Foto de capa da versão online do jornal francês Libération
(07/01/2014).
“Os cartunistas vão
resistir até a última gota de nanquim...”
Nani Lucas, chargista brasileiro.
Nani Lucas, chargista brasileiro.
Director e cartoonistas entre os 12 mortos do ataque a jornal francês
Público – Portugal
JOÃO RUELA RIBEIRO
07/01/2015
Foi morto o director
do semanário Charlie Hebdo e vários membros do grupo de
fundadores na sede de Paris. Hollande fala em "acto de barbárie
excepcional".
Pelo menos 12 pessoas foram mortas
durante no ataque a tiro às instalações do jornal satírico francês Charlie Hebdo nesta quarta-feira em Paris. Os
autores do ataque estão em fuga e está em curso uma operação policial para os
deter.
Entre
as vítimas estão o director da publicação, Stephane Charbonnier, conhecido como Charb,
e outros membros do grupo de fundadores, Georges Wolinski e Jean Cabut, que
assinava como Cabu, segundo fontes
policiais citadas pela imprensa local. Vários meios de comunicação relatam
igualmente a morte do economista Bernard Maris, que colaborava com o jornal. A
morte de dois agentes da polícia foi também confirmada pela procuradoria da
capital francesa.
"Sinto-me
muito mal. Mataram todos os meus amigos. É um massacre assustador. Há que não
permitir que se instale o silêncio", afirmou aos microfones da rádio
France Inter Philippe Val, que durante muitos anos foi director do Charlie
Hebdo.
Para além dos 12
mortos há ainda 20 feridos, dos quais quatro em situação grave, revelou o
ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que também referiu terem sido três os
autores do ataque e não dois, como chegou a ser avançado. O ministro
garantiu ainda a mobilização de "todos os meios do Estado" para
"neutralizar os três criminosos na origem deste acto bárbaro".
Perto das 11h30
(10h30 em Lisboa) três homens armados começaram a disparar no interior da sede
do jornal satírico Charlie Hebdo, que em
2011 foi alvo de um outro ataque. Segundo uma fonte citada pela AFP, os
homens estavam “armados com uma kalachnikov e um lança rockets” e disparam perto de
"50 tiros", de acordo com algumas testemunhas.
Os homens, com a
cara coberta, entraram no edifício, localizado numa rua movimentada do centro
de Paris, quando decorria a reunião semanal da equipa do jornal, descreveu o
jornalista Benoit Bringer à rádio France
Info. “Alguns minutos depois, ouvimos muitos tiros”, disse
Bringer.
"Matámos o Charlie
Hebdo"
Um vídeo filmado por jornalistas que fugiram para o telhado do edifício, mostra dois atacantes com capuzes, um deles dizendo: "Matámos o Charlie Hebdo. Vingámos o profeta Maomé".
Antes de fugirem, os homens trocaram
tiros com alguns agentes da polícia, matando um deles à queima-roupa, segundo a France
24. Pouco depois, abandonaram o carro em que seguiam junto à
Porta de Pantin, um subúrbio no Nordeste de Paris, onde atropelaram um peão, e
continuam em fuga, de acordo com a polícia.
O ataque coincidiu com a publicação da
nova edição do Charlie Hebdo, que inclui um cartoon do director, Charb, que se
revelou premonitório. "Ainda não houve atentados em França. Esperem. Temos
até ao fim de Janeiro para os nossos desejos [de Ano Novo]."
O
último cartoon de Charb
Um acto
de bárbarie, diz Hollande
O Presidente francês, François Hollande, deslocou-se ao local do ataque que qualificou como "um acto terrorista", em declarações aos jornalistas. "Um acto de uma barbárie excepcional foi cometido hoje em Paris sobre jornalistas", disse ainda Hollande. "Vários atentados foram evitados" nos últimos tempos, acrescentou ainda o Presidente francês, sem entrar em mais pormenores.
Hollande convocou
uma reunião de emergência no Palácio do Eliseu para a tarde desta quarta-feira
e irá fazer uma comunicação ao país às 20 horas (19h em Lisboa). O nível de
alerta de segurança Vigipirate foi elevado para o escalão máximo de
"atentado terrorista" para toda a região parisiense. Segundo apurou o
jornal Le Figaro, junto de
fontes policiais, todas as redacções de órgãos de comunicação em Paris estão a
ter protecção policial extra.
Os grupos
empresariais Le Monde, Radio France e
France Télévision ofereceram as suas instalações e meios à redação sobrevivente
do Charlie Hebdo para que "o jornal continue a viver", anunciaram em
comunicado.
O
primeiro-ministro, Manuel Valls, afirmou que cada francês está
"horrorizado" com o ataque e que "a França foi atingida no seu
coração".
A líder do
partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, dirigiu a sua
condenação na direcção do "fundamentalismo islâmico". "Não se
pode ter medo de usar as palavras: trata-se de um atentado terrorista cometido
em nome do islamismo radical (...) Coloquem as questões certas e dêem respostas
francas e claras", afirmou numa curta declaração.
