terça-feira, 8 de junho de 2010

140 CARACTERES E NADA MAIS!


“O mais feliz é aquele de quem o mundo fala o menos possível:
seja bem ou seja mal....”.

Thomas Jefferson (1743 - 1826)
Político norte-americano



Quando do advento do computador em minha vida, em 1994, presenciei consideráveis mudanças em meus hábitos. Daí, antes, ter relutado em abrir as portas do meu cotidiano ao invento revolucionário – eu pressentia as mudanças. Na seqüência, tomei coragem e enfrentei a internet, não resistindo aos encantos de uma desconhecida. Desde então, há mais de dez anos, sou uma usuária desse mundo sem fronteiras. Tenho, ainda, várias contas de e-mails, embora a apenas uma eu seja fiel, bem como costumo acessar o MSN para me comunicar com as pessoas e, desde janeiro de 2009, mantenho um blog, espaço onde pratico o ócio criativo, escrevendo sobre temas os mais diversos.

Há alguns meses, contudo, uma amiga jornalista demonstrou enorme espanto, quando, ao sugerir que eu aderisse ao twitter, perguntei do que se tratava, pois, até então, apesar de eu já navegar na internet e de essa ferramenta de comunicação rápida e concisa datar de 2006, nunca havia, realmente, atentado para a sua existência. Sei que parece estranho, sobretudo por eu ser da área de comunicação social, mas... O fato é que, quando pesquisei a respeito, não fiquei nem um pouco interessada no twitter, considerado, aliás, um microblog, no qual, inclusive, são permitidos, apenas, cento e quarenta caracteres – a barra de espaço também conta – por cada mensagem.

E não é devido o twitter, desde o seu début, continuar em crescente boom de acessos e de novas contas que sou obrigada a usá-lo, não vendo, portanto, motivo algum para quem quer que seja achar estranho o fato de alguém não querer recorrer a ele para a transmissão de uma informação. No meu caso, por exemplo, já me é suficientemente útil dispor da internet como fonte de pesquisa e recreação, ter os meus e-mails, acessar o MSN e manter um blog, não sentindo empatia nem a menor necessidade de também ser usuária do twitter, que, aliás, a meu ver, nada mais é que apenas mais uma ferramenta da internet, como outra qualquer. E sem maiores atrativos. Ou melhor, nenhum.

Sim, uma rede social virtual que as pessoas utilizam mediante os seus interesses, sendo, de certa forma, válida, apesar das mudanças radicais de comportamento que a ferramenta engendra. Tanto que, por sua proposta inicial, a de promover a interação através de uma idéia simples, como diz a jornalista brasileira Carla Martins, e, segundo ela, com “frases curtas, rápidas, ágeis” – daí o limite de caracteres –, o twitter tornou-se um sucesso mundial, sobretudo para empresas, artistas, políticos e formadores de opinião. Enfim! Pelo que eu entendi, é saber usufruir dos seus benefícios. E, como tudo na vida, com moderação, evitando usá-lo indiscriminadamente.

Digo isso porque tem quem divulgue no twitter a primeira coisa que lhe vem à cabeça, sem nem mesmo se preocupar com a repercussão da informação. Sem tato, tornam públicas, inclusive, as suas agendas, dando, muitas vezes, dicas para roubos, seqüestros e demais inconvenientes decorrentes da precipitação e do mau uso da ferramenta, que termina por transformar a vida do usuário em um livro aberto, destituindo-a de privacidade. Quanto a mim... Não digo que jamais vou me tornar uma usuária do twitter. Afinal, ninguém sabe do dia de amanhã. Sei apenas que, atualmente, não existe a menor das possibilidades em aderir as suas proezas. Quanto a ter seguidores, termo tão em voga...

Não sou nenhum líder religioso ou político para tê-los em meu encalce. Agora, se fizesse questão de seguidores, criaria cachorros... Ah! Em entrevista recente sobre a necessidade de sermos sintéticos no twitter, sem prolixidade, o escritor português José Saramago disse que “os tais cento e quarenta caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido”. Com essa, o camarada exagerou! Devia, por exemplo, ter falado gorjeio, canto curto dos pássaros, a tradução em português para twitte.
E, para os twitteiros que usam mal a ferramenta:



O fato de se expor,

abrindo mão da privacidade,
não é sinônimo de liberdade...



Nathalie Bernardo da Câmara

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