quinta-feira, 18 de abril de 2013

KU, KLUX, KLAN À BRASILEIRA

“A legislação atual é uma peça para inglês ver, sueco colocar em prática e brasileiro ignorar...”.

Madson Mira
Jornalista brasileiro, que proferiu a referida frase numa reportagem sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas, por ser a mesma tão inteligente, creio que ela vale para demais contextos. 


Diante das aberrações que, nos últimos tempos, têm assolado o Brasil, lembrei-me da frase que fiz de epígrafe para esta postagem – não achei nada mais oportuno. Vejamos... A onda evangélica que assola o país não está no gibi! Qualquer um, hoje, basta ter certa eloquência e dá na telha que se torna pastor – daí é um passo para se candidatar sabe-se lá para qual cargo eletivo. O fato é que, como se já não bastasse a ingerência da Igreja católica nos rumos do país, os evangélicos também estão indo pelo mesmo caminho, com o agravante de que, debaixo do braço, carregam, além da Bíblia, uma bagagem recheada do que há de mais indigesto numa cultura religiosa – pior, pois essa mesma cultura é forjada apenas com o intuito de influenciar e, perniciosamente, manipular a fé alheia em benefício das suas motivações pessoais e financeiras (sem querer discriminar, mas apenas constatando um fato, os evangélicos têm uma capacidade incrível de se reproduzir em série, tipo pardal, ou seja, feito praga que, aliás, só nidificam em habitações humanas e, pelo visto, não tem, infelizmente, nada que possamos fazer para combater a sua proliferação danosa. E em todos os sentidos!).




O mais grave é que essa parcela do eleitorado está crescendo. Isso sem falar que a população brasileira anda mais sem Norte do que bússola de marinheiro e mais perdida do que cego em tiroteio...




O pastor Silas Malafaia, por exemplo, é tão surtado que alardeia aos 4 cantos um sem fim de aberrações. Achando-se, com o ego mais inflado do que um balão, ele chegou ao cúmulo do absurdo e no auge da arrogância quando, numa recente entrevista com a jornalista brasileira Marília Gabriela, chegou mesmo a acreditar que seria capaz de convencer a experiente entrevistadora da pertinência das suas ideias neonazistas – infeliz do pastor, que, de há muito, já perdeu o senso do ridículo e o sentido das realidades...



O pastor Marco Feliciano, por sua vez, que, deputado federal (PSC-SP), contraria, inclusive, a gravidade – todas! –, limita-se a endossar as posturas escatológicas do seu companheiro de fé e continua a propalar as suas sandices. Pior! Ele não arreda pé, mas não arreda mesmo, da presidência da Comissão de Direitos Humanos e das Minorias da Câmara dos Deputados, quando, por uma questão de decoro – todos! –, deveria já ter renunciado, persona non grata que é em diversos segmentos da sociedade brasileira...



A coisa anda tão preocupante que, outro dia, ao ser divulgado na imprensa que Suzane Richthofen, aquela que, no dia 31 de outubro de 2002, foi coautora do assassinato dos seus pais a paulada – um crime bárbaro –, havia se convertido no presídio, tornado-se evangélica e virado pastora, os internautas, indignados, reagiram. À ocasião, ainda não se sabendo se a informação era boato ou não, muitos divulgaram nas redes sociais que a jovem havia sido compulsoriamente filiada ao partido de Feliciano e que iria assumir a presidência da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados – mais uma das controversas comissões permanentes da instituição. Felizmente, a informação foi realmente um boato. Afinal, pense numa psicopata de carteirinha assumindo tal responsabilidade! De fato, seria o fim dos tempos...



Ocorre que, por mais que haja negação nesse sentido, ou seja, a da indicação da pastora Suzane Richthofen para a presidência da referida comissão, os dois outros pastores acima mencionados também são psicopatas, embora, provavelmente, ainda não diagnosticados. Só que deveriam, e urgentemente, porque, além de praticarem a intolerância religiosa, entre outras posturas insanas, eles não passam de vermes medievais...



Completando, portanto, a série dos horrores, a Câmara dos Deputados está a um passo de aprovar a proposta que põe por terra a laicidade do Estado brasileiro, acintosamente desrespeitando a sua Constituição, permitindo, assim, que cultos de todos os matizes possam a 3x4, sem controle algum, aleatoriamente e apenas visando satisfazer os seus interesses nada escusos, interferir na legislação brasileira, acabando, sem dó nem piedade, com os últimos respingos de democracia no país.



Sei não, mas a impressão que eu tenho é a de que o Brasil está desandando, e vertiginosamente, cada vez mais caminhando em direção ao precipício, com muitos dos seus parlamentares e congêneres insistirem na prática de uma política para lá de excludente, a exemplo da ultraconservadora Ku, Klux, Klan (KKK), que, aliás, nem o mais fétido dos esgotos consegue digeri-los, visto representarem o que há de mais degradante na espécie humana. O mais constrangedor, contudo, é que, infelizmente, quem elege os tiranos termina sendo o próprio povo, já que, no frigir dos ovos, apesar da boa fé, parece não saber distinguir o joio do trigo...



O sujo falando do mal lavado...



Abaixo, a transcrição, na íntegra, de uma reportagem publicada pelo G1 nesta quarta-feira, 17 de abril – tudo muito surreal, diga-se de passagem.
(NBC)

Deputados anunciam saída da Comissão de Direitos Humanos

Cinco parlamentares de oposição a Marco Feliciano renunciam às vagas.
Deputados querem que demais parlamentares deixem comissão.


