sexta-feira, 17 de junho de 2011

EM QUAL MUNDO, MESMO, VIVEMOS?


“Eu sou você que se vai no sumidouro do espelho...”.

Leila Pinheiro
Compositora, cantora e pianista brasileira



Coitados dos espelhos! Pobres coitados – a estética passou longe. E pensar que o ser supostamente humano descende dessas criaturas acima... Resideria aí, então, a nossa suposta condição humana? Só pode ser castigo! Se brincar, elas terminam, ainda, nos ofendendo em inglês – que, pelo menos, o fosse em francês, que eu entenderia. Bom! O que diria, então, a alemã Branca de Neve, aquela dos sete anões, personagem de ficção de uma literatura dita infantil, à espera de um príncipe que, tudo indica, se fez de encantado, em uma situação como essa, ou, de repente, quem sabe, o grego Narciso, que, de tanto contemplar a imagem da sua face refletida nas águas de um rio, morre apaixonado pela sua própria beleza?

O que diria, também, a respeito, o eclipse total da lua – muitos, ignorantemente, confundem com eclipse parcial, seja da lua ou do sol –, ocorrido nesta quarta, 15, podendo ser contemplado praticamente no mundo inteiro – um fenômeno natural, considerado raro, já que só ocorre quando lua, terra e sol estão alinhados? Exemplo disso foi que, no dia do meu nascimento, 13 de abril de 1968, a lua estava cheia e igualmente houve um eclipse total do astro. E, por experiência própria, quem nasce sob os auspícios desse fenômeno, conhecido, ainda, como eclipse umbral ou lua de sangue vermelho, carrega um fardo nada leve...

Curioso! Afinal, na Idade Média, mesmo não sendo horrendo se vestir de preto, se uma mulher, mesmo se não nascesse em um dia como esse, com toda essa confluência astral, era chamada de bruxa, independentemente de possuir ou não um gato preto. Se não possuísse – pas de problème! –, os inquisidores logo se encarregavam de colocar um na porta da pobre infeliz. Quanto à vassoura... Só nunca teve uma quem nunca se preocupou com limpeza. Agora, dizer que uma vassoura voa? Criatura! Poupe-me. Sei não, mas, os surtos para lá de consecutivos dos inquisidores são insanidade mental demais para a minha lucidez nada católica e o meu ateísmo indefectível.

Enfim! No que diz respeito a um homem nascer sob esses auspícios ou não... A sumidade em pessoa. No caso de ser um idoso, se tornava, querendo ou não, um mago, portando roupas brancas, com um gato igualmente branco e uma varinha de condão, que o fazia transmutar. Nunca voar! Voar? Coisa de feiticeiras, que, ainda, faziam chás, fosse com plantas ou ervas. Aromáticas ou com propriedades terapêuticas – tão em voga hoje dia –, cultivadas por elas em seu quintal. Quiçá, nascidas espontaneamente. Sei não, mas a Idade Média foi um período para lá de muito sombrio na História da humanidade, sobretudo para as mulheres. Os delírios dos homens de batina?

Vejam isso:
http://abagagemdonavegante.blogspot.com/2010/05/bruxa-e-o-mago-os-dois-lados-da-mesma.html


Psicopatia pura! Hoje? Faltariam clínicas psiquiátricas para internar os homens de batina pelo resto da vida – igual fizeram, injustamente, com a maior escultora francesa de todos os tempos, ou, melhor, do mundo inteiro: a sempre tão lúcida e inebriante Camille Claudel (1864 - 1943) – um gênio! –, cujo pecado foi apenas o de amar demais um homem inescrupuloso e asqueroso, o também escultor francês Auguste Rodin (1840 - 1917). Se, à época, Rodin tivesse vivido no Brasil, todas as suas obras estariam, hoje, legando à posteridade uma bala em seu cerne. E dadas pelo mais famoso dos cangaceiros nordestinos, que foi Lampião (1898 - 1938).

Digo isso porque foi muita maldade que Rodin cometeu contra Camille Claudel – uma História que, desde adolescente, sempre me marcou. Sem falar no irmão da escultora, o hipócrita poeta católico Paul Claudel (1868 - 1955), que, com a conivência de uma mãe insensível, Louise-Athanaïse Cécile Amélie Cerveaux (1840 – 1929), que, aliás, nunca fez nada na vida, fez de um tudo, e conseguiu, para, sem motivos, internar a irmã em um asilo de loucos. Ora! Camille Claudel só estava sofrendo... Por amor. Quer dizer que, para os católicos, amar não pode? Agora, matar pode! E o ideal é que seja com requintes de crueldades.

Sei não... A biografia dessa francesa, cuja sua última morada, antes de ela ir para o sanatório, eu, décadas depois, tive o privilégio de conhecer, que ficava na Île de Saint-Louis, em Paris, bem como poucas das suas obras expostas no museu que leva o nome do infeliz que a levou, sem precisão, a um desequilíbrio emocional, ou seja, o Museu Rodin, sempre me impactou, como impactou metade da humanidade que conheceu a obra dessa maravilhosa escultora, artista e mulher. Um ser humano decente, cujo único erro que cometeu na vida, como eu já disse, foi o de amar um covarde. Enfim! Nunca consegui entender o motivo da inveja...

E também nunca entendi alguém se valer de uma suposta autoridade dita filial para desgraçar a vida de alguém. O irmão de Camille Claudel, por exemplo, Paul Claudel – vendido para a Igreja católica –, depois que a internou, embora, em cartas, dissesse que a amava, nunca a visitou no asilo – e ela não era louca (só apaixonada). A mãe, uma parasita? Muito menos. Afinal, que amor familiar era esse? Sim, porque o amor não pode ser egoísta. Nem autoritário. Que diacho, como se diz no Nordeste do Brasil! Deixem as pessoas livres. Ninguém tem o direito de ditar normas de conduta para outrem. Cada um sabe de si.

Ocorre que – a vida de Camille Claudel já foi estudada por todos os tipos de especialistas e, no fundo do coração de todos nós, pedimos justiça, em sua memória – Paul Claudel tinha receio que a vida libertária da irmã comprometesse a sua ascendência na política. Enfim! Em nenhum momento ele se preocupou com a saúde da famosa escultora. Ele queria ofuscá-la para conseguir se promover. Um bandido! Igual Rodin, que se aproveitou do talento da nobre escultura. Bom! Sobre Camille Claudel, publiquei um texto sobre a sua vida, intitulado Uma vida estuprada, no dia 30 de junho de 2009. O link?


Ai, ai! Se meditação, yoga e tai chi chuan resolvessem alguma coisa para transformar o mundo, pelo menos o atual, no caso do Brasil, onde, infelizmente, me encontro, não precisaríamos, com todo respeito, da ambientalista Marina Silva – votei nela para comandar este país. Em tempo: só estou brincando, sendo lúdica...  E não dependeríamos daquela que é considerada o lar do sistema solar, que, aliás, anos atrás, tive a honra de vislumbrar – coisa rara, mesmo para os estudiosos em astronomia – em uma belíssima ilha portuguesa (foi lindo!), ou seja: a via láctea. Só que, quando vi a via láctea, as margens do Mediterrâneo, eu estava tomando banho de mar  – gelado! – e, apesar do frio, estava sem roupa, pelada. Era de noite, um frio de lascar! Deitei na areia, para contemplá-la, e, humildemente, deixei as ondas, romanticamente, lamberem os meus pés. Foi quando vi que eu não era nada... 


Nathalie Bernardo da Câmara



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