QUANDO ESSE FOLHETIM VAI TER UM FIM?

“Não fiz tráfico de influência...”, disse o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, considerado o homem das estratégias do governo de la presidenta Dilma Rousseff, em entrevista ao Jornal Nacional na última sexta-feira, 03 de junho, denunciado que foi pelo jornal Folha de S. Paulo, por ter aumentado o seu patrimônio em vinte vezes, entre 2006 e 2010, quando era deputado federal, durante um dos mandatos do ex-presidente Lula.

Depois da visita do presidente norte-americano Barack Obama ao Brasil, em março deste ano, castigo maior não haveria para o povo brasileiro que o de o país receber o presidente venezuelano Hugo Chávez nesta segunda-feira, 06. Sim, porque, por mais que ele se considere comunista – os conceitos de relatividade estão valendo –, eu, particularmente, não o reconheço como tal – [eu e uma legião de simpatizantes das idéias do ex-líder russo Lênin (1870 - 1924), fundador do Partido Bolchevista, organizador da Revolução de 1917 e construtor do socialismo na ex-União Soviética...]. Porém, se, de fato, Hugo Chávez for comunista, já que, de uns tempos para cá, as classificações para alguém ser um são tantas que, se for o caso, ele deve ser um vermelho desbotado, do mal, ditador impiedoso que é, como se comporta, equivocadamente, para com o povo que governa...

Detalhe: quem, hoje, recebeu Hugo Chávez, em Brasília, não foi o povo brasileiro, mas Dilma Rousseff e o seu staff, sobretudo Palocci, o primeiro dos ministros, inclusive, a ser cumprimentado pelo ditador venezuelano, que, aliás, à ocasião, desejou força – “Fuerza, fuerza!” – ao ministro-chefe da Casa Civil, esperando, quiçá, que o homem forte de la presidenta resista as pressões que está sofrendo por causas das denúncias do seu enriquecimento ilícito por tráfico de influência. Enfim! Em sua primeira visita oficial ao Brasil após a eleição de Dilma Rousseff, Chávez, sem medo de ser feliz e antes de cumprimentar os ministros brasileiros, relatou aos jornalistas, presentes no Salão Nobre do Palácio do Planalto, um fato que ocorreu quando Lula ainda era presidente da Terra dos Papagaios...

Segundo o presidente venezuelano, quando os dois, Lula e ele, romanticamente caminhavam em uma praia brasileira, “pessoas começaram a nos cercar”, disse. À época, ele, Chávez, teria perguntado a essas pessoas: — Vocês são jornalistas? Sei não, mas, se, hoje, em Brasília, o visitante portava uma muleta, em função de uma lesão em um dos joelhos, à ocasião do idílio com Lula, mencionado por ele, só poderia está deficiente visual. Afinal, a pergunta feita aos jornalistas foi desnecessária, visto que, normalmente, quando estamos a trabalho, portamos câmeras, máquinas fotográficas, gravadores, microfones – toda uma parafernália de equipamentos –, sobretudo luzes. Coisa que certos políticos desconhecem, independentemente da sua nacionalidade. Quem não sabe disso?

Enquanto isso...

Bom! Ao fazer a referida narrativa aos jornalistas em Brasília, todos, aliás, credenciados para estarem ali, naquele momento – a trabalho! –, tendo, inclusive, de engolirem aquele carrasco, ficou evidente o desprezo de Hugo Chávez pela categoria. Sei não, mas, diante do deboche do venezuelano, um jornalista mais ousado não teria engolido o desrespeito e, como se diz no Nordeste, rebolado nem que fosse uma câmera fotográfica na muleta do ditador, fazendo com que ele rolasse rampa abaixo, provocando, aliás, uma lesão em seu outro joelho. Por mim, eu ajudava a quebrar as suas duas pernas – se dependesse de mim, ele já estava morto...

Enfim! Outro exemplo de comportamento abusivo contra os jornalistas é o da presidenta argentina, Cristina Kirchner, que só falta atear fogo na imprensa do seu país e, se brincar, em qualquer uma, de não importa qual parte do mundo, que, negativamente, critique o seu governo. Falando nisso, a democracia tem passado distante do país do poeta Jorge Luis Borges (1899 - 1986) e da cantora Mercedes Sosa (1935 - 2009)... No Brasil, por exemplo, o caso mais polêmico de repressão à imprensa é o jornal O Estado de S. Paulo, há 675 dias sob censura...

Infelizmente, a América Latina está passando por um processo de recrudescimento da sua suposta proposta para a democracia, acintosamente desrespeitando a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. Só que, pegando a deixa da charge acima, a erradicação da miséria no Brasil, proposta por la presidenta Dilma Rousseff, que, segundo ela, pode acontecer em 2014, quando se encerra o seu mandato, é mais utópica do que a possibilidade de recuperar o Japão dos recentes estragos dramaticamente sofridos pelo país e por seu povo. Espero, portanto, que Dilma desista de se candidatar a um segundo mandato e que, nas próximas eleições presidenciais – âmbito do Brasil –, seja eleita a ambientalista Marina Silva (PV-AC) para comandar este país. Urge! Sim, porque 20 milhões de brasileiros, os que votaram em Marina, estão cansados. Estamos cansados. Queremos justiça e mudanças sérias, sem proselitismo! O PT roubar o Brasil? Não vamos deixar. A prioridade é a conservação do meio ambiente. Sem reticências!

Concluindo, a Força Sindical – uma referência dos trabalhadores brasileiros – já pediu o afastamento imediato de Palocci do cargo de ministro-chefe da Casa Civil de la presidenta Dilma Rousseff. Não me admira, já que, aliada do atual governo, a Força Sindical, que tem como presidente Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, um sindicalista que, desde que eu me entendo de gente, nunca foi confiável, teme que, se continuar a exercer tais poderes, que é o de articulador político, um cargo dito estratégico, Palocci pode vir a comprometer os avanços supostamente conquistados pela sucessora de Lula... Um oportunismo que é de lascar. E eu perguntaria: — Quando esse folhetim terá um fim? Afinal, ninguém merece!

Nathalie Bernardo da Câmara