Capa da
edição portuguesa do novo livro do escritor.
“Alabardas, alabardas,
Espingardas, espingardas” nas livrarias portuguesas – dossier de imprensa
Fundação José Saramago
– 23 de setembro, 2014
Alabardas, alabardas, Espingardas,
espingardas, o romance inacabado de José Saramago, encontra-se a
partir de hoje nas principais livrarias de Portugal.
Para além dos capítulos escritos pelo Nobel
português de Literatura, a edição portuguesa inclui um texto do escritor
italiano Roberto Saviano e outro do espanhol Fernando Gómez Aguilera. Na capa e
no seu miolo são reproduzidas ilustrações do escritor alemão Günter Grass,
Prémio Nobel de Literatura.
A edição italiana chegou às livrarias no
dia 26 de agosto e no 1.º dia de outubro os leitores em espanhol, na Europa e
na América, poderão ficar a conhecer o último livro de José Saramago.
No Brasil, o romance chega às livrarias no dia
30 de setembro.
(Na foto, os primeiros exemplares de Alabardas
disponíveis na livraria da Fundação José Saramago – Casa dos Bicos)
Na imprensa:
José Saramago
vuelve a hablar a los lectores en una novela inacabada
(El País – Espanha)
(El País – Espanha)
(El Mundo – Espanha)
Romance inédito de José Saramago chega às livrarias
(Observador – Portugal)
(Observador – Portugal)
Pilar del Río: “Alabardas faz parte do universo saramaguiano em todo o seu esplendor”
(Visão – Portugal)
Romance inacabado de Saramago chega hoje às livrarias
(Diário de Notícias – Portugal)
(Diário de Notícias – Portugal)
Romance inédito de José Saramago chega às livrarias hoje
(Jornal de Notícias – Portugal)
(Jornal de Notícias – Portugal)
Romance inédito de José Saramago chega hoje às livrarias
(Sol – Portugal)
(Sol – Portugal)
Romance inédito de José Saramago chega hoje às livrarias
(Correio da Manhã – Portugal)
(Correio da Manhã – Portugal)
“Vai à merda”, diria ela no fim. Assim queria Saramago
(Público – Portugal)
(Público – Portugal)
Romance inacabado de Saramago chega hoje às livrarias
(TSF – Portugal)
(TSF – Portugal)
Pilar del Río: um livro e uma Fundação contra a indiferença
(Jornal de Letras – Portugal)
(Jornal de Letras – Portugal)
A última causa
de Saramago
(Visão – Portugal)
(Visão – Portugal)
Sale a la luz la obra póstuma de José Saramago
(La Vanguardia – Espanha)
(La Vanguardia – Espanha)
É já amanhã que será publicado o novo romance de Saramago
(Propagandista Social – Portugal)
(Propagandista Social – Portugal)
O impulso final de José Saramago
(Expresso - Portugal)
(Expresso - Portugal)
O livro de José Saramago que ficou por armar
(Diário de Notícias – Portugal) (segunda parte)
(Diário de Notícias – Portugal) (segunda parte)
Último livro de Saramago, inacabado com a morte do escritor, chega às
lojas
(O Globo – Brasil)
(O Globo – Brasil)
El disparo final de Saramago
(Canárias 7 – Espanha)
(Canárias 7 – Espanha)
“Vai à merda”, diria
ela no fim. Assim queria Saramago
PÚBLICO
Isabel Coutinho - 23/09/2014
Quatro anos depois da morte de José
Saramago chegou esta terça-feira às livrarias portuguesas o romance que o Nobel
deixou inacabado Alabardas,
Alabardas, Espingardas, Espingardas.
Mesmo antes de o acabar, José Saramago
sabia com que frase queria terminar aquele que seria o último romance em que
trabalhou e deixou inacabado.
No dia 16 de
Setembro de 2009, nas notas que ia escrevendo no seu computador, o Prémio Nobel
da Literatura 1998 anotava: “Creio que poderemos vir a ter livro. O primeiro
capítulo, refundido, não reescrito, saiu bem, apontando já algumas vias para a
tal história ‘humana’. Os caracteres de Felícia e do marido aparecem bastante
definidos. O livro terminará com um sonoro ‘Vai à merda’, proferido por ela. Um
remate exemplar."
