sábado, 4 de outubro de 2014

MARINA SILVA: QUANDO O CHORO É ALENTO...

Foto: Valéria Gonçalves/AE

“Certamente, é permitido chorar: chorando, acalmamos a cólera...”.
Ovídio (43 a. C. – v. d. C. 17)

Poeta latino


Depoimento do jornalista Altino Machado em seu blog (16/08/2014) – Após a morte trágica de Eduardo Campos, fui procurado por um repórter do Wall Street Journal em busca de histórias sobre Marina Silva para compor uma matéria a ser publicada após o PSB confirmar oficialmente a candidatura dela à presidência da República. (...) Justifiquei tudo o que havia dito ao repórter:Todos nós podemos divergir e divergimos de Marina sobre ideias ou decisões dela. O que ninguém consegue é questionar a sua honestidade e idoneidade moral e ética.

Silvio Margarido [documentarista], amigo de Marina, costuma dizer: Em quem não existem essas virtudes, a inveja se transforma em ódio.


Inesperadamente, no dia 11 de setembro do corrente, num carro que a levava para um hotel depois de mais de treze horas de campanha eleitoral no Rio de Janeiro, a candidata Marina Silva (PSB) mantinha uma conversa informal com uma jornalista que a acompanhava e, de repente, emocionou-se; num repente, não se conteve e chorou, alegando sentir-se injustiçada pelos constantes ataques que vem sofrendo por lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT), seu antigo aliado político. Porém, tão logo chegou ao hotel, tratou de se recompor e disse a sua interlocutora que não guardava mágoa e que iria continuar lutando. Não demorou muito, a suposta privacidade desse momento íntimo da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente tornou-se público e, feito rastilho de pólvora, motivo de chacota e maledicência por parte dos seus adversários políticos, inclusive de Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição: — Se a pessoa não quer ser pressionada, não quer ser criticada, não quer que falem dela, não dá para ser presidente da República.

Ora, que disparate! Partindo, sobretudo, de quem fez a declaração. – parece até que, empedernida, Dilma é blindada. Ou desprovida de seiva, pau oco. Ocorre que... 


Foto: AFP


Quando da sua posse, no dia 1º de janeiro de 2011, ao receber a faixa presidencial do seu antecessor, Dilma caiu no maior chororô – ou teria sido um cisco? –, o primeiro, aliás, de muitos outros ao longo do seu mandato. Falando nisso, muitas das lágrimas já derramadas pela candidata à reeleição, registradas pelos mais diversos fotógrafos, estão na internet, disponibilizadas para todos os que quiserem atestar a sua dissimulação e leviandade ao comentar sobre o choro de Marina Silva, com a declaração da petista não passando de uma falácia, visto que, na realidade, parece que a máxima aplicada à ambientalista não a contempla, nem, muito menos, os seus pares, que podem, sim, chorar, não importa o motivo – inclusive lágrimas de crocodilo –, ou, então, sorrir, sem medo de ser feliz, a despeito e, muitas vezes, à custa das privações pelas quais passa o povo brasileiro. Não obstante, convenhamos – nada me demove disso –, aparências podem enganar, tipo promessas.

Exemplo disso é que – oportuno parêntese –, quando do primeiro dos ciscos que lhe fizeram chorar, Dilma garantiu, entre outras falsas promessas, que iria erradicar a miséria no Brasil – uma das muitas propagandas enganosas apresentadas no seu discurso de posse, considerando que o que se tem visto é a perpetuação assistencialista demagógica que caracteriza o Bolsa Família, programa que, ao invés de ser transitório, transformou-se, no frigir dos ovos, num cabide eleitoral permanente do PT. Daí a lúcida opinião da escritora e historiadora brasileira Anita Leocádia Prestes em relação ao referido programa quando entrevistada pela jornalista Juliana Bublitz – entrevista essa publicada pelo jornal Zero Hora (05/01/2014): — Engana muito. Uma coisa é ter uma política de distribuição de renda por um período curto e, ao mesmo tempo, investir para que as pessoas possam ter emprego e trabalho para ganhar o seu dinheiro. A eternização do Bolsa Família deforma as pessoas. Na medida em que o nível cultural é muito baixo, a população se contenta em matar a fome e vota no Lula e na Dilma. É um papel deseducativo e tira as pessoas da luta. PT, Lula e Dilma contribuem negativamente para a conscientização e a organização populares.

De fato, ao constatar e concordar com a pertinência da análise feita pela escritora e historiadora, só nos resta chorar – por isso considerar uma covardia Dilma e congêneres tripudiarem das emoções afloradas de Marina, que, ímpar na sua transparência, não resistiu e, com pesar, sem falsear os seus sentimentos, abriu o coração, revelando, de maneira espontânea e sincera, as decepções com aliados, companheiros e amigos de outrora, de uma vida que, inclusive, de há muito se esvaiu no nevoeiro das desilusões. Enfim! Ledo engano de quem, lendo esta postagem, achar que irei votar em Marina. Na verdade, cheguei a pensar nisso, igual fiz nas eleições de 2010, quando votei na porção ambientalista da candidata, mas, infelizmente, após a escolha do seu vice, que mantém laços estreitos com o agronegócio, desisti de votar, embora contrariada – a minha posição em relação ao pleito iminente, Eleições 2014: beco sem saída..., foi publicada neste blog em 22/08/2014.

