DESMATAMENTO:
O CALCANHAR-DE-AQUILES
DO BRASIL
“Além de não saber como lidar com a imprevisibilidade dos fenômenos climáticos, temos pouco tempo para aprender como fazê-lo...”.
Marina Silva
Senadora brasileira (PV-AC)
A cerimônia de abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-16, que, este ano, acontece em Cancún, ocorreu na segunda-feira, 29 de novembro, e será realizada até o próximo dia 10 de dezembro, tendo como objetivo avançar nas negociações para a redução de emissão de gases causadores do efeito estufa e a definição das formas de redução e/ou enfrentamentos dos efeitos decorrentes das mudanças climáticas. À oportunidade, o presidente mexicano Felipe Calderón apelou que as políticas climáticas internacionais a serem deliberadas durante o evento contemplem a redução da exclusão social.
Segundo Calderón, “é possível fazer desenvolvimento sustentável e diminuir a pobreza ao mesmo tempo", defendeu. E prosseguiu: “As mudanças climáticas começaram a nos cobrar pelos erros fatais que viemos cometendo contra o meio ambiente”, clamando aos negociadores presentes à cerimônia de abertura da COP-16, que lembrem seres responsáveis por bilhões de humanos no futuro. Já a costarriquenha Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção Quadro da Organização das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas - UNFCCC, disse que, em vinte anos, “admiraremos a tapeçaria de políticas” tecidas em Cancún.
A embaixadora Patrícia Espinosa Cantellano, por sua vez, secretária de Relações Exteriores do México, afirmou que o momento é historicamente propício para que os discursos referentes a ações que efetivem mudanças climáticas sejam renovados, bem como para que, nesse sentido, compromissos concretos, verificáveis e viáveis sejam assumidos. Para ela, a adaptação, o financiamento, a transferência de tecnologia e a redução das emissões provenientes da destruição das florestas devem receber maior atenção dos cento e noventa e dois delegados que irão deliberar e negociar durante duas semanas no México.
Diferentemente da COP-15, realizada na Dinamarca, em 2009, que foi um fiasco, nada fazendo para combater o aquecimento global, é esperado que a COP-16 aja no intuito de salvar o planeta desse e de outros problemas ambientais. Daí a audiência pública no dia 25 de novembro, em Brasília – uma iniciativa da senadora Marina Silva –, a fim de discutir a frustração com a COP-15 e os compromissos do governo brasileiro com a COP-16. À oportunidade, Marina Silva aproveitou para informar a existência de uma legítima demanda da sociedade brasileira por participação e transparência na condução das políticas nacionais sobre a questão climática.
Presentes, ainda, entre outros, à referida audiência pública, Sérgio Barbosa Serra, embaixador extraordinário do Brasil para mudanças climáticas; Branca Americano, representante do Ministério do Meio Ambiente; Paula Bennati, em nome da Confederação Nacional da Indústria - CNI, e Marcelo Furtado, diretor do Greenpeace Brasil, que, aliás, é uma das organizações não-governamentais mundiais ativas na COP-16. Para o ambientalista Sérgio Leitão, inclusive, outro diretor da organização no Brasil, “o ideal seria que Cancún pudesse recuperar o ano que ficamos sem nenhum avanço depois da Conferência de Copenhague”.
Essa é, também, a expectativa da senadora Marina Silva, que diz acreditar nos avanços a serem legados pela COP-16: “Se conseguirmos aprovar a agenda que está na mesa, que é um pacote com a prorrogação da segunda fase do Protocolo de Kyoto, medidas em torno do hedge e de adaptação e mitigação, que seguem a agenda de Copenhague, avançaremos na agenda”. Afinal, as metas assumidas pelos cento e oitenta e nove países que se comprometeram com o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, é a de, até 2012, serem reduzidas as emissões de gases causadores do efeito estufa em 5% em relação ao emitido em 1990.
No caso do Brasil, que detém a maior floresta tropical do planeta, o interesse é o de que se avance no debate sobre a redução de emissões por desmatamento e degradação. Enquanto isso, a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, chefe da delegação brasileira na COP-16, defendeu que o Brasil deve ter um papel de “facilitador e agregador'” no evento, lhe dando credenciamento político para cobrar resultados dos demais países. O trunfo do Brasil, fortalecendo a sua posição na conferência? O país deve divulgar o novo índice de desmatamento da Amazônia, o menor, segundo estudos técnicos, dos últimos vinte e um anos.
Enfim! O presidente mexicano Calderón, anfitrião da COP-16, apesar de cético em relação a um acordo global no que concerne à redução de emissões de gases que provocam o efeito estufa, acredita que avanços substanciais serão conquistados em Cancún nesse sentido e, possivelmente, a criação do Fundo Verde, a ser dedicado exclusivamente aos países em desenvolvimento, os apoiando no combate as mudanças climáticas. O bizarro é que a embaixadora mexicana Patrícia Espinosa Cantellano já disse que o fundo só estaria disponível a partir de 2020... Ocorre que – tudo indica – o aquecimento global não vai esperar tanto tempo assim!
Nathalie Bernardo da Câmara
A Onda verde continua...
“O custo do cuidado é sempre menor do que o custo do reparo...”.
Marina Silva
Senadora brasileira (PV-AC)
Esta semana, no dia 30 de novembro, em São Paulo, a senadora Marina Silva (PV-AC), ex-ministra do Meio Ambiente e candidata pelo Partido Verde à Presidência da República, quando obteve cerca de vinte milhões de votos nas eleições do dia 3 de outubro – um resultado para lá de expressivo, embora não tenha ido para o segundo turno –, foi homenageada como Personalidade do Ano em Sustentabilidade, uma categoria especial do 1º Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade, criado com apoio do HSBC Bank Brasil S.A. e do Instituto HSBC Solidariedade, além de contar com a colaboração da Maxetron – Serviços de Tecnologia e Informações, conhecida como Maxpress.
Em sua primeira edição, o Prêmio J&Cia/HSBC reconheceu jornalistas e veículos de comunicação que, ao longo de 2010, se destacaram na produção de reportagens sobre o tema contemplado sobre o referido prêmio, que, segundo o seu relator, o jornalista e escritor brasileiro Luciano Martins Costa, “é uma oportunidade valiosa para analisar o comprometimento do jornalismo brasileiro com o tema central deste início de século”, que é o desenvolvimento sustentável, já começando a se impor nas pautas, embora ainda restrito a seções específicas. Para o relator, contudo, “a alta qualidade de alguns trabalhos submetidos aos jurados revela que há um esforço generalizado para o entendimento do tema”.
E ele conclui: “O Prêmio J&Cia/HSBC tem vocação para se consolidar como uma grande contribuição ao debate sobre a sustentabilidade no Brasil”. A escolha, portanto, de Marina Silva como Personalidade do Ano em Sustentabilidade deu-se, na opinião dos membros do Conselho Consultivo do Prêmio J&Cia/HSBC, ao fato de a ambientalista ter colocado a sustentabilidade na pauta das eleições presidenciais, bem como por ela ter obtido uma expressiva votação nas urnas, recebendo, assim, um troféu criado pela artista plástica brasileira Eli Tosta, inspirado na logomarca do HSBC, ao mesmo tempo remetendo a uma figura humana a olhar para o alto, vislumbrando, com os braços abertos, o futuro da sustentabilidade.
Nathalie Bernardo da Câmara
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