segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

FELICIDADE...

“Até os urubus são belos
no largo círculo dos dias sossegados...”.
Cecília Meireles (1901-1964)
Os Dias felizes

Sou leitora da revista Vida Simples, publicada, mensalmente, pela Editora Abril. Outro dia, recebi um e-mail da redação do periódico, solicitando a minha participação em “uma grande reportagem sobre Felicidade, para a edição de abril”... Enviaram-me, portanto, uma espécie de questionário, com a seguinte pergunta: “O que faz você feliz atualmente?”.

E, aí, seguem-se as questões: Padrão de vida econômico; Saúde; Acesso à cultura; Educação; Bem-estar psicológico. Detalhe... Para cada questão, as mesmas alternativas de respostas, ou seja: Essencial ( ); importante ( ); Razoável ( ) ou indiferente ( ). Confesso que é praticamente impossível responder a um tema tão complexo de maneira, digamos, tão simplista.

Eu não ousaria. Podia parecer que estava marcando questões de um vestibular qualquer, que considero extremamente subjetivo, sobre um tema, decerto rico, como o é o da felicidade, que, aliás, já inspirou poetas e demais artistas do mundo inteiro. Além disso, de um tempo para cá, não me vejo como uma pessoa indicada para tratar desse assunto, porque não tenho tido sossego...

Engraçado que muitas pessoas costumam dizer que ter saúde é o que importa na vida; algumas, dizem que o que existem são momentos felizes; outras, por sua vez, defendem o sentimentalismo cristão de que o sofrimento engrandece a alma... Que alma? Só se for a das penadas! Para mim, contudo, já que nasci para ser feliz, toda a nossa existência deveria ser repleta de felicidade.

Em minha opinião, aliás, poucas coisas são necessárias para fazer alguém feliz: amar e ser correspondido, mantendo uma relação harmoniosa; comer e beber bem e exercer um ofício profissional satisfatório – a realização pessoal em todos os sentidos. Isso, sim, em meu entender, é a felicidade. Quanto à saúde, ela também é importante, mas é proporcional ao grau da nossa felicidade.

O difícil é ter essas poucas coisas ao mesmo tempo. Talvez, quem sabe, se não fôssemos tão arrogantes e mais pacientes, acho que poderíamos, sim, alcançá-las, alcançado, por extensão, a tão almejada felicidade. Sim, a ponto de, no regaço do sossego, como sentenciou a poetisa, vermos beleza não somente nos beija-flores, mas, também, nos urubus. Quem diria!

Nathalie Bernardo da Câmara
nathaliebernardo@hotmail.com
Brasília (DF) - Brasil, 22 de fevereiro de 2009.

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