quinta-feira, 21 de maio de 2009

7 em 1

EL CREADOR


"Quem procura acha...".
Dito popular


Em minha última postagem 7 em 1, do dia 19 de maio, divulguei o fato de que Deus tem um blog. Muitos devem ter duvidado, achado que eu estou tantã, mas, é a pura verdade. Assim sendo, só resta-me confessar: El, de fato, existe! Estive em seus domínios virtuais. Porém, falta-me saber, ainda, se ele tem casa, endereço, telefone... Essas coisas! Enquanto isso, eu me contento – e sugiro que o leitor faça o mesmo – com a sua "representação corpórea", como me foi autorizada a divulgar.

Além disso, segundo o seu blog, fiquei sabendo que, de fato, El é um ser "omnipotente, omnisciente y omnipresente. Allí donde confluyen el bien en estado puro y el amor infinito. Realmente soy un tipo fantástico". Deve ser, imagino... E imagino, também, que El escreva em espanhol apenas por uma questão de comunicação, para melhor ser compreendido – quiçá aceito – por uma quantidade maior de pessoas. O fato é que El é um critico mordaz da sua Santa Igreja, que ele chama de Católica, Apostólica, Hipócrita e Romana.

Para El, os seus líderes, por não terem sido escolhidos por ele, padecem de uma fé anoréxica... Pelo menos, El é sensato. No caso da África, acusa os seus representantes na Terra, que não o conhece nem nunca o viu, de abusarem da generosidade do povo africano e da sua miséria. Segundo El, a miséria gera ignorância, que, por sua vez, é um terreno fértil para os líderes da sua Igreja impor uma fé na qual, no frigir dos ovos, os africanos nem sabem do que se trata. Afinal, se brincar, muitos nem ovos têm.

Nem mesmo os de uma galinha qualquer, criada no terreiro de casa, mal garantindo uma refeição para sabe-se lá quantas pessoas. Agora, outras coisas criam-se, também, em terreiros de muitas casas ou de matas, tipo macumba, despacho, vodu... E El não acha isso nada demais. Ao contrário! Ele reconhece, inclusive, ser um sinal animador muitos, na África, serem propensos a poderes ditos ocultos, chamados, erroneamente, por Bento XVI, em sua recente visita ao continente africano, de nefastos, malignos.

Tais práticas, portanto, incluem feitiçaria e bruxaria, que são intrínsecas à cultura africana e, na opinião de El, é de bom tamanho que existam, pois coíbem o monopólio da sua Igreja, com a sua proposta de colonizar religiosamente a África.

Quanto liberalismo, El!



— Espelho, espelho meu! Existe alguém mais fiel do que eu?
Afinal, vassoura nem precisa de preservativo...

Além disso, El condena, veementemente, a postura dos seus representantes na Terra de se posicionarem contra o uso preventivo da camisinha, que, a seu ver, não apenas evita a transmissão do vírus HIV e de demais doenças sexualmente transmissíveis, mas, também, contribui para a redução da taxa de natalidade, de ignorância, de miséria e de desespero. E não somente as taxas da África, "um continente esquecido, em meio à pobreza abjeta", mas as de todo e qualquer continente e povos.

O baiano diria: "Porreta, esse tal de El!". Eu assinaria embaixo.

Anote, então, quem quiser, o endereço do blog de El:
http://www.soydiosytengounblog.blogspot.com/

Bom proveito!

P.S.: Sabem qual é o livro de cabeceira de El? Nada mais nada menos que A Origem das espécies, do naturalista britânico Charles Darwin (1809 - 1882), publicado em 1859. Pode?

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A CRIATURA



Cada um carrega a cruz que quer carregar...

Coitado!

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ROLETA-RUSSA



"O que o homem quer é simplesmente a livre escolha...".
Dostoïevski (1821 - 1881)

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ENQUANTO ISSO, NA ZONA RURAL...



— E a vovó?

Deu no rádio:
Após tiroteio com a polícia,
Lobo Mau foge.
Ele é acusado de matar a avó
e estuprar a neta.