A obra começou por se chamar Belona (nome da deusa romana da
guerra), passou a ser Belona S.A., depois Produtos
Belona, S.A. e, por
fim, chegou esta terça-feira às livrarias portuguesas com o título Alabardas,
Alabardas, Espingardas, Espingardas, que é retirado da tragicomédia Exortação
da Guerra de Gil
Vicente. A Porto Editora, que edita a obra, não revela a tiragem desta primeira
edição.
A primeira vez que no caderno de José
Saramago, que morreu em 2010, aparece a referência a este livro de que deixou
escritos e terminados os três capítulos iniciais é no dia 15 de Agosto de 2009.
Aí o autor explicava que eram velhas perguntas suas - “porquê nunca houve
uma greve numa fábrica de armamento” ou o "que se passa para que a classe
operária tão capaz de lutas não tenha conseguido entrar nos portões duma
fábrica de armas?". Foi essa "preocupação" que “deu pé a uma
ideia complementar" que, precisamente, permitiu "o tratamento ficcional
do tema”.
Explicava também que “o gancho para
arrancar com a história” era uma bomba que não chegou a explodir na Guerra
Civil de Espanha, a que Saramago juntou a referência que André Malraux faz no
seu L’Espoir a
operários de Milão fuzilados por terem sabotado obuses.
Na sessão de lançamento do seu
último romanceCaim,
em 2009, José Saramago anunciou publicamente que estava a escrever um novo
livro e explicou mais. Contou que esse morteiro que não rebentou na Guerra
Civil de Espanha tinha um papel escrito em português onde se lia: "Esta
bomba não rebentará". Saramago disse que poderia até ter sido um operário
da Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa, a ousar fazê-lo.
A personagem principal de Alabardas,
Alabardas, Espingardas, Espingardas é Artur Paz Semedo, que trabalha há
quase vinte anos nos serviços de facturação de armamento ligeiro e munições de
uma histórica fábrica de armamento em Lisboa. É um homem a quem a estreia de um
filme de guerra provoca “um alvoroço quase infantil” e que, se não trabalhasse
numa fábrica de armamento, “o mais certo é que ainda hoje estivesse a viver,
sem outras aspirações, com a sua pacifista felícia”. (pág.16)
Pilar del Río, na edição de Setembro da
revistaBlimunda da Fundação José Saramago, que
pode ser descarregada gratuitamente em PDF no site da fundação e traz um
dossier sobre este livro, defineAlabardas,
Alabardas, Espingardas, Espingardascomo um romance sobre as armas e
a responsabilidade cívica.
"As personagens que povoam o
livro têm discursos e contradições elaboradas a partir do convencimento de que
não ver é mais rentável do que ver – ou de que a indiferença é mais cómoda que
a acção – e da necessidade do conhecimento e da intervenção para não ser
cúmplice com o despropósito da violência. José Saramago escreveu um romance de
personagens e situações que se confrontam com a realidade, tantas vezes mais
obstinada que as pessoas, por isso não ver faz-se tão dramático.”, defende a
presidente da Fundação e viúva do escritor.
O livro onde são publicadas as trinta
páginas daquele que seria o próximo romance de José Saramago e onde já estão
desenhados os dois protagonistas do livro - Artur Paz Semedo e a sua ex-mulher
Felícia - traz na edição portuguesa (que segue a espanhola) ilustrações do
Prémio Nobel da Literatura 1999 Günter Grass, notas do caderno de Saramago -
onde o escritor ia dando conta do romance que queria escrever - e ainda dois
textos, um do biógrafo espanhol de José Saramago, Fernando Gómez Aguilera, e
outro do escritor e jornalista italiano Roberto Saviano.
“Na capa da edição portuguesa só aparece
parte do título - a palavra ‘Alabardas’ - por questões gráficas e também por
questões que têm a ver com a edição espanhola”, explicou o director editorial
da Porto Editora, Manuel Alberto Valente na sessão de apresentação das
novidades da rentrée.
“Pensou-se que as duas edições,
portuguesa e espanhola, deveriam ser idênticas e são diferentes das outras
edições que estão agora a ser publicadas como a italiana ou a brasileira”,
afirmou Manuel Alberto Valente, lembrando que José Saramago estava
profundamente empenhado com as duas realidades ibéricas e por isso pareceu-lhes
que faria sentido as duas edições serem iguais. À edição brasileira, da
Companhia das Letras, por exemplo, foi acrescentado um texto de Luiz Eduardo
Soares, antropólogo e especialista em segurança pública.