Não comparecendo as urnas – sem margem de erros –, irei abster-me, limitando-me a justificar a minha ausência do meu domicílio eleitoral, reafirmando, com o meu gesto, que, apesar de admirar Marina e a sua biografia, quero o meu ambiente por inteiro, não pela metade... Porém, o ato de chorar, retomando ao tema central desta postagem, pode muito bem expurgar um ou mais nódulos corrosivos de nossas entranhas, legando-nos alento; às vezes, quiçá, esquecimento; noutras uma metáfora... Foi assim com Marina, visto que, no dia 23, num evento em Recife, versando sobre o ocorrido, que foi o de ter chorado no banco de um carro – divã que amparou as suas lágrimas –, e, por isso, consequentemente, jocosamente criticada, ela tirou de letra as nada boas intenções alheias e contou um segredinho da floresta: — O pessoal diz “a Marina é magrinha”, “é fraquinha”. Sou magrinha, mas venho da Amazônia. Tem uma árvore lá chamada biorana. Tem a Biorana branca e a preta. A biorana preta não fica tão grossa. Mas experimenta bater com um machado: sai faísca, mas ela não verga...


Biorana, biojoia...

Foto: Bob Wolfenson/Vogue Brasil

Terra - Você gosta mesmo de fazer essas joias?
Marina Silva - Isso para mim é uma terapia. Estou deixando você me fotografar nessa terapia porque muita gente nem acredita que faço isso. Essa tarefa me permite fazer profundas reflexões. O pensamento voa...

Trecho da entrevista concedida por Marina Silva ao jornalista Altino Machado, publicada no portal Terra (11/10/2010), durante a qual a ambientalista ajustava colares usados durante a sua campanha eleitoral para presidente do Brasil – foi a terceira no pódio, obtendo cerca de 20 milhões de votos.


Um sabor bem brasileiro, nascido no seio da floresta, “amálgama dos seus odores, frutos e flores, sons, cores e tons”, como eu disse numa antiga postagem, sendo, ainda, embalada pelo aroma do seringal, que lhe fincou fecundas raízes – e haja estirpe! –, ramificadas, aliás, mundo afora, na defesa das suas causas ambientais, além de trançadas tais quais os colares que costuma portar em suas aparições públicas, destaque da Vogue italiana em sua edição de outubro de 2010, que, primorosa, não poupou elogios aos seus acessórios “étnicos” – ela chama-os de “biojóias” –, criados e confeccionados por ela mesma, “dos cortes aos polimentos” (edição de julho de 2011 da versão brasileira da revista), a partir de uma diversificada matéria-prima oriunda da própria Amazônia: sementes de açaí, mulungu, licuri, jarina, haste de palmeira pupunha... Essa é, portanto, a ambientalista, artesã e política Marina Silva, credenciando-se, pela segunda vez, à presidência do Brasil. Desse modo, a título de ilustração, segue, abaixo, um link para a recente entrevista que ela concedeu ao telejornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, exibida no dia 25 de setembro do corrente, ao final da qual, na maior naturalidade, explicou o motivo do seu choro, embora ela – nem ninguém – não tivesse de justificar nada, apesar de tê-lo feito apenas porque um dos jornalistas tocou no assunto. Enfim! Chorar não é necessariamente sinônimo de fragilidade – afinal, o choro faz parte da condição humana.

NBC


“Não se pode confundir sensibilidade com fraqueza”, diz Marina Silva.

“Já vi tantos líderes chorando e não é por isso que são mais fracos ou menos fracos”


Link para a entrevista com Marina Silva e, abaixo, na íntegra, a sua transcrição: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2014/09/bom-dia-brasil-entrevista-marina-silva.html


Chico Pinheiro: Olá, candidata.

Marina Silva: Olá, Chico.

Chico Pinheiro: Nós agradecemos a sua presença aqui no Bom Dia Brasil. Seja muito bem-vinda.

Ana Paula Araújo: Bem-vinda aqui e obrigada pela presença.

Miriam Leitão: Olá.

Marina Silva: Obrigada por estar com vocês.

Chico Pinheiro: Essa entrevista começa a contar a partir de agora o tempo da entrevista. E quem vai começá-la é a nossa colega Miriam Leitão, com a primeira pergunta. Miriam.

Miriam Leitão: Candidata Marina, a senhora falou em atualizar a legislação trabalhista e disse que não vai mudar a CLT, mas só... apenas a referência a essa mudança na legislação trabalhista já assusta os trabalhadores, naturalmente. E o que a senhora vai mudar e como vai mudar?

Marina Silva: Quando se fala em atualização, é exatamente para manter os direitos já conquistados e ampliar aqueles que os trabalhadores ainda precisam conquistar. Por exemplo, hoje, nós temos cerca de 20 milhões de brasileiros que estão na informalidade. E nós estamos assumindo o compromisso de fazer um esforço para que se tenha meios para que essas pessoas possam vir para o mercado formal de trabalho.

