sábado, 30 de julho de 2011

JURA SECRETA?

 
”Quando lhe jurei o meu amor, eu traí a mim mesmo...”.

Raul Seixas (1945 - 1989)
Compositor e cantor brasileiro

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“Se alguém trai você uma vez, a culpa é dele; se trai duas vezes, a culpa é sua...”.

Eleanor Roosevelt (1884 - 1962)
Ativistas dos direitos humanos e diplomata norte-americana, foi embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas - ONU entre 1945 e 1952.

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“O silêncio é um amigo que nunca trai...”.

Confúcio (551 a. C. – 479 a. C.)
Filósofo chinês


Observação quanto ao último citado... Pela frase que disse o jovem, não é à toa a semelhança do seu nome com o substantivo feminino à toa, que quer dizer, a esmo, à doida, ou seja, confuso. Nos dias de hoje, 2011 – quem diria! –, o pobre do coitado seria o mais confuso dos piões ou o pior dos cegos em meio a um tiroteio no Rio de Janeiro. Provavelmente, infelizmente, terminaria vítima de uma bala perdida. Daí a importância do nome que se dá a uma pessoa... Ainda bem que gosto do meu e, que, de certa forma, imprime certa personalidade a minha pessoa, levando em consideração o lugar em que nasci: Paris, a Cidade Luz. Caso contrário, eu já teria ido a um cartório qualquer e mudado de nome há muito tempo.




Deu na revista Veja, em uma chamada na capa da edição 2227, de 27 de julho de 2011: Infidelidade: sexo pela internet pode ser comparado a traição na vida real? À página 106, portanto, o título da reportagem, de autoria da jornalista brasileira Mariana Amaro, com colaboração da também jornalista brasileira Bruna Stuppiello: Clique, clique, clique... E lá se vai a fidelidade conjugal. Enfim! Segundo a reportagem, a pergunta que não quer calar: — Trair pela internet é a mesma coisa que trair “de verdade”? E, lá na frente, a reportagem prossegue: — Para quem já foi enganado, certamente é. Afinal, o estômago se contrai do mesmo jeito, o coração fica igualmente dolorido e não passa de jeito nenhum a vontade de esganar o novo casal. Uma das explicações para essa nova forma de traição, que é a virtual, são “por motivos autoexplicativos, os chats de relacionamento e as minicâmeras acopladas ao computador”, que “são os dois grandes marcos do sexo virtual. Com eles, é possível encontrar rapidamente parceiros com interesses semelhantes, falar – e mostrar – absolutamente qualquer coisa que a fantasia dite, em total anonimato. Sem precisar se esgueirar para um motel nem esperar o fim do expediente ou algum compromisso inadiável do parceiro oficial”.

Segundo um estudo realizado em 2010 pela Nokia para a TNS Research International, foi descoberto “que 66% dos consultados acreditam que, quando uma pessoa está em um relacionamento e dá intimidade on-line a outra, ela está cometendo traição”. De acordo, ainda, com a reportagem, “outro estudo, da Academia Americana de Advogados Matrimoniais, mostra que 70% dos relacionamentos são afetados por causa de traição virtual”. Recentemente, a pedido da revista Veja, uma análise feita com quase 600 com idade entre 18 e 60 anos de idade, pessoas pelo Instituto QualiBest, que faz pesquisas de mercado por meio da internet, revelou “que 41% delas já tiveram algum tipo de interação sexual durante um relacionamento sério. Desses, 57% são homens e 43% são mulheres” – imagine se o relacionamento não fosse considerado sério! Então... Segundo a reportagem: “Caiu na rede, é prevaricação” – que nome feio! –, mas, prosseguindo: “a infidelidade virtual e física têm o mesmo peso para uma significativa maioria, quase a metade já incorreu nela”, segundo a pesquisa, que vai mais além, corroborando e confirmando o que foi dito no primeiro parágrafo: “61% acham que a traição na internet é tão grave quanto a da vida real”.

De acordo, ainda, com a pesquisa realizada pelo Instituto QualiBest, “75% usar os chats para trair; 46% usam e-mail; 45% usam redes sociais; 27% usam webcam; 60% dos entrevistados usam dois ou mais desses veículos; 53% praticam ou já praticaram algum tipo de ato sexual através da web (desde conversas sensuais até autoerotismo). Destes, 55% são homens e 45% são mulheres; 59% terminariam o relacionamento se descobrissem se o parceiro pratica alguns desses atos e 12% já pegaram o parceiro em práticas do tipo. Entre os jovens de 18 a 29 anos, o índice sobe para 19%”. Para a reportagem o que levam mulheres e homens a traírem são “motivos diferentes e de jeitos diferentes”. Exemplos? Segundo a antropóloga brasileira Mirian Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, a maioria das mulheres analisadas buscam casos na internet para serem valorizadas, elogiadas, enquanto os homens, mas, quando o namorado virtual deseja um contato real, “sem intermediação”, elas findam por romper com o romance, enquanto os homens encaram os seus relacionamentos virtuais tais quais os que, eventualmente, mantêm na vida dita real, apenas testando o seu poder de sedução com o intuito de alcançarem o seu único objetivo: sexo. Nada mais.

A revista Veja registra, ainda, um suposto “termômetro da traição” via web: “Assim como na vida real, a traição tem diversos níveis de gravidade. Entre um e-mail apimentado e o estágio máximo de erotização, a reação do traído também percorre várias etapas”, classificadas em 4, ou seja, traição baixa, “equivalente a um flerte na vida real, provoca ciúme moderado”; traição séria, que “provoca tristeza ou raiva no traído e sempre desencadeia brigas”; alta traição, que “deixa sentimento de profunda mágoa”, ameaçando “o relacionamento”, e a etapa classificada de devastador, quando “poucos namoros ou casamentos escapam desse nível de infidelidade”. Uma curiosidade, contudo, é a de um site americano, que chega ao Brasil em agosto, já contabilizando, entretanto, 10 milhões de clientes e cujo slogan não poderia ser mais descarado, ou seja: A vida é curta... curta um caso. Enfim! Com essa proposta um site holandês, que em maio chegou ao Brasil, já registrou um crescimento de 60% ao ano. Segundo a reportagem, “tudo muito fácil, simples e rápido – quase não dá para ouvir os corações partidos ao primeiro clique”. De fato, “o universo dos que traem pela web não é desprezível”: envolve mudanças de comportamentos, conceitos de fidelidade e, sobretudo, o que seja amor...






De repente, em 2011, o carro azul do pai de Charlie Brown seria um monitor da web. Não cor de rosa, como são os muitos dos laptops de certas adolescentes – acho isso tão brega! –, mas preto, um tom mais sóbrio, supostamente discreto, como assim exigem certas conveniências... Enfim! Hoje – que me desculpem os raros céticos –, vivemos no reinado da hipocrisia. É como, em uma época para lá de remota – teria mesmo existido? –, teria dito um desiludido Adão, se dirigindo à aparentemente ingênua Eva: — Eu bem que lhe preveni para não mexer com a mulher do próximo...


Nathalie Bernardo da Câmara



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