... Não nos esquecendo de dizer que, muitas vezes, se equilibrando entre as escolhas de terceiros e as consequências dessas mesmas escolhas, que – diga-se de passagem – não têm nada a ver conosco. Vejamos... Quando terceiros fazem as suas escolhas e estas, arbitrariamente, sem que menos esperemos, respingam, aleatoriamente, por toda parte, mas, sobretudo em nós, e, por força das circunstâncias, finda que, injustamente, arcamos com as consequências de desatinos desastrosos – haja redundância! – que nem nos pertencem e que, provavelmente, em pleno juízo das nossas faculdades mentais, nunca, obviamente, iríamos cometê-los. Depois, invariavelmente, dizem que isso faz parte da vida e que, portanto, temos de aceitar, resignados – palavra essa, aliás, que, por sua conotação cristã, me causa alergia. Isso sem falar que, por alardearem aos 4 cantos do mundo que isso faz parte da vida, embora, no caso, seja algo que nos é involuntário, ou seja, não é da nossa alçada, é extremamente desumano quererem que assumamos a responsabilidade de outrem. Infelizmente, parece, insistem que assim o seja. Legal! Só que, como não cometemos tais desatinos, o melhor, mesmo, é querê-los longe de nós... O curioso é que, por causa dos respingos de determinados desatinos de terceiros nos atingirem, vivemos experiências desagradáveis, que não são fruto de nossas escolhas – e isso sem sequer termos nos preparado para vivenciá-las (mero e insignificante detalhe...). E, mesmo não sendo responsáveis pelas mesmas, pois não as buscamos, elas nos legam certas lições, tipo: os vilões nem sempre são vilões, pois, geralmente, se comportam dentro, digamos, de uma retidão, mesmo que aparentemente, prevista por normas da sociedade. Ocorre que essa mesma sociedade é de uma conduta amoral repugnante, como o é toda sorte de hipocrisia – nenhuma novidade. E as vítimas dos vilões, coitadas, terminam sendo transformadas em seres abjetos, mas apenas porque se permitiram ser vilipendiadas. Bem feito, porque foram idiotas! Sim, é igual ao conceito machista que muitos têm do estupro, ou seja, o estuprador, um ingênuo, nem sempre é visto como culpado, mas como vítima, já que, no caso, foi “tentado” por mulheres e crianças levianas, justificando, assim, os atos ignóbeis atentados contra elas. É por aí... Então! Se antes acreditávamos na dita bondade humana, passamos a desconfiar de tudo e de todos, como se cada gesto de outrem estivesse repleto de segundas intenções; se antes defendíamos o poder catalisador da coletividade, capaz de promover os mais diversos tipos de inclusão social, sem discriminação, passamos a acreditar que dois já é uma assembleia e que, passou disso, a contar de três, só são criadas situações, mesmo inconscientemente, que geram discórdia, conflito; se antes pensávamos que uma andorinha só não faz verão, querendo somar para depois multiplicar, percebemos que ninguém se importa com os sonhos do outro e que se estivermos dispostos e dispusermos dos meios, que, sozinhos, tratemos de realizar os nossos próprios sonhos, não esperando nada de nada. Resumindo: se antes pregávamos o dueto bobo de paz e amor, esqueça! As raízes da maldade e as bélicas é que estão na pauta do dia. Não esquecendo, ainda, que esse troço de, em primeiro plano, valorizar o ser é utopia, tal qual o bem comum. O que importa, na sociedade, é o ter – sempre foi assim e sempre o será. Os tolos é que nunca se deram conta disso, passando a vida inteira perdendo tempo em chamar o símbolo do ter, que é o dinheiro, de vil metal. Quanta injustiça! Afinal, o dinheiro não tem nada de vil. Pelo contrário! O dinheiro é o sonho de consumo de todo mundo – não há motivos para negar essa realidade que só nos garante a felicidade (até rimou...). E temos como exemplo os políticos. Não há também o que negar. Isso sem falar que ele, o dinheiro, é a mola que sempre propulsionou a base de todos os relacionamentos, inclusive os mais íntimos – não vivamos mais de ideais, coisa caduca, ultrapassada, démodée. Ou seja, o dinheiro é o leitmotiv de não importa qual relação, capaz, aliás, o que nem deve mais nos espantar, de balizar aqueles que são considerados os mais primários dos sentimentos e as mais profundas das nossas emoções. Outro exemplo? O dinheiro é o que faz pulsar o sangue em nossas veias, bater mais forte os nossos corações, o que nos faz criar, gerar, procriar... Render, ainda, claro, mais dinheiro. Estou mentindo? Não. O dinheiro é aquele que nos faz até chorar, esquentando, dependendo da sua oscilação nas bolsas de valores, as lágrimas que, inutilmente, raramente ainda nos escapam – quando escapam. E a causa maior de todo amor... Não, não se engane: o dinheiro é o que impulsiona as paixões. Todas! Não o chamado romantismo, que, na sua essência, é babaca, piegas, coisa de poeta – um tonto –, que valoriza mais contar as estrelas no céu do que os seus míseros rendimentos financeiros, não levando ninguém, portanto, a nada nem a lugar nenhum. Enfim! Cada ser, o considerado humano, claro, vale o que tem. Não o que ele é...
*Casualmente, vi a ilustração acima numa dada rede social e, de certa forma, talvez por ainda idealizar Sartre e o seu existencialismo, me inspirei – vai ver, pensando em alguns trocados, fonte de todos os desejos, saturada que estou dessa politicagem tão edificante. Afinal, como os mais céticos costumam dizer, sobretudo hoje em dia, ninguém dá ponto sem nó, fazendo de conta que o tempo cura todos os males e as cicatrizes também – só se forem as externas, porque as internas estão sempre lá, pulsando, nos lembrando, todo santo dia, a origem que as provocou. E assim, com a benção do capitalismo e de toda uma trindade, caminha a humanidade, sempre caminhou e sempre caminhará. Sem direito, portanto, a muros de lamentações, acreditando, piamente, que uma entidade dita superior – os humanos são seres desqualificados – nos proteja de nós mesmos, incapazes que somos de conduzir a nossa própria existência, e nos conduza à vida eterna, onde, ouvi dizer, euros e dólares brotam das árvores as mais diversas. Amém.
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