O texto de Fernando Gómez Aguilera é
ensaístico e explicativo (situa este livro na obra completa de Saramago) e o
texto de Roberto Saviano é emocionante. Vai lembrando vários heróis - como Tim
Lopes, o jornalista brasileiro que foi assassinado -, que à sua maneira foram
também como a personagem deste livro: escolheram arriscar para se protegerem da
"idiotice" de se viver uma vida plana.
Ao longo do texto é repetido:
"Também eu conheci Artur Paz Semedo. Não trabalhava nos serviços de
facturação de armamento ligeiro e munições Belona S. A., e não teve uma
ex-mulher pacifista. Não vivia em Itália. Provavelmente nunca pegou numa
pistola, imagine-se se alguma vez terá pensado em dar um tiro. Mas também
eu conheci Artur Paz Semedo e o seu nome era.... Tim Lopes. A sua arma era a
paixão. Uma ardente paixão." (pág. 114).
Para o dia 2 de Outubro está marcada a
sessão de lançamento do livro em Lisboa. Durante a manhã haverá uma conferência
de imprensa na Fábrica de Braço de Prata (o antigo estabelecimento fabril
militar do Estado Português, desactivado na década de 1990) e ao final da
tarde, às 18h30, será a apresentação mundial de Alabardas,
Alabardas, Espingardas, Espingardasna Sala Garrett do Teatro
Nacional D. Maria II, com a participação do professor António Sampaio da Nóvoa,
do juiz Baltasar Garzón e do escritor Roberto Saviano. A sessão será moderada
pela jornalista Anabela Mota Ribeiro e serão projectadas as ilustrações de
Günter Grass que integram o livro.
Vídeo de quando
José Saramago falou do seu último livro:
José Saramago volta a falar aos leitores
Será publicado o romance inacabado ‘Alabardas’, sobre a violência e o negócio de armas. Participam do livro Roberto Saviano e Günter Grass
El País
WINSTON
MANRIQUE SABOGAL Madri 25 SEP 2014
Ilustração de Günter Grass para 'Alabardas', de Saramago.
Com o mar de Lanzarote à esquerda e
o jardim de sua casa à frente, debruçados em duas janelas, José Saramago
começou a escrever o romance que deixou inacabado e que verá a luz no dia 1 de
outubro:Alabardas (Editora Alfaguara). Foi escrito em
uma das salas de sua casa, em uma poltrona cor de telha rodeada de tons verdes
onde nunca havia escrito um livro antes. Onde – para um tema como o da
indústria de armamentos e o tráfico de armas– continuou a exploração de dois
rumos literários: mais depuração no escrito e mais senso de humor e ironia.
O Nobel
português (Azinhaga, 1922-Tías, Lanzarote, 2010) aborda o negócio armamentista,
sim, mas também fala ao leitor, o interpela, conta-lhe uma história e nela lhe
pergunta sobre sua posição e responsabilidade moral diante dessa situação. Ou,
como diz o poeta e ensaísta Fernando Gómez Aguilera, “põe o dedo na consciência
para incomodar, inquietar e depositar no âmbito pessoal o desafio da
regeneração: a eventualidade, embora cética, de perceber a alternativa de um
mundo mais humano”.
O romance aborda o negócio
armamentista, sim, mas também fala ao leitor, o interpela, conta-lhe uma
história e nela lhe pergunta sobre sua posição e responsabilidade moral diante
dessa situação
Tudo começou a tomar corpo em 15 de
agosto de 2009, depois da publicação de Caim, com a primeira
anotação de trabalho: “É possível, quem sabe, que talvez possa escrever outro
livro. Uma antiga preocupação (por que nunca houve uma greve em uma fábrica de
armas)”. Chegou a escrever três capítulos que deixou em seu computador, com
cópias impressas em uma pasta vermelha sobre a escrivaninha. E em outro
documento de word deixou esboçada parte da história
protagonizada por artur paz semedo que “trabalha há quase vinte anos no serviço
de faturamento de armamento leve e munições de uma histórica fábrica de armas”.
Um homem separado da mulher, “não porque ele o tivesse querido, mas por decisão
dela, que, por ser convicta militante pacifista, acabou não podendo suportar
nem um dia mais se sentir ligada pelos laços da inevitável convivência
doméstica”.
Pura coerência.
