terça-feira, 21 de julho de 2009

DOU-LHE UMA,
DOU-LHE DUAS...


“Boa demais para se perder...”.

Nordestino aliciado por traficantes para trabalhar como escravo em uma cravoaria na Amazônia e liberto do cativeiro por ativistas dos direitos humanos, referindo-se à suposta oportunidade de trabalho legal e uma vantanjosa remuneração.


Não, não é um leilão qualquer, de antiguidades ou o que quer que o valha, mas um detalhe de uma peça publicitária para uma campanha européia de combate ao tráfico de seres humanos. Ou seja, a mulher embalada reproduz, artisticamente, a mulher da vida dita real, que é adquirida por meios de artifícios para fins escusos. Não importa se para a prostituição semi-escrava, escrava; se para outros trabalhos forçados ou, até mesmo, para a retirada de órgãos e a sua comercialização no mercado negro de máfias nacionais e internacionais.

Segundo relatório da chancelaria do governo dos Estados Unidos, o desemprego é a causa principal do tráfico internacional de seres humanos, que, aliás, foi beneficiado pela crise financeira que tem abatido diversos países desde o ano passado.


“À medida que a crise financeira em curso desempenha crescente papel entre os migrantes do mundo - que frequentemente arriscam tudo pela magra esperança de um futuro melhor para suas famílias - também frequentemente são enganados por traficantes que exploram seu desespero”.

Hillary Clinton
Secretária de Estado norte-americana, no relatório Trafficking in Persons, publicado em junho pela chancelaria dos Estados Unidos.


Combater, contudo, o tráfico de seres humanos é tarefa nada fácil, pois implica em diversos complicadores: um lucro anual global estimado em mais de US$ 31 bilhões e uma rede de corrupção entre funcionários estatais, sem falar na constante mudança de rotas, ao mesmo tempo em que atinge com força as fatias menos favorecidas da sociedade e conta com um forte aliado, que é o silêncio do preconceito.


“Temos uma sociedade machista, adultocêntrica e preconceituosa. O tráfico de pessoas é objeto de preconceito porque atinge mulheres, negros, pobres, crianças, e a população segregada socialmente”.

Thaís Dumet
Coordenadora do projeto de Combate ao Tráfico de Pessoas da Organização Internacional do Trabalho - OIT.



80% das vítimas de tráfico humano são mulheres;

33% são mulheres destinadas à exploração sexual.


Dicas para você evitar se tornar
um alvo do tráfico de seres humanos:



* Desconfiar de promessas de trabalho no exterior, mesmo se elas vierem de amigos e parentes;
* Só aceitar propostas de entidades reconhecidas;
* Buscar o máximo de informações sobre as condições futuras de trabalho;
* Jamais entregar documentos particulares a outra pessoa;
* Procurar descobrir telefone e endereço dos consulados do Brasil no país de destino;
* Recorrer aos consulados em momentos de insegurança;
* Manter as pessoas mais confiáveis informadas sobre os seus destinos e manter contato regular com elas;
* Não criar dívidas com futuros empregadores para financiar a viagem;
* Desconfiar de propostas nos setores de entretenimento, moda, agências de emprego, agências de casamento e turismo;
* Não hesitar em denunciar uma situação incômoda.




“Somente no Ceará, duzentas e quarenta e três denúncias de tráfico de seres humanos foram recebidas nos trinta primeiros dias de 2009”.

Diário do Nordeste





O fator econômico é, de fato, o leitmotiv do tráfico de seres humanos, mas não podemos esquecer que aspectos sócio-culturais, consequentemente, o grau de instrução das vítimas, da sua faixa etária, estado civil, ocupação e sexo, são, também, condicionantes para que as operações sejam realizadas com sucesso, calando a boca dos traficados e enchendo os bolsos dos traficantes e demais beneficiados com o esquema – um esquema, aliás, que praticamente nasceu com a espécie humana, embora, ao longo do tempo, tenha mudado e aperfeiçoado a roupagem, as rotas e os interesses. Daí a quase impossível missão de se pôr um fim a algo tão sórdido e degradante como o é traficar seres humanos. Um negócio, inclusive, altamente rentável! Mesmo assim...





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Disque 100



Nathalie Bernardo da Câmara
Registro profissional de jornalista:
578 - DRT/RN, desde 1989






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