Cartunistas
brasileiros lamentam...
Charge
de Ed Carlos Santana
Charge de
Nei Lima
Charge de
Rico
Charge do cartunista Renato Machado
Mensagem do chargista Rodrigo Brum
A homenagem de Mauricio de Sousa
O
chargista Plantu, do jornal francês Le
Monde, despede-se...
E o
jornalista e chargista Cláudio de Oliveira deixa a sua mensagem numa dada rede
social:
O presidente da Associação de Desenhistas/Chargistas do Brasil
– ACB, por sua vez, José Alberto Lovetro (JAL), também publica na internet uma
mensagem de luto, em francês, ilustrada por ele...
"La haine au nom d'une religion que demande la paix.
L'attentat au journal français Charlie Hebdo aujourd’hui, le
07 janvier 2015 à Paris, qui a fait victime 12 personnes dont 10 journaliste,
nous fait une foi de plus témoins de la barbarie de l’humanité qui restera dans
notre histoire.
Parmi les victimes
étaient: l’éditeur et dessinateur Charb (Stephane Charbonnier) et les
dessinateurs Cabu, Tignous et le fameux dessinateur Wolinski. Les bureaux du magazine
ont été victime d’une tentative d’incendie par de terroristes en novembre 2011.
En septembre 2005 le journal danois a publié Jyllands-Posten
12 dessins qui représentaient le prophète Mohamed, (selon eles préceptes de la
religion islamiste ne peut pas être représenté par aucun genre d’images) pour
attaquer les extrémistes qui utilisent la religion comme excuse pour promouvoir
le terrorisme dans le monde. Ces dessins ont enflammé le très délicat et
fragile rapport entre l’occident et les peuples islamistes.
Meme si un média, ou dans ce cas, une dessinateur, montre un
certain manque de respect à dês préceptes religieux, cela ne justifie pas cette
violence.
Celle-ci porte préjudice aux propres islamiste puisque le
terme Slam en arabe, Salam, signifie paix; ce que démontre les socles
pacifiques et de tolérance de cette religion. Je suis certain que la plupart
des islamistes sont contre ce type de violence. Nous ne pouvons pas
généraliser.
Nous répudions tour acte et forme de violence à la liberta
d’expression. Le dessinateur est, justement, l’artiste qui cherche à défendre
eles plus faibles et opprimés depuis au moins 200 ans, quand ce genre
d’activité a débuté.
Le mot « charge » est utiliza pour designer le genre de
dessin qui porte un regard critique aux gouvernements, à la politiquice et aux
dogmes qui tachent et les droits humains et la liberta d’expression. Ces mêmes
dessinateurs, décédés, ont critiqué pendant leurs vies les gouvernement et
politiques qui oppressent les pays du tiers monde.
Leis cas absurdes doivent toujours être résolus par la
justice et de manières pacifiques pour que monde entier sache que nous sommes
des êtres humains qui doivent être traités comme des humains et non comme des
être irrationnels.
Nous espérons que ce tragique événement puisse servir
d’exemple o propos de l’intolérance qui doit être balayé des rapports humains
pour que la mort de ces jornalistas et dessinateurs ne soit pas vain."
Nous sommes en deuil.
José Alberto Lovetro (JAL)
Presidente de l’Association de Dessinateurs/Chargistes du
Brésil - ACB
Sao Paulo le 07 janvier 2015
(illustration de la JAL-dessinateur brésilienne)
Charge do francês Olivier Sanfilippo
Diversas charges, ainda, criadas por cartunistas de várias nacionalidades protestando contra o atentado sofrido pelo jornal Charlie Hebdo... Eis os links:
E o editorial do jornal Libération...
«Charlie» vivra
7 JANVIER 2015
L’auter:
Lauren Joffrin, directeur
ÉDITORIAL
Ils ont tué Cabu !
Ils ont tué
Cabu, le pacifiste, le généreux, le meilleur homme de la Terre
autant que le meilleur dessinateur.
Ils ont tué Wolin, Charb,
Tignous, Bernard Maris, et les autres ! Wolinski, le plus drôle,
le sybarite tendre, celui qui aimait le plus la vie. Charb le père courage,
Tignous le gentil teigneux, Bernard, le professeur d’éco que tout le monde
aurait voulu avoir, le lettré plein de conviction et de culture. Ils ont failli
tuer Philippe, notre ami. Philippe Lançon, brillant critique à Libération,
journaliste et écrivain, qui en réchappe de justesse. Libération est
touché au cœur. Charlie et sa bande, ce sont nos cousins. Avec
leurs amis, leurs familles, nous pleurons.
Charlie, c’était le rire
intelligent, le rire impitoyable, la dérision, le refus du tragique, l’ironie
pleine d’espérance, Voltaire en vignettes, un coup de pied au cul des
fanatiques. Contre les crayons, les fusains et les bulles, ils ont sorti les
kalachnikovs. Quel aveu de faiblesse ! Quand on n’a pas d’arguments, on
tire.
