencia-assintomaticos-coreia/
Ministro
do STF determina que prazo entre as fases de retomada das aulas presenciais no
RN volte a ser de 28 dias – g1 RN
(03/08/2021):
Bolsonaro sofre nova queixa no Tribunal
Penal Internacional: e agora? – BBC News
Brasil
(28/07/2020):
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53574157
Bolsonaro
veta uso obrigatório de máscara no comércio, em escolas e em igrejas – Agência Senado (03/07-21/10/2020):
Lei
que obriga o uso de máscaras em todo o País é sancionada com 17 vetos – Portal
Câmara dos Deputados – Agência Câmara de
Notícias (03/07/2020):
Primeira
morte por coronavírus no Brasil aconteceu em 12 de março, diz Ministério da
Saúde – g1 (27/06/2020):
“Fadiga
da quarentena” leva até os defensores do isolamento a se arriscarem contra as
regras, por
Joana Oliveira – El País (24/06/2020):
Saiba
como cada estado está retomando as atividades econômicas no país, por Jonas
Valente, Ludmilla Souza e Mariana Tokarnia – Repórteres da Agência Brasil, Brasília (22/06/2020):
Pessoas
sem sintomas infectam por 8 dias, aponta estudo em Wuhan, por Cecília do Lago –
CNN Brasil (27/05/2020):
Comparison
of clinical features of patients with asymptomatic vs symptomatic coronavirus
disease 2019 in Wuhan, China, por Zhu N, Zhang D,
Wang W, et al – Rede Jama
(27/05/2020):
Semelhanças
entre a Gripe Espanhola e o Coronavírus no Brasil – Jornal Atibaia Hoje (26/04/2020):
https://www.atibaiahoje.com.br/saude/semelhancas-entre-a-gripe-espanhola-e-o-coronavirus-no-brasil
Quarentena,
isolamento e pragas (epidemias e pandemias[1]), por
Gisele Leite – Jornal Jurid (24/04/2020):
Bolsonaro
nega genocídio e justifica ignorar OMS: ‘diretor não é médico’ – UOL, São Paulo(23/04/2020):
Aras
diz que campanha “O Brasil Não Pode Parar” não foi confirmada e arquiva
processo contra o governo – Estado de
Minas/Estadão (14/04/2020):
Economistas
divergem sobre uso de coronavoucher e ou renda básica emergencial, por Nivaldo
Carboni – Poder 360 (10/04/2020):
RN
tem sexta maior incidência de casos do país, diz Ministério da Saúde, por
Rafael Barbosa e Leonardo Erys – g1 RN
(06/04/2020):
Monica de Bolle: “Hoje,
dane-se o Estado mínimo, é preciso gastar e errar pelo lado do excesso”, por
Heloísa Mendonça – El País (1˚/04/2020):
Em liminar, ministro Barroso proíbe campanha “O
Brasil não pode parar”, por Danilo Vital – Consultor
Jurídico (31/03/2020):
https://www.conjur.com.br/2020-mar-31/liminar-barroso-proibe-campanha-brasil-nao-parar
Secretaria de Saúde confirma primeira morte por
coronavírus no Rio Grande do Norte – g1
RN (29/03/2020):
Atividade religiosa é
serviço essencial? Mateus, 6, 5-8, diz que não!, por Lenio
Luiz Streck – Consultor Jurídico (28/03/2020):
https://www.conjur.com.br/2020-mar-28/streck-atividade-religiosa-servico-essencial-mateus-nao
Justica proíbe campanha
“O Brasil não pode parar”, por Renato Rogenski – Meio & Mensagem (28/03/2020):
“Um país em colapso por
causa de uma epidemia sem controle é mais difícil de reconstruir”, por
Kennedy Alencar – CBN (28/03/2020): https://cbn.globoradio.globo.com/default.htm?url=%2Fmedia%2Faudio%2F296375%2Fum-pais-em-colapso-por-causa-de-uma-epidemia-sem-c.htm
Governo
lança campanha “Brasil Não Pode Parar” contra medidas de isolamento – CNN Brasil (27/03/2020):
Bolsonaro
inclui atividades religiosas em lista de serviços essenciais, por André
Siqueira – Veja (23/03/2020):
RN
tem primeiro caso confirmado do novo coronavírus, diz Secretaria Estadual de
Saúde – g1 RN (12/03/2020):
Gripe espanhola: 100
anos da mãe das pandemias, por Natalia Pasternack Taschner – Veja
(atualizado: 11/03/2020 – publicado: 24/04/2018):
https://saude.abril.com.br/blog/cientistas-explicam/gripe-espanhola-100-anos-da-mae-das-pandemias/
Lei nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020 – Diário Oficial da União, edição 27,
Seção 1, página 1, 07/02/2020:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.979-de-6-de-fevereiro-de-2020-242078735
Coronavírus: o que
significa a OMS declarar emergência global de saúde pública – BBC News Brasil (30/01/2020):
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51198297
Cronologia da expansão
do novo coronavírus descoberto na China – g1 (22/01/2020):
Revisitando a espanhola: a gripe pandêmica de 1918 no Rio de Janeiro, por Adriana da Costa Goulart – Dossiê Gripe Espanhola no Brasil • •
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/Wkqm45R4ptVzTqSpKxJhfRh/?lang=pt
Gripe espanhola, por
Daniel Neves Silva – História do Mundo:
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/gripe-espanhola.htm
L’influenza
Hespagneule, por Commendadeur Ici je t’espère – Careta n° 537, p. 15 e 27 (05/10/1918):
http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=083712&pagfis=20566
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