REUTERS/Akintunde Akinleye
Uma mulher espera com seu filho para ver um médico em uma clínica na vila Bagega, na Nigéria.
Polícia encontra “fábrica de bebês” na Nigéria
Mulheres eram obrigadas a engravidar; os recém-nascidos vendidos por traficantes
Guilherme Dearo, de
05/12/2013
São Paulo – A polícia da Nigéria descobriu um assentamento ilegal, na região de Owerri, onde viviam 16 meninas grávidas. Elas aguardavam pelo nascimento dos bebês, quando seriam vendidos. O dono da casa foi preso.
Elas tinham entre 14 e 19 anos e eram forçadas a engravidar. Elas disseram que receberiam 100 mil nairas (cerca de 1500 reais) por cada bebê.
"Nós realizamos uma incursão em uma residência em Owerri após o recebimento de um relatório da inteligência. Salvamos 16 jovens grávidas", disse à AFP Joy Elomoko, porta-voz da polícia do estado.
Em entrevista ao Vanguard, Frank Mba, da força de segurança nigeriana, disse: “O fato dessas mulheres serem muito pobres ajuda os criminosos a convencê-las a ter um bebê e depois abrir mão dele em troca de dinheiro”.
Ele explicou que as “fábricas de bebês” aumentam os casos de prostituição e de doenças sexualmente transmissíveis. “As adolescentes ainda passam a usar drogas, como maconha e sedativos, como uma tentativa de fuga após sofrerem esse trauma psicológico”, explicou.
Problema nacional
O tráfico de seres humanos é comum na Nigéria e na África, onde crianças são compradas para trabalhar em minas e fábricas. Há casos, também, de prostituição infantil e sacrifícios para rituais de magia negra.
Segundo a ONU, 10 crianças são vendidas todos os dias na Nigéria. Dependendo do sexo do bebê, os valores chegam a 6400 dólares. O tráfico de pessoas é o terceiro crime mais comum no país, depois das fraudes e do tráfico de drogas.
A polícia nigeriana já descobriu várias "fábricas de bebês" nos últimos meses, principalmente na região sudeste.
No final de outubro, seis adolescentes foram encontradas em uma clínica ilegal na cidade petrolífera de Port Harcourt, no sul.
Em novembro, cinco homens armados invadiram um hospital em Ado-Ekiti e agrediram vários funcionários. Eles procuravam por bebês recém-nascidos para serem usados em rituais de magia negra.
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