Miriam Leitão: Não é simples, né, candidata? Como é que faz essa formalização? Porque esse é um velho problema do Brasil.

Marina Silva: Exato, não é simples, mas nós não podemos partir do princípio de que essas pessoas devam ficar condenadas para o resto da vida a ficar na informalidade, inclusive, com seus direitos precarizados em relação à Previdência.
Miriam Leitão: Claro, mas eu quero saber como fazer isso.

Marina Silva: Como fazer? Por exemplo, no governo do Fernando Henrique, ele fez o processo de terceirização para as atividades-meio. O governo do PT manteve. Existe uma lei que faz essa regulamentação, mas nem todos os trabalhadores têm os seus direitos assegurados. E nem todas as empresas se sentem seguras com a forma como esse processo foi estabelecido, que, em muitos aspectos, tem a ver com uma súmula do Supremo. Então, fazer essa atualização para que aqueles que vivem na informalidade possam entrar no mercado formal de trabalho e, ao mesmo tempo, aqueles que estão na atividade-meio, que já estão no processo de terceirização, não a atividade-fim, que fique bem claro que é o que já existe, que essas pessoas possam ter seus direitos respeitados e que empregados e empregadores possam ter segurança jurídica. Esse é o esforço que nós estamos nos comprometendo para melhorar as condições dos trabalhadores e para que também a gente possa criar um espaço de segurança. E isso dialoga também com aposentadoria, com Previdência...

Miriam Leitão: Mas a CLT não tem coisas velhas que precisam ser atualizadas além dessa questão da terceirização, tem outros pontos?

Marina Silva: Nós achamos que há um processo complexo em relação à CLT e que, se você vai mexer em tudo isso, cria um problema de insegurança para os trabalhadores, que a duras penas conquistaram esses direitos. É preciso...

Miriam Leitão: Então a senhora prefere não mexer na CLT? É isso?

Marina Silva: Nós não vamos mexer na CLT. Nós queremos fazer uma atualização para que direitos possam ser ampliados e para que aqueles aspectos que ainda não estão sendo cumpridos adequadamente possam ser cumpridos.

Ana Paula Araújo: Candidata, ainda cobrando uma definição melhor das suas propostas, é um consenso entre todos que o Brasil tem uma carga tributária muito alta. Isso torna a nossa indústria pouco competitiva com relação a outros países. A senhora tem dito que quer promover um desmame da indústria revendo desonerações de impostos, mas entre essas reduções de impostos tem o IPI para os carros, tem também a desoneração da folha de pagamento. Afinal, que medidas exatamente a senhora quer rever?

Marina Silva: Nós sabemos que há a necessidade de incentivos para que a indústria e o emprego possam ser protegidos. Isso aconteceu a partir de 2008, naquele momento de fragilidade. O problema é que a continuação do remédio, mesmo quando o paciente já deveria ir se preparando para ter autonomia, cria uma situação de dependência. A atitude do governo em não exigir nenhuma contrapartida, principalmente da indústria automobilística, faz com que no Brasil esses benefícios aconteçam sem que a indústria automobilística se preocupe em melhorar a qualidade dos seus equipamentos, de diminuir emissão de CO2, de diminuir a poluição. Nos Estados Unidos, isso foi feito também, só que foi feito com contrapartida. O que nós falamos foi que nós queríamos qualificar melhor esses incentivos. Qualificar no sentido de que possam ter contrapartida e de que possa se ter um diálogo, envolvendo também a indústria automobilística. As saídas para o transporte público de qualidade, por exemplo, não pode ser uma ação só do governo federal com a sociedade. As empresas poderiam também participar desse processo e contribuir com novas formas de atender adequadamente a população com transporte coletivo.

Chico Pinheiro: Mas não só...

Ana Paula Araújo: A senhora falou aí do IPI dos carros. Mas tem, por exemplo, também a desoneração da folha de pagamento, que é uma medida que cria empregos.

Marina Silva: É. Essa questão ela é complicada, porque, na verdade, você não pode criar uma situação de vulnerabilidade. Por isso que nós utilizamos os termos, o termo qualificar. Qualificar exatamente para poder exigir contrapartidas, qualificar para que as empresas possam ter... Claro que não podem ficar infinitamente dependendo dos incentivos do governo. E, no caso da folha de pagamento, é fundamental, porque a indústria e os setores que são os empregadores não podem, de uma hora para outra, perder esses incentivos.

Chico Pinheiro: Agora, nós estamos em um quadro de desindustrialização, né, com perda, com redução de empregos. E, nesse momento, a senhora não acha delicado mexer nessa questão dos incentivos, ainda que isso seja desejável? Porque pode se entrar em um dilema aí: se tira os incentivos, corre o risco de piorar a situação da indústria e, portanto, os empregos; se mantém, permanece essa dependência das empresas do estado. Como a senhora...

Marina Silva: Por isso que eu insisto, Chico. Nós não falamos em retirar, nós falamos em qualificar. E, quando falamos em qualificar...