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VOX POPULI, VOX DEI




O CORDEL DO PAPA E DO ESTUPRADOR
Por Miguezim da Princesa*
I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.
II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.
III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.
IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.
V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.
VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.
VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.
VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.
IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.
X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.
*Poeta popular, é paraibano radicado em Brasília.

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O ILUMINADO



"Um rochedo não é abalado pelo vento...".
Sakyamuni

Não, eu não vou falar aqui de O Iluminado, livro do escritor norte-americano Stephen King, publicado em 1977 e adaptado para o cinema por Stanley Kubrick, em 1980, nem de Gautama, personagem histórica que, após receber uma dita iluminação – não se sabe de onde –, deu início as suas pregações, fundando o budismo. Desde então, passou a se chamar Sidarta, Sakyamuni ou, simplesmente, Buda, como é mais conhecido.

Vou apenas contar uma história, que me aconteceu em outras eras, estando eu em companhia de uma amiga budista. E lembrei-me desta história porque, hoje, ao baixar os seus e-mails, a minha irmã comentou que recebeu um convite para participar de um encontro budista e fez um muxoxo, dizendo, sem nem mesmo olhar para mim: "Já passei dessa fase". Ah, Bom! Queria ter perguntado em que fase ela estava, agora, mas achei melhor deixar para lá...

O episódio, portanto, que vivenciei com a minha amiga bundista – ela fica danada quando a chamo assim! – foi, no mínimo, inusitado. À época, vinte anos atrás, quando eu morei em Brasília pela primeira vez, certo dia, recém chegada à cidade, ela me ligou. Precisava da minha ajuda para tirá-la de uma situação para lá de periclitante e, literalmente, correu de mobilete – ela tinha uma – para o meu apartamento. Quando chegou, estava assustada e com medo.

Resumiu-me, então, o ocorrido: ela estava hospedada, em casa de um amigo, que estava viajando. Tomava conta da casa um caseiro, com mulher e filha, de menos de dez anos. A minha amiga desconfiou que, além de espancar a mulher, que tinha o corpo todo marcado, o ser dito humano estuprava a filha e já estava assediando-a, ora levando tapioca ora outro agrado para ela, que, naquela noite, saiu as pressas, quase fugida, e me procurou.

Eu tinha, portanto, de ajudá-la. Assim sendo, comecei por conseguir um carro e um amigo emprestados, a fim de irmos onde o diabo perdeu as botas, longe para dedéu. Mas, fomos. E chegamos. Foi aí, então, que o nosso drama teve início, ou melhor, a nossa tragédia dantesca. E, agora, conto o tenebroso episódio em historieta. Nunca esqueci... Bom! Era uma sexta-feira, 13, embora não fosse lua cheia – só faltou esse detalhe e mais algumas pitadas de pimentas King.

De antemão, sabíamos que o caseiro estava sozinho. A mulher tinha saído com a filha e não voltaria naquela noite, aliás, extremamente oportuna para ele estuprar a minha amiga e, quiçá, até matá-la. O cenário perfeito! Assim, estacionamos o carro do lado de fora da casa, que ficava em uma encosta, e entramos. Esforçando-nos para agir naturalmente, finalizamos o que a minha amiga tinha começado, ou seja, arrumar as suas malas, fazendo de um tudo para não despertar a atenção do caseiro, que já estava desconfiado.

Em vão! O pior, entretanto, é que, naquela altura, o infeliz já estava para lá de Marrakech de tão bêbado – certificamo-nos depois que ele acompanhava todo o movimento no interior da casa. Temerosa, a minha amiga suplicou que recitássemos o Nam-myoho-rengue-kyo diante do gohonzon.

Abre parênteses...

Nam-myoho-rengue-kyo: Lei que permeia todo universo que é a essência básica da vida ou a expressão da verdade última da vida. Ele também evidencia a realidade essencial da vida.
Nam: Significa dedicação
Myoho-rengue-kyo: Título do Sutra de Lótus, o ápice dos ensinos do Buda.
Myho: Realidade imutável e essencial dos fenômenos.
Myo: Significa místico. É assim chamado porque a vida é de inimaginável profundidade e está além da compreensão do homem.
Ho: Significa Lei. A natureza da vida é tão mística e profunda que ultrapassa o conhecimento humano.
Rengue: Símbolo da simultaneidade de causa (semente) e efeito (flor), porque germina flores e sementes ao mesmo tempo. Na filosofia de vida, um simples momento do presente tem um grande significado, desde que revela o efeito de tudo o que uma pessoa tem feito para este momento. Ao mesmo tempo, o momento presente é a causa do futuro. Assim, a vida é a continuação dos momentos combinados pela corrente de causa e efeito.
Kyo: A transformação do destino, simbolizando a continuidade da vida através do passado, presente e futuro.