Alors ils ont tué Charlie ? Non. Ils ont raté leur coup. Charlie vivra,
grâce à ses lecteurs, Charlie vivra en esprit, à travers nous
tous. Nous sommes tous des Charlie.Libé avait accueilli Charlie il
y a quelque temps, en raison d’un attentat, déjà, qui avait détruit leurs
bureaux… Si nécessaire, nos locaux sont disponibles, naturellement.
Ils ont raté leur coup.
En tuant nos amis, ils nous ont meurtris mais ils nous ont fortifés. Les dessinateurs
de Charlie, depuis un
demi-siècle, illustrent tous les jours la raison d’être de la presse : savoir et juger, débusquer les ridicules et les injustices, se hâter d’en rire pour ensuite les combattre,
mesurer, en même temps, la vanité du monde. Ils étaient des symboles de la génération 68, dont on dit tant de mal, mais
dont on oublie qu’elle a ferraillé sans cesse pour plus de liberté. Ils ont
renversé tous les tabous, ridiculisé tous les dogmes, mis un bonnet d’âne à
toutes les statues du commandeur, fait un bras d’honneur à tous les donneurs de
leçon.
Né sous la Ve autoritaire, Charlie a servi de bréviaire aux enfants de
Mai. Chaque semaine, c’est un sarcasme jeté à la tête des puissants, un pied de
nez à l’esprit de sérieux, le tout au service d’une société différente, un peu
meilleure, un peu plus fraternelle. Si nous vivons avec moins de préjugés,
moins de censure, moins de corsets et de principes désuets, avec un peu plus
d’autonomie, de libre arbitre, d’humour, c’est aussi grâce à ce gang de viveurs
tonitruants et chaleureux, qui ont toujours préféré un bon mot à un renoncement
et qui l’ont payé de leur vie. Au long de leur longue histoire, ils n’ont
jamais dévié. Tous les autoritaires, les solennels, les répressifs, les
obscurantistes, les pisse-froid et les importants de France ont eu à se
plaindre de Charlie. Les voilà vengés… Charlie fut jadis censuré par le
gaullisme, scandale oublié. Charlie est poignardé par l’islamisme. On a
changé d’époque.
Est-ce un hasard ? Les terroristes ne se sont
pas attaqués aux «islamophobes», aux ennemis des musulmans, à ceux qui ne
cessent de crier au loup islamiste. Ils ont viséCharlie. C’est-à-dire la
tolérance, le refus du fanatisme, le défi au dogmatisme. Ils ont visé cette
gauche ouverte, tolérante, laïque, trop gentille sans doute,
«droit-de-l’hommiste», pacifique, indignée par le monde mais qui préfère s’en
moquer plutôt que d’infliger son catéchisme. Cette
gauche dont se moquent tant Houellebecq, Finkielkraut et tous les identitaires…
Les fanatiques ne défendent pas la religion, qui peut être accueillante, ils ne
défendent pas les musulmans, qui sont révoltés dans leur immense majorité par
ces meurtres abjects. Ils attaquent la liberté.
Ainsi la voie est toute tracée. Pour se défendre, la liberté respectera son
propre principe : poursuivre sans relâche les criminels, les
arrêter
et les traduire devant les tribunaux réguliers, où ils recevront la punition méritée, ni plus, ni moins ; réunir dans une juste mobilisation tous les républicains, qui désigneront sans ambages l’adversaire, le
terrorisme et non l’islam, le fanatisme et non la foi, l’extrémisme et non
leurs compatriotes musulmans, qui sont les premières victimes de l’intégrisme
et qui sont solidaires dans l’épreuve.
Quant à nous, journalistes, amis des journalistes
assassinés, nous continuerons. Avec un peu moins de cœur à l’ouvrage, sans
doute, pour quelque temps, mais avec une résolution plus forte. Nous savons que
cette profession est parfois dangereuse. C’était jusqu’à présent le lot des
reporters qui partent nous informer sur les pays en guerre. Il en meurt des
dizaines chaque année. Maintenant on veut porter la guerre jusque dans nos
salles de rédaction. Nous ne ferons pas la guerre. Nous ne sommes pas des soldats.
Mais nous défendrons notre savoir-faire et notre vocation : aider le lecteur à se sentir citoyen. Ce n’est pas grand-chose
mais c’est quelque chose. Avec une certitude mieux ancrée : maintenant, nous savons pourquoi nous faisons
ce métier.
E manifestações de
protesto e de repúdio ao atentado terrorista persistem por toda parte,
sobretudo na França...
Ils voulaient mettre la
France à genoux, ils l'ont mise debout. #JeSuisCharlie
Tradução: Eles
queriam a França de joelhos, eles a puseram de pé. #EuSouCharlie
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