Chico Pinheiro: Qual é o critério para qualificação?

Marina Silva: Nós queremos também dialogar com aqueles incentivos que foram dados através, por exemplo, do BNDES, em que o governo escolheu algumas empresas para serem consideradas as campeãs, com juros subsidiados, com volumes de recursos altíssimos, cerca de R$ 500 bilhões, que equivale a 20 anos de Bolsa Família. Não se pode utilizar o dinheiro do contribuinte para escolher quem serão os ungidos que irão ter acesso a esses recursos.

Chico Pinheiro: Mas a senhora vai reduzir a carga tributária?

Marina Silva: Nesse caso do mau uso dos recursos públicos do BNDES, nós vamos fazer isso com transparência, que a sociedade possa ver. No que concerne à questão tributária, nós estamos nos comprometendo, em no primeiro mês do nosso governo, mandar uma proposta de reforma tributária para o Congresso. Estabelecemos princípios que são: o princípio da justiça tributária, porque, no Brasil, quem pode mais... quem pode menos paga mais e quem pode mais paga menos; o princípio da transparência, porque muita gente paga imposto na hora que vai ao supermercado e nem sabe que está pagando imposto; e o princípio da simplificação, porque hoje uma boa parte do tempo e dos recursos de uma empresa é gasto exatamente só para poder pagar os impostos. Eu tive um dia desses em um debate com jovens empreendedores e eles diziam o seguinte, que das novas empresas que fazem parte do Supersimples, quando elas alcançam R$ 3,6 milhões, elas ficam diante de um dilema, porque se elas forem submetidas a toda a carga tributária, a todas as exigências, 70% dessas empresas fecham...

Miriam Leitão: Candidata...

Marina Silva: Então fica um dilema. Então é fundamental que a reforma tributária dê conta desse desafio.

Miriam Leitão: Candidata, sabe o que os empresários temem em relação à senhora? É que, diante de um conflito entre o agronegócio, por exemplo, e os ambientalistas, ou os ambientalistas e a necessidade de fazer infraestrutura no país, obras de infraestrutura, a senhora sempre ouvirá mais os argumentos, tenderá ser mais sensível aos argumentos dos ambientalistas. Mas só que o Brasil, o agronegócio é a salvação da nossa lavoura, que garante a balança comercial, e o Brasil precisa de estradas e precisa de energia. Como é que a senhora responde a esses temores com relação a toda sua vida profissional?

Marina Silva: Que as duas coisas não são incompatíveis, Miriam. Eu tenho insistido que é fundamental juntar economia e ecologia. É uma parte muito pequena do agronegócio que tem essa visão, que é mais uma visão política e ideológica, de que para o agronegócio ser próspero é preciso negligenciar meio ambiente. É possível aumentar a produção por ganho de produtividade. O Brasil...

Miriam Leitão: Mas sempre haverá conflitos.

Marina Silva: Mas o conflito...

Miriam Leitão: Sempre haverá pontos de divergência.

Marina Silva: O conflito é para ser manejado. Não sei se vocês viram uma matéria que saiu recentemente dizendo que as chuvas do Sul, do Sudeste e de parte do Centro-Oeste elas se dão em função da Amazônia. A destruição da Amazônia significa a ameaça de transformar em deserto as regiões mais prósperas do agronegócio. Então é interesse do próprio agronegócio moderno, das pessoas que querem aumentar a produção por ganho de produtividade, que a gente não fique neste dilema. Não há esse dilema para produzir e proteger. As duas coisas são inteiramente possíveis.

Ana Paula Araújo: Mas candidata...

Marina Silva: Hoje nós podemos aumentar a produção por ganho de produtividade. De 1973 para cá o Brasil teve um aumento de produtividade de mais de 200%, com a expansão de área de apenas 31%. Isso significa que nós já somos campeões em aumentar a produção por ganho de produtividade. Isso significa a utilização de menos áreas, utilização de menos recursos.

Miriam Leitão: Graças à revolução agrícola, da Embrapa.

Marina Silva: Exatamente.

Chico Pinheiro: O trabalho da Embrapa.

Marina Silva: O trabalho da Embrapa e o investimento dos grandes produtores, que eles próprios passaram a investir em pesquisa. Quem não consegue isso são os pequenos. E tem um falso dilema. É a cortina de fumaça que é feita toda eleição. O problema do agronegócio não é a proteção do meio ambiente, não são os índios e os quilombolas. É a falta de infraestrutura de hidrovias, de ferrovias, de termos estradas adequadas para o transporte, ...

Ana Paula Araújo: Pois é candidata, mas...

Marina Silva: ... armazenagem e portos.

Ana Paula Araújo: Só complementando...

Marina Silva: É isso que faz com que a gente perda cerca de 30% da nossa produção agrícola, em função do descaso da infraestrutura.

Ana Paula Araújo: Exatamente isso que eu queria perguntar, candidata. Esse temor de que a senhora vá ser mais sensível a argumentos de ambientalistas do que de empresários, inclusive nos casos das obras de infraestrutura, vem muito em função de quando a senhora foi ministra do Meio Ambiente e era muito criticada por travar as licenças ambientais. A gente tem aqui um dado de que quando a senhora, depois que a senhora saiu do ministério, as licenças pularam de 300 por ano para 800 no ano passado.