Pura
pergunta que Saramago lança em uma palavra de nove letras: Coerência. E daí em
diante mais. Uma história dessas que concatenam ao mundo governos, empresas e
cidadãos, e que nasce de outra pergunta: a empresa onde trabalha artur paz
semedo vendeu armas aos fascistas da Guerra Civil Espanhola?
Isso é Alabarda,
cujo nome completo seria “Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas”,
título extraído da tragicomédia Exortação da Guerra, do
dramaturgo Gil Vicente. Um romance em que o escritor não só mudou de lugar na
hora de escrever e aprofundou em outros registros, mas que, devido à doença,
alterou sua rotina criativa e o fez cada vez que pôde. Em outros tempos,
recorda Pilar del Río, sua viúva, “dedicava a manhã à correspondência, escrever
artigos de imprensa ou conferências, enquanto à tarde escrevia romances. Mas
nos últimos tempos o tempo o apertava e ele já não tinha horas. ‘O tempo
aperta’, dizia”.
Saviano: "É como um
manual de tradução de sons, percepções e indignações. Em Artur as revelações
que vi são as de todos os homens e mulheres que se defenderam da idiotice ao se
darem conta de haver compreendido os dois caminhos que existem: ficar aqui
suportando a vida, conversando com ironia, tratando de acumular algum dinheiro
e família e pouco mais, ou então outra coisa"
Saramago foi alcançado por esse
tempo, e o que foi escrito nessa pressa se vê agora em 149 páginas. Uma edição
especial que inclui as anotações do autor, um artigo de Roberto Saviano, um
texto de Gómez Aguilera e tudo embelezado pelos desenhos de Günter Grass… lobos
raivosos e assustados, sombras fantasmais, pernas e braços em marcha militar,
semeadouros de armas, corvos, corvos…
Imagens que
acompanham um livro, como escreve Saviano, “de páginas que são um criptograma
do murmúrio contínuo das misteriosas revelações que recebemos. Como um manual
de tradução de sons, percepções e indignações. Em artur, as revelações que vi
são as de todos os homens e mulheres que se defenderam da idiotice ao se darem
conta de haver compreendido os dois caminhos que existem: ficar aqui suportando
a vida, conversando com ironia, tratando de acumular algum dinheiro e família e
pouco mais, ou então outra coisa”.
Quatro anos
depois de morto, Alabardas é publicado com uma mistura de
sentimentos de Pilar del Río. Desde o principio ela tinha clareza que o
editaria: “O leitor tem direito a conhecer aquilo que ocupava o autor que
admirava e pelo qual havia se preocupado tanto. E mais em um homem como
Saramago, que estava entre a vida e a morte, trabalhando”. Inclusive assim,
quando podia, escrevia duas folhas diárias, fazia duas cópias na impressora – uma
para a pasta vermelha e outra para a mulher– e no dia seguinte detalhava ou
corrigia. O surpreendente, conta Del Río, eram a afabilidade, a leveza e o
humor que queria transmitir esse homem muito doente que não sabia se poderia
concluir o livro. Um romance que será apresentado no dia 2 de outubro em Lisboa
com vários atos especiais: de manhã haverá uma visita com a imprensa à Fábrica
de Braço de Prata, antiga Fábrica de armas e atualmente Centro Cultural; à
tarde (17 horas), no Teatro Nacional D. Maria II, haverá uma entrevista
coletiva à imprensa com Baltasar Garzón, Roberto Saviano e António Sampaio da
Nóvoa.
É o diálogo contínuo de José
Saramago com os leitores neste Alabardas, que escreveu
em um lugar inédito para ele, com um computador, em sua poltrona cor de telha e
frente à melhor obra da casa, segundo ele: duas janelas – uma com vista para o
mar e para a ilha de Fuerteventura e a outra com as árvores do jardim que
plantaram juntos.
Ilustração de Günter Grass para 'Alabardas', de Saramago.
Enquanto isso, no Brasil...
Capa da
edição brasileira do novo livro do escritor português.
Hoje, dia 30 de setembro,
"Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas", o romance inacabado
de José Saramago, chegou às livrarias brasileiras. A revista Blimunda
deste mês reúne o depoimento dos editores envolvidos no processo de publicação
dessa obra. Para ler a revista aceda: http:// blimunda.josesaramago.org/ 2014/09/18/ blimunda-28-setembro-de-201 4/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Aceita-se comentários...