Gohonzon: Incorporação da Lei de Nam-myoho-rengue-kyo na forma de um mandala (objeto de devoção). Honzon significa "objeto de respeito fundamental"; go quer dizer "digno de honra". O Gohonzon que cada membro recebe tem a forma de um pergaminho em papel inscrito com caracteres em chinês e duas formas de sânscrito em tinta sumi preta. Juntos, estes caracteres representam a vida em sua mais elevada condição: o estado de Buda. Verticalmente no centro do Gohonzon está escrito "Nam-myoho-rengue-kyo" e "Nitiren". O Gohonzon foi inscrito originalmente pelo japonês Nitiren Daishonin (1222 - 1282).

Fecha parênteses...

E lá estávamos nós a recitar o Nam-myoho-rengue-kyo, Nam-myoho-rengue-kyo, Nam-myoho-rengue-kyo..., quando, de repente, dei-me conta que o caseiro estava plantado na janela, do lado de fora da casa, a nos observar, portando um facão na cinta e sabe-se lá com mais alguma arma em outro lugar. Sussurrei para os meus amigos que continuassem a recitar o mantra budista e levantei, indo ao seu encontro. Puxei conversa e tal.

Inventei uma história qualquer – sabe-se lá como –, tentando justificar o fato de as malas estarem feitas, pois o caseiro olhava para elas com um ar inquiridor. E eu não gostei nada disso. Nem, muito menos, da sua mão apoiada no facão, como se o acariciasse. Eu pensei: "É hoje que eu morro!". E haja embromação da minha parte – nem lembro mais o que inventei para justificar a saída com as malas da minha amiga (não fiz cênicas, mas sei interpretar).

Não demorou muito, os meus amigos foram, aos poucos, levando as malas para o carro. E o caseiro desconfiado. Desconfiadíssimo. Eu mesma sentia-me, cada vez mais, desconfiada das suas intenções e atitudes, sempre roçando a mão no facão. E se tivesse uma arma de fogo? Tratei de esquecer o assunto e fui ter com os meus amigos, que já estavam no carro, sempre acompanhada pela sombra do caseiro, que me acompanhava cabreiro.

Entrei no carro e tentei dar partida, mas o motor engasgou. Não pegava de jeito nenhum. Eu? Tremendo feito vara verde, com aquele homem empacado do lado de fora, quase encostado à porta. Achei melhor dizer que a minha amiga ia voltar tão logo resolvesse o seu problema; que não se preocupasse e que transmitisse o recado à mulher etc e tal. E ele lá! Não arredava pé. E eu suando, deixando, apesar da encosta, o carro deslizar de ré, para poder dar partida.

De repente, ele deu. E desaparecemos na noite escura, deixando para trás o vulto tétrico do caseiro...

Como estamos falamos de El...

O conceito de El, no budismo – a chamada religião sem Deus –, é um dos mais abstratos, inomináveis, impessoais, indizíveis e inefáveis. Segundo o astrônomo brasileiro André Medeiros, praticante do zen-budismo, o budismo, diferentemente da maioria das religiões, "não cria um Deus a priori" - vai entender! Para o astrônomo, "mais vale a compreensão pela prática e experiência do que mil palavras, por mais sábias que sejam". Nisso ele tem razão!

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"PELA ESTRADA AFORA"...




Pedofilia: Crime de estupro (art. 213 do Código Penal brasileiro) e crime de atentado violento ao pudor (art. 214 do Código Penal brasileiro), considerados crimes hediondos.
Pena: De 6 (seis) a 10 (dez) anos de reclusão.

Disque 100 para denunciar!




Nathalie Bernardo da Câmara
Das ondas da Luz

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