Marina Silva: Eu não tenho exatamente esses dados. O que eu posso te dizer é que as licenças que foram dadas durante a minha gestão foram as licenças mais complexas. Você fazer o licenciamento do Rio São Francisco, que desde o tempo do Império, se tentava fazer a transposição, e fazer isso com liminares em vários estados, o Ministério Público, e ganhar todas as liminares, é porque foi um trabalho muito bem feito. Você fazer a licença de Santo Antônio Girau, e conseguir dar essa licença depois que toda a documentação foi apresentada pelo demandante em três meses, é preciso ter muita eficiência. Fazer a licença da BR-163, que envolveu cerca de 13 ministérios para poder dar esta licença, e um trabalho de aprovar uma lei no Congresso para poder criar uma limitação administrativa temporária que nos levou a criar oito milhões de hectares de unidade de conservação no processo da feitura da estrada, ao longo da estrada, exatamente para diminuir o desmatamento. Nós conseguimos dar a licença. Sabe o que que aconteceu? Quando a gente protegeu a área, que eles diziam que não ia ser impactada, perdeu o interesse por fazer a estrada. A estrada não entrou nas obras do PAC, o consórcio privado desistiu de fazer a estrada e os prefeitos e os governadores também não falavam mais da estrada. Sabe por quê? Porque não era mais possível a grilagem. Depois que eu saí negligenciaram o plano BR-163 e o desmatamento voltou a crescer.

Chico Pinheiro: Candidata, vamos falar dos transgênicos, como é a sua posição em relação a eles. Porque a senhora diz agora que é uma lenda que a senhora fosse contra os transgênicos, no entanto, a senhora já defendeu a moratória aos transgênicos, a proibição por cinco anos, em determinado momento quando a senhora era senadora, disse que eles só poderiam ser liberados depois de muitos estudos, de ampla discussão. Essas declarações do passado o que elas são? São lendas, devem ser esquecidas, como é que é?

Marina Silva: Elas são inteiramente compatíveis com o que eu estou dizendo agora. A moratória no período em que eu propus era exatamente para se fazer os estudos. Naquele período a União Europeia estava fazendo os estudos, e eu fiz a proposta da moratória. Vamos fazer os estudos para termos certeza se faz ou não faz, traz ou não traz problemas para o meio ambiente e para a saúde humana. Os europeus continuam estudando até hoje, mas eu, naquele momento, fiz a proposta de cinco anos. E quando nós fomos para a regulamentação no Ministério do Meio Ambiente, a proposta que foi encaminhada pelo ministério à Casa Civil e para o debate no Congresso, nós sugeríamos um modelo de coexistência. O problema é que no debate ninguém falava da nossa proposta, simplesmente dizia: ‘Eles são contra’.

Chico Pinheiro: Hoje a sua proposta é essa, da coexistência?

Marina Silva: A minha proposta continua sendo a que seria o melhor modelo. Infelizmente isso não é mais possível, porque a lei que foi aprovada fez um processo uniforme.

Chico Pinheiro: Qual é?

Marina Silva: Até o estado do Paraná, o Requião uma época estava se dispondo a ser uma área livre de transgênicos.

Chico Pinheiro: Agora...

Marina Silva: Mas o Governo Federal, ele optou pelo caminho do México, optou pelo caminho da Argentina, optou pelo caminho dos Estados Unidos...

Chico Pinheiro: Mas vamos falar da sua...

Marina Silva: ... e homogeneizou uma cultivar que nós poderíamos ganhar duas vezes, Chico.

Chico Pinheiro: A senhora pensa em mudar a lei?

Marina Silva: Não, porque agora a lei já foi aprovada.

Chico Pinheiro: A senhora considera, a senhora, pessoalmente, considera os transgênicos um mal?

Marina Silva: Eu considero algo que tem que ser visto com atenção, do mesmo jeito que os europeus veem com atenção. E que se dê o direito para o consumidor de fazer a escolha. Por isso que era importante o regime de coexistência. Porque você pode não ter nenhum problema em escolher o produto transgênico. Está lá, rotulado, você vai no supermercado e faz a sua escolha. Agora, o cidadão que não quer ele pode ir também lá na prateleira e tem o mesmo produto para que ele faça a sua escolha. Isso é o livre mercado que tanta gente defende. Agora, você impor um único modelo é que não pode ser.

Chico Pinheiro: OK, candidata, a gente vai para um ligeiro intervalo e voltamos com outras perguntas já, já.

Chico Pinheiro: Voltamos à entrevista com a candidata Marina Silva. O tema agora é economia. Miriam Leitão.

Miriam Leitão: Candidata Marina, a senhora é acusada pelos adversários de mudar muito de ideia. Eu quero ficar na economia, que é o meu terreno. Por exemplo, em questão da meta da inflação, o programa anterior, de Eduardo Campos, falava em reduzir a meta para 3% a médio prazo. A senhora fala na meta de 4,5%, mas um aliado seu, Alexandre Rands, chegou a falar em elevar a meta no primeiro momento, e a senhora o desautorizou. E eu fiquei confusa. Afinal de contas, a senhora, qual é a sua proposta para combater a inflação brasileira? É respeitar a meta em quanto tempo e de que forma?

Marina Silva: A meta ela é estabelecida e ela tem que ser cumprida pelo Banco Central, pelo governo. É nosso objetivo. Quando o Eduardo fez essas afirmações, nós estávamos no processo de debate com os nossos economistas. E, obviamente, que era o debate ali acontecendo. A posição de um dos nossos colaboradores manifestando suas opiniões pessoais não significa em hipótese alguma que essa é a posição do nosso plano de governo.  O nosso compromisso é em manter o tripé da estabilidade econômica brasileira com a ideia da responsabilidade fiscal, com a manutenção do câmbio flutuante...

Miriam Leitão: E o centro da meta, qual é?

Chico Pinheiro: 3%, 3,5%, 4%, 4,5%?

Marina Silva: E a nossa proposta é de 4,5%. É isso que nós vamos manter.

Miriam Leitão: E em quanto tempo chegar lá?

Marina Silva: E estamos perseguindo isso. É algo que, é claro, você tem fatores que vão nos levar a poder alcançar esse objetivo. O Brasil hoje está vivendo uma situação muito difícil: baixo crescimento, falta de credibilidade...

Chico Pinheiro: Pois é, candidata. Aí é o seguinte: falar é mais fácil do que fazer. Como, concretamente, a senhora pretende, que medidas tomar logo no começo para baixar a inflação e para voltar o crescimento? Como é que faz isso?

Marina Silva: Uma medida importante não será tomada por mim, será tomada pela sociedade brasileira...

Chico Pinheiro: Qual medida?

Marina Silva: Escolher um presidente da República que recupere a credibilidade para que este país volte a ter investimentos, para que este país possa assegurar a autonomia do Banco Central, para que este país possa ter controle do gasto público. E nós estamos propondo até criar um conselho de responsabilidade fiscal. Nós vamos, sim, fazer com que o Brasil volte a crescer. Uma boa parte do capital que o Brasil precisa não é tangível, é intangível: é confiança, credibilidade, respeito a contrato. Criar um ambiente que favoreça os investidores a voltar a investir no Brasil. Isso só será possível com um governo que tenha legitimidade. E que, de antemão, estabeleça o seguinte: nós não vamos nos aventurar em política econômica, não vamos inventar a roda. Há um processo que vem dando certo desde o governo Itamar, o presidente Fernando Henrique consolidou, o presidente Lula manteve. A presidente Dilma é que se aventurou. E agora nós temos o nosso país com baixa credibilidade, pouco investimento, juros altos – que favorece o baixo empenho, é, investimento...

Miriam Leitão: Candidata, como é que seria esse conselho de responsabilidade fiscal?

Marina Silva: Esse conselho de responsabilidade fiscal vai ser criado por lei.

Miriam Leitão: Externo ou interno?

Marina Silva: Ele vai ser um conselho que precisa ter a sua independência, por que se o...

Miriam Leitão: Mas para fazer o quê? Para controlar o governo?

Marina Silva: Para verificar as contas do governo. Hoje nós estamos em um processo de falta de credibilidade, em função da...

Miriam Leitão: Não tem o Tribunal de Contas para isso?

Marina Silva: Existe o Tribunal de Contas, mas nós não temos outros conselhos que nos ajudam em relação a dar eficiência às ações do governo? Nesse caso, nós já estamos com as contas, que são criativas, que são maquiadas, que o céu é o limite. Ter um conselho de responsabilidade fiscal é dizer...

Chico Pinheiro: Ele é propositivo esse conselho? Ele vai dizer o que fazer?

Marina Silva: Ele é propositivo à medida em que nós temos um compromisso de que nós não vamos elevar o gasto público acima do crescimento do PIB. E o conselho de responsabilidade fiscal tem que fazer com que o governo dê conta dos investimentos estratégicos na área social, e, ao mesmo tempo, não vá pelo caminho da ineficiência, que é o que acontece hoje. Hoje o governo gasta de forma ineficiente. Você tem projetos que começam com R$ 6 bilhões, vão sendo reajustados para 10, 20, 30. E se nós tivéssemos um conselho de responsabilidade fiscal, o governo seria cobrado para evitar esse tipo de desperdício.

Miriam Leitão: Candidata, no tripé, é complicado, porque assim, por exemplo, a tendência do dólar é subir. Se o dólar subir – e o dólar é flutuante, um dos pés do tripé é o dólar flutuante - aí isso impacta a inflação. Se o Banco Central intervir, isso vai estar controlando, portanto, não está afetando, não está permitindo esse tripé de funcionar. Quer dizer, tem várias coisas difíceis. Cortar os gastos pode aumentar a recessão. Como é que a senhora vai fazer esse restabelecimento do tripé?

Marina Silva: É que cortar o gasto ineficiente não significa necessariamente não fazer os investimentos. O corte do gasto ineficiente...

Miriam Leitão: Mas o que que é o gasto ineficiente?

Marina Silva: O gasto ineficiente são esses que eu falei com esses projetos como nós temos inúmeros, em que você começa um investimento... As obras do São Francisco, por exemplo: o planejamento inicial era de X bilhões, agora o céu é o limite. As obras de Belo Monte, o planejamento inicial era uma quantidade de recursos e vão sendo aditados. Isso tem a ver com a ineficiência do gasto público.

Chico Pinheiro: A senhora acha que o conselho resolve isso?

Marina Silva: O conselho ajuda a dar transparência, o conselho ajuda a fazer com que as contas públicas sejam transparentes. Hoje nós não sabemos exatamente o tamanho e a qualidade desse gasto, porque não há transparência, porque é feito de forma maquiada mesmo, como se costuma chamar.

Ana Paula Araújo: Mas, candidata, ano que vem teremos um ano difícil. Há muitos preços que estão hoje represados. O que que a senhora vai fazer com relação a isso para que não pese ainda mais na inflação no ano que vem?

Marina Silva: Os preços administrados para o controle artificial da inflação é o que esse governo está fazendo. A presidente Dilma já está pondo a mão na consciência e tomando algumas providências. Ela é a presidente da República. Ela tem que resolver esse angu de caroço que colocou o Brasil, manipulando os preços administrados para ter bons resultados no que concerne a inflação – e mesmo assim, ela está alta – para ganhar dividendos políticos. É por isso que eu sou contra a reeleição. Sabe por quê? Porque na reeleição você não faz o que é preciso e estratégico para o país, faz o que é preciso e necessário para se reeleger em prejuízo da nação. A presidente Dilma tem que assumir a sua responsabilidade com o que está sendo feito. Ela sinalizou que vai demitir o ministro no próximo governo.

Chico Pinheiro: Vamos falar da sua campanha.

Marina Silva: O problema é que a sociedade brasileira, me parece, já está a caminho de demitir os dois. Porque o que está sendo feito é uma irresponsabilidade com o Brasil.

Chico Pinheiro: Vamos falar da sua campanha, candidata. Ana Paula.

Ana Paula Araújo: Queria sair um pouquinho agora da economia, a senhora em uma entrevista recente à "Folha de S. Paulo" quando foi perguntada sobre os ataques que sofreu por parte do ex-presidente Lula, a senhora chorou.  Esse choro não reforça uma imagem de fragilidade perante o seu eleitor? Uma imagem que a senhora nega.

Marina Silva: Eu não nego, eu sempre, parece até vaidade, mas eu sou uma pessoa sensível. Eu...

Ana Paula Araújo: Eu não falei insensibilidade e, sim, de fragilidade.

Marina Silva: Não, não é fragilidade. Quem foi que disse que um Presidente da República não tem emoções? Eu, há 30 anos de vida pública, ninguém nunca me viu tergiversar.

Chico Pinheiro: Por que a senhora chorou?

Marina Silva: Olha, é uma coisa até estranha de falar porque foi fora da entrevista, né. Eu estava diante de uma jovem, filha de uma pessoa com a qual eu tive relação histórica. Eu conheço muitos jornalistas que termina a entrevista e fica conversando com você e eu naquele contexto estava falando, inclusive, das minhas filhas que têm a mesma idade da jovem que estava me entrevistando, filha de um ex-companheiro do PT. E essas minhas filhas me disseram uma vez que elas tinham um pesar muito grande em relação ao álbum de fotografia delas, porque o álbum de fotografia delas, quando crianças, era sapatinho vermelho, chapeuzinho vermelho, botinho do PT, tudo do PT, o maior orgulho das fotos que tinham com o Lula, com os líderes do PT. E a minha filha disse: "Mãe, o que foi feito com a gente? A gente tinha tanto orgulho do nosso álbum de fotografia e agora a gente não tem mais orgulho da nossa roupinha vermelha, do nosso chapeuzinho vermelho". Eu estava me referindo a um contexto muito delicado...

Chico Pinheiro: E por isso a senhora ficou emocionada?

Marina Silva: Obviamente.

Ana Paula Araújo: A senhora não acha que tem uma imagem de fragilidade perante o eleitor?

Marina Silva: É possível que tenha, as pessoas têm muito preconceito com pessoas com a minha origem e talvez pelo fato de ser uma pessoa que teve que passar por muitos problemas de saúde, mas eu costumo brincar com isso, sabe. Eu até fiz uma metáfora, né, da biorana preta e da biorana branca. É uma madeira, não é tão grossa, mas é âmago puro. Ter enfrentado cinco hepatites, cinco malárias, três hepatites, uma leishmaniose, perder a mãe aos 14 anos, ter sido alfabetizada aos 16 anos, ter passado o que eu passei, vir me dizer que isso é fragilidade e me pedir para não ter emoções, sinceramente. Eu já vi tantas vezes líderes chorando e não é por isso que eles são mais fracos ou menos fracos, muito pelo contrário. Uma das coisas que mais emocionou foi no dia que o presidente Lula foi ser empossado e que ele pegou o seu diploma e disse: "Eu que nunca estudei, agora estou recebendo meu primeiro diploma, de Presidente da República Federativa do Brasil" e caiu no choro, eu caí no choro também. E mesmo que o Lula ali me pedisse: "Marina, não chore comigo chorando", ele não ia conseguir segurar as minhas lágrimas. Eu sou uma pessoa sensível, mas não se pode confundir...

Ana Paula Araújo: Agora...

Marina Silva: ... sensibilidade com fraqueza.

Ana Paula Araújo: Ok.

Marina Silva: As pessoas que não se deixam emocionar, essas, sim, podem ser muito fracas.

Ana Paula Araújo: Agora, candidata, a senhora já esteve melhor nas pesquisas eleitorais. A senhora sempre diz que tem pouco tempo na propaganda eleitoral, mas a gente sabe que campanha eleitoral não é só tempo de televisão. Minha pergunta é: a senhora acha que nesse momento da campanha está tendo dificuldade de convencer o eleitor da consistência da sua candidatura?

Marina Silva: A minha candidatura é muito consistente. Você já imaginou o que é perder um companheiro de chapa em um acidente trágico? Você que já tinha se colocado no lugar de vice, assumir uma eleição em dois meses, fazer tudo que tivemos que fazer com partidos pequenos, começar tudo do zero, inclusive, toneladas de material que a gente tinha feito de Eduardo e Marina, a gente teve que descartar todo esse material. Até agora, na maioria dos estados, nem chegou o nosso material. Nós estamos com dois minutos de televisão e não temos as estruturas que os nossos concorrentes têm, nem o poder de vocalização que eles têm e, mesmo assim, nós estamos aonde estamos. Eu só tenho a agradecer a capacidade do povo brasileiro...

Miriam Leitão: Candidata...

Marina Silva: ...de mostrar que quem vai ganhar essa eleição, não são as velhas estruturas, é uma nova postura.

Miriam Leitão: Candidata, a senhora falou em diminuir o papel dos bancos públicos, mas os bancos públicos financiam a infraestrutura no Brasil, todo o investimento de longo prazo, a moradia popular, por exemplo, e a senhora não especificou, exatamente, que papéis eles vão deixar de fazer. Quer dizer, aonde vai cortar esse papel dos bancos públicos?

Marina Silva: Eles vão...

Chico Pinheiro: Só lembrar, candidata, que a gente tem mais um minuto e meio para a  senhora, por favor. Obrigado.

Marina Silva: Os bancos públicos vão continuar para a finalidade social que eles têm: no investimento correto, o "Minha Casa, Minha Vida", os investimentos para a agricultura. E isso está no nosso programa.

Miriam Leitão: Mas não vai enfraquecer os bancos?

Marina Silva: Não vai enfraquecer os bancos. O que enfraquece os bancos é pegar o dinheiro do BNDES e dar para meia dúzia de empresários falidos, uma parte deles, alguns deles que deram, enfim, um sumiço em bilhões de reais do nosso dinheiro. Esse, sim, nós vamos parar com o mau uso. O uso político dos bancos públicos não teremos mais. Nós vamos valorizar a prata da casa, os funcionários públicos. Os partidos não vão ter um pedaço da Caixa Econômica e do Banco do Brasil para chamar de seus.

Miriam Leitão: Mas várias empresas fazem bons investimentos e precisam desse...

Marina Silva: Nos bons investimentos, os bancos públicos têm um papel fundamental e importante. É preciso que a iniciativa, enfim, o financiamento que não é público seja um financiamento complementar. E para os investimentos sociais: "Minha Casa, Minha Vida", para a agricultura, nós vamos manter.

Miriam Leitão: A senhora sabe quanto vai conseguir reduzir? A senhora sabe quanto vai reduzir?

Chico Pinheiro: A senhora tem um cálculo mais ou menos disso?

Marina Silva: Nós estamos fazendo a discussão em relação à qualidade desses investimentos, principalmente no caso do BNDES, que ali que foi o lugar aonde se tirou o dinheiro do contribuinte para dar para meia dúzias de empresas serem as campeãs. Nós queremos é um ambiente favorável em que todos possam ser beneficiados, os investimentos estratégicos dos programas sociais, pode ter certeza, e a valorização da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, do BNDES, valorização e o preenchimento das suas diretorias por comitê de busca, não por apadrinhados políticos. A mesma coisa que nós vamos fazer na Petrobras, na Eletrobras...

Chico Pinheiro: Candidata Marina Silva, muito obrigado pela sua participação aqui no Bom Dia Brasil. A senhora que tem dois minutos, teve 30 minutos aqui para expor mais as suas ideias. Agradeço muito a sua presença.

Marina Silva: Olha, pensando assim, isso dá quantos programas de televisão meus, Chico?

Ana Paula Araújo: Quinze.

Marina Silva: Tomara que eu tenha me saído bem.

Ana Paula Araújo: Obrigada, candidata, pela sua presença. Obrigada.

Marina Silva: Obrigada a vocês.



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