“O Código Florestal [brasileiro] é um retrocesso...”.
Marina Silva
Ambientalista brasileira, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente.
O Greenpeace envia um e-mail, deixando-me ainda mais indignada – provavelmente, todos aqueles que, há meses, se mobilizam para arrecadar 1,4 milhões de assinatura, o que equivale a 1% do eleitorado brasileiro, para que o projeto de lei, de iniciativa popular, o do Desmatamento Zero, possa ser votado no Congresso Nacional. Afinal, só ainda não sabe disso quem não quer, a tão decantada reforma do Código Florestal brasileiro tornou-se uma palhaçada, o que há de mais desastroso na legislação ambiental do país – e tudo isso com o aval do Executivo, que me recuso a dizer o nome –, mais parecendo um manual para ser religiosa e oficialmente seguido por quem representa o atraso nestas terras tupiniquins, ou seja, os ruralistas, que não cedem nem por decreto concordar com a proteção das nossas florestas – o que dirá com a reforma agrária que se faz tão necessária neste Brasil de dimensões continentais. Então! No e-mail que recebi – imagino que muitos também o receberam –, o Greenpeace esclarece que os mais de 540 mil brasileiros que já assinaram a referida petição terão, agora, a OBRIGAÇÃO de informar os números dos seus respectivos títulos eleitorais para que o documento – o projeto de lei, de iniciativa popular – possa ser reconhecido, validado e submetido ao Congresso Nacional. Sinceramente, é para qualquer um que tenha o mínimo de consciência política, que pense politicamente correto, dizer um basta a essa legislação caduca que ainda norteia o país. Ora, para estrangular a reforma do Código Florestal, quem ouviu o povo brasileiro? Quem se preocupou com os nossos anseios e direitos? Na verdade, o povo brasileiro só tem serventia em períodos de eleições. Aí, ele é importante. Agora, depois que passam esses poluídos – em todos os níveis! – períodos eleitorais, qual de nós, eleitor malfadado, é consultado sabe-se lá para o quê? Nunca! Desse modo, a dica para atualizar a sua assinatura na petição junto ao Greenpeace:
Não obstante, para quem ainda não assinou a petição para a lei do Desmatamento Zero, não se esqueça de, quando fazê-lo, acrescentar o número do seu título eleitoral. Infelizmente, por mais que nos esforcemos, nós, os brasileiros, estamos à mercê daqueles que deturpam o objetivo dos nossos propósitos, que deveriam ser os seus, quando eleitos. Ninguém merece! Dito isso, reconheço que até cheguei a pensar em abrir uma exceção, votando num dado candidato para prefeito de uma determinada cidade. Na verdade, nem isso eu posso, pois o domicílio eleitoral desse candidato não é o meu. Ocorre que, agora, com esse acinte, que é a legislação do país resolver solicitar o número do título de eleitor para que este possa validar a sua assinatura numa petição popular tão pertinente, ainda mais solicitando isso em véspera de eleições – quanto oportunismo! –, recuso-me, terminantemente, a pedir sequer um voto para quem quer que seja. Afinal, não irei, mesmo, votar este ano, pois, onde costumo fazer isso, não tem eleição. Isso sem falar da antipatia que é ser obrigado a comparecer as urnas. Outra coisa que deveria mudar na legislação eleitoral brasileira. Enfim! Quem quiser comparecer as urnas e votar, que o faça, assumindo, consequentemente, com as consequências do seu voto. Quanto a mim... Um dia, quiçá, os políticos do Brasil tomam prumo e passam a merecer o meu voto!
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