Cinco deputados anunciaram nesta quarta-feira (17) que irão renunciar às suas vagas da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Erika Kokay (PT-DF), Jean Wyllys (PSOL-RJ), Domingos Dutra (PT-MA), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Luiza Erundina (PSB-SP) deixarão o colegiado porque são contrários à presidência do deputado Marco Feliciano (PSC-SP).

A presença do deputado Marco Feliciano na presidência da comissão é contestada devido a posições que ele assumiu publicamente e foram consideradas racistas e homofóbicas por grupos de ativistas sociais. No Supremo Tribunal Federal (STF), Feliciano responde por discriminação e estelionato.

Os cinco parlamentares já haviam diminuído a frequência de participação nas sessões desde que Feliciano foi eleito presidente do colegiado, em março. Os parlamentares também anunciaram que vão pedir a todos os deputados que compõem a comissão para saírem do colegiado e retirar de discussão da comissão todos os projetos idealizados pela frente parlamentar de direitos humanos e minorias.

"Nós vamos retirar todos os nossos projetos da Comissão de Direitos Humanos porque eles serão adulterados e pisoteados pelo o que esta acontecendo hoje na CDH. Naquela comissão eles não vão poder ser respeitados pelo seus propósitos", afirmou Kokay.

Para a deputada petista, a retirada dos partidos vai fortalecer a frente dos direitos humanos e reforçar o movimento contrário à liderança do deputado Marco Feliciano na comissão.

"Nós não vamos entregar o ouro, nós vamos reafirmar, nós estamos reafirmando o nosso repúdio ao deputado Marco Feliciano e contra a comissão hoje - uma comissão racista, machista e sexista que não luta pelos direitos humanos", disse a deputada.

A Comissão de Direitos Humanos possui 18 titulares e 18 suplentes. O quórum mínimo é de dez parlamentares e são necessários nove deputados para se abrir uma sessão. Os suplentes dos deputados que deixaram os cargos não devem assumir as vagas porque atuam em outras comissões e não podem assumir mais de uma.

O deputado Jean Wyllys afirmou que a saída dos parlamentares da comissão não vai impedir que projetos do grupo sigam em andamento. De acordo com o deputado, a frente de direitos humanos poder fazer parte de outras comissões como a Comissão de Constituição e Justica da Câmara.

"Há muito trabalho e temos muito local para tocar o nosso trabalho. O que não podemos permitir e que a frente sirva de palanque para declarações fundamentalistas do deputado Marco Feliciano", afirmou Jean.

Os parlamentares pretendem conversar ainda nesta quarta-feira (17) com todos os partidos que compõe a Comissão - PDT, PPS, PDT, PSB, PRB, PV, PSC e PMN - para retirarem suas legendas da comissão para reforçar um "esvaziamento".

Para a deputada Erika, a "comissão já se esvaziou e perdeu credibilidade. A retirada dos partidos vai reafirmar isso", disse.

Os deputados anunciaram que pretender se reunir com o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ainda nesta quarta para tratar do assunto e pedir apoio junto aos partidos.

Feliciano

Indagado sobre a saída dos cinco parlamentares da comissão, Feliciano, em um primeiro momento, disse que não estava “nem sabendo” sobre a decisão dos colegas de Legislativo. Depois, questionado sobre se a iniciativa poderia prejudicar os trabalhos do colegiado, o deputado do PSC foi enfático: “De maneira alguma. O quórum está feito e temos condições de trabalhar”, disse.

Feliciano também comentou a ameaça dos cinco deputados que estão deixando a comissão de pedir a retirada de seus projetos do colegiado. “Tem de verificar no regimento, mas acredito que, uma vez tendo sido mandado para cá, tem de ser votado por essa comissão”, ressaltou o deputado paulista.

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Uma observação: Sinto que é imperativo que eu me explique, ou seja: no dia 11 de agosto de 2012, publiquei uma postagem, intitulada Dia de Feira... : http://abagagemdonavegante.blogspot.com.br/2012/08/dia-de-feira.html


Bom! “É pertinente dizer que quando o teólogo e monge agostiniano alemão Martinho Lutero (1483 - 1546) decidiu iniciar o movimento que ficou conhecido como a Reforma Luterana, ele não poderia prever que, com os seus protestos contra o que ele considerava abusivo na Igreja católica, iria cindir em duas partes e de maneira tão radical o Ocidente cristão. Tais protestos, portanto, culminariam no surgimento do protestantismo, de há muito, contudo, desvirtuado por homens de má fé. E desvirtuado, inclusive, porque muitas das práticas da Igreja católica criticadas pelo teólogo e afixadas em uma espécie de manifesto na porta da igreja da Universidade de Wittenberg, onde ele lecionava, em 1517, o que lhe valeu, obviamente, a excomunhão pelo papa Leão X (1475 - 1521) em 1521, são reproduzidas pela quantidade exorbitante das ditas Igrejas evangélicas espalhadas mundo afora. Ou seja, elas em nada comungam com as ideias de Lutero, podendo, portanto, serem tudo, menos protestantes, ou melhor, luteranas. Tanto é que, por exemplo, a principal das práticas contestadas pelo teólogo, que era a venda de indulgências, à época corrompendo de bom grado as entranhas da Igreja católica, tem sido o leitmotiv das Igrejas evangélicas, transformadas, digamos, em empresas privadas, tudo em conformidade, aliás, com as leis que regem o capitalismo”